Cap. 8

- Mas Kikyo, e se ela não... – engoliu as próprias palavras. E se ela não me quiser de volta?

Ouviu o riso calmo dela e sentiu seu rosto queimar.

- Acredite, ela vai querer! – falou Kikyo se afastando um pouco. Olhou para o lugar, a Era de Kagome e sorriu. – Inuyasha...

Continuou a observando e a viu encará-lo novamente.

- Obrigada...

- Pelo quê? – perguntou o meio-youkai sem entender.

- Por tudo... E principalmente... – olhou para a janela de Kagome. – Por vir buscá-la.

Continuou sem entender o que Kikyo estava dizendo, mas teve que sorrir. A simples idéia de perder Kagome o desesperava, e saber que estava tendo mais uma chance o fazia sentir uma certa... esperança.

- É porque agora você sabe o que é amar... – falou Kikyo olhando para o céu.

- Kikyo... – balbuciou um pouco triste.

- Não! – corrigiu ela com carinho. – Eu estou feliz! – e quando seus olhos se encontraram ele soube que era verdade.

- Vamos, pai?- chamou de repente Chihiro pegando a sua mão. Virou-se para encarar a menina ao seu lado, e quando se voltou, Kikyo não estava mais lá. – Já está na hora de consertar as coisas, pai!

Sorriu em agradecimento. Mesmo não tendo ficado com ele, Kikyo o ajudava a ficar com quem ele verdadeiramente amava. Nunca esquecerei isso, Kikyo... Obrigado, também.

**

            Sentiu seu coração bater acelerado, enquanto entrava no quarto de Kagome. Sentiu o cheiro embriagante dela e seu corpo inteiro reagiu de uma maneira muito mais intensa. Olhou para a janela e não viu mais ninguém. Onde estava aquela garotinha? Talvez ela só tenha me dado a chance de poder consertar tudo..., pensou enquanto se aproximava da cama de Kagome, lentamente para não acordá-la.

            Apreciou seus cabelos jogados no travesseiro. Seu lindo corpo coberto pelos lençóis. Os olhos fechados, apertando-se de vez em quando, talvez tendo algum sonho. Abaixou-se para sentir melhor aquele perfume... e ouviu a voz de Kagome num sussurro, enquanto dormia.

            - Inuyasha...

            Sentiu seu coração arder intensamente ao ouvir seu nome naqueles lábios novamente. Como fora idiota de não dar o verdadeiro valor àquela garota que tanto cativava seu coração. Acariciou os cabelos dela, de leve, sabendo que mesmo com todo o cuidado, ainda assim a acordaria. Queria tanto provar a ela que estava errada...

            Sentiu algo mexer em seus cabelos, um calor gostoso perto de si, e com a força daquele calor, resolveu abrir os olhos e ver de onde vinha aquela sensação boa e aconchegante. Mas nunca imaginaria que seria a pessoa que a encarava naquele momento.

            - Inuyasha... – sussurrou piscando algumas vezes.

            - Kagome... – ele sussurrou em resposta, e antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa, sentiu os lábios do hanyou se fechando sobre os seus num beijo doce e quente.

            Tentou resistir... Tentou? Não, não tentou. Aqueles lábios, aquele sabor... Era demais para ela. Sentiu que a língua dele pedia passagem e permitiu, deixando que ele tomasse o controle dela completamente. Logo seu corpo começou a reagir intensamente a cada toque que o meio-youkai lhe dava. Estava começando a delirar quando ele a afastou. Como sempre..., pensou, abaixando os olhos, mas sentiu os dedos dele tocando seu queixo, fazendo com que seus olhos o encarassem.

            Esse...olhar... pensou encarando aqueles olhos brilhantes contra a escuridão. Não pode ser... ele nunca me olhou... Uma imagem turva de uma conversa passou pela sua cabeça, mas não conseguiu se lembrar de quem era.

            - Kagome... você estava errada. – falou ele com muito carinho, encarando-a com muito amor. – Você estava totalmente errada.

            - Inuyasha... – sussurrou, mas ele a impediu de falar.

            - Não, agora é minha vez. – o jovem de cabelos prateados sorriu vendo a expressão de surpresa no rosto dela e prosseguiu. – Você esse tempo todo tem acreditado em coisas erradas ao meu respeito. A primeira delas é de que não a desejo.

            Sentiu seu rosto corar com a intensidade daquele olhar, mas não desviou seus olhos dos dele. Apenas o viu sorrindo maroto e ficou ainda mais sem graça diante dele.

            - Não sei de onde você tirou essa idiotice, Kagome! – ele falou sorrindo. – Mas está completamente errada! Eu te desejo desde que te conheci, e esse desejo só aumentou com o tempo! – continuou vendo como ela ficava a cada palavra sua. Iria dizer tudo, tudo que estava sentindo. Talvez fosse sua ultima chance. – Naquela noite, você estava conseguindo... – sussurrou corando, enquanto as imagens se fixavam em sua mente. – Eu nunca fiquei tão louco por você... eu nunca senti tanta vontade de te ter nos meus braços, como naquela noite.

            - Então... por quê? – perguntou ela de repente. Os olhos começando a ficar marejados.

            Passou seus dedos sob aqueles lindos olhos que tanto amava. Não queria mais nenhuma lágrima daqueles olhos.

            - Sinto medo, Kagome... – confessou finalmente. – Medo de te machucar... Eu sou um meio-youkai, tenho instintos... tinha medo de não me controlar na hora, mas agora eu sei – completou a olhando com muito carinho. – que meu medo machucou muito mais você do que a minha força.

            - Inuyasha... – sentiu um nó na garganta e não conseguiu falar nada. Vendo isso, o hanyou prosseguiu.

            - A outra coisa que você estava errada, é sobre você ser uma substituição. – ele falou olhando para ela seriamente, agora. – Eu ia te dizer naquela hora, que você nunca poderia tomar o lugar de Kikyo, porque...- parou por um momento respirando um pouco daquele perfume maravilhoso. – Porque meu coração já é seu há muito tempo, e não mais de Kikyo.

            Arregalou os olhos, sentindo a verdade naquelas palavras. Seu coração estava acelerado e muito, enquanto sua atenção estava apenas voltada para aquele homem na sua frente. Estranhamente uma confiança lhe tomava naquele momento, como se tudo de repente parecesse muito óbvio.

            - Sim, ela foi muito importante, Kagome... – ele falou sem deixar de encará-la em nenhum momento. – Ela foi meu primeiro amor, como você disse. Mas isso não significa que ela tenha que ser dona do meu coração para sempre. O que eu quero dizer... – ele falou aproximando os lábios dos dela mais uma vez. – É que você é a única verdadeiramente dona do meu coração, Kagome... Nunca uma substituição... – inalou aquele perfume, colocando seu rosto entre os cabelos dela, vendo o arrepio que aquilo lhe causava. – O seu perfume... não é o mesmo que o dela... agora eu sei. – beijou o seu pescoço, sentindo a maciez da pele dela. – O seu gosto não é o mesmo... é ... maravilhoso... é especial...

            - Inuyasha... – sussurrou completamente entregue.

            - Kagome... – sussurrou junto com ela, enquanto começava a subir em sua cama, tirando o manto vermelho. – Ah... Kagome... como pode pensar que isso que eu to sentindo agora... é apenas fruto de uma substituição... – beijou-a com mais amor, sentindo o coração quase saindo do seu peito, e com as mãos trêmulas começou a desabotoar o casaco dela.

            - Ah... Inuyasha... – a ouviu gemer no seu ouvido, e uma forte onda elétrica percorreu sua espinha.

            - Nunca... mais... pense... que você não é amada... Kagome... – sussurrou Inuyasha já perdendo a razão. – Eu...te...amo... agora... amanhã... sempre...Kagome...

            - Eu... também... Inuyasha... – falou, sentindo o coração querendo sair pela boca, enquanto sentia os lábios do hanyou cobrindo os seus num ímpeto de desejo e carinho que nunca havia sentido antes. Eu...também...

**

            Do outro lado, uma garotinha bisbilhotava por entre os galhos das árvores.

            - Sabia que é feio ficar espiando os outros? – falou Kikyo se aproximando.

            - Ai!! – quase gritou ela, corando. – Que susto senhorita Kikyo! Eu estava só olhando...

            - Sei... – ela falou sorrindo. – Mas assim você vai atrapalhá-los. Não acha melhor deixar os dois sozinhos?

            A menininha olhou para o casal deitado na cama, num intenso carinho e fez uma cara estranha. Era bizarro, para não dizer nojento ver seus pais naquele estado meloso... Kikyo que observava a garotinha riu com aquela expressão, e segurou sua mão.

            - Você é muito criança para entender, Chihiro. – ela falou a puxando carinhosamente.

            - Acho que nunca vou entender o porquê deles precisarem ficar daquele jeito para eu nascer! – ela exclamou enquanto voava, segurando a mão da sacerdotisa.

            - Um dia você vai entender... – falou Kikyo sorrindo. – Agora vamos, porque temos muito o que fazer para a sua partida.

            - Mas, senhorita Kikyo, você ainda não me explicou uma coisa! – falou a menina parando ao lado da moça de cabelos negros.

            - O quê? – ela perguntou, encarando os olhos curiosos da garota de 10 anos.

            - Como você conheceu meu pai e minha mãe? – perguntou a menina e Kikyo deu um sorriso maroto.

            - Um dia eu te conto! – foi a resposta e começou a voar para longe.

            - Não! Espere senhorita Kikyo! Eu quero saber agora! – gritou a menina voando atrás da sacerdotisa.

            E as duas desapareceram, deixando o casal apaixonado se descobrindo e se amando enquanto a noite caía.