Ângela entrou esbaforida na sala, não dando a mínima importância às feições de alarde que tomou conta dos rostos dos membros do conselho que ali se reuniam com Edward.

Direcionou-se ao chefe, ainda arquejante e apressada.

- Senhor Cullen... Sua sogra... E sua mãe... Elas acabaram de ligar... – Ela tentava falar entre as lufadas de ar que entravam superficialmente em seu pulmão, devido ao nervosismo.

Ângela não precisou completar a frase.

Edward compreendera o que estava acontecendo quando a observou entrar atrapalhada em sua aflição.

Com apenas um olhar fez a secretária perceber que ele estava ciente do que ela dizia e lhe estender a mão, onde trazia a chave do carro.

- Onde? – Seu tom era quase desesperado.

- Roosevelt Hospital.

- Você toma conta de tudo.

Foi uma ordem, mas soou como um pedido angustiado, ao que a garota apenas assentiu, se preparando para dar explicações aos sócios ali presentes que a encaravam entre aturdidos e indignados com a rápida saída do superintendente.

- Onde ela está? – Edward perguntou, exigente, assim que alcançou as duas famílias aflitas que esperavam por noticias num dos corredores extensos e brancos do hospital.

- Com o doutor Meyer... – Sua mãe respondeu, abraçada a seu pai.

- Anthony e Renesme? – Ele indagou ainda mais flébil.

- Calma, Ed... Os pequenos estão com a Alice. – Emmet respondeu soltando-se de Rosalie e colocando a mão no ombro do amigo e cunhado.

- Mas... Ela tem que estar aqui! – Arfou – Bella vai chamar por ela como das outras vezes...

- Calma querido... – Foi a vez de Renée se pronunciar – O Phill só veio me deixar e está voltando para a casa do Emmet com Rose, para libera-la. Ela logo estará aqui.

- Sim Edward – Phill falou – Já estou indo agora. Vamos Rose?

Rosalie se despediu de Emmet e dos outros presentes, abraçou Edward desejando calma e seguiu com o marido de Renée.

- Porque não vai até ela? – Charlie perguntou, postando-se ao lado do genro – Perguntou um milhão de vezes se você já tinha sido avisado.

- Eu vou. Mas... Onde exatamente?

Neste momento uma enfermeira apareceu.

- Qual de vocês é Edward?

Edward apenas se colocou diante dela com um olhar inquisitivo.

- Me acompanhe. Sua esposa se recusa a ir à sala de parto sem sua presença. Ela também está perguntando por uma moça...

- Alice? – Ele indagou, voltando seus olhos aos familiares.

- Sim, é isso mesmo.

- Vá tranquilo, querido – Renée disse – Assim que ela chegar mando procurar vocês.

Antes de conseguir ver a esposa, Edward teve que passar por alguns procedimentos, aos quais ele já havia se acostumado ao longo dos últimos cinco anos. Essa já era sua terceira vez e, ainda assim, o nervosismo não havia atenuado.

Entrou na sala, trêmulo, e encontrou a mulher aos gritos.

Aproximou-se dela, dirigindo-lhe um sorriso confortador, que não teve efeito algum.

- Eu juro... – Bella falou entre arquejos, a cara fechada em fúria para o marido – Eu mato você se fizer outro filho em mim... Aaaaaaaah!

Edward apenas pegou sua mão, deixando que ela a apertasse com força enquanto uma nova contração a fazia berrar de dor.

- Doutor Meyer... – Ela continuou gritando, agora encarando o obstetra – Por favor! Me dá alguma coisa!

- Bella, querida... Nós já lhe demos a anestesia...

Ela o interrompeu.

- Este é meu último bebê! – Bradou – Eu quero que faça a cirurgia quando terminar!

- Shhh... Amor... Se acalme... – Edward falou carinhoso.

- Cala a boca! – Bella esbravejou – A culpa é toda sua! Não me deixa prevenir. O que quer, hã?! Um time de futebol e uma mulher arrombada?!

Edward segurou o riso, assim como o doutor Meyer e algumas enfermeiras.

Bella sempre reagia assim quando ia ter neném. Agressiva, furiosa. Ele conseguia compreender que, além da profusão de hormônios que a estavam enlouquecendo, aquela dor deveria ser terrível, já que nem com anestesia abrandava.

Havia sido assim desde o parto do Anthony, o primogênito, que chegou um ano e meio depois do casamento. E se repetiu no parto de Renesme, três anos atrás.

O fato é que Edward, apesar dos esforços contrários de Bella, sempre a convencia a engravidar novamente. Ele sabia o quanto ela amava ser mãe, era evidente no modo como o cotidiano com as crianças a faziam sorrir, ser feliz, se realizar. E ele adorava, mais que qualquer outra coisa no mundo, ser pai.

- Vamos querida... Está quase na hora. Comece a empurrar. – O médico falou cuidadoso.

- Edward... – Bella ofegou – Alice. Eu quero a Alice.

Edward se preparou para justificar a ausência da amiga, quando a mesma se colocou do lado oposto ao dele.

- Estou aqui, Bellinha... Estou aqui. Agora vamos... Quero ver com quem minha afilhada se parece.

Quase uma hora depois estavam todos reunidos no quarto que Bella ocupava, esperando a chegada da pequena Alicia.

- Ela é tão lindinha, minha afilhada... Ah Bella... Obrigada pela homenagem... Estou tão feliz!

- Agradeça ao seu melhor amigo... A idéia foi dele. – Falou cansada.

Alice encarou Edward com ternura, expressando seu orgulho e carinho através de um significativo olhar.

- Eu fiz isso porque você merece, baixinha... Não precisa agradecer. Basta amar sua afilhada como se ela fosse sua filha também, e estaremos quites.

O sorriso singelo se tornou pronunciado no rosto pequeno da amiga enquanto ele falava, e em segundos se transformou numa careta irônica.

- Baixinha é sua mulher... – Sibilou.

A risada de trovão de Emmet fez coro com as gargalhadas dos outros, que a tudo assistiam divertidos.

- Mas não tanto como você, Allie... – Bella replicou num tom de riso.

- Jazz... – Ela choramingou – Não vai me defender?

- Defender? Mas, meu amor, você é baixinha! A baixinha mais linda do mundo...

E sorrindo abraçou a esposa se desculpando com o olhar por não poder se opor ao comentário.  

O silêncio subitamente preencheu o ambiente quando a porta se abriu. E todos se voltaram embevecidos, esticando seus pescoços à medida que a enfermeira passava em direção à cama, tentando ver mais um pouco do rostinho da bebezinha que agora seguia para os braços da mãe.

Bella tomou o embrulhinho de lençol amarelo nos braços, se preparando para amamentar Alicia pela primeira vez, enquanto Edward pedia silêncio aos demais com um dedo sobre os lábios.

Aos poucos, enquanto a menina já sugava freneticamente o seio da mãe que a fitava maravilhada, Emmet, Jasper, Alice, Carlisle, Charlie, Renée e Esme foram saindo, deixando apenas a pequena família para trás, em seu momento mágico.

- Ela é tão linda... – Edward murmurou, sentado ao lado da esposa – Obrigado, Bella.

O tom fervoroso na voz de seu esposo a fez desligar a concentração na menininha para encara-lo.

- Me desculpe pelo escândalo e pelas acusações... – Pediu – De novo.

Edward sorriu e traçou o rosto da mulher com a ponta dos dedos.

- Eu não me importo realmente com isso... Até já me acostumei. – Suspirou – E acho que tenho uma técnica para as próximas vezes.

- Próximas vezes? – Bella sussurrou alarmada – Edward, eu não vou passar por isso tudo outra vez!

- Meu amor... Você não ama nossos filhos?

- Claro que sim!

- E não ama ser mãe? Você me dizia que quatro eram o mínimo...

- Eu não sabia do que falava quando disse isso...

- Bella... Sabe que eu quero encher a casa de crianças...

- Edward, nem vem! Não é porque o doutor Meyer se recusou a ligar que eu vou me permitir engravidar outra vez e....

A entrada de Alice interrompeu o discurso sério de Bella, que encarou a porta já sorrindo, assim como Edward.

Ela trazia um pequenino rapaz de olhos muito verdes e cabelos castanhos, que tinha um porte muito adulto para seus cinco aninhos recém-completos. Ele segurava a mãozinha de uma garotinha sorridente, dona de feição angelical emoldurada por cachos dourados que caiam em seus ombros, contrastando lindamente com os olhos muito castanhos, como os da mãe.

Alice se retirou, assim que Anthony se aproximou do pai e esticou o corpo, curioso.

- Esta é minha nova irmãzinha, papai?

- Sim, Tony... Esta é Alicia.

O menino a fitou com evidente deslumbre no olhar infantil, um sorriso brincando nos lábios rosados.

- Papai... Vou ter que tomar conta dela também, não é?

Edward assentiu, sério.

- Lembra de nossa última conversa?

O menino fez que sim com a cabeça, enquanto Renesme já era colocada do outro lado de Bella pelo pai, vidrada no rostinho de sua irmã caçula.

- Mas então... – Anthony ponderou, a despeito de sua pouca idade – Eu vou precisar de ajuda. Não tenho como proteger minhas irmãs dos outros garotos sozinho! Elas são muito lindas, e são duas! Eu sou só eu, papai!

Edward riu e encarou Bella, que o olhava num misto de reprovação e inquietude.

- Viu, meu bem... – Falou divertido – Não podemos parar na Alicia... O Anthony vai precisar de reforços.

- Edward! Ele só tem cinco anos! Você tem que parar com esse seu ciúme paterno... E parar de colocar caraminholas na cabeça do menino! – E virando para o filho – Esqueça o que seu pai disse. Você não precisa proteger suas irmãs de outros garotos.

- Tenho sim, mamãe! Não vou deixar qualquer idiota se aproximar de minhas irmãs, nem pensar!

A firmeza e maturidade precoce do menino fizeram a mãe rir, relaxando.

- Vocês dois são iguaizinhos... – Murmurou.

Edward sentou o filho na beira da cama, encostado à Bella, e esticou o braço até Renesme para circundar a família.

- Da próxima vez seu braço não vai rodear a todos... – Bella falou séria, encarando o rostinho de Alicia, que já dormia.

- Isso quer dizer que terá uma próxima vez?

Bella fez uma careta antes de assentir.

- E alguma vez eu resisti à sua vontade? – Indagou, voltando seu olhar para o rosto em júbilo do marido.

- Eu amo você. – Edward disse, sem emitir som, para não acordar a bebê.

- Eu amo você. – Bella replicou da mesma forma.

E, maravilhados com a intensidade daquele amor que sentiam, que se expandia cada dia um pouco mais, voltaram sua atenção a mais nova adição da família, que ressonava inocente.

FIM

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