17h45min.

Estava voltando da escola calmamente pela rua. Novamente, foi apenas um dia normal e entediante. Ter a mesma rotina todos os dias chega a ser cansativo e desanimador.

Bem, deixe-me me apresentar: Sou Elliot Von Teezy.

Cheguei ao apartamento onde moro e fui direto para o quarto. Joguei a mochila perto do guarda-roupa e fui para a cozinha para comer alguma coisa. Eu moro sozinho, devido a muitas brigas familiares, mas meus pais vem me visitar às vezes. Morar sozinho não é tão ruim como falam, a casa apenas parece vazia e o silêncio se acomoda por toda a parte. 

Quando voltei para o quarto, terminei de fazer a lição, fechei o caderno e me espreguicei. Sentia meus olhos pesarem e fui deitar. Fiquei observando o teto por alguns minutos e acabei por adormecer. Foi ai que tudo aconteceu...

Era um lugar escuro, sem vida. Um verdadeiro Jardim do Horror. Mas um lugar incrivelmente belo para aqueles que conseguem imaginar cores para colori-lo. Uma grande meia lua ocupava os céus que brilhava com algumas estrelas. Nuvens carregadas se aproximavam. Logo, começou a chover e o frio se espalhou. De repente entre as árvores apareceu alguém com uma capa e capuz preto, não dava quase para ver seu rosto, apenas o nariz e a boca. Aparentava ser uma garota e ter minha idade, ou ser mais nova que eu. Era assustador o modo como ela andava em minha direção. Tão calma. Passos tão leve quanto uma pena. Estava transformando tudo em negro e cinzas a sua volta. 

Meu estomago começou a embrulhar e meu corpo a tremer. Sentia uma vontade imensa de vomitar com toda aquela pressão sobre mim. Como se não me bastasse, veio a falta de ar; comecei a empalidecer, e me ajoelhei no chão com o coração apertado. Fechei os olhos com força na tentativa inútil de me dizer que era apenas um sonho, então quando eu os abri vi a capa preta em minha frente. Levantei os olhos temeroso, e lá estava ela me olhando com cerrados olhos negros frios acompanhado de um sorriso zombeteiro e sarcástico. Fiquei a encarando por alguns segundos, longos segundos... Suas íris ficaram vermelhas ao mesmo tempo em que escorreu sangue por suas bochechas. Ela abriu a boca, mas eu não pude ouvir nenhum som, estava completamente paralisado. 

Não era um sonho, era um pesadelo! 

Acordei assustado no meio da noite.

- Mas que sonho foi aquele? – me perguntei indo em direção a cozinha. Abri a geladeira e virei a garrafa d’água em minha boca. Ainda meio atordoado com aquele sonho, fui até o banheiro, lavei o rosto e me olhei no espelho. – Sonhos são apenas sonhos. – voltei para o quarto para dormir, ou pelo menos, tentar...

O mesmo sonho me invadiu. Dessa vez, eu estava dentro de um grande castelo ao que parecia ser bem espaçoso. Havia velas em toda parte, e um grande altar no centro, nele estava uma garota de longos cabelos negros sentada no trono com as pernas cruzadas usando um vestido preto acima dos joelhos, uma linda coroa prateada levemente caída em sua cabeça e uma das mãos apoiando o rosto com aquele mesmo sorriso zombeteiro que eu vi na noite passada. 

Aquele sorriso... não tem como esquecer e não tenho duvidas, aquela garota só podia ser ela.  

E como da primeira vez, eu acordei após vê-la. Embora seja a segunda vez, esse sonho esta começando a me incomodar um pouco. Afinal, quem é aquela garota? Porque ela sorri daquele jeito para mim? E principalmente, porque estou tendo esses sonhos?

Minhas perguntas são sem respostas.