Muito além do Desejo escrita por LoaEstivallet


Capítulo 19
OUTTAKE - O passado por Edward Parte II


Notas iniciais do capítulo

E aí está... O segundo outtake. Estou escrevendo mais dois, mas demorarei um pouquinho pra postar, coisa de duas ou três semanas.

Ainda aguardo as opiniões de vocês, tive apenas um retorno.
Beijos



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Bella e eu estávamos na garagem da casa dela, que era usada como depósito de todo tipo de coisas, principalmente ferramentas. Era tarde da noite e o pai dela, que acreditava que Bella estava dormindo tranquilamente em seu quarto no segundo andar da casa, provavelmente roncava em sono profundo àquela altura.

Estávamos tão apaixonados e envolvidos em nosso namoro que já fazíamos planos. Eu não conseguia me imaginar sem ela e meu futuro se projetava em minha mente com nós dois casados, com filhos, formando uma família. Nossos sentimentos eram tão intensos que não conseguíamos mais passar muito tempo afastados um do outro além de quando estávamos na escola, ou quando ela estava em casa com o pai. Nós dois simplesmente não estávamos mais nos satisfazendo com o tempo que passávamos juntos durante o dia e finais de semana. E então já faziam quinze dias que perdíamos noites seguidas juntos, naquele cômodo velho, abafado e pequeno, aproveitando ao máximo nossos momentos de intimidade.

Aquilo estava me enlouquecendo, era bem verdade. Mas eu ainda estava sobre o controle de meus anseios. Ainda conseguia segurar os ímpetos que me tomavam quando estávamos assim, tão próximos.

Era complicado, obviamente. Eu desejava Bella de uma maneira que nem dava pra descrever, mas a respeitava e tinha o maior cuidado para que ela não se ofendesse com algum carinho mais ousado de minha parte.

Às vezes eu a sentia um pouco mais desejosa, me beijando com mais vontade, me dando mais espaço quando a acariciava, exprimindo com mais ênfase sua satisfação quando eu a apertava com um pouco mais de força.

Eu entendi que ela me desejava também, e sabia o quanto ela queria que eu arriscasse um pouco mais em nosso relacionamento físico, mas eu tinha de manter um certo limite, ou não conseguiria me controlar.

Fato era que Bella vinha me provocando cada dia um pouco mais, com seus gestos, com seus carinhos e beijos, com algumas frases soltas...

Evidente que aquele dia não seria diferente. Ao menos eu assim pensava.

Nós estávamos no meio de um beijo muito, muito quente, e meu coração poderia manter uma usina elétrica inteira com a velocidade de seus batimentos.

Eu estava encaixado no meio das pernas de Bella, ela sentada num balcão relativamente alto, os braços ao redor do meu pescoço enquanto minhas mãos seguravam possessivamente sua cintura. Eu podia sentir o calor que emanava dela me atingir em ondas potentes, praticamente me forçando ao limite de minha sanidade. Mas eu estava firme, me mantendo lúcido ainda que com certo esforço.

Ela se libertou de meus lábios, correndo a ponta da língua por meu maxilar e fazendo todo o caminho até meu ouvido.

– Eu quero... – Ela sussurrou e eu me arrepiei.

Minha respiração, que já estava mais pra arquejo, ficou mais alta a despeito de minha tentativa de controla-la.

Eu encarei Bella, tentando disfarçar um pouco a intensidade de meu desejo que eu acreditava estar bem clara em minha expressão.

Os olhos dela eram um mar de luxúria, e por um mísero segundo eu cogitei me atirar neles e entregar os pontos. Mas eu não estragaria o que tinha com ela por algo que eu poderia esperar pra acontecer num momento mais oportuno, e numa situação mais especial.

– Bella... Não fala desse jeito... – Murmurei, e minha voz saiu entrecortada pela dificuldade de minha respiração.

– Eu só estou falando o que estou sentindo... Eu quero. – Ela falou com firmeza.

Eu tive que me afastar, ou eu perderia a batalha contra a vontade insana de fazê-la minha. A maneira como ela me olhava, com uma veemência absurda, me intimidou, e eu tive certeza de que não resistiría se ela decidisse me colocar contra a parede.

Respirei fundo, me concentrando.

– Eu te amo... Eu não quero fazer isso de qualquer jeito, em qualquer lugar... – Expliquei – Mas se você ficar me provocando assim eu não vou ter como controlar meus impulsos.

Bella cruzou as pernas ao meu redor, me puxando pra mais perto e restringindo meus movimentos, e segurou meu rosto com suas mãos pequenas, bem próximo ao dela.

– Eu não quero mais que você se controle... – Ela falou, e eu senti todo meu corpo vibrar com sua voz – Eu te amo também... E te quero. Eu não aguento mais sentir esse calor, essa ânsia... Chega a doer às vezes...

Eu ri fraco, ainda atordoado com o nível elevado de minha excitação, e a abracei. Ela era tão linda e inocente, até mesmo quando tentava ser clara sobre o que queria... Eu a amava muito...

– Você é tão inocente, minha menina... – Murmurei em seu pescoço – E especial... Eu... Eu não posso fazer isso assim...

Bella me empurrou de repente, as mãos decididas em meu peito.

Eu me assustei com sua atitude, não era comum que ela fosse tão brusca, nem mesmo nas pequenas discussões que tínhamos vez ou outra.

Eu a olhei com atenção.

– Edward, me fale a verdade... – Ela exigiu, a feição desconfiada – O que te impede? Você não me ama? Não me deseja?

Eu não podia acreditar que ela estava me perguntando aquilo... Ela era cega ou o quê? Não era completamente óbvio o quanto eu era louco por ela?

– Sim... Eu te amo e te desejo, muito... – Afirmei encarando-a com seriedade – Não sabe o quanto eu me controlo sempre e o quanto eu tô me controlando agora pra não te agarrar e te fazer minha aqui mesmo, mas... – Eu vacilei.

– Mas... ? – Ela me provocou a continuar.

– Sabe, eu... Eu já tive muitas garotas... Assim... Desse jeito. – Tentei explicar. Tinha medo do que ela sentiría ao ouvir aquilo mas precisava fazê-la entender que eu estava apenas pensando no melhor pra ela – Eu digo, de qualquer jeito... Sem me importar com o lugar ou como seria pra ela ou o que aconteceria no dia seguinte. Você não é como elas. E eu não me refiro apenas ao fato de você ser virgem... Eu não quero que seja com você como foi com elas, Bella. Eu quero que seja especial pra você... Pra nós dois.

– Não vai ser especial se for comigo? – Bella me perguntou claramente ofendida.

– Claro que sim! – Repliquei apressadamente.

– Então você fala apenas pelo lugar? - Ela me questionou olhando em volta – Eu não me importo com o “onde”, mas sim com o “quem”.

Bella deu de ombros, um sorriso brincando no canto de seus lábios maravilhosos.

– Tem certeza? – perguntei num riso semi disfarçado e arqueei uma sobrancelha pra ela – Quer mesmo que sua primeira vez seja aqui, dentro do depósito de ferramentas de seu pai, em cima desse balcão bambo de madeira ou naquele colchão velho ali no piso?

Bella me olhou de uma forma que eu nunca tinha visto ela me olhar antes, segura, decidida, e pegou uma das mãos que eu mantinha em sua cintura. Suas pernas se contraíram ao meu redor, me puxando pra ainda mais perto, enquanto ela forçava minha mão a deslizar para dentro de sua blusa.

Expirei com força, involuntariamente, quando senti a ponta dos meus dedos no limite de seu sutiã.

– Eu já disse que não me importo com o “onde”...

Meus olhos se fecharam automaticamente em reação ao tom que ela usara pra falar aquilo. Sua voz soou tão arrebatada que eu podería tocar na excitação que estava ali. Eu me repreendi mentalmente por ser tão fraco e estar começando a ceder apenas com um comando dela, mas não pude me impedir. Eu a queria demais... A abracei com força, demonstrando a Bella a intensidade do meu desejo. Ela não teria como deixar de perceber ainda que eu quisesse esconder. Minha excitação estava evidente demais, não só em minha atitude como em meu corpo, e a proximidade de nossos sexos, mesmo que sob as roupas, me deixou no limiar do controle.

Ela sorriu um sorriso lascivo e eu me surpreendi com aquela faceta que eu nunca tinha notado. Bella encaixou minha mão na base de seu seio, e eu estremeci.

– Não faz assim... – Eu pedi, mal controlando minha voz – Eu não vou... Aguentar.

Ela suspirou, banhando meu rosto com seu hálito quente e adocicado. E eu perdi completamente o controle.

A mão que ainda estava em sua cintura a puxou mais pra mim, e eu colei nossos lábios tentando ser delicado. Mas meu corpo e o dela já estavam mais que em ebulição, então rapidamente o beijo se tornou afoito.

Bella embrenhou as mãos em meus cabelos, pela nuca, e abriu mais a boca, me dando mais espaço. Nossas línguas se buscavam com uma fúria insana, o beijo profundamente intenso. Eu estava completamente alucinado, mal conseguia respirar. Comecei a abandonar o resto de domínio que ainda tinha sobre minha vontade, e deslizei as mãos por dentro do sutiã dela, finalmente realizando um desejo contido há muito.

Ouvi Bella gemer junto comigo quando meus dedos começaram a explorar a pele macia de seu seio. Ela era tão suave... Eu iría enlouquecer...

De repente ela quebrou nosso beijo e puxou minha camisa com pressa, voltando logo à minha boca, sua atitude de uma ousadia que me surrpeendeu e excitou ainda mais.

Eu já não controlava mais minhas ações, estava agindo completamente movido por meu desejo. Minhas mãos, meus lábios e minha língua exigiam mais dela, queriam mais, muito, muito mais, e eu já não conseguia pensar.

Bella estava ali, se entregando completamente ao momento, mostrando o quanto estava disposta a permitir que eu fizesse o que queria, me dando acesso total ao seu corpo, mas eu precisava me manter são, precisava assumir o comando sobre minhas atitudes ou seria tarde demais.

Consegui, com extrema dificuldade, quebrar o beijo.

– Bella... – Arfei – Espera... Espera um pouco...

Mas minhas mãos, incontroláveis, já estavam tirando a blusa dela.

Eu estava tentando, mas simplesmente era mais forte que eu... Eu estava literalmente queimando por ela e Bella definitivamente não estava me ajudando a evitar que aquilo prosseguisse.

– Não... – Ela gemeu, e eu quase me desfiz ali mesmo – Eu quero agora... Não quero esperar nada...

Eu parei, meu corpo todo relutando, e a encarei com intensidade, buscando dúvida em seu olhar. Bella parecia tão determinadada que eu não tinha como contestar sua vontade. Meu olhos passearam por seu corpo, o sutiã de algodão, tão inocente, cobrindo com precariedade os seios que subiam e desciam repetidamente, demonstrando o quanto a respiração dela estava irregular. Tanto quanto a minha.

Eu sabia que ela realmente queria aquilo. Eu podia ver em seus olhos a obstinação. Mas ainda assim eu tinha que confirmar.

– Você tem certeza? – perguntei, sentindo que eu estava perigosamente próximo de um ataque cardíaco.

Senti os dedos de Bella se prenderem com mais força em meu cabelo, sua lábios formando um lindo sorriso.

– Absoluta.

E com aquela palavrinha ela quebrou todo o restante de determinação que ainda me mantinha seguro.

Eu deslizei meus dedos pelas costas dela e abri seu sutiã, expondo seus seios. Meu olhos foram atraídos para a perfeição de suas formas e não contive minhas mãos, tocando-os com um pouco mais de atrevimento.

Acariciei até sentir que aquilo era muito pouco... Eu queria mais, todo meu corpo ardia para ter o de Bella... Então desci minhas mãos devagar, parando no cós de sua calça.

Mantive meu olhar conectado ao dela enquanto abria o zíper, já sentindo a expectativa me esmagar.

– Eu quero que seja confortável pra você... – Murmurei, deslizando minha mão por dentro da calcinha, sentindo o calor que vinha dali – Preciso que confie em mim...

Eu cheguei ao limite de minha sanidade.

No momento exato em que a senti em meus dedos fui nocauteado pelo impacto da excitação mais poderosa que já havia sentido em toda a minha vida.

Bella abriu a boca pra me responder mas sua voz ficou engasgada quando apliquei certa intensidade aos movimentos. Minha respiração se tornou ainda mais arritmica, e eu não poderia estar mais extasiado sentindo a suavidade da intimidade de Bella.

Ela era muito quente! E eu estava pra explodir te tanta vontade...

Eu não sabia se estava mais alucinado, ansioso ou feliz... Eu finalmente estava tendo Bella, estava tomando ela pra mim...

Mas eu precisava preparar ela se aquilo realmente ia acontecer. Eu não queria que fosse doloroso, eu queria que fosse especial e prazeroso pra ela ainda que eu tivesse que abdicar do meu próprio prazer por isso.

– Edward... – Ela gemeu e eu fui às alturas.

– Você confia em mim? – sussurrei, sentindo que ela estava bem próxima do ápice, e que eu estava bem próximo da loucura.

– Con-confio... – Ela gaguejou, enquanto eu intensificava a carícia.

Deus, como eu queria prova-la!

Eu precisava ir com calma, uma coisa de cada vez...

Eu puxei Bella para um beijo, tentando me concentrar em algo além da maneira como ela estava reagindo bem aos meus estímulos... Aquilo estava me deixando insano!

Ela arquejava em minha boca, os gemidos saíndo estrangulados, enquanto eu tentava me manter lúcido.

Senti que ela estremecia e seu corpo contraiu, principalmente onde eu a tocava.

Bella quebrou nosso beijo, os olhos semi cerrados, a respiração entrecortada, enquanto eu a observava atentamente.

Então ela soltou um grito curto, e eu me arrepiei.

Ela apoiou a testa em meu ombro, respirando com dificuldade e eu esperei, minha mão relutando em deixar a intimidade quente e macia dela.

Tudo que eu pensava era em me enterrar ali, meus dedos, minha boca, meu corpo... Mas contive minha ânsia. Era a garota que eu amava em meus braços e eu precisava ser delicado com ela...

Bella levantou o rosto, completamente corada e olhou pra mim.

Eu não sei como ela me via naquele momento, mas eu tinha certeza que estava com cara de bôbo, podia sentir o sorriso idiota que não queria abandonar meus lábios esticando a pele das minhas bochechas.

Eu a carreguei no colo, ainda um pouco contrariado por estar permitindo que aquilo acontecesse ali, no meio de toda aquela tranqueira, mas Bella parecia tão contente em estar sendo atendida em sua vontade... E eu tinha de confessar que pra mim pouco importava o lugar também. Tudo que eu queria era fazê-la minha, marca-la como minha pra sempre.

Senti-la completamente era um dos meus maiores anseios, e o que eu esperava, sua permissão, eu já tinha, então não havia motivo para não realizar aquilo quando nós dois queríamos com a mesma intensidade.

Deitei Bella com cuidado no colchão velho, tentando abstrair o ambiente e me focar somente nela. Ela não parecia enxergar qualquer outra coisa que não fosse eu de qualquer forma.

Meu coração perdeu uma batida. Eu estava nervoso.

– Você fica linda assim, tão entregue... – Eu disse enquanto levantava pra me despir, sentindo um leve constrangimento ao perceber a maneira como ela analisava meu corpo enquanto eu ficava completamente nu na frente dela pela primeira vez.

Eu a olhava também, talvez com a mesma intensidade, o sorriso idiota ainda lá. Bella estava corada ao extremo, e seu olhar nunca abandonava o foco em mim. Me ajoelhei diante dela, tirando sua calça e finalmente sua calcinha, um estremecimento violento percorrendo meu corpo quando a contemplei totalmente livre de roupas.

Ela era impossívelmente linda, incrivelmente atraente, absurdamente deliciosa...

Eu ia ter de me concentrar ao máximo para manter o controle e não machuca-la, porque, eu tinha certeza, meu ímpeto iría me dominar assim que eu estivesse dentro dela. Era certo que eu enlouqueceria quando a sentisse assim, estava até com medo de perder a sanidade.

Observei minha menina.

Sua expressão era ansiosa mas eu podia enxergar um traço leve de receio em seus olhos.

Eu também estava com um pouco de medo e o nervosismo estava me fazendo hesitar. Eu ainda sorria, e estava louco pra fazer aquilo, mas eu seria o mais cuidadoso, paciente e delicado possível.

– Está com medo? – peguntei ao me deitar sobre ela.

Eu estava segurando o máximo do meu peso que podia em minhas pernas e braços para não incomoda-la. Passei os dedos por seus cabelos, tentando passar o mínimo de tranquiliadade a ela.

– Não. Estou ansiosa e um pouco nervosa... – Bella falou com segurança e eu me surrpeendi com a maneira como ela parecia firme em sua decisão.

– Se quiser que eu pare, Bella, a qualquer momento, é só me pedir que eu paro. – Assegurei. Eu não faria nada que a magoasse.

– Eu não vou pedir isso...

Eu sorri me aproximando de seus lábios, já liberando uma parte de meu peso sobre ela.

– Eu não queria ficar tão feliz em ouvir isso... – Murmurei tocando seus lábios com os meus – Mas é inevitável.

Nós nos beijamos, e então parecia que o mundo lá fora tinha subitamente deixado de existir.

Tudo que eu sentia era Bella. Ao meu redor, em minha cabeça, em meu coração.

Eu a amava demais. Chegava a doer a intensidade com que o sentimento me consumia...

Eu a acariciei em vários pontos sensíveis, me concentrando em seus seios porque era o meu local favorito. Bella se empurrava contra mim, gemendo baixo, arfando em minha boca, me atordoando.

Foi muito difícil me manter calmo e conseguir limitar meus impulsos. Mas meu amor por Bella pulsava tão forte dentro de mim que eu não seria capaz de machuca-la ainda que quisesse.

Eu respirei fundo quando senti que o momento havia chegado.

Me afastei um pouco, abrindo as pernas de Bella com as minhas devagar. Segurei sua cintura e me direcionei para sua intimidade, penetrando lentamente, observando com atenção o rosto dela para ter certeza de que estava bem.

Eu estava mantendo precariamente o domíno sobre mim mesmo, a excitação reverberava potente pelo meu corpo a medida que eu me sentia mais fundo em Bella.

Ela estava calada, os lábios entreabertos e a feição completamente tranquila, nenhum traço de desconforto. Seus olhos conectados aos meus me davam certeza do quanto ela estava envolvida naquele momento.

Quando eu estava completamente dentro dela, precisei travar meus músculos e me concentrar para conter o impulso de me mexer. Eu sabia que ela precisava se acostumar um pouco com a minha invasão, para que a dor fosse suportável.

Olhei fundo nos olhos castanhos, feliz por enxergar ali o mesmo sentimento que me movia.

– Eu te amo... – Murmurei, fazendo um esforço enorme para esperar um pouco mais.

Bella sorriu e se moveu contra mim, impulsionando o quadril para cima, me fazendo alcançar mais fundo em seu corpo.

– Eu também... Te amo... – Ela falou num arquejo.

Então eu me movi muito devagar para dentro dela, testando o meu controle e a resistência de Bella.

Ela gemeu baixo, vincando de leve a testa. Eu estava muito aturdido com as sensações que me tomavam pra conseguir identificar se aquele som era dor ou satisfação.

Achei melhor perguntar.

– Dói? – Questionei, a preocupação saturando meu tom.

– Não... – Bella respondeu com a voz quebrada – Não pare...

E então eu sabia que ela estava bem, e que eu podia proporcionar a ela o prazer que eu estava sentindo só de estar dentro dela.

A princípio eu me impulsionei lentamente contra ela, sempre contendo o ímpeto de acelerar ou intensificar os movimentos. Não queria machuca-la. Acariciava seu corpo com leveza, estimulando ela com toques e beijos, tentando demonstrar a ela pelo meu olhar o quanto eu a amava, o quanto ela era importante pra mim... Tentei pegar leve para que ela não estivesse dolorida no dia seguinte, mas em um dado momento, quando já estava quase impossível me manter lúcido, Bella me surpreendeu se lançando para mim, se sentando em meu colo, aumentando o ritmo com que nossos corpos se chocavam, me levando à completa loucura.

Eu cheguei a soltar o corpo dela e me apoiar em minhas mãos, agarrando a borda do colchão para conseguir aguentar enquanto ela se mexia em cima de mim deliciosamente. Eu estava a ponto de expodir.

– Bella – consegui sussurrar – Amor... Eu não vou aguentar...

– Eu também não – Ela murmurou mordendo o lábio – Me abraça...

Eu fiz como ela pediu, e nós gememos juntos nosso primeiro êxtase. Meu corpo imitando o dela, vibrando e estremecendo intensamente.

Bella segurou meu rosto entre as mãos pequenas e só então me dei conta de que tinha fechado os olhos. Olhei pra ela, sentindo meu amor se fortalecer e consolidar ainda mais.

– Você é tudo pra mim... – Ela me disse, não me permitindo duvidar de nenhuma letra sequer daquela frase, seus olhos me mostrando sua alma, a intensidade de seu amor por mim.

– Você é minha vida... – Devolvi, antes de beija-la.

O beijo foi delicado e amoroso, e selava a verdade de nossos sentimentos. Existiam promessas naquele ato, promessas pra uma vida inteira, promessas que eu queria e iria cumprir, se ela me permitisse.

Logo nossas línguas se encontraram, e nossos corpos, ainda conectados, voltaram a se movimentar em busca da completude mais uma vez.

Eu estava extremamente preocupado em como Bella se sentiria no dia seguinte depois de todo aquele abuso, mas nem se eu fosse capaz de me conter, ela me permitiria parar.

Passamos a noite inteira fazendo amor, Bella me fazendo ceder todas as vezes que relutei e tentei convence-la a descansar nem que fosse meia hora. Os primeiros raios de sol estavam entrando por algumas frestas na madeira velha que cobria as paredes quando ela finalmente se deitou sobre mim e relaxou, o rosto num sorriso singelo.

Eu a observei por mais alguns instantes, tentando entender o que eu tinha feito de bom na vida pra merecer aquela garota. Sorri e beijei sua testa com um suspiro. Eu seria o homem mais feliz do universo mesmo se eu não tivesse coisa alguma, mas Bella estivesse ao meu lado.

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Sete meses e duas semanas...

Esse era o tempo que estávamos juntos quando toda a tragédia aconteceu.

Recordar aqueles últimos momentos e toda a confusão que os causou ainda me provoca dor, mágoa.

Nos dois estávamos tão felizes... Bella me amava como eu a amava. Eu era tão completo com ela! Ela era meu ar, minha luz, minha vida. E eu a perdi por um motivo tão banal, tão estúpido... Perdi Bella por medo de perdê-la, a ironia não poderia ser maior e mais cruel.

Eu havia acabado de chegar em casa de mais uma noite incrível com a garota da minha vida. Já era bem tarde, passava de meia-noite.

Ainda estava aéreo e pisando em nuvens, resultado das quatro horas em que eu e minha namorada linda passamos nos amando no quarto dela, aproveitando uma rápida viagem que o pai dela havia feito para Seattle a trabalho. Eu teria dormido lá se ele não tivesse telefonado avisando a Bella que chegaria na madrugada, para que ela não passasse toda a noite sozinha.

Mal sabia ele que eu não permitiria que isso acontecesse.

Me assutei quando entrei em meu quarto, todo o torpor dos êxtases recentes evaporando como eter.

Tanya estava sentada em minha cama, encolhida e abraçada aos prórpios joelhos, chorando convulsivamente.

Eu corri pra perto dela sem nem mesmo me preocupar em ligar a luz, o cômodo iluminado fracamente pela iluminação da rua que entrava pela janela.

– Tan, o que houve? – Falei me sentando ao lado dela.

Ela levantou o rosto com um ar surpreso, como se não tivesse notado minha chegada, e se jogou pra mim, me abraçando e chorando com mais intensidade.

– Ah Edward... – Ela falou entre os soluços – Foi horrível...

Eu a rodeei com meus braços depois que a surpresa passou, e afaguei seus cabelos.

– O quê foi horrível? Porque você tá assim Tan?

Tanya se afastou, esfregando as costas das mãos nos olhos e fungando. Respirou fundo algumas vezes enquanto eu esperava que ela se acalmasse. Então me olhou. E seus olhos azuis estavam arrasados.

– O J-john... Ele... Ele... Eu... – Ela gaguejou, a voz denunciando que logo ela recomeçaria a chorar – Eu vi ele com outra garota... Eles estavam... Ah meu Deus...

E desatou a chorar outra vez.

Eu a abracei novamente, sentindo compaixão. Eu tinha compreendido o que tinha acontecido. Achei melhor apenas acalma-la, conforta-la. Conversar naquele momento remexeria na ferida que estava sangrando. Seria pior.

Segurei Tanya com força em meus braços, deixando ela desabafar. Eu um dado momento, cansado como estava, me encostei na cabeceira da cama e a puxei junto comigo. Acabei apagando.

Acordei com o dia já claro, eu meio sentando, meio deitado em meus travesseiros, Tânya adormecida abraçada fortemente a mim, a cabeça pousada em meu peito.

Suspirei com pena dela. Observei seu rosto e o semblante intranquilo denunciava seu sofrimento.

Eu afastei uma mecha que estava caída em sua bochecha, a compaixão me deixando um pouco deprimido. Então a porta do meu quarto se abriu.

Alec, o irmão mais velho de minha amiga, um de meus grandes amigos, entrou com uma expressão aterrorizada.

– Graças a Deus! – Ele arfou – Eu passei a noite toda procurando por ela!

Eu afastei Tanya do meu corpo com cuidado para não acorda-la, e me sentei direito na beira da cama.

– Ela estava aqui quando cheguei ontem... Estava arrasada... – Falei.

Alec fez uma careta e colocou as mãos na cintura.

– O que aconteceu entre vocês, Edward? – Perguntou num tom estranho – Você se aproveitou de minha irmã?

Fiquei completamente estarrecido com sua conclusão absurda.

– Tá louco, Alec? – Me alarmei – Eu tenho namorada! E Tanya é minha amiga, você sabe bem disso!

– Você tem uma namorada? Que novidade é essa? – Ele me perguntou num tom entre cético e escarnecedor – Você é um dos maiores pegadores da escola, Edward. Não vou cair nessa desculpa. O que você fez com minha irmã?

Eu abri a boca pra responder mas Tanya me interrompeu.

– Não aconteceu nada entre a gente, Alec... – Ela falou com a voz rouca, ainda despertando – O idiota do John me traiu e eu corri pro lugar mais seguro que eu conheço. O ombro do meu melhor amigo. Edward só me consolou. Devemos ter pegado no sono em algum momento do meu ataque dramático.

Alec olhou de mim para a irmã com um ar desconfiado, mas relaxou a espressão.

– Vamos logo pra casa. Papai e mamãe não sabem que você está fora, eu encobri você mais uma vez. – Disse com o tom rude – Vamos logo ou vamos nos atrasar pra aula.

Tanya se levantou abatida e se aproximou de mim.

– Obrigada... Me desculpe por ter te causado esse transtorno.

– Tan, você é minha amiga. E não me causou transtorno nenhum. Só fique bem, ok? Nós vamos conversar melhor na escola. – Falei sorrindo pra ela.

Ela assentiu e me deu um beijo na testa, saindo logo depois de mãos dadas com o irmão.

Eu me levantei pra me preparar pra aula e me assustei com o adiantado da hora. Eu iría mesmo me atrasar.

Corri pra tomar banho.

Vinte minutos depois estava entrando em meu carro quando o celular tocou.

Era minha menina... Toda a minha chateação por estar atrasado, toda a minha preocupação com Tanya, toda a minha ansiedade em ajudar minha amiga ficou em suspenso. Meu coração se enchendo de alegria pela simples expectativa de ouvir a voz de Bella.

– Oi menina... – Atendi com ansiedade – Você já chegou na escola? Eu tô super atrasado por causa de ontem...

Eu omiti a parte em que Tanya havia dormido em minha casa, em minha cama, comigo. Bella sentia muito ciúme dela e eu preferi evitar uma briga. Comentaria com ela tudo pessoalmente quando estivássemos sozinhos de noite.

– Edward... – A voz de Bella era urgente – A Tânia...

Então eu imaginei que toda a escola já sabia do drama de minha amiga.

– O que tem ela? – Perguntei imaginando como Tanya ficaria arrasada com os comentários cruéis dos fofoqueiros da Forks High.

– Ela espalhou pra escola toda... – Bella falou e eu me surpreendi com a raiva que permeava seu tom.

– O quê? Eu não tô entendendo... Espalhou o quê?

– Todo mundo está comentando sobre... Sobre nós dois...

Eu me calei, absolutamente confuso. Estavam comentando sobre nós dois? Alguém tinha descoberto sobre a gente e estava espalhando o boato, mas, o que Tanya tinha com isso? Repassei a conversa do começo na minha cabeça rapidamente.

Bella claramente acreditava que Tanya tinha espalhado a notícia.

Mas isso não era possível.

– Edward? – Bella me chamou.

– Estou aqui... – Respondi, ainda tentando entender a lógica que levou Bella a achar aquilo – Não foi ela. Eu tenho certeza.

E eu tinha. Tanya era minha melhor amiga. Nós nos conhecíamos a vida toda e ela me apoiava completamente em relação a Bella. Ela sabia o quanto eu estava apaixonado, sabia dos meus planos, dos meus sonhos com minha menina. Ela nunca faria aquilo.

– Você não entendeu... Todo mundo sabe, Edward. Todo mundo tá comentando como eu me entreguei a você... Que eu era virgem...

Eu fiquei ainda mais surpreso. Sabiam até de minha vida íntima com Bella?

Então eu caí em mim e imaginei o quanto ela devería estar se sentindo confusa, constrangida e magoada. Mas isso não era motivo pra acusar Tanya... Apesar de que ela era realmente a única pessoa que sabia sobre mim e Bella, e sobre nossa intimidade, porque eu tinha conversado com ela.

Não. Tanya nunca faria aquilo.

Mas Ela costumava dividir quase tudo com o irmão. Será que...

Não.

– Isso é um problema... – murmurei atordoado. Não estava conseguindo raciocinar, era muita informação ao mesmo tempo – mas não foi ela. Eu posso te garantir que Tânia nunca faria nada pra me magoar.

Disso eu tinha certeza. Talvez ela tivesse comentado com Alec e ele tivesse dado com a língua nos dentes.

– Foi ela! – Bella gritou.

Surpreendentemente eu perdi a paciência com minha menina pela primeira vez.

Ela não tinha noção do absurdo que ela estava falando, e isso me enervou. Acumulado a isso estava meu aborrecimento por saber que estavam comentando minha vida particular pela escola. A pena e a preocupação que eu estava sentindo por saber da situação de Tanya também me influenciando.

– Não, não foi! – me vi gritar – Ela nunca faria isso comigo! Ela é minha amiga desde sempre! Alguém deve ter nos visto e espalhado... Eu não sei! Mas sei que não foi ela!

Respirei forte depois que exprimi meu pensamento, o remorso lentamente me tomando.

Eu tinha gritado com Bella. E basicamente por causa de Tanya.

Eu podia sentir que tinha magoado minha namorada, e muito. Seu silêncio era esclarecedor. Me repugnei por feri-la sem um motivo válido.

– Bella? – meu tom ainda era rude, a impaciência e o nervosismo saturando minha voz.

– Eu falo com você depois, Edward. – Bella sibilou com raiva e desligou na minha cara.

Eu olhei para o pequeno aparelho como se ele me ofendesse.

– Mas que droga! – esbravejei esmurrando o volante.

Nada justificava o que eu acabara de fazer, nada. Nem mesmo minha amizade com Tanya.

Eu havia perdido o controle porque estava emocionalmente envolvido em toda aquela droga. Minha amiga, a quem eu confiava minha vida, que acabava de ser traída pelo namorado de anos por quem era louca, estava sendo acusada por minha namorada, pelo amor da minha vida, de fazer algo contra mim, diretamente. Eu entendia os ciúmes de Bella com Tanya e tentava de todas as formas amenizar aquilo, mas eu não permitiría uma injustiça. Além disso estavam esmiuçando minha vida particular, comentando sobre meu namoro, sobre minha relação íntima com Bella por toda a escola.

Mas isso não me dava permisão pra ferir a pessoa que eu mais amava na vida. Isso não era motivo pra brigar e magoar a garota mais especial do mundo.

Olhei pro celular.

Eu não iría resolver isso por telefone. Eu falaria com Bella assim que chegasse na escola. E aproveitaria pra assumir logo nosso namoro na frente de todo mundo.

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Entrei na segunda aula atrasado, e Tanya me esperava no fundo da sala com um olhar esquisito.

Me esgueirei pelo canto para que o professor, que escrevia alguma coisa no quadro, não me visse. Sentei do lado dela, que logo me passou um bilhete amassado. Parecia que tinha sido lido várias vezes.

Fiz um gesto com as mãos, perguntando a ela do que se tratava sem emitir som. Tanya abanou as mão me indicando o papel, demonstrando que eu deveria ler logo.

Quando desdobrei o bilhete meu coração quase saltou por minha boca.

Sua namoradinha vai saber que você dormiu com sua melhor amiga...

A não ser que você fique quietinho.

E isso era tudo.

Eu tinha a intenção de contar a Bella sobre o que tinha acontecido, mas precisava de tempo pra preparar o campo, ainda mais agora.

Com todo aquele lance de boato, eu tendo brigado com ela, ela provavelmente muito magoada comigo, o momento não era dos melhores pra dizer a Bella que Tanya tinha dormido comigo. Ela, com toda certeza, não me daria tempo nem pra explicar. Que dirá se soubesse disso por outra pessoa, que provavelmente distorceria a verdade propositalmente.

Olhei pra Tânia assustado.

Ela assentiu revirando os olhos e rasgou um pedaço da página de seu caderno, escrevendo alguma coisa nele. Me entregou em seguida.

Conversamos melhor no intervalo, mas acho melhor não falar nada com Bella hoje. O momento é péssimo. Já tá sabendo dos boatos?

Eu confirmei com a cabeça e escrevi logo em baixo.

Já. E concordo com você. Não vou falar nada hoje. Mas não gosto do tom de ameaça nesse bilhete.

Ela assentiu mais uma vez, e nós voltamos nossa atenção para o professor na frente da sala. Meu coração estava oprimido, e eu tive o mal pressentimento de que alguma coisa ia dar errado.

Quando entrei no refeitório, quarenta minutos depois, Alec me puxou pra um canto, me entregando mais um bilhete.

– Esse bilhete apareceu dentro do meu caderno. – Ele falou baixo enquanto me passava o papel – Não sei quem colocou lá.

Tanya se aproximou, os olhos arregalados.

– Outro? – perguntou – Quem será que tá fazendo isso?

Eu olhei pra ela dando de ombros, enquanto nós três nos espremíamos pra ler o recado.

Querido Edward,

Sua garota vai saber que você pulou a cerca com sua melhor amiga ontem se você não ficar neutro em relação aos boatos.

Aja normalmente, ria das piadas de seus amigos, converse com eles, assista suas aulas. Um passo em falso e Isabella fica sabendo de tudo... Do meu jeito, é claro.

Ouvi Tanya arfar, nervosa, ao meu lado. Alec me olhou chocado.

– Você tá namorando mesmo?

Eu estava atônito com o que estava acontecendo. Como que o mundo havia começado a desabar em minha cabeça e eu nem notei?

Parecia que tudo tinha sido articulado, planejado pra destruir meu namoro com Bella.

Os boatos, a pessoa sabendo que Tanya tinha dormido em minha casa....

Eu precisava falar com Bella, logo, era a melhor solução. Ela tinha que saber disso tudo por mim.

– Vou procurar ela. – Falei já me voltando para a porta do refeitório.

– Você tá louco? – Tanya me segurou – Se você for conversar com ela agora, se contar a ela, essa criatura insana vai contar pra todo mundo, vai fazer chegar aos ouvidos dela essa história sobre nós dois termos dormido juntos...

– Tanya, esse é justamente o motivo pelo qual eu tenho de falar com ela! – Falei agoniado – Se ela escutar isso de mim, e eu puder explicar, ela vai entender!

– Edward isso não envolve só você! – Ela esbravejou – Se o John ouvir isso...

Eu fiquei perplexo.

– Tan, ele traiu você! E não é como se tivesse realmente acontecido alguma coisa entre a gente.

– Edward você sabe que eu amo o John... – Ela falou já com o tom lamentoso – Eu sei que o que ele fez foi terrível, mas sei também que foi um deslize... E ele não sabe que eu sei, então eu não quero perder a razão, nem a chance de, pelo menos, conversar com ele sobre isso... Espere pra conversar com ela, pelo menos, amanhã, fora da escola. Isso me dará algum tempo pra resolver as coisas.

Eu encarei ela incrédulo. Mas sabia que ela tinha razão sobre cada uma das coisas que afirmou. Além do mais, eu poderia enganar essa tal pessoa. Agiria como se tivesse entrado no jogo e, à noite, quando estivesse com Bella a sós, eu resolveria tudo.

– Certo. – Suspirei – Eu vou esperar, mas só até essa noite. Não posso esperar pra conversar com ela amanhã.

– Promete? – ela me implorou.

Expirei angustiado, mas não podia negar aquilo a ela, não com tudo que ela estava passando.

– Prometo.

E então o jogo começou.

Eu sorri e sentei na mesa dos meus amigos, conversando, rindo e tentando agir como sempre agia, controlando o receio que estava me angustiando.

Alec estava sentado ao meu lado. Ele havia acabado de contar um caso absurdo, fazendo todos rirem espalhafatosamente, inclusive eu.

Eu me sentia estranhamente nervoso, e fiquei ainda pior quando ouvi a pergunta repentina do Kellan, um colega do time.

– E então, Cullen, é verdade? Você deflorou mesmo a nerd bizarra do segundo ano?

A raiva subiu quente em minha garganta e eu encarei Tanya do outro lado da mesa, atraído pela olhada significativa que ela me direcionava.

Respirei fundo. Tudo bem que eu não podia dar bandeira, mas também não podia permitir que ele falasse assim de Bella.

– Não fale dela assim Kellan... – Eu tentei soar indiferente e divertido – Ela não é bizarra, é muito bonita...

– E gostosa? – Patrick me interrompeu, gargalhando em seguida.

Eu abri a boca pra replicar mas Alec segurou meu braço. Eu ri, forçada e nervosamente.

E então o mundo desabou de verdade.

Bella surgiu do nada, me olhando furiosa, e eu entendi que ela tinha ouvido tudo.

Senti meu sangue gelar e fiquei sem ação. Senti meus lábios se moverem e formarem o nome dela, mas o som da minha voz ficou engasgado em minha garganta.

Ela me olhava de uma maneira que eu nunca tinha visto antes e isso me aterrorizou.

– Vai contar a verdade, Edward? Ou vai deixar que eles continuem falando de mim assim? – Ela questionou num tom arredio.

Tudo que eu pude fazer foi encara-la chocado, completamente congelado em meu atordoamento.

Eu ouvi alguém falar alguma coisa, e vi Bella voltar seu olhar pra um canto da mesa e depois pra mim. Ouvi risos e vozes exaltadas, mas simplesmente não conseguia reagir, o olhar furioso e, ao mesmo tempo, decepcionado de Bella me enchendo de um terror que eu nunca tinha experimentado antes.

Senti o mundo girando desagradavelmente enquanto nossos olhares estavam presos um no outro.

– Sai daqui, ralé! Não percebeu que tá sobrando não? – Justamente o John berrou, e eu finalmente despertei de meu transe.

Eu me preparei para levantar e falar, na frente de todo mundo, o que realmente era verdade. Mas Alec me lembrou de algo importante.

– Não, Edward... Lembre do que prometeu a minha irmã. – Ele pediu, e eu me sentei encarando o chão, um sentimento horrível de derrota me esmagando.

O grupo todo ria, enquanto eu me encolhia na cadeira sentindo como se tivesse cometido um crime.

E eu tinha.

Eu fui omisso. E permiti que humilhassem a garota que eu amava, que era tudo pra mim. O medo que eu estava sentindo me dizia, me alertava, que eu estava correndo um risco consideravelmente grande de perder Bella. Eu levantei os olhos e constatei que ela não estava mais ali.

Esse fato me impulsionou a levantar, mandando pro inferno qualquer preocupação com outra pessoa que não fosse eu e minha namorada.

– Parem! – Berrei, e todos me encararam atônitos, fazendo silêncio imediatamente – Ela é minha namorada! E eu sou alucinado por ela! Eu exijo que você respeitem isso e respeitem Bella! Se eu ouvir mais algum comentário sobre ela, ou sobre nosso relacionamento eu juro... Eu arrebento cada um de vocês. E se algum de vocês é o responsável pelos bilhetinhos ridículos de hoje, sinto muito. O jogo acabou.

Então sai pisando firme no chão, ignorando Alec e Tanya, pouco me importando com o problema de quem quer que fosse. Estava determinado a encontrar minha menina e implorar por perdão de joelhos.

Coori pra sala em que ela teria a próxima aula, mas estava vazia. Voltei pelo corredor até a sala em que ela tinha a aula anterior. Nada. Procurei na biblioteca, na sala de estudos, no campo, na quadra, na área externa. Nada.

Ela tinha ido embora.

Meu coração batia dolorosamente rápido em meu peito, minha cabeça girava, minha garganta estava travada.

Saquei o celular do bolso e digitei o número. Chamou até cair. Fiz mais umas cinco ligações seguidas, todas sem resposta.

A angústia começava a toldar minha sanidade. Voei pra meu carro e em seguida pra minha casa, sem parar de insistir nas ligações.

***********************************************************

Já estava anoitecendo e eu ainda não tinha conseguido falar com Bella.

A cada ligação que ela não atendia meu coração afundava mais desconfortavelmente em meu peito, o ar me faltando.

Eu já tinha decidido, e estava até pronto pra sair e ir até a casa dela bater em sua porta. Enfrentaria o pai dela se fosse preciso, mas eu não esperaria nem mais um minuto. Eu precisava falar com Bella.

Liguei mais uma vez, jurando pra mim mesmo que sería a última tentativa antes de sair atrás de minha namorada.

– Alô. – Bella atendeu, e, por um mísero segundo, meu coração pareceu aliviado.

Mas eu me dei conta, tardiamente, do tom frio e distante que ela havia usado pra falar aquela pequena palavra.

Me forcei a falar.

– Bella... Eu... Eu preciso falar com você... – Gaguejei, miseravelmente nervoso.

– Tudo bem. Me encontre na quadra de atletismo em meia hora. Em baixo da terceira arquibancada.

A voz dela era tão seca, tão indiferente que me senti estremecer. Eu estava aterrorizado. E havia essa vozinha dentro da minha cabeça afirmando que eu tinha feito uma merda sem tamanho.

– Eu preciso te dizer que... – me adiantei, desesperado pra explicar tudo.

– Eu não quero ouvir nada, Edward! – Ela gritou, me interrompendo – Apenas me encontre lá. Preciso devolver suas coisas.

O quê?

– Devolver...? Bella, não – Minha voz saiu esquisita, refletindo o nível de medo que eu estava sentindo.

– Até. – Bella falou no meio da minha frase, desligando na minha cara mais uma vez naquele dia.

Eu olhei para o telefone em minha mão, desejando ardentemente que aquilo tudo fosse um pesadelo.

Senti uma coisa úmida escorrer por meu rosto, e soube que estava chorando. Era a primeira vez que eu chorava por alguém, por uma garota. Claro que tinha de ser por Bella.

Deixei o pranto silencioso fluir, desabafando um pouco da dor que começava a me consumir com uma intensidade enlouquecedora.

***********************************************************

Eu cheguei cedo na quadra e me escorei em uma das pilastras buscando algum apoio. Meu coração afundava a cada minuto que passava, eu já nem conseguia respirar.

Bella chegou cerca de vinte minutos depois que eu, a feição completamente alterada. Eu senti um impulso de correr pra ela e corri, pedindo aos céus que ela me deixasse explicar, me ouvisse e me perdoasse.

– Bella... – comecei assim que estava próximo o suficiente.

Mas ela não me deixou continuar.

– Por favor, me poupe de qualquer comentário. – Ela disse com o tom furioso, a palma da mão em minha direção – Sua atitude foi muito eloquente. Até demais. Acho que não sobra espaço nem mesmo para um rompimento cordial.

Eu senti como se levasse um murro na cara.

– Rompimento? – Minha voz soou estrangulada – Bella eu...

– O que você achou? – Ela me interrompeu outra vez – Que depois de você fingir que tudo que comentavam era verdade, depois de você ter permitido que seus “amigos” me humilhassem, debochassem de mim, eu ainda estaria pronta para atender aos seus desejos? Ainda seria sua namorada secreta?

Ela estava completamente coberta de razão e eu não tinha argumento algum em minha defesa. Eu agi como um cafajeste da pior espécie, eu havia permitido que ferissem ela a ponto dela nunca mas querer olhar na minha cara.

O desespero me afogou, e eu tentei desesperadamente encontrar alguma coisa que pudesse fazer para que a situação não fosse para onde eu estava vendo que iría.

– Eu te amo... Me perdoe. – Falei a primeira coisa que senti, absolutamente em pânico.

– Eu não preciso te perdoar... Eu fui a estúpida. Eu deveria saber desde o começo. Eu não podia esperar nada diferente de você.

A voz dela parecia de gelo, o olhar vidrado e opaco, fechado pra mim. Eu não conseguia enxergar mais dentro deles como antes.

– Me deixe explicar, por favor... – Eu pedi sentindo as lágrimas inundarem meus olhos.

Bella me olhava de cima, firme, segura, indiferente.

Não era a minha Bella. Não mais.

– Nada do que você me diga vai mudar o que aconteceu... Ou como me sinto agora.

Eu ouvi ela falando as palavras que colocariam um fim em meu sonho, em minha vida, e me senti perdido, preso em correntes pesadas que me impediam de lutar.

Eu simplesmente não tinha o que fazer ou dizer.

Ela não queria me ouvir e tinha toda razão nisso.

O mundo então parou, e como num filme de ficção científica, tudo ficou em câmera lenta, cada segundo demorando uma longa eternidade pra passar.

Bella dizia as palavras. Ela me dava adeus. E eu morreria quando a última letra escapasse por sua boca, mas eu não tinha o poder de parar ou voltar o tempo. Se eu tivesse, aquilo nunca teria acontecido...

– Adeus... Até nunca mais.

O tempo então se desdobrou e acelerou, e quando Bella andou pra longe de mim, meu corpo me jogou pra frente e eu a segurei pelo pulso.

– Não faz isso... – Implorei tentando segurar as lágrimas – Pelo amor de Deus, Bella... Só me ouve...

– Eu não tenho que te ouvir... Eu não quero te ouvir, ou te ver, nunca mais. Acabou. E não adianta tentar vir atrás de mim... Eu estou indo embora dessa cidade.

Eu não tive tempo de respirar e ela já me nocauteava novamente.

– Embora? Embora pra onde? – Indaguei desesperado.

– Isso não te interessa mais... Se é que algum dia realmente interessou.

Bella se libertou facilmente de minha mão e me deu as costas, indo embora. Eu não pude oferecer qualquer resistência, estava destruído. Não sentia meu pulmão, minhas pernas, meu pés... Nada. A única coisa que eu esperimentava naquele momento era uma dor intolerável que me fez cair de joelhos na grama úmida e desabar num choro covulso por um tempo que não sei precisar.

Tudo que me lembro daquele momento em diante é que me arrastei até o espaço coberto da arquibancada, me deitando ali mesmo, desiludido, até que a exaustão do pranto intenso me levou à inconsciência.


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