Cap. 1

            - Inuyasha... – sussurrou Kagome no seu ouvido, fazendo com que seu corpo se arrepiasse. – Você não quer... dormir aqui hoje?

            Engoliu em seco, tentando se manter na temperatura normal, o que já estava sendo bem difícil naquele momento.

            - Já estou acostumado a dormir lá fora. – falou tentando ser convincente. Mas uma risada rouca ao pé do seu ouvido o fez pensar que não aquela tentativa não estava funcionando. Além disso, suas partes mais sensíveis começavam a dar o ar da graça, o que mostrava que não estava conseguindo convencer nem a si mesmo.

            - Só hoje... – continuou ela com a voz mais sexy do mundo. – Prometo que vou me comportar...

            Mas eu não..., pensou enquanto engolia a própria saliva.

            Estavam juntos já fazia um ano, e com toda aquela proximidade, estava cada vez mais difícil se conter. Kagome era linda... Linda não! Deslumbrante! E de uns dias para cá tinha iniciado o plano de “como levá-lo à loucura”, o que realmente estava funcionando.

            Viu Kagome se afastar um pouco e resolveu observá-la. Droga! Deveria ter mantido os olhos fechados... Assim seria impossível controlar seus instintos. Mas para quê estava tentando se controlar mesmo? Mordeu o lábio inferior ao vê-la se abaixando sensualmente para ajeitar o futon, e começou a sentir um imenso calor.

            Kagome deu um sorriso imperceptível. Seu plano estava dando certo, e se tudo corresse bem, ela seria dele naquela noite. Nunca tinha pensando que seria tão complicado... Inuyasha dava muito trabalho. Mas com a ajuda de Sango e aquela roupinha que comprara na outra Era, na última vez que tinha ido ver sua família, seria impossível que Inuyasha continuasse se contendo.

            Olhou para a humana, tentando manter a mente no lugar. Ela era maravilhosa, mas ele era um meio-youkai! Poderia machucá-la, poderia perder o controle, então tinha que manter a mente em foco. Aconteça o que acontecer, não perca o foco, Inuyasha! Impossível!!! Ela escolhera a roupa mais curta e... Não! Ela não está... Não está usando nada por baixo?? Kami-sama me ajude!, pensou quando a viu se abaixar mais.

            A imagem era a mais... inacreditável do mundo. Kagome vestida numa micro-camisola branca, sem nenhuma roupa por baixa, numa pose um tanto... enquanto fingia arrumar o futon. E de onde estava, Inuyasha conseguia ter uma noção completa de como ela era... Ai! Não consigo pensar em nada! Droga Kagome! O que acha que está fazendo?!

            - Prontinho Inu... – ela falou se sentando no futon e abrindo propositalmente as pernas. O meio-youkai sentiu a garganta secar e se esqueceu de como respirar. Seu corpo já não lhe obedecia mais. Estava perdendo o controle... – Não quer mesmo dormir aqui? – a voz da garota saiu quase chorosa. Tentou engolir sua própria saliva, mas até para isso estava difícil. Ela estava... Kami-sama! Sim eu quero, eu quero!, pensou a olhando com desejo.

            - Não! – falou se levantando rapidamente. – Vou dormir lá fora!

            Caminhou com dificuldade até a porta e começava a sentir a brisa fresca da noite contrastando com seu corpo imensamente quente, quando algo lhe acertou a cabeça.

            - Itai! – gritou virando para trás e encontrando uma furiosa Kagome de pé com os olhos em chamas. – POR QUE FEZ ISSO, KAGOME?

            - PORQUE VOCÊ É UM IDIOTA! – ela gritou em resposta. E antes que pudesse replicar a ouviu gritar o mais alto que já tinha visto. – OSUWARI!!!!

            Sentiu as lágrimas surgindo, e não queria que ele presenciasse isso. Vestiu uma roupa qualquer por cima da camisola e passou por ele, caído no chão, o mais rápido que conseguia. Pegou a bicicleta e correu. Estava cansada daquilo, cansada! Era a milésima vez que tentava fazer Inuyasha querer alguma coisa... ELA para ser mais exata, e nada! Nem uma vez, nada! Era sempre.. “Vou dormir lá fora”, e ela ficava lá com o corpo queimando durante toda a noite.

            Não! Chega! Não me quer, então ótimo! Pedalou com mais afinco até ver o poço que lhe servia de ponte para a sua Era.

            Parou e desceu da bicicleta, mas não se moveu. Em vez disso ficou ali parada sentindo o vento lhe acariciando o rosto, enquanto a dor preenchia seu ser. Talvez ele não a quisesse da mesma forma que ela... Talvez por não ser... Não! Que idéia horrível, Kagome! Ela já se foi, não é hora de sentir ciúmes dela! Você já não tinha superado isso?, pensou olhando para o poço. Sim, tinha... mas como posso evitar de pensar assim se ele.. Eu devo ser horrível, eu devo ser sem graça demais para despertar desejo nele, eu... Eu vou embora...

            Mas não conseguia dar um passo na direção do poço, então lentamente se deixou cair de joelhos ali. Queria ir embora, então por que não conseguia? Seria medo de nunca mais conseguir voltar? Mas ficar ali com ele sem poder tocá-lo chegava a ser mais torturante que não vê-lo... Ou seria a mesma coisa? Poderia tentar esquecer então, e... A quem eu quero enganar? Nunca vou conseguir esquecê-lo...

            - KAGOME! – ouviu Inuyasha gritar. – KAGOME! – levantou-se rápido. Ele não poderia vê-la ali, ela não queria que ele a encontrasse... Não daquele jeito. Correu para trás da enorme cerejeira, e ficou ali. Claro que ele sentiria seu cheiro, mas ganharia tempo para se recompor, pensou enxugando as lágrimas, enquanto via o meio-youkai se aproximar.

            Ela não poderia ter ido!, pensou ao ver a bicicleta jogada ao lado do poço. Sentiu o ar e reconheceu seu cheiro, e ele não vinha do poço. Não, ela não tinha ido! Suspirou com um grande alívio. O cheiro vem da árvore, pensou depois de um tempo. Provavelmente ela quer ficar sozinha...

            Depois de um ano vivendo com ela como algo mais que amigo, passara a conhecer todas as suas manias, e essa era uma delas. Quando queria ficar só, seu lugar favorito era aquela árvore, talvez por ela ter um significado especial para eles.

            Caminhou até onde o cheiro ficava mais forte, mas antes que pudesse chamá-la, viu Kagome surgir na sua frente com os olhos escondidos pelas grossas franjas negras.

            - Kagome... – balbuciou a olhando com atenção.

            - Não se preocupe. – ela falou ríspida. – Eu não ia embora, só vim tomar um ar. – continuou sem encará-lo.

            - Ainda bem, porque eu já estou cansado de ficar indo atrás de você na outra Era. – Droga, não era isso que eu queria dizer!

            Ela não respondeu e nem o olhou. Afastou-se em passos rápidos e subiu na bicicleta, saindo de sua vista em poucos minutos.

            Droga! Pensou enquanto corria atrás dela. Por que não posso ficar calado?

            - KAGOME! ESPERA! – gritou enquanto corria, sem receber nenhuma atenção da humana. Aquela seria uma longa noite...