Fechei os olhos.Em um momento,eu estava forte e lutando contra Voldemort.No minuto seguinte,eu estava a poucas horas da morte.Isso só podia acontecer comigo.

–Há algum jeito de parar?-indaguei.Hermione disse que ia pensar.Assenti e me sentei em um banco qualquer.Harry veio se sentar ao meu lado.

–Não acredito...-murmurou ele-Logo agora que eu finalmente conheci a minha irmãzinha...Ela vai morrer.

Não consegui me segurar e rompi em lágrimas,me deitando no ombro de Harry.Ele também não dizia nada,mas quis mostrar que era forte e não chorou.

–Shh,calma.Hermione vai achar um jeito de tirar isso de você...-disse ele,tentando me acalmar.

A dor no meu braço começava a ficar cada vez mais forte,e os soluços que eu estava tendo não estavam ajudando.Eu balancei a cabeça,mas não acreditava muito que Hermione iria mesmo achar uma cura.

Não sei por quanto tempo ficamos todos na mesma posição: Eu chorando no ombro de Harry,Hermione,Jorge e Rony discutindo sobre curas para o feitiço,e Alvo e Rosa,ainda petrificados,estavam ao meu lado.Só sei que em algum ponto,eu comecei a sentir uma dor aguda no braço,mais forte do que qualquer dor que eu já havia sentido.Para completar,meu braço começou a queimar e eu comecei a ficar pálida e a suar frio.

–Ah!-exclamei.

–O que foi?-indagou Rony,preocupado.

–A....A dor está f-ficando m-mais forte!

Fechei os olhos.A dor estava ficando insuportável e comecei a tremer.Eu sabia que eu não iria aguentar por muito tempo,só não sabia por quanto tempo.De repente,eu comecei a ficar tonta e tudo começou a ficar escuro.

É.Pelo menos eu morri tentando fazer do mundo um lugar melhor.

–Hayles...Por favor,aguente só mais um pouco...-suplicou Harry.

Eu neguei com a cabeça.

–Eu já aguentei por tempo demais,Harry...-essas foram as minhas últimas palavras antes da escuridão se tornar a unica coisa que eu via.

oooooooOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOooo

Senti uma claridade através das minhas pálpebras fechadas.Franzi a testa.Eu não tinha morrido?Será que eu fui pro céu?Será que eu fui pro inferno?Só iria descobrir se eu abrisse os olhos.

E foi o que eu fiz.Pisquei para me acostumar com a claridade.Após algum tempo,visualizei um lugar lindo: Uma casa cor de creme,bem grande,com telhado vermelho.Em volta da casa havia um jardim com grama verdinha e alguns brinquedos bruxos,como vassouras de brinquedo que voam alguns poucos centímetros,varinhas de brinquedo que faziam feitiços bobinhos como fazerem surgir flores...E muitos outros brinquedos fofos para criancinhas bruxas.A casa se encontrava em uma rua pacífica com outras casas parecidas com a que estava na minha frente.

É,definitivamente eu morri.

A primeira coisa que eu percebi era que,felizmente,o meu braço não estava doendo.E os cortes que eu tinha feito por causa da janela estilhaçada tinham sumido completamente.Mesmo assim,eu senti que faltava alguma coisa em mim.Olhei em volta.Apesar do lugar ser muito bonito,não havia ninguém.

Me sentei na grama verdinha e comecei a pensar no que eu faria em seguida,até que ouvi passos.Levantei a cabeça e vi uma mulher de cabelos acaju e olhos verdes parecidos com os meus.Franzi a testa,pois eu sentia que conhecia aquela mulher,mas nunca tinha a visto antes.Ela me abriu um grande sorriso.

De repente,me veio um estalo na mente.É claro que eu conhecia aquela mulher.

–M-Mãe?-chamei com a voz rouca.Ela fez que sim com a cabeça.

–Hayley...Há quanto tempo...-a mulher disse,docemente.

Eu sorri feito uma criança que foi presenteada com doce e corri em direção a minha mãe.Ela me envolveu em um abraço apertado.Eu sentia tanta falta disso que não me importei em ficar 10,15,20 minutos naquele abraço.

–Mãe-murmurei,feito uma criança-Onde eu estou?Ela sorriu mais uma vez.

–Onde você acha que está,querida?

–Eu não morri,não é?-foi uma pergunta boba,mas era importante pra mim.Ela deu um risinho.

–Não,Hayles.Você não morreu.Você está em uma espécie de "meio termo".Você não está na Terra.Mas também não está no céu e nem no inferno.Você não está viva,mas não está morta.

Franzi a testa.Eu não estava entendendo.

–Olhe a sua volta,querida.Não reconhece esse lugar?-disse ela.

Fiz o que ela pediu.Eu olhei em volta,prestando atenção em cada detalhe,tentando me lembrar aonde eu estava.Fiz que não com a cabeça.Sinceramente,eu nunca tinha visto esse lugar na minha vida.-

Eu nunca vi...ah.Ah.Ah!

Sim,eu havia me lembrado: Foi o lugar onde passei alguns poucos anos da minha infância.A casa onde eu,Harry,papai e mamãe morávamos antes de...de tudo.Antes de mamãe me mandar para a casa dos Williams.Antes de Voldemort matar meus pais.Antes de Harry ganhar sua cicatriz em forma de raio.

Respirei fundo o cheiro de jasmins que se encontravam no jardim da...da minha ex casa.Mamãe olhou para mim e disse:

–Já se lembrou?

–S-sim...Ela assentiu e,mais uma vez,colocou o braço em volta de mim.

–É tão linda...-murmurei-Nós poderíamos ter morado aqui...Se não fosse Voldemort...

–Eu sei,querida,eu sei.

–Mas....Por que estou aqui?-indaguei,após ela me soltar.-Como eu disse,você não está viva mas também não está morta.Mas você está morrendo,Hayley.O feitiço que Voldemort lançou em você é magia muito perigosa...Você pode não sobreviver.

Eu suspirei.

–Porém-continuou ela-Você não pode morrer.Não ainda.

–Como assim?

–Você tem um papel importante nessa guerra.Você ainda tem coisas para fazer na Terra.Não se preocupe,Hayles,você não vai morrer ainda.

–Sério?-meus olhos brilharam.

Ela assentiu,com um leve sorriso nos lábios rosados.Mas eu parei para pensar por um minuto.

–Mas...Assim eu vou ter que te deixar...

–Eu sei.Mas eu não ficarei triste.

–Não?

–Não.Eu ficarei orgulhosa.Orgulhosa por saber que a minha filha vai combater o bruxo das trevas mais poderoso de todos.Eu estarei te protejendo,filha.Não se preocupe.Além do mais,logo-logo nós nos veremos de novo.

–Você promete?-perguntei,com a voz chorosa.Eu não queria deixar minha mãe novamente,não agora que eu tive a chance de vê-la novamente depois de tantos anos.

–Prometo.-ela me olhou intensamente.

Eu dei um meio sorriso e a abracei mais uma vez.Segundos depois,eu senti que estava sendo levemente puxada para cima.

–Está na hora de você ir.-anunciou ela.

–Eu...e-eu não quero ir....-choraminguei.

–Filha,você é a garota mais maravilhosa do mundo.Por favor,seja forte.Por nós duas.

Eu comecei a chorar,e mamãe segurou o meu rosto levemente.Eu assenti,limpando as minhas lágrimas.Eu fui sendo puxada mais e mais para cima,como se eu estivesse levemente flutuando.Minha mãe começou a acenar para mim.

–Adeus,Hayles.Tenho certeza de que me deixará orgulhosa.-ela sorriu.Eu acenei.

–Tchau,mamãe...-murmurei.

oooooooOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOoooo

Passei pelo mesmo processo de antes: senti uma claridade através dos meus olhos fechados.Abri os olhos e pisquei para me acostumar com a claridade.Só que dessa vez,eu acordei,mais uma vez,em um hospital.(N/A vocês devem estar cansados dela acordar em um hospital né?Kkkkk mas na próxima história não vai ser assim não,ok?)

–Hayley?-murmurou alguém.Pisquei mais uma vez e consegui focalizar o rosto do Harry.Eu abri um sorrisinho fraco.

–Olá,maninho...-murmurei com a voz rouca.

–Hayles,você...Você sobreviveu!-exclamou ele,abrindo um sorriso enorme.Eu senti que ele poderia dançar ali mesmo.

–É o que parece,né?

–Harry,o que aconte...Hayley?Você acordou?-Hermione estacou na porta,seguida por Rony.Os dois abriram sorrisos e correram para conversar comigo.

–Mas...Cadê o Jorge?

–Ele teve que ir trabalhar-explicou Rony-Mas ele disse que volta daqui a umas...3 horas.

–E que horas são?-indaguei.

–São 5 horas.

Assenti lentamente.Ele só voltaria as 8 horas.Eu tinha ficado um pouco decepcionada mas resolvi ficar quieta.

–Deixa eu adivinhar...Eu estou,novamente,no St Mungus,não é?-murmurei,entediada.Harry confirmou e eu bufei.Eu sempre terminava em um hospital.

ooooOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOooooo

Eram quase 8 horas e eu estava lendo uma revista,com uma tala no braço onde o feitiço tinha passado de raspão.Harry,Rony e Hermione já haviam ido embora pois eles tinham ficado 11 horas direto tentando tirar aquele veneno de mim,portanto é óbvio que estariam cansados.Eles disseram que,durante esse tempo,eu murmurava coisas como “Eu não quero ir embora”.Era o esperado.

Ouvi alguém batendo na porta enquanto descansava na cama macia do St Mungus.Franzi a testa mas falei:

–Entre.

Jorge entrou na sala onde eu estava,com a cabeça baixa.Eu dei um leve sorriso,encorajando-o a caminhar em minha direção.Ele respirou fundo e andou até a minha cama.

–Hayles.-murmurou ele.

–Olá!-dei outro sorriso.Ele continuou com a expressão séria,o que me fez franzir a testa

–O que houve?

–Não é nada...É...É tarde demais para resolver isso.

–Não,Jorge.Explique,por favor.Ele olhou para o lado e começou:

–Hayley...Eu...Sinto muito.Eu não deveria ter terminado com você.Foi....burrice.Você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo.Sinceramente,eu não sei o que tinha na minha cabeça para te deixar ir embora.Eu só queria que nós...Pelo menos...Continuássemos amigos,já que eu não posso ter você de volta.

Eu estaquei na posição em que estava.Eu esperava tudo,menos isso.Mas eu não ia pedir para pensar,eu já sabia o que ia acontecer se eu pedisse para pensar.Eu sabia o que deveria dizer.

–Não.

–Não?-indagou ele-Não o que?

–Não podemos ser amigos.

Ele baixou os olhos.

–Ah...Então...

–Eu disse que não podíamos ser amigos.Porque você é mais do que isso para mim.-eu trouxe o rosto de Jorge para perto do meu e o beijei.

Ah,como eu tinha sentido falta disso.De sentir os seus lábios entre os meus,se movendo delicadamente em um ritmo suave.Após nos afastarmos,abri os olhos e ele estava me encarando com um olhar confuso.Acariciei sua face levemente.

–Quem deveria pedir desculpas sou eu.Eu nunca deveria ter dito nada daquilo.Eu...Não sei o que deu em mim.Me desculpe.

Ele sorriu.

–Como eu poderia não te perdoar...-ele me beijou mais uma vez.Eu sorri e disse:

–Eu nunca deixei de te amar.

–Nem eu.-ele deu uma risadinha e se sentou na beira da cama,acariciando os meus cabelos.

Nota mental: Terminar com Fernando.Eu só fiquei com ele por puro interesse,e agora eu descobri isso.