Aulas particulares

- Merlin!

- O que foi Rose? – perguntou Peter.

Era tarde sábado, os dois estavam na biblioteca de Hogwarts, a garota lia um artigo no jornal compenetrada, enquanto o namorado tentava tirar sua atenção da leitura beijando de leve seu pescoço.

- Leia!

Rose apontou um artigo especifico no jornal. Peter começou a ler em voz alta.

- A escola de magia e bruxaria de Hogwarts conta com a maior biblioteca escolar do Reino Unido, com dezenas de milhares de prateleiras contendo obras de diferentes autores, inclusive trouxas. Estimasse que sua coleção total passe de cinco milhões.

Peter acabou a leitura e olhou para Rose que o encarava apreensiva.

- Eu sou um fracasso – ela exclamou.

- O que?

- Eu sou uma idiota.

- O que é isso Rose? – ele acariciou seus cabelos – Pare.

Ela retirou a mão dele brava e voltou a falar.

- Eu sou uma desinformada, ignorante e... não encontro outro sinônimo para “desinformada”. Eu sou péssima.

- Ro...

- Cinco milhões de obras? – gritou com a voz extremamente fina – Eu li trezentos e sete livros durante toda minha vida e já tenho dezessete anos – ela estava a beira de lágrimas – sabe quanto tempo vou precisar para ler cinco milhões de livros?

- Não precisa ler todos...

- Mas eu quero virar jornalista, tenho que estar informada de tudo sobre todos os assuntos, eu não posso ser uma novata quando sair de Hogwarts sem saber ter conversas inteligentes com os jornalistas experientes, e não poderei fazer isso ao menos que leia, leia, leia...

Peter balançava a cabeça dizendo não.

- Olha o que vou fazer com esse jornal que te deixou assim – o garoto começou a rasgar em pedacinhos a noticia.

- Eu durmo demais...

- Não!

- Eu estou desperdiçando minha vida...

- Rose... eu tenho um presente para você – ele tentou fazer ela mudar sua atenção.

Rose levantou de um salto da cadeira na qual estava sentada e esticou a palma de sua mão em frente ao rosto do jovem.

- Eu não tenho tempo para presentes... – ela passou a mão em seus cabelos apreensiva – Vou passar a ler dez livros por dia.

A jovem andou até uma prateleira especifica de milhares da biblioteca e começou a carregar diversos livros. Peter a seguiu e tentou tirar alguns de sua mão.

- Se eu dormir uma hora por dia acho que consigo ler mais livros, a aula de Adivinhação é inútil, consigo ler dois livros nela, eu posso deixar de almoçar e consigo ler mais dois livros... – a garota falava consigo mesma.

- Rose... – Peter a chamou, mas não recebeu atenção da namorada.

Ele retirou uma pequena caixinha do bolso do jeans e abriu na frente da namorada.

- Eu estava passeando por Hogsmead de manhã e vi essa pulseira... – ele começou sua explicação.

Rose parou de pegar livros na prateleira e observou a pulseira. Ela era dourada com um pingente na ponta. O pingente tinha pedras vermelhas que formavam uma linda rosa.

- Bom eu vi ele e lembrei-me de você na hora... – ele aproximou o objeto ao pulso da garota e prendeu a pulseira – Uma rosa insignificante para uma Rosa extremamente significante para mim.

- Ah Peter... – ela exclamou. Seus olhos estavam brilhantes.

- Será que vai ter um tempinho para mim enquanto não está lendo livros? – ele perguntou.

Ela balançou a cabeça negativamente, atirou os livros que carregava no chão e se jogou nos braços do namorado, ficou na ponta dos pés para selar seus lábios.

- Hem, hem – os dois ouviram um forte pigarreado e se separaram.

- Diretora McGonagall! – exclamou Rose com as orelhas vermelhas escarlates.

- Senhorita Weasley, eu estava passando na biblioteca e como sabia que encontraria a senhorita aqui... – ela suspirou e estreitou os olhos – Podemos conversar agora no meu gabinete?

- Claro – ela olhou para o namorado apreensiva – arruma os livros para mim?

Ele assentiu com a cabeça.

- Senhorita Weasley quero lhe pedir um favor – disse a diretora assim que as duas se sentaram na sala.

- Qual?

- Está no ultimo ano escolar e sei que quer ser jornalista quando sair de Hogwarts – Rose sorriu confirmando com a cabeça – E tenho certeza que irá conseguir. Por ser responsável Rose, uma ótima aluna e caridosa com todos, pensei que poderia ajudar o jovem Malfoy com os estudos. Ele está preste a reprovar.

- Como?

- Ele anda pior do sempre foi, tanto nas aulas como em seus vandalismos, acho que é uma forma de chamar a atenção para ele, não sei o que se passa na cabeça dos jovens de hoje e nem de época nenhuma, seus pais me deram um grande trabalho por conta de suas brigas, acredite.

Rose emitiu um pequeno riso. Estava acostumada com o fato de seus pais brigarem sempre, mas nunca os imaginou brigando quando estudavam juntos.

- Seriam aulas particulares? – perguntou a jovem.

- Basicamente, vocês freqüentam as mesmas matérias, pensei que pudesse o ajudar.

- Lógico que ajudo – Rose confirmou com a cabeça.

- Caramba, Rose você tem muita falta de sorte – exclamou Lily assim que ouviu a prima dizer sobre as aulas particulares.

- Por quê?

Era manhã de segunda-feira, as duas caminhavam juntas indo ao grande salão para tomarem café da manhã e irem assistir as aulas.

- Ajudar aquele vandalozinho? É pedir demais né? Mas nossa querida diretora não é besta, ela sabia que você é boazinha demais para recusar uma ajuda...

- Ah Lily...

- Mas o que o Peter achou disso tudo?

- Ele tem que achar alguma coisa?

- Oras...ele é seu namorado, ele tem que achar alguma coisa no fato de dar aulas particulares para outro cara, não acha? – Lily perguntou levantando as sobrancelhas.

- Não, não acho – Rose disse cruzando os braços – O Peter não tem ciúmes, ele confia plenamente em mim, então não há problema nenhum.

- Sei... – disse a prima descrente – E o que ele disse quando você contou?

- Não contei a ele ainda – ela sussurrou.

Lily começou a rir.

- Então está explicado...

Rose começou a dar passos fortes emburrada.

- Olha seu aluno – sussurrou Lily no ouvido da prima assim que viu Scorpius parado um pouco a frente delas.

- Oi, professorinha – cumprimentou Scorpius chegando perto de Rose ignorando Lily.

- Oi Malfoy – cumprimentou Rose com desdém.

- Hoje a noite vai me ensinar?

Ela suspirou e respondeu:

- É...

Scorpius confirmou com a cabeça.

- Espere, o que é isso? – o loiro esticou a mão segurando a orelha esquerda de Rose de lá tirou uma moeda.

- Merlin! – exclamou Lily colocado a mão na boca.

- O que é isso Scorpius? – Rose perguntou espantada.

- Isso? – ele mostrou a moeda em meio aos seus dedos. Fechou sua mão e a abriu novamente. A moeda havia sumido – Nada!

Lily arregalou os olhos e parecia impossibilitada de falar alguma coisa.

- Quer uma dica? – perguntou Rose ao loiro – Da próxima vez que quiser puxar assunto comigo no corredor não tire algo de minha orelha.

- Suponho que o nariz seja zona proíbida também.

- Qualquer lugar que naturalmente não sairia uma moeda.

- Ok.

Ele confirmou com a cabeça e seguiu no corredor na direção oposta em que as garotas iam.

Lily prontamente colocou a mão na orelha da prima procurado algo.

- Ai Lily.

- Ele retirou uma moeda de sua orelha... Como fez isso?

- É um truque de mágica trouxa... – Rose tirou a mão da ruiva de sua orelha – Só não sei como ele sabe.

- Cara estranho! – exclamou Lily voltando andar.

- Ele só queria chamar minha atenção – sussurrou Rose para si mesma olhando o lugar que Scorpius estava antes no corredor.

- Vem Rose! – chamou Lily assim que viu que a prima não se mexia.