Achamos ela nos degraus da varanda da Casa Grande, chorando. A Piper deu uma ajuda. Nós ainda precisávamos de um mapa para andar lá. 

Nós 3 estávamos preocupadas com ela, eu porque ela era a minha prima e a minha meia irmã, a Piper e a Hermione por que as duas se importavam com ela.

-Annabeth, o que aconteceu? - perguntei.

Ela enxugou as lágrimas.

-Eu só lembrei de uma época ruim, muitos amigos meus morreram, sabe? Minha vida ficou bem mais complicada depois dos 12 anos.

-E a minha ficou depois dos 11. Eu entendo.-Eu duvido que tenha sido pior que o que eu passei.

-Quer apostar? -  queria divertir ela um pouco.

-Tá tudo bem. - o sorriso irônico voltou ao seus lábios pela 1ª vez desde que ela tinha 7 anos.

- Aos 11, que “loucura” com risco de morte você fez.

-Tá... Eu, Hermione, Ron e o Harry fomos atrás da Pedra Filosofal para impedir que o Voldemort a pegasse e a usasse para voltar a vida. Enfrentamos trasgos, peças de xadrez assassinas gigantes, jogos de lógica que nos mata se errarmos e o Voldemort em si. E aos 12 eu e a Hermione fomos petrificadas por um basilisco.

-Uau e eu achando que tive uma pré adolescência ruim... Mas, quem é Voldemort? - perguntou Piper.

-Longa história. - respondi.

-Resumindo,ele foi a causa de todos os nossos problemas nos últimos 7 anos - disse Hermione.

Annabeth fitava uma foto com um olhar nostálgico, como se quisesse que tudo fosse como antes. Não sei como era o antes, mas ela queria que fosse daquele jeito.

Me aproximei, curiosa.

Na foto lá estava ela, sorrindo aos 7 anos de idade, eu acho, entre Thalia e um garoto de catorze anos, cabelos cor de areia e olhos azuis bonitos.

-Quem é esse? - perguntei.

-Longa história.

Na hora percebi que o Percy não foi o 1º cara que ela já tinha gostado.

Alguma parte do meu subconsciente queria se lembrar também.

Saquei a minha varinha.

-Accio foto. - murmurei.

Dois minutos depois a dita cuja estava em minhas mãos.Todos acenavam para mim, sorridentes. Neville e Luna pareciam surpresos e felizes, haviam sido inclusos no grupo. Fred e George soltavam os fogos de artifício das Gemilidades Weasley. 

Eu mal começara a olhar a foto e uma lagrima solitária desceu, tristemente. Pobre Fred, queria que ele estivesse conosco...

Eu nem olhava para o Colin e sua câmera.Eu ainda ria até hoje por causa daquela foto. Colin teve a audácia de tirar a foto do meu beijo com Harry, quando Ginny, Ron e eu jogamos e ganhamos a taça de Quadribol no 6º ano. Hermione, Ron e Ginny olhavam para nós com cara de riso.

Meus devaneios foram interrompidos por uma massa de cabelos ruivos e a sua dona encima de mim.

-Rachel? - perguntou Annabeth surpresa.

- O que aconteceu?

A ruiva se levantou e disse:

-ROUBO! Carvoaria 9! Barco! Quíron está chamando o conselho de guerra e os escolhidos da Grande Profecia! AGORA!

Enquanto corríamos para a ala de jogos de Casa Grande(eu ainda não entendo por que O GRANDE CONSELHO DE GUERRA ficava em uma sala de jogos) o rosto de Annabeth e Piper perdia ainda mas a cor.

O que era a Carvoaria 9? E um barco? Algo importante tinha sido roubado.

O clima era de tensão. Leo parecia catatônico, Jason tentava fazer ele voltar a realidade.

-Festus... - murmurava ele repetidamente. - Roubaram o Festus...

Aquilo não fazia sentido, Festus era feliz em latim. Quem seria louco de dar o nome para alguma coisa de Feliz?

-Vai ficar tudo bem, cara. Vamos achar ele. - Jason repetia.

Luna parecia ligeiramente distraída, ela mostrava a conselheira do seu chalé a como conjurar água sem a varinha, era bem complicado. Mas era ela filha da deusa da magia, devia ser fácil. Hermione torcia os cabelos, sempre fazia isso quando ficava nervosa. Ron fitava o chão, desconfortável, algumas vezes olhava para ela como se quisesse saber se ela estava bem. Percy mexia em um colar de contas em seu pescoço nervosamente. Piper olhava para lâmina de sua adaga, parecia procurar respostas, uma coisa que nunca viria. Annabeth parecia fitar o nada, como aquilo a fizesse lembrar de uma época ruim. Outra coisa que tínhamos em comum, o silêncio nos fazia lembrar épocas ruins.

Um flash me tirou da sala do conselho.  

Eu estava de volta a Câmara Secreta, o enorme cadáver do basilisco jazia a nossa frente. Cinco anos já tinham se passado e aquilo tinha se resumido a pele e ossos. 

-Ron, isso não é uma boa ideia. Devemos pegar as pressas e ir embora. - disse Hermione temerosa.

-Deixe de boba, vamos resolver isso aqui e agora. - respondeu ele.

Ele colocou a taça de Hufflepuff no chão. Parecia que o seu brilho dourado se tornava cada vez mais fantasmagórico. 

Eu podia fazer isso, era só fincar a pressa na taça. Simples, fácil e indolor. Mas por que a ideia de destruir Voldemort, nem que seja só uma parte dele,  me assustava tanto? 

Hermione estava ao meu lado, destruiríamos aquilo juntas.

Um, dois, três...

Disparamos na direção da taça. Mas um coisa nos impediu que completássemos o nosso caminho.

Uma enorme fenda se abriu entre nós duas, forçando-nos a nos separarmos.

Uma voz gélida e maligna chegou a meus ouvidos, por mais ruim que ela perecesse ela surtia sobre mim um efeito hipnótico. Parecia me tirar do chão e me fazer caminhar em direção a uma possível morte. 

Eu vi o seu coração, e ele é meu.Eu vi seus sonhos, Lyra Torres. Tudo que quer é possível, mas que você teme também é...(na: Isso, o Tio Voldy não é muito criativo então ele falou a mesma coisa que falou para o Ron...)

Lyra... Ecoou a voz, agora familiar.

Um líquido prateado começou a vazar da taça. Ele borbulhou e se remodelou, veio na minha direção.

Eu estava cara a cara com o Harry. Mas, ao mesmo tempo não era ele, era uma versão mais fantasmagórica, maligna e quem sabe até mais bonita dele. Ele não tinha a cicatriz em forma de raio em sua testa.

Eu nunca me importei com você, seriamos mais felizes sem vocês. Só fiz Bellatrix não mata-la por que Hermione estava com você. disse ele, calmamente.

Um lágrima percorreu meu rosto, abrindo uma trilha em meio a poeira. Uma trilha que eu preferiria não abrir. Não daquele jeito.

Olhei para Hermione.

Uma versão fantasmagórica de Ron estava a sua frente, ela me fitava com os olhos cheios de mágoa.

-Eu não acredito nisso. - respondi, defensiva. Podia ter mais uma dissolução amorosa, mas a causa dela não podia ser a Hermione.

Harry sorriu, como se esperasse por essa resposta.

Então vou te mostrar... Eu não queria ver, o que quer que seja. Me afastei, mas ele foi rápido.

Colocou o dedo em minha testa.

Era o Baile de Inverno. 

Harry e Hermione estavam sentados lado a lado olhando a neve cair nos jardins e no Lago Negro, agora congelado.Trocaram olhares ternos. Seus rostos começaram a se aproximar, a curta distância foi quebrada por um beijo.

Voltei a realidade. 

Aquilo não tinha não tinha acontecido. Hermione teria me contado, eu contei pra ela sobre o Diggory e ela me contara sobre o Krum. Por que ela não me falaria sobre o Harry? Eu nem gostava dele na época, não teria me importado. Então por que eles teriam deixado aquilo ir aquele ponto? Mas a questão era que não tinha ponto. Aquilo não tinha acontecido, eu estava sendo manipulada como uma marionete. 

Por que a dor era tão real? Real ou não, aquilo ia acabar. 

Levantei a pressa e corri na direção da taça.

Hermione estava bem ao meu lado. Sorri, sabia que aquilo não tinha acontecido.Fincamos as pressas na taça em cheio. 

Vinho surgiu do nada e começou a transbordar, com se fosse sangue.

Não! berram as versões fantasmagóricas dos garotos, enquanto se dissolviam.

Com um grito eles se foram. 

Desabei no chão. 

A coisa que vivia na Horcrux tinha desaparecido, torturar Hermione e eu tinha sido seu ato final...

-Heróis. - disse Quíron, quebrando o silêncio e me tirando de minhas lembranças. - Como já devem ter sido informados, ontem a noite ocorreu um roubo na Carvoaria 9. O Argo II, foi roubado.

Leo engoliu um soluço.

-Teremos uma missão, então? - perguntou Clarisse, enquanto me fuzilava com os olhos. Nota mental: filhos de Ares não sabem perder.

-Sim, Clarisse. Teremos uma missão. - ele indicou para a garota que tinha avisado aos berros sobre a reunião.

- Rachel pode por favor informar-los das condições da missão?

-Claro. Bem, 14 de vocês vão para onde “todas as crianças sonham em estar” e devem procuram “entre os castelos” é lá que vocês acharam o Argo II.

-Está bem. Então de forma resumida, devemos ir a Disney? Ir ao castelo da Cinderela? E tudo mais? - disse Percy. Por mais estranho que pareça aquilo fazia sentido.

-Eu vi. - disse Rachel - Será lá mesmo. Mas a busca engloba todos os parques. Até aquele mais novos, fora do complexo.

-Vocês podem me explicar quem é a Cinderela? - perguntou Ron. - Desde de o ano passado eu quero saber quem é essa.

Todos na sala o encaram como ele fosse doido, mas depois o ignoraram.

-Quem serão os 14? - perguntou Miranda Gardner, do chalé de Deméter. - Me incluam fora dessa, nunca fui muito fã da Disney.

-Eu vou. - Disse Harry, no fundo da sala, para surpresa geral - Acho pouco provável que eu morra esse ano, já tive problemas pra uma vida.

-Eu estou com você, cara. - disse Ron.

-Eu vou junto. - disse Ginny

-Se a Ginny vai eu vou também. - disse Luna.

-Estão pensando que vão me deixar fora dessa missão, idiotas. - disse Clarisse. - Pensaram errado.

-Eu quero achar o Festus. - disse Leo.

-Eu vou com o Leo. - disseram Piper e Jason.

-Eu vou com o Jason. - disse Thalia.

-Eu vou. - disse Nico.

-Bem... - disse Percy, ironicamente. - Sempre quis ir para a Disney. Vai ser legal.

-As estruturas das montanhas russas devem ser interessantes. Quero ver isso de perto. - disse Annabeth. O jeito no qual falou sobre as montanhas russas me fez lembrar da minha priminha, que, já aos 6 anos avaliava o ângulo dos blocos de madeira que usava para construir torres.

Hermione me fitou.

Assenti.

-Nós vamos também.