Os dias passaram, mas as noites não...

Na terceira noite de meus sonhos macabros, o local era o mesmo da primeira vez, mas o céu estava mais claro e aquela enorme lua brilhante estava escondida atrás das nuvens.

Observei melhor o lugar.

- Éh... Isso aqui realmente parece um Jardim do Horror.

- Então você voltou, Elliot.

Dei um pequeno salto ao ouvir uma voz sonora atrás de mim. Era obvio que era ela. Embora aquele lugar fosse grande, parecia que só existia uma pessoa ali.

- Como você sabe meu nome? – perguntei tentando lembrar se a conhecia de algum lugar ou de tempos atrás.... 

Mas que estupidez, é claro que não!

- Isso importa?

- Um pouco...

Ela sorriu. Essa foi a primeira vez que não a vi com aquele sorriso zombeteiro estampado em seu rosto. Mas tenho que admitir, para uma garota de um simples sonho ela é realmente muito bonita, e ao mesmo tempo incrivelmente assustadora. –  Humpf. Isso chega a ser irônico... – disse a mim mesmo em voz baixa.

- O que disse?

- A-ah! Nada não!

- Hunm... – se sentou em uma mesa de pedra que havia a seu lado.

Cautelosamente me aproximei dela. Parecia tudo tão real...

- Eu não sou um bicho... – falou calmamente. – Não vou te morder, te matar ou algo do tipo se chegar perto de mim.

- D-desculpe... Éhrr... Quem é você? Ou, o que é você?

- Pode me chamar de Marion.

- "Você não respondeu a minha pergunta... Mas saber seu nome já é alguma coisa." – pensou. – Então... que lugar é esse?

- Você esta na Division of Two Worlds.

- Division of Two Worlds? – repeti sem entender.

- Sim. Geralmente as pessoas vem aqui para pensarem melhor e fazer um ultimo pedido antes de sua morte...

- Hunm.......................................Espera ai! – raciocinei melhor. – M-morte!? Eu vou morrer!?

- Idiotaaa! É lógico! Você não acha mesmo que vai viver para sempre, né?

Eu estava sem fala.

Como ela pode falar um coisa dessas tão calma?

Mas bem, ela tem razão, é obvio que uma hora eu vou morrer, mas isso não quer dizer que eu vá morrer agora... eu acho.

 Aaaah! O que é que eu to falando... isso tudo não passa de um sonho!

Meus pensamentos foram interrompidos pela melódica risada de Marion.

- O que é tão engraçado? – perguntei um pouco irritado.

- O modo como vocês humanos se desesperam em frente à Morte. Vivem reclamando e falando que querem morrer, que vão morrer e que a morte é a solução. – me olhou diretamente nos olhos. – Mas quando realmente chega a hora é sempre a mesma coisa... – deu um leve suspiro.

- Isso é o que os emos falam!

- Você quem pensa.

- E porque você esta aqui? – disse diretamente.

- Porque é meu dever estar aqui.

- Como assim?

- Isso importa?

- Esta fugindo das perguntas...

- Você que faz perguntas demais...

A encarei serio. 

Do nada acordei com o barulho do despertador.

06h34min

- Drogaa...!

Me levantei as pressas e troquei de roupa, saindo pela casa calçando o tênis. Peguei a mochila, engoli rapidamente um copo de café e corri para a escola. Da minha casa até a escola não é tão longe, mas tem um bom "chão" até lá.

Acabei chegando a tempo e fui direto para a sala. Me joguei na minha carteira e respirei fundo tentando recuperar o ar perdido.

Eu não tenho amigo, então não tenho o problema de dar explicações a ninguém sobre meu atraso ou minha vida. De vez em nunca alguém da sala vem falar comigo, mas nada de irrelevante ou uma conversa que dure mais de 10 entre 15 minutos. Pode-se dizer que na escola sou aquela pessoa que dizem ser cega, surda e muda. Mas não me importo e nem faço esforço para me enturmar com as pessoas, ao contrario, o silêncio já virou o meu melhor amigo.

Sei que é algo egoísta da minha parte, mas é a minha verdade.

As aulas ocorreram normalmente. Quando o sinal tocou para finalmente sairmos daquele lugar, eu comecei a pensar distraidamente na garota que até então eu denominava como: a garota dos meus sonhos.

Então eu lembrei do que ela disse...

"Ela disse: "Vocês humanos."" 

Mesmo que ela seja fruto da minha imaginação, será que... ela não é humana?