Cap. 2

            Depois daquela noite, Kagome não fora mais a mesma. Passava muito tempo com Kaede, e quando voltava, enfiava-se no futon em silêncio e nem dava o tão suave “Boa noite” ao que o meio-youkai estava tão acostumado.

            - Ei, Inuyasha! O que aconteceu entre você e a senhorita Kagome? – perguntou Miroku depois de dois dias.

            Inuyasha caminhava pela vila sem muita vontade, pensando em como fazer Kagome voltar a falar com ele, mas estava sem idéias. Já tinha tentando tudo. Perguntas, provocações, desculpas... Mas ela estava fechada. Ia do futon para a casa de Kaede e da casa de Kaede para o futon. Nem conversava com Sango, nem nada, o que já estava deixando o hanyou preocupado.

            Sentou num tronco com Miroku o observando.

            - Acho que fiz besteira... – falou finalmente.

            - Novidade... – debochou o outro e recebeu uma carranca como resposta. – Desculpa, mas é verdade! Você sempre faz besteiras, Inuyasha! Desde que o conheço!

            - Nossa! Que amigo você é, hein, Miroku! – falou o jovem de cabelos brancos.

            - Obrigado! – respondeu o monge sorrindo, mas voltou a ficar sério. – E o que foi dessa vez?

            Inuyasha corou. Como diria que foi por não... Corou mais ainda e abaixou a cabeça. Miroku que o observava, arregalou os olhos.

            - Não vai me dizer que você... – o meio-youkai abanou a cabeça afirmativamente. – Inuyasha!! Como?... Vocês ainda não...?

            - Não... – respondeu o outro vermelho e amuado.

            - Mas, por quê? Ela não quer? – perguntou o amigo abismado.

            - Ela quer... e muito. – foi a resposta.

            - Então é você que não... – não precisou de mais palavras para entender o que estava acontecendo. Suspirou. – Então a coisa é ruim... – falou por fim.

            - Tanto assim? – perguntou Inuyasha depois de um minuto de silêncio.

            - Bem... – Miroku observou o amigo. – Se a senhoria Kagome queria muito... e você não... então ela deve estar decepcionada. Mas depende de como foi.

            Sentiu o rosto queimar ao lembrar a cena. Kagome de pernas abertas, na sua frente, convidando-o para dormir com ela, sem...nada.

            - Acho que foi muito ruim... – falou num suspiro. E contou por cima como Kagome tinha lhe tentado naquela noite, e como tudo terminara.

            Depois de ver os olhos do monge se arregalarem várias vezes, e de sua cabeça balançando negativamente durante toda a narrativa, Inuyasha ouviu um suspiro vindo do amigo.

            - Você fez a pior coisa que se deveria fazer a uma mulher, Inuyasha. – falou Miroku.

            - O quê?

            - Você a desprezou. – respondeu o monge balançando a cabeça.

            - EU NÃO A DESPREZEI! – gritou o hanyou irritado.

            - Sim, desprezou! Agora entendi o que ela e Sango tanto conversavam dois dias atrás. – continuou ele.

            - Conversavam? – perguntou Inuyasha.

            - Sim... elas estavam no quarto e não me viram chegando...

            Flash Back

            - Você tem certeza que isso vai dar certo, Sango? – perguntou Kagome. – E se ele não gostar?

            - É claro que vai gostar, Kagome! Ele não vai resistir a isso... – respondeu Sango com uma voz maliciosa. – Nenhum homem resistiria a isso. Basta você não usar nada, entendeu? E fazer tudo que eu te falei, e pronto... Não tem como dar errado!

            - Espero que não, porque eu não sei onde enfiaria a minha cara se isso não funcionasse. – falou Kagome, enquanto a outra balançava a cabeça sorrindo.

            - Fique tranqüila. Eu sei do que estou falando. Ele vai se render, confie em mim. E depois você vai ter que me contar tudinho, hein! T-U-D-O!

            As duas começaram a rir, enquanto um certo monge tentava inutilmente ver pela frecha da porta o estranho embrulho que sua esposa entregava a Kagome, quando o choro do seu filho fez Sango se levantar e ele sair de fininho.

            - Confie em mim, Kagome! Não tem como dar errado! – exclamou Sango indo para o quarto do pequeno menino de um ano.

            Fim do Flash Back

            - E foi tudo que eu consegui ouvir, porque depois elas mudaram de assunto. – continuou Miroku, com um Inuyasha ao seu lado em completo silêncio. – Acho que Sango estava errada... – completou o monge observando o amigo.

            - Eu... – começou a falar o meio-youkai, mas não conseguiu prosseguir.

            O silêncio se fez presente enquanto sua cabeça fervilhava. Realmente Sango estava errada. Na verdade, não! Ela não estava errada, porque do jeito que ele ficara, mais um pouco e ele não teria conseguido resistir mais. Suspirou culpado. Ele não queria que Kagome achasse que ele não a desejava. Ele aliás a desejava o tempo todo! Fosse dormindo, fosse acordado, ele a desejava em qualquer parte... Como ela poderia pensar que fora desprezada por ele?

            - Acho que precisava mostrar a ela, Inuyasha. – falou o monge como se tivesse lido seus pensamentos.

            - Mas... como, Miroku? – perguntou o hanyou colocando as mãos na cabeça. – Eu sou louco por ela... eu a quero... mas tenho medo de machucá-la! – confessou por fim. – Sou um meio-youkai, e se não conseguir me controlar na hora? E se eu a machucar?

            Colocou a mão no ombro do amigo compreendendo, e uma idéia surgiu em sua mente.

            - Já sei! – exclamou de repente. – Já sei como você pode fazer a senhorita Kagome voltar ao normal! – e antes que pudesse ouvir a resposta do hanyou, saiu puxando-o pelo manto vermelho. – Tive uma grande idéia que vai dar certo!

            - Olha lá, Miroku! – foi tudo que conseguiu dizer antes de ser obrigado a entrar na casa do monge.

            - Confie em mim! Não tem como dar errado!

            Onde eu ouvi isso antes?, pensou Inuyasha enquanto era arrastado por Miroku até o quarto do casal. Não chegou a pensar numa resposta para sua pergunta mental, pois logo seria cravado de dicas e conselhos do amigo, que explicava o seu “brilhante plano” de como reconquistar Kagome.