Acordei com o som do despertador marcando onze horas da manhã. Peguei meu tênis, uma calça jeans e uma camisa de magas curtas rosada, com algumas flores.

Fui para a cozinha e preparei a mesa para o café. Subi para o quarto de hospedes e Jake continuava a dormir na cama que mal comportava seu tamanho todo.

Pergunto-me se existia algo tão lindo quanto ele ali, dormindo.

Sentei-me ao lado de seu corpo e segurei seu ombro, começando a balançá-lo.

– Jake, acorde.

Ele continuava a dormir.

– Vamos Jake1

Coloquei a mão em seu rosto e dei leves batidinhas, aproximei meu rosto do seu e continuei a chamá-lo.

– Jake querido, por favor, acorde.

Ele abriu os olhos, assustado. Olhava em volta parecendo não se lembrar de onde estava. De repente, seus olhos encontraram os meus e eu corei de vergonha.

Passei a mão pela sua testa e por seu cabelo emaranhado.

– Bom dia - sussurrei sorrindo.

Ele sorriu e começou a sentar na cama. Eu me arrastei para trás, para dar espaço a ele.

– Bom dia - ele disse sorrindo, com a voz rouca de sono. Ele me puxou para perto e me beijou na testa.

– Dormiu bem? - Perguntei.

– Como uma pedra!

Começamos a rir.

Tomamos café, conversamos e quando nós estávamos saindo de casa, Bella ligou para Jake, nos chamando até o local onde os Volturi nos encontrariam.

Nós dois ainda estávamos com sono, então seguimos em silencio. Foi estranho. Peguei Jake olhando para mim várias vezes sem dizer nada.

Chegamos lá e a única coisa que vi eram corpos imobilizados, com o olhar fixo no horizonte. Aquilo era assustador.

– Por que vocês estão assim? - perguntei baixinho.

Ninguém disse nada.

– Está chegando perto - declarei.

– Sim, faltam alguns minutos - disse Emmett rindo - Conseguimos te enganar hein Jules?! Você tinha que ver sua cara.

Revirei os olhos enquanto todos começavam a rir. Emmett me agarrou e passou a mão pelo meu cabelo, bagunçando - o todo.

– Brincadeirinha - Ele disse rindo

– Tudo bem - eu disse rindo.

– Que cena mais linda - disse alguém e me boca se escancarou ao som da voz dela. Era suave, aguda – um tinir de soprano infantil.

Virei-me e vi o familiar rosto angelical. A menina de meu sonho. Assustadora. Seus olhos tinham o vermelho mais vivido que já vi na minha vida. Ela era loira e linda.

– Bem vinda, Jane - O tom de Edward era friamente cortês.

Emmett me puxou e me colocou naquela estranha formação em que os Cullen estavam. Jake já tinha transformado. Os vampiros e eu estávamos na frente e os lobos atrás. Jane não estava sozinha, havia duas pessoas com ela.

– Felix e Alec - Emmett sibilou.

O olhar de Jane passou lentamente pelos rostos luminosos dos Cullen. Seu olhar parou em mim e seus olhos faiscavam.

Jane sorriu angelicalmente para mim.

Ela estava concentrada, olhando nos meus olhos. Depois de alguns segundos, vi seu sorriso desaparecer. Ela parecia desgostosa.

– A que devemos a honra de sua visita? - Perguntou Carlisle, impressionantemente mais educado que de costume.

– Só queríamos checar se está tudo bem por aqui. Aro lhe manda lembranças.

– Eu agradeceria se transmitisse as minhas a ele.

– Claro. - Jane sorriu. Seu rosto era quase lindo demais quando ficava animado. Ela voltou a olhar para mim. - Quem é aquela? Andou adotando mais filhas humanas?

Carlisle olhou preocupado para mim e eu andei até ele. Jane me avaliava e pareceu ficar impressionada. Eu não acreditava no controle que eu exercia sobre mim mesma, eu estava tão calma!

– Essa é a Juliet - disse-lhe Carlisle - Uma grande amiga da família.

Ela sorriu para mim e eu sorri de volta.

– Ouço o estranho som de seu coração - ela me disse gentil - Que tipo de criatura você é?

– Não há um termo certo para me definir - eu disse docemente educada - Eu sou uma loba meio vampira.

Ela arregalou os olhos.

– O que? - Perguntou esbaforida.

– O pai dela é um lobo e sua mãe uma hibrida de vampira com humano.

Jane assentiu.

– É interessante... Isso já está começando a me irritar - ela dizia se divertindo - Ela é algum tipo de escudo? Não consigo causar dano nenhum a ela.

Não consegui evitar o impulso de erguer uma sobrancelha. Dano nenhum?

– Jules absorve o poder de outros vampiros e, sim ela também é um escudo.

– Eu não acredito que isso seja possível - disse Jane desafiadora.

A tensão pairava sobre o ar.

– Posso dar uma demonstração se quiser - eu disse.

Jane ergueu uma sobrancelha e eu toquei seu braço. Sorri e olhei no fundo de seus olhos. Senti Edward e mais alguém sorrindo atrás de mim.

O grito de resposta de Jane era de perfurar os ouvidos. Ela caiu no chão e seu corpo se arqueou rigidamente numa posição distorcida e nada natural.

– Pare, por favor! - Ela suplicou.

Eu não conseguia entender como alguém vivia com um dom tão terrível como aquele. Parei no mesmo instante que ela me pediu.

– Como isso é possível? - Perguntou ela, ofegante.

Uma das duas figuras de cinza veio até mim. Um menino loiro, com olhos vermelhos, branco como a lua. Alec.

– Fascinante - Ele sussurrou - Minha querida, não gostaria de se juntar a nós? Fazer parte da guarda dos Volturi? Você teria tudo o que desejasse.

– A proposta é muito tentadora, mas... Não. Obrigada.

Ele passou a mão pelo meu rosto.

– Sinto tanto por isso - ele lamentou - Edward, Alice e vocês, o que me dizem?

– Desculpe-nos - disse Alice a Alec, falando pela primeira vez - Nada mudou.

Alec assentiu.

– Vamos logo - disse Jane, fuzilando-me com os olhos - Quero ir para casa.

Os mantos cinza desapareceram na densidade das arvores.