Muito além do Desejo escrita por LoaEstivallet


Capítulo 6
Tentação


Notas iniciais do capítulo

Como prometido...
Espero que curtam!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/119803/chapter/6

Edward havia acabado de se acomodar no quarto em frente ao de Isabella, e sentia as pernas formigarem.

O desejo de bater em sua porta e arrasta-la para a cama era demasiado intenso para que fosse suportado.

Ele sacudiu a cabeça, repetindo inúmeras vezes a palavra “louco” em sua mente. Desabotoou sua camisa e se serviu de uma dose de uísque.

Jogou-se numa poltrona próxima ao telefone, analisando se deveria ou não ligar para o quarto dela e pedir que fosse até ele, inventando alguma desculpa esfarrapada.

Sua mão oscilou entre o apoio da cadeira e o aparelho, num evidente gesto de indecisão, até que duas batidas na porta o sobressaltaram.

Ele se levantou e correu a abri-la.

Sua respiração acelerou assim que se deu conta de quem estava do outro lado da porta.

Isabella olhava-o receosa.

Temia que ele interpretasse mal sua ida até ali.

Tudo que ela desejava era devolver-lhe a pasta que continha o contrato da L’AUBE, que levara junto com sua bagagem por engano. Mas não tinha como negar que a desculpa viera na melhor hora.

Ela passara os últimos minutos se debatendo contra o desejo de por os olhos naquele corpo que ela só pudera imaginar como estaria agora. Conhecera cada centímetro dele, os pontos fracos, os locais sensíveis, mas quando mapeara todo aquele indivíduo, Edward não era mais que um adolescente se tornando homem. Obviamente, naquela época, seu corpo era bem torneado, delgado com músculos firmes e definidos. Mas ainda não existia aquele ar de masculinidade, aquela postura de experiência, o porte de um homem amadurecido que ela notara agora. Mesmo contendo-se, não pôde evitar perceber que ele estava maior, mais largo, os ombros e tórax mais robustos, expostos pela abertura displicente da camisa.

Inesperadamente sua boca encheu d’água com a visão, e Bella sentiu-se uma adolescente novamente.

– Eu levei a pasta por engano... – Murmurou desconcertada. Pelo seu desejo, que beirava o incontrolável, e pelo olhar perfurante do homem à sua frente.

Edward já imaginava uma maneira de agarrá-la sem que ela tivesse opção de escapar. Segurou a ponta da pasta que ela mantinha em uma das mãos e puxou devagar, acorrentado nos olhos da moça.

Bella não soltou a pasta, apenas acompanhou o movimento dele, que aproveitando a oportunidade, sorriu levemente, a conduziu para dentro do aposento, fechando e trancando a porta logo em seguida.

Isabella se sobressaltou ao ouvir a volta da chave no trinco, seu coração acelerando audivelmente. Tentou manter-se calma, e principalmente, segura de suas convicções. Podia desejar ardentemente este homem, como nunca desejara nenhum outro nos onze longos anos que passaram separados. Mas não cederia aos apelos de seu corpo. Ela era noiva e feliz, e ele era seu chefe. E casado!

Edward estava totalmente alheio aos pensamentos dela, e até mesmo aos seus próprios. Tudo que ele via era a mulher de sua vida, em seu quarto de hotel, num outro país, parada e com o olhar claramente ansioso.

Ele não teve dúvidas. Andou com passos largos até ela, diminuindo a distância em poucos segundos, a olhou nos olhos com doçura e deixou seu coração finalmente se pronunciar.

– Eu não sei como consegui viver esses anos sem ver seu rosto – Sussurrou, traçando o queixo dela com a ponta dos dedos – Eu ainda sinto seu perfume em mim...

Isabella estremeceu, e todas as suas certezas caíram por terra.

Internamente se repreendia por notar-se incapaz de impedir que acontecesse. Mas entregou os pontos ao sentir o calor do olhar de esmeraldas daquele homem.

Edward se inclinou e aproximou-se lentamente, observando suas reações. E enquanto Isabella cerrava os olhos, exibindo sutilmente sua rendição, ele regozijava-se da certeza de que ela ainda o desejava apesar de tudo.

Seus lábios apenas roçaram um no outro, enviando descargas elétricas através do corpo de ambos.

Então o celular de Edward vibrou num zunido alto em cima do aparador.

Afastaram-se abruptamente com o susto, e se encararam aflitos.

O celular continuou com seu zunido insistente, até que Edward, atordoado, alcançou o aparador e atendeu, enquanto Bella corava constrangida por quase ter consentido o beijo.

– Alô... Oi. – Falou subitamente desanimado – Não, acabamos de nos acomodar no hotel.

Isabella não sabia se saía ou se esperava ele terminar a ligação para se retirar. Ainda estava paralisada por sua atitude impulsiva.

– Eu sei... Eu posso te ligar daqui a vinte minutos? Estou resolvendo um assunto.

Ela tentou dar um passo em direção à porta, decidida a deixar o cômodo, mas Edward, percebendo sua intenção, segurou seu pulso com delicadeza, pedindo que aguardasse com o dedo indicador suspenso.

– Sim... Assim que terminar... – Pausou desconfortável – Er... Eu também.

A última frase caiu como uma faca no peito de Bella. Ela soube, no momento em que ele a pronunciou, que era com a esposa que ele falava.

Sua garganta se fechou, e ela lutou bravamente contra a umidade em seus olhos.

O que eu estou fazendo aqui? Gritou em sua mente. O que eu ia fazer?

Desvencilhou seu pulso da mão de Edward e caminhou segura para a porta, sua aflição transformando-se rapidamente em raiva, quando percebeu que a chave não estava lá.

– Eu preciso conversar com você... – Ele falou com a voz baixa, quando ela virou para encara-lo – Se for preciso te prender aqui para isso, eu o farei.

Ela suspirou, controlando a cólera.

– Senhor Cullen, por favor, abra a porta. – Ela falou, o tom contido, mas severo.

– Ora vamos, Bella. Pare com isso. – Ele falou, jogando os braços para cima num gesto de impaciência – Não finja que não nos conhecemos, que não dividimos experiências únicas, que não significamos muito um para o outro. – Correu pelas palavras com sofreguidão.

Ela permaneceu, aparentemente, impassível, mas por dentro ela já estava para explodir.

– Por favor... A chave. – Insistiu, estendendo a palma da mão livre.

Edward se aproximou e a segurou pelos ombros.

– Será que o que vivemos não significou nada pra você? – Perguntou incrédulo – Ou você já esqueceu tudo?

Bella semicerrou os olhos, o fitando com mágoa.

? – Rebateu o questionamento, depois meneou a cabeça energicamente em negativa – Não. Eu não me esqueci de absolutamente nada. Eu me lembro de tudo.

A última palavra foi proferida com uma carga intensa de amargura, e Edward rapidamente compreendeu a parte que ela não esquecera. Justamente a parte que ele desejava que ela não recordasse. O que era impossível, dada a gravidade do fato.

Sua atitude gélida e o olhar acusador que ela sustentava o fizeram perder a determinação, preenchendo seu peito de vergonha e pesar.

As mãos, antes firmes e dominadoras, afrouxaram seu aperto nos ombros da moça, caindo ao longo de seu corpo.

Ele nem sabia o que dizer. Só podia dar razão a ela e se auto-repreender por ter tido uma atitude tão impetuosa.

Pegou a chave no bolso e entregou a Isabella, sentindo seu peito contorcer-se em uma agonia que ele nem sabia explicar.

Bella, tão mexida quanto ele com toda a situação, deixou a pasta no aparador sem uma palavra, virou a chave no trinco abrindo a porta, e saiu sem se voltar para trás.

Depois que a porta bateu estrondosamente contra a soleira, Edward admitiu a si mesmo sua estupidez.

É claro que ela não queria remexer no passado. Ainda mais agora, sendo sua subordinada. Aquilo já seria doloroso para ele, que foi quem provocou toda a confusão que resultou no término, ainda pior para ela, que havia sido injustamente humilhada e magoada.

Numa explosão de fúria ele pegou o copo, entornou o líquido de uma só vez, e jogou-o contra o espelho que ficava suspenso na parede, estilhaçando a ambos.

Seu pranto irrompeu impiedoso, fazendo-o sacudir violentamente a cada soluço, assumindo a dor da culpa exclusiva pelo fim do único e verdadeiro relacionamento amoroso que teve em sua vida.

Isabella entrou em seu quarto, vermelha e arfante.

Encostou-se à porta assim que a fechou, a mão sobre o coração descompassado.

Ela havia superado aquela dor há anos... Ou não?

Remexeu suas memórias, buscando por respostas.

Ela havia se mudado para Phoenix, onde sua mãe morava com o novo esposo, apenas uma semana depois do rompimento. Fora uma surpresa para toda a família, mas ela escondeu a verdade sob a camuflagem do “quero apenas passar um tempo de qualidade com minha mãe antes de ir de vez pra Nova York”. Nenhum deles, nem mesmo seu irmão querido a quem ela contava tudo, Emmet, soube de seu envolvimento desastroso de quase oito meses com Edward. Sua dor era insuportável, mas ela prometeu não mais sofrer por ele. Convencida de que ele não a merecia, se obrigou a parar de chorar e começar a retomar as rédeas de sua vida em suas mãos. Não demorou muito para as coisas reencontrarem seu lugar e sua rotina se estabilizar.

Um ano depois ela estava se formando no segundo grau, de mudança pronta para Nova York, onde ingressaria na Columbia. Moraria com seu irmão, que estava no penúltimo ano de fisioterapia na Clarkson.

Lá, aprendeu a suprimir o sentimento por Edward, conseguindo se relacionar com outros rapazes. Mas seus envolvimentos não passavam do terceiro encontro. Também conheceu Alice, estudante de design que se tornara sua melhor amiga, e a quem nunca contou sua história de amor infeliz.

Depois da formatura, Bella seguiu com Alice para Londres como planejaram durante os últimos dois anos de faculdade, onde ambas fariam especializações em suas áreas, e morariam juntas.

Um ano depois de se mudar para a Inglaterra, Bella voltou para Nova York para o casamento de seu irmão, e na festa reencontrou Jacob, amigo de infância deles, com quem acabou passando os dias restantes de suas férias e engatou um relacionamento à distância.

Passaram três anos se vendo nas férias, ele a visitava a cada vinte dias, ela vinha nas reuniões de família, e assim foram levando.

Quando Bella terminou sua especialização, retornando a Nova York, eles decidiram morar juntos. Foi só o tempo de Jacob organizar suas coisas e se mudar para o apartamento que ela havia comprado alguns meses antes.

Ela repassou passo a passo todo esse tempo em sua mente, não reconhecendo, em nenhum ponto, onde falhou em superar aquela paixão devastadora. Acreditava piamente que havia esquecido ele.

Sentou-se na borda da cama, descrente do que estava começando a perceber e assumir.

Na verdade ela nunca foi verdadeira consigo mesma. Todo esse tempo ela apenas bloqueou seus sentimentos, ignorando o desejo, a paixão, o amor profundo que sentia pelo Cullen. Ela havia disciplinado sua mente de uma forma tão rigorosa, que acreditara na mentira que inventara para si mesma, de que ele era passado e nada significava.

A dor de admitir sua fraqueza a alcançou impactante, e, ao mesmo tempo em que Edward se debatia, no quarto em frente, com sua culpa, ela se agitava com sua verdade recém-aceita num pranto baixo e dolorido.

O que eu faço agora, meu Deus? Ela pensava.

Adormeceu depois de pouco mais de uma hora, sem conseguir decidir o rumo que tomaria dali pra frente.

***********************************************************

Edward entrou no salão, vasculhando com o olhar onde ela estaria sentada. Encaminhou-se para a mesa no canto esquerdo do buffet, onde Bella tomava seu café da manhã com a expressão afligida. Era perceptível que sua noite fora tão ruim quanto a dele, seus olhos estavam um pouco inchados, adornados por olheiras sutis.

Ainda assim ele sentiu seu coração acelerar com a visão. Ela estava ainda mais bonita que no dia anterior. Ele não conseguiu desgrudar os olhos de seu pescoço nu, exposto pelo coque alto. Foi com grande esforço que ele baixou o olhar à mesa quando alcançou o local onde ela estava.

– Bom dia. – Falou hesitante – Posso me sentar com você?

Isabella o olhou surpresa, e por um mísero segundo, Edward viu a satisfação brilhar em seus olhos castanhos. Mas logo ela assumiu sua postura formal, sorriu um sorriso indiferente e assentiu com a cabeça, fazendo uma mesura ao indicar-lhe a cadeira à frente.

– Fique a vontade.

Tomaram o desjejum em silêncio, vez ou outra chocando olhares que logo eram desviados. Edward não conseguiu tomar mais que um suco e beliscar uma panqueca, o bolo em sua garganta o impedia de prosseguir.

Ao perceber que Bella já havia acabado, respirou fundo e a olhou diretamente nos olhos, desejoso que ela enxergasse a sinceridade de suas palavras.

– Eu queria lhe pedir desculpas. – Pronunciou devagar.

Ela arregalou os olhos em admiração e expectativa.

– Por ontem à noite... – Continuou – Eu não deveria ter tocado naquele assunto...

– Está tudo bem, Edward. – Ela o interrompeu, não querendo cutucar ainda mais a ferida que havia sido reaberta – Eu entendo que você foi influenciado pela surpresa de minha contratação, Foi uma surpresa para mim também, mas isso já passou. Podemos assumir os papéis que nos são devidos agora. Eu sou a gerente de contas, você é o superintendente. Funcionária, chefe... E é só isso.

Ela falou tudo com pressa e aflita para resolver logo a questão. Nem se dera conta de que havia baixado a guarda ao pronunciar o primeiro nome dele, o que não passou despercebido.

Edward suprimiu um sorriso de contentamento para não provocar a moça, e continuou.

– Eu gostaria muito que pudéssemos recomeçar do zero – Murmurou, fingindo-se inocente ao duplo sentido de sua frase – Precisaremos manter uma relação, ao menos, cordial. Essa tensão é pouco produtiva. Eu precisarei de você em tempo integral, e você se reportará a mim, então...

– Eu entendo – Bella respondeu, ignorando deliberadamente suas indiretas sutis e levando tudo ao patamar profissional – E concordo. Sei que estou pouco à vontade, mas isso é questão de costume. Afinal foi somente ontem que comecei em sua empresa.

Edward estreitou o olhar, tentando identificar um vislumbre do desejo que vira à noite no rosto daquela mulher. Mas antes que insistisse em sua busca, censurou-se mentalmente, convencido que de nada adiantaria.

Eu preciso me conformar... Pensou.

Mas ele sabia o poder que Bella tinha sobre ele. Seria uma tarefa árdua, trabalhar com ela ao seu lado, dia após dia, e ignorar que a desejava intensamente.

Eu preciso fazer isso. Tentou se persuadir.

– Acho que estamos entendidos então. – Suspirou resignado.

Quatro horas depois de uma exaustiva reunião com o conselho administrativo da L’AUBE Distributeur, Isabella e Edward saíam acompanhados de William Cavendish, presidente da distribuidora mais conceituada do Reino Unido, um homem franzino de seus cinquenta e poucos anos de idade, com o sorriso mais afável que um profissional daquele porte poderia ter.

Ele os havia convidado para almoçar, onde poderiam tratar de mais alguns aspectos do contrato.

Já acomodados em uma das elegantes mesas do Oxo Tower, o senhor Cavendish gracejou para Bella.

– Você é uma moça muito bonita, senhorita Swan. – Falou com seu sotaque carregado – E pelo que pude notar na reunião, uma profissional muito qualificada.

– Ela é. – Edward disse com o olhar doce em sua direção – A diretora de Rh da empresa é muito cuidadosa com nossas contratações, e Isabella foi muitíssimo bem recomendada pela sua última chefe, além de seu currículo impecável, evidentemente.

– Há quanto tempo você está lá, Isabella? Oh, perdoe-me, Senhorita Swan. – Cavendish perguntou curioso.

– Pode me chamar de Bella. – Ela disse num sorriso – Há apenas dois dias.

Cavendish sorriu admirado e colocou a mão pesada no ombro de Edward.

– Você falou dela como se a conhecesse há anos. Imaginei que ela teria mais tempo com vocês.

Bella direcionou-lhe um olhar repreensivo, temerosa que ele falasse demais. Mas Edward era sagaz.

– A competência dela a precede, William. Do contrário não a teríamos contratado.

Depois da pequena tensão, despercebida pelo cliente, os assuntos se voltaram ao contrato e negociações diversas que fariam ao longo da semana.

William os acompanhou em mais uma cansativa reunião de três horas, dessa vez com o conselho jurídico, e antes de finalizarem o dia, os convidou para uma reunião informal em sua residência.

***********************************************************

Às vinte horas em ponto, Isabella saiu do elevador rumo ao saguão do hotel. Sua boca abriu sem seu comando, ao deparar-se com Edward encostado ao balcão. A blusa social, sem gravata e com o punho dobrado, conferiu-lhe um ar despojado, ainda que elegante. E seus músculos ficavam suavemente evidentes na camisa azul clara. Ele estava deslumbrante.

Edward sorriu, tentando contemporizar a aflição que sentiu ao ver a moça num vestido que delineava suas formas mais claramente do que o terninho costumeiro. E a coincidência não foi ignorada.

– Estamos combinando. – Falou divertido.

Bella então se deu conta de que seu vestido era do mesmo tom de azul da camisa dele.

Subitamente constrangida, passou a mão no comprimento do tubinho de alças largas e o fitou dúbia.

– Seria mais conveniente me trocar?

– Não seja boba. Você está... – Linda, maravilhosa, ele queria dizer, mas conteve-se – Elegante. Não precisa se trocar. Esse vestido lhe cai muito bem.

Ela conteve seu sorriso. Não queria estimular seu assédio. Apesar de comprazer-se dele.

O jantar elegante na casa dos Cavendish fora leve e animado. Além da família do senhor William, haviam alguns sócios da distribuidora com suas esposas, e alguns amigos do anfitrião, que faziam parte do mesmo circulo comercial.

Em um dado momento, Bella sentiu-se um tanto sufocada, e segui para a esplendorosa varanda da mansão com seu drink.

Ficou perdida em pensamentos por alguns minutos, recordando cenas felizes, singelas, e, ao mesmo tempo, dolorosas do seu passado, quando a voz de Edward a arrancou das divagações abjetas.

– Um milhão pelos seus pensamentos... – Sussurrou próximo ao ouvido da moça, porém sem toca-la.

Com a surpresa, Bella virou-se bruscamente, calculando mal a distância que havia entre eles, derramando o líquido na roupa de ambos.

– Oh Deus! – Alarmou-se.

– Calma, está tudo bem. – Edward falou sorrindo. – Venha, vamos até o lavabo.

Num gesto inconsciente, ele pegou a mão dela e a puxou.

Bella olhou assustada para suas mãos enquanto caminhavam pela sala. Aquilo parecia tão certo quanto fora um dia, mas ao mesmo tempo, muito, muito errado.

Ela podia sentir a frieza do ouro que enlaçava seu dedo anular esquerdo. A prova de que ele pertencia a alguém, e que era proibido para ela, ainda que ela cogitasse a possibilidade de ceder.

Sentiu seu próprio dedo mais pesado. Ela também pertenceria a alguém em breve. Faltavam apenas quatro meses para o casamento.

Aquele era um desejo impossível e inconveniente.

Ela sacudiu a cabeça para afastar o pensamento e se perguntou por que aquele gesto tão simples havia lhe provocado uma ansiedade tão descabida.

Pararam em frente à pequena pia de mármore branco do lavabo luxuoso. Edward soltou a mão de Bella relutante, mas conformado, molhou a ponta da tolha de mão e a ofereceu à moça.

Ela, ainda confusa com seu conflito interno, pegou a toalha, esticou a parte da blusa dele que estava suja, e esfregou delicadamente, os olhos maiores e a respiração sutilmente acelerada pelo contato próximo.

Edward a principio surpreendeu-se com o gesto, havia entregado a toalha para que ela limpasse a própria roupa, não a dele, mas seu contentamento dominou espaço em sua mente, antes ocupado pela razão, e ele, embevecido com a beleza transbordante daquela mulher, permitiu que continuasse, o olhar preso ao rosto dela.

Sentindo-se incapaz de conter o que sentia por mais tempo, ele segurou a mão dela com delicadeza, aguardando que ela o olhasse. Quando ela o fez, as palavras perderam sentido. O olhar de Bella dizia tudo que ele precisava saber para decidir. Ela também compreendeu de imediato o que aquelas pupilas dilatadas significavam, e num gesto deliberadamente inconsequente, deixou de lado a toalha, pegou a mão dele com firmeza e o puxou para a porta da casa.

Saíram à francesa, entraram no carro alugado em silêncio, e seguiram ao hotel.

Edward sentiu necessidade de perguntar se estava entendendo bem a situação, se ela queria o que ele queria. Mas não quis quebrar o silêncio cúmplice. Ele percebera que qualquer palavra dita romperia o encanto que o desejo devastador estava mantendo entre eles naquele momento.

Bella sentia seu coração bater em suas têmporas. Estava nervosa e ansiosa. Seria a primeira vez que fazia algo errado conscientemente. Ela nem se daria a oportunidade de pensar mais naquilo, ou perderia a coragem e desistiria. Tinha de admitir para si mesma que ela queria aquilo desesperadamente, a ponto de assumir qualquer que fosse a consequência daquele ato imprudente. Valia à pena. Pelo menos era o que seu corpo e seu coração diziam.

Ao entrarem no hotel Edward capturou a mão de Bella, caminhando rapidamente pelo saguão até o elevador.

Não se encaravam. Ambos receosos de que o outro desistisse daquela loucura.

Assim que alcançaram o corredor onde estavam hospedados, ficaram confusos por um segundo, mas Edward tomou a dianteira, abriu a porta de seu quarto empurrando Bella devagar para dentro, Fechando-a em seguida.

Por um instante apenas se fitaram com veemência, obtendo certeza de que aquele anseio e a consciência do erro que estavam cometendo eram mútuos.

Edward traçou o lábio inferior dela com o polegar, segundos antes de enlaçar sua cintura bruscamente, puxando-a para si.

Bela entrelaçou os dedos nos cabelos sedosos dele, o coração acompanhando o ritmo de sua respiração acelerada.

Os lábios se colaram num beijo violento e cheio de desejo e saudade. E quando Ele a atirou na cama, sobrepondo o corpo dela e retomando o beijo, ambos sentiram como se há muito estivessem fora, e finalmente houvessem chegado em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa semana tem cap de ADA... Beijocas!