Deuses, a Miley dramatizou muito. Certo, olá, aqui é a Taylor. Na verdade, nossa partida não foi tão boa assim, longe disso. Nós tivemos que nos espremer no banco de trás do carro do padrasto de Percy – que se chamava Paul Blofis, hm. Percy e Annabeth foram na frente, eu, Selena, Miley, Demi e Nico fomos atrás. Tivemos que tirar par ou ímpar para decidir quem ia no colo da Demi, e bem... Nico perdeu, e isso não o deixou nem um pouco feliz.

-Eu vou matar vocês – ele rosnou ao se acomodar no colo de Demi.

-Cala a boca, Nico – mandou Percy. O chão abaixo do carro tremeu.

-Sério, vocês me dão medo – disse Selena – Percy, trate de dirigir. Nico, pare de reclamar.

Os deuses abençoem Selena.

-Olhem – respirei fundo ao começar a falar -, não entendo tudo sobre esse “novo mundo”, mas são os filhos dos três grandes em um mesmo carro, em uma mesma missão... Isso não vai... Sabe, “chamar atenção”?

-Tem razão, Taylor – Annabeth disse virando-se para nós no banco, Percy deu partida no carro. – Mas temos que correr esse risco.

-Afinal, para onde estamos indo? – perguntou Demi.

-Vamos até... – Percy pensou e parou o carro no acostamento da estrada – Onde vamos, Annabeth?

Pelos deuses, estamos perdidos.

-Demi teve um sonho – explicou Anne. Um sonho? Demi assentiu e abriu a boca para falar:

-Bem, não foi exatamente um sonho, pareceu bem real...

-Sonhos de semideuses são sempre assim – Percy disse – Sempre significam algo.

-... Certo, e nesse sonho... Eu via a mim mesma, via também Selena, Miley e Taylor. Nós discutíamos, e adivinhem onde estávamos? Na calçada à frente do Empire State Building.

Depois da grande história do sonho de Demi, Percy rumou ao Empire State. Eu não entendi exatamente por que irmos para lá, afinal, qual seria o sentido? De um jeito ou de outro, ainda estamos na estaca zero.

Quando chegamos Nico praticamente pulou para fora do carro. Eu não o culpo. Percy parou o carro na esquina e ficamos parados, como um grupo de adolescentes sem nada para fazer.

-Hmmm. E agora? – perguntei.

-Sabe que eu não sei? – comentou Percy. – Eu pensei que quando chegássemos aqui, aconteceria algo... Sei lá.

-Pessoaaaaal – chamou Selena. Viramos para ela e Selly dava passos para trás, recuando. Demorou um pouco, mas eu consegui ver um... Não, calma, eu estou doida ou quê? Aquilo era... Taylor, você está tendo alucinações. Por que o que corria em nossa direção era apenas... Nós mesmas.

-QUE DROGA É ESSA?! – gritou Selena.

-PELOS DEUSES! – Demi deu dois grandes passos para trás e esbarrou em Nico, agarrou seu braço e puxou-lhe junto.

-Ei! – Nico protestou. Demi continuou puxando-o.

-Gente, o que é aquilo? – Miley se espantou.

Meu coração disparou e minha mente trabalhava rapidamente. A profecia. Sósias. Nós temos sósias.

-São elas... As sósias­ – eu estava tão nervosa que minha língua enrolava. – Da profecia!

-Santo Poseidon, é mesmo! – Percy brandiu a sua espada, que pelo que eu sabia, se chamava Contracorrente. Todos fizeram o mesmo, eu não sabia onde as minhas amigas arranjaram espadas, mas peguei meu arco. Bom, eu não sei direito de onde esse arco veio, quando cheguei ao chalé de Apolo, um dos meus irmãos disse que em cima da minha cama tinham deixado uma mochila, que era a que eu carregava nas costas. Era só eu estender a mão para trás, que no momento que eu precisasse, o arco e as flechas apareceriam.

Todos ficaram apostos para uma possível batalha, mesmo não tendo tanta experiência nisso, eu estava confiante.

As garotas, que eram idênticas a nós, pararam na nossa frente, todas elas sorrindo maliciosamente:

-Ora, não precisamos de violência, certo? Abaixem as espadas e... O arco, por favor – pediu a Demi Cópia.

Ninguém se moveu, ninguém abaixou as armas.

-Ah, qual é, podem confiar na gente... Pelo menos por enquanto – disse a Selena Cópia.

-Quem são vocês? – perguntou Annabeth semicerrando os olhos.

-Não é obvio? Somos as “sósias” das estrelinhas aí – disse a minha cópia fazendo aspas com as mãos.

Todas elas pareciam tão... Metidas e vulgares... Os olhares superiores, a voz fina tentando parecer sedutoras e as posturas... Aquelas, definitivamente, não eram nós.

-Vocês são as sósias da profecia – murmurou Demi.

-A palavra correta, seria Doppelgänger, queridinha – Miley Cópia disse.

-Isso não é coisa de seriado da Warner? – perguntou Selena em voz alta.

-Você está falando de The Vampire Diaries? – Selena Cópia levantou uma sobrancelha. – Amorzinho, se você não sabe, doppelgänger, segundo as lendas germânicas de onde provém, é um monstro ou ser fantástico que tem o dom de representar uma cópia idêntica de uma pessoa que ele escolhe ou que passa a acompanhar. O fenômeno Doppelgänger, segundo os meios científicos, é provocado pelo mau funcionamento da junção temporo-parietal, e blá-blá-blá, não estamos nem aí para o que a ciência diz. Ela também diz que deuses gregos não existem, não é? E estão errados.

-Eu já ouvi falar disso – pronunciei-me. Eu lembrava vagamente dessas histórias, quando pequena meu avô me contava histórias sobrenaturais e tudo mais, era uma lembrança antiga, mas eu precisava lembrar – Meu avô me contou uma vez. Doppelgängers são o oposto da pessoa da qual eles são “iguais”... Se a pessoa é boa, o doppelgänger... É mal.

-Palmas para a loirinha! – Taylor Cópia bateu palmas e abriu um grande sorriso falso. – Então, devem imaginar o que somos... A não ser que alguma de vocês seja má.

Ninguém respondeu. Agora eu tinha noção da enrascada que tínhamos nos metido. Eu havia deixado minha família, minha carreira, para entrar nessa missão. Eu sentia dor de cabeça só de tentar compreender sobre os deuses gregos. Cientificamente, isso era impossível, e uma parte de mim chorava só de pensar que meus pais mentiram para mim a vida inteira. Mas ao mesmo tempo, eu ficava feliz por finalmente descobrir o porquê eu sempre vi coisas estranhos. Eu não era maluca, afinal.

-O que vocês querem? – perguntou Percy. Ele parecia nervoso, e algo me disse que isso não acontecia muito. Eu recitei uma vez, recitei de novo, e de novo a profecia na minha cabeça, tentando entendê-la de alguma forma, e fracassei. O que tínhamos em mãos? Uma profecia que dizia que alguém iria morrer, uma filha de Afrodite vai confiar em algo que não deve, eu ficarei indecisa, e nós temos Doppelgängers. Eu tinha medo de fracassar, eu tinha medo de acontecer algo grave com minhas amigas, mas nós já havíamos entrado nisso, não poderíamos simplesmente sair, querendo ou não, os deuses gregos eram nossa família, nossos pais e eu não deixaria meu pai na mão, nunca.

-Só queremos dizer uma coisa – Selena Cópia andou em nossa direção, seu salto alto fazendo um barulho alto no concreto. Ela parou a centímetros da Selena de verdade e disse: - Que o jogo comece.

-Escuta, eu vou ligar pro meu empresário – Selena tentou nos convencer pela vigéssima vez, pegando seu Black Berry do bolso e discando um número –, e nós vamos ficar em um hotel bom, ok?

-Selena? – chamou Percy casualmente. Selena o fitou – Me empresta seu celular?

Selena assentiu e entregou o celular na mão de Percy, ele, por sua vez, jogou o celular na parede, fazendo o pobre Black Berry ficar em pedaçinhos. E a única coisa que ouvimos depois disso foi a voz aflita de Selly:

-O QUE VOCÊ FEZ COM MEU CELULAR?!

-Você não pode usar um celular – disse Percy – É como um radar que indica aonde você está aos monstros! Eles praticamente sentem seu cheiro há quilômetros de distância.

-NÃO PRECISAVA FAZER ISSO COM O MEU CELULAR, PERCY JACKSON! – Selena agora gritava, eu a fitei por um segundo, eu nunca ouvira Selena gritar assim... Nunca.

-Precisava, sim. – Percy disse tranquilo – Você ia matar todos nós.

Estávamos todos na Quinta Avenida, discutindo sobre o que iríamos fazer agora, ir para um hotel barato, que Annabeth achou bom, ou passar a noite na rua. Até Selena querer ir para um hotel caro, muito caro.

-Eu. Não. Ia. – ela rosnou entre dentes. Ao lado de Selena, havia um hidrante, que começou a balançar e tremer, parecia prestes a explodir ou sair do lugar, Miley segurou meu pulso e me puxou para trás.

-Selena – advertiu Demi preocupada. Selena não ouviu, e se ouviu, não deixou transparecer, ela apenas olhava para Percy, seus olhos brilhando de fúria. Percy não mexeu um músculo, ele só encarou Selena com a mesma intensidade que Selena olhava para ele. Isso até o momento em que tudo explodiu.

O hidrante voou pelos ares, e um jato da água forte bateu no peito de Percy, fazendo-o cair no chão e quase bater a cabeça. Selena voltou a falar:

-Eu não ia.

Estávamos atônitos demais para termos qualquer outra reação senão apenas olhar para cima da cabeça de Selena.

-O que foi? – perguntou ela percebendo que olhávamos para cima. Ela seguiu nosso olhar e arquejou.

-Você é filha de Poseidon, minha irmã. – disse Percy.