O Anjo Perdido escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 18
Capítulo 18. Revelação II




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          Capítulo 18 – Revelação II

  De algum jeito, a sonoridade do nome proferido há pouco – Kasbeel –, não era nada estranha para o anjo. Mas ele estava bem mais focado no comportamento instável da amiga agora. Ao ficarem a sós novamente, Castiel notou a inquietação por parte dela. E resolveu perguntar:

  – Há algo de errado?

  – Só preciso contar uma coisa a você. Não fique nervoso, certo? – pediu, o tom vacilante.

  – Sim, o que é?

  – Kasbeel... Esse nome não parece ser familiar? Acaso não se recorda de que tem um irmão?

  Castiel parou de circular pelo pátio. Ele estava incrédulo com a novidade. Apesar de ter alguma lembrança do nome que fora dito, jamais o associaria, tão rapidamente, ao do seu irmão.

  – Não me é estranho esse nome que proferiu – comentou, surpreso. – Mas nunca imaginava que seria o de meu... – o anjo parou de falar. Uma dor de cabeça muito violenta o interrompera.

  – Querido, tudo bem? Diga-me algo – a amiga pegou em sua mão. – Consegue falar agora?

  – Sim. Tive algumas visões de meu passado... De minha família... Meu irmão é um anjo caído, não é?

  – Sou sim – disse ele, que se ocultara atrás de uma grande árvore, a fim de que ninguém o notasse. – Olá, Castiel. Há quanto tempo, não é?

  – Que quer, Kasbeel? Solicitei a você que não viesse conversar com ele antes de... – o anjo interrompeu a fala da demônia com uma forte agressão; ela dormiu logo depois.

  – Pare! Não a machuque.

  – Está tudo bem, irmão. Só quero conversar com você sem tê-la por perto – justificou-se.

  – Por quê?

  – Porque há muito que não o vejo... Não gostaria de ser interrompido a cada cinco minutos por alguém que não tem nada a ver conosco.

  – Gosto dela... Isso basta para que não a machuque – comentou.

  Castiel estava bastante desconfiado da repentina vinda do irmão. Por isso decidiu chamar, mentalmente, por Uriel.

  – Está bem. Fale. Que quer aqui?

  – Perguntar: o que está achando da experiência de viver na Terra? Aprendeu a ser sujo... Quero dizer... a ser humano?

  – Não tanto quanto gostaria – o tom soou rude. – Por que quer saber?

  – Aprendeu, isso sim, a ser desconfiado... Que coisa! Já comentei que não nos vemos há tempos e, para a minha surpresa, você está assim, de poucas palavras! Por que não...

  – Escute aqui, irmão, pode ser bobagem o que direi, mas é o que sinto. Tenho a nítida sensação de que estava a nos observar desde o instante em que ela e eu chegamos no pátio. Estou errado?

  – Olha! O maninho não perdeu a esperteza! – desdenhou.

  – Estou certo ou não? – Castiel tocou na espada que trazia à cintura, em um claro sinal de que a utilizaria caso não obtesse resposta.

  – Sim. Mas tenho meus motivos – retrucou.

  – Ah é? Quais são eles?

  – Quero que se junte a mim e a Abdiel. Venha conosco. Vamos derrubar Samael, unir os anjos rebeldes que esperam por um verdadeiro líder há muito tempo, e depois de formar um grande exército, derrotar aqueles insolentes seres celestiais!

  – E quem vocês pretendem que seja o líder da nova rebelião?

  – Você. Não vemos outro anjo, que inclusive foi promovido a Arcanjo, com condições de derrotar os Arautos de Deus.

  – Creio que saiba minha resposta, não é? ... Não irei!

  – Mesmo que eu prometa libertar sua amiga...

  – Mentira, querido, ele nunca me libertará... – ela tornava a falar, após acordar.

  – Cale-se! Esse é um assunto de família! – Kasbeel a puxou pelos cabelos com extrema brutalidade. Em seguida, desembainhou a espada e passou a lâmina na região dos seios da mulher.

  – Largue-a, agora mesmo! – Castiel partiu, então, para um duelo contra o próprio irmão. E a moça, que teve a roupa rasgada pelo fio da arma empunhada por Kasbeel, procurava se proteger do melhor modo possível. Vendo, porém, que não teria como fazê-lo, ela foi ao interior da residência e colocou uma camisa.

  – Veja, é capaz de lutar contra mim? Eu, que quero ajudar você... Ingrato! Pretendia trazer, com as notícias que daria, a real noção do poder que teria em suas mãos se aceitasse a proposta de Abdiel. No entanto, a renega sem sequer escutá-la, e o faz de maneira grosseira! E toma tais atitudes apenas pela demônia, por aquilo que combateu por toda vida celestial... Você protege quem já tentou matar...

  – Cale-se! Não luto somente por ela, como crê. Mas tudo que faço é por Deus. Porque quero voltar para perto dEle.

  – Não é convivendo com essa criatura ridícula que retornará à casa de um Deus insensível.

  – Por acaso fala pelo Criador, Kasbeel? Estou certo de que não – Castiel o atingiu com violência no peito. O sangue espirrou para todos os lados, principalmente na roupa do anjo, que continuava a retalhá-lo. – Tenha cuidado ao querer proferir quaisquer palavras pelo Todo-Poderoso.

  – Suas atitudes me lembra as de Samael – falou o irmão, que com tamanho desgaste, devido aos graves ferimentos, deixou sua espada cair. – A força para defender Deus, a capacidade de matar por Ele e por quem tanto ama... São coisas dignas de uma bela iniciação demoníaca, sabia? É nisso que ela o transforma...

  – Não ouvirei mais isso... E se aniquilo vocês para zelar por quem amo, não faço nada de errado. Achei que viria me ajudar, irmão. Porém, infelizmente terei de tomar uma atitude que, acredite, me deixa triste demais – Castiel estava visivelmente emocionado; não sabia o que faria em um momento tão difícil.

  – Querido – comentou a amiga, pondo-se de pé. – Não faça isso. Não é necessário... Não para você, alguém tão bondoso...

  – Por que não?

  – Ele é seu irmão. Sei quão doloroso é isso.

  – Sabe nada... – falou Kasbeel. A demônia o matou com um só golpe, interrompendo suas palavras. Quando, após desenterrar o tridente do peito do inimigo, ela pegou Castiel pela mão, a fim de tirá-lo de perto do anjo caído, eles foram surpreendidos por três seres, Amudiel, Araziel e Adirael, que chegavam ao pátio.

  – Chupadora de sangue de crianças aladas e terrestres – falaram em uníssono. – Daremos outra tarefa a você... Esta, porém, é bem mais complexa. Queremos ver se realmente é capaz de salvar pessoas – falou Amudiel.

  Após proferirem tais palavras, os seres incendiaram, com seus poderes mentais, várias residências próximas a dela.

  – Vai salvar os filhos de Deus? Ou cuidar de seu amado amiguinho que não se sente cem por cento após o duelo sangrento que teve? – questionou Araziel.

  – Não interessa a você o que vou fazer – ela olhou para Castiel. – Vamos? Está em condições de trabalhar mais um pouco? – questionou, ignorando todo o medo que a dominava ao ver Adirael.

  – Sem dúvida!

  Como o rapaz não tinha o recurso de voar, pois estava no corpo físico de Samuel, teve de se segurar nela, que possuía tal facilidade. Ambos decolaram. Passaram a tirar as pessoas das casas. Enquanto isso, os anjos caídos limpavam a espada de Castiel, que ficara jogada ao chão depois do terrível duelo contra Kasbeel.

  – Larguem a arma – falou Uriel, que acabara de chegar. Ele os impediria de levá-la de volta a Ediel, ou a qualquer outro ser.

  – Não – respondeu, de maneira seca, Araziel.

  – Está bem – iniciou. – Ou a largarão por vontade própria, ou não serei bom com vocês.

  Amudiel e Adirael decolaram ao Vale imediatamente, enquanto que Araziel desafiava o Arcanjo, que estava acompanhado por seu assistente, Rubiel, e pelo também Arcanjo Azrael, a um duelo.

  – Acha que pode me deter com...

  – Não acho... Posso – interrompeu-o. Sem perder tempo, Uriel passou a lâmina de sua espada no braço do anjo caído, ato que foi suficiente para explodi-lo em mil pedaços no mesmo instante.

  – Ajudem Castiel e nossa amiga a salvarem as pessoas, irmãos. Eu limparei essa bagunça toda na casa dela – completou.

  – Sim, pode deixar – responderam Azrael e Rubiel que, devido às circunstâncias graves dos fatos, resolveram solicitar a presença do Arcanjo Gabriel, que tinha a habilidade de manipular o elemento água ao seu favor.

  Todos eles – Azrael, Rubiel e Gabriel – utilizavam formas humanas para não machucarem as pessoas. Apenas Uriel se mantinha invisível em seu físico angelical, pois não seria visualizado por homem algum, devido ao poder de permanecer oculto que, para a missão a qual se propôs, era bastante útil.

  O fogo já fora totalmente apagado na maioria das residências. Faltava apenas uma, na qual havia uma criança de cerca de três anos lá dentro. A demônia, então, resolveu por bem ir tirá-la do local o quanto antes, ao mesmo tempo em que Castiel ajudava seus irmãos a atender e a acalmar as pessoas, que se mostravam bastante assustadas com o ocorrido. Nenhuma delas, entretanto, conseguiu chamar os bombeiros; tanto as linhas de telefonia fixa quanto às de celular não funcionavam, graças à densa energia da mulher de negro, que bloqueara os meios de comunicação existentes, até que tudo fosse solucionado.

  – Qual é seu nome? Onde estão seus pais? – perguntou, enquanto carregava a pequena para fora da moradia.

  – Sou Maria. O pai e a mãe estão na casa da tia, que fica longe... bem longe! – respondeu, apavorada.

  – Está bem. Segure-se firme em minha mão. Tirarei você dessa fumaceira toda – garantiu.

  – Obrigada! – A garota conseguiu sair com Maria do fogo, no entanto perdeu equilíbrio logo depois, ao retornar para perto das chamas, a fim de buscar alguns dos pertences dos moradores da casa. A demônia desmaiou em meio ao incêndio, muito provavelmente por causa de todo desgaste energético por ter voado tanto em tão pouco tempo.

  Gabriel, por outro lado, se apressou em apagar todo o fogo que consumia o lar da pequenina Maria. Castiel, por sua vez, entrou lá, e passou a carregar sua amiga para a rua.

  – Fale comigo, querida... Tudo bem? – quis saber, preocupado com ela.

  – Sim, tudo. Acho que me desgastei o bastante por hoje, não é?

  – É, concordo. – o anjo a levou até a casa dela, onde Uriel os esperava, agora com um corpo físico que formara com toda a energia que possuía. – Cuide dela para mim, irmão?

  – Sem dúvida.

  – Auxiliarei as pessoas enquanto isso. Logo estarei de volta, certo?

  – Sim – falou o Arcanjo.

  Uriel a carregou para dentro do quarto. A Deusa da noite tinha a aparência cansada; desgastara-se muito, principalmente no resgate de Maria.

  – Admirável o que fez pela criança... Meus parabéns – comentou o Arcanjo do raio rubi.

  – Obrigada, Fogo de Deus.

  – Trago boas notícias a você. Resgatei Samael agora pouco – contou.

  – Que bom! Onde ele estava? Quem, exatamente, o prendeu?

  – Em uma prisão próxima ao Vale. Kasbeel havia aprisionado Lúcifer, que descansa em uma câmara improvisada no umbral, pois tem inúmeros ferimentos por todo corpo.

  – Diga-me, então isso significa que a guerra já começou?

  – Sim – respondeu. – Arcanjo Miguel e o exército de Deus iniciaram a expulsão dos rebeldes hoje mesmo.

  – Então acho que posso me retirar dessa luta... Não pretendo atrapalhar vocês...

  – Não nos atrapalha, Deusa da Noite. Castiel já disse isso a você antes – falava, enquanto que lhe alcançava um copo d’água.

  – Eu sei. Então posso ser um soldado pronto a defender meu amigo como fui desde o começo?

  – Sem dúvida. Até que venhamos a ter total controle da situação no Primeiro Céu – local onde se registram as missões angelicais –, tudo será um pouco lento. Peço sua compreensão e um pouco de paciência. A batalha recém teve início. Enquanto isso, faça o que de melhor tem feito: proteja nosso irmão Castiel, por favor. Após essa guerra, queremos conversar com você. É possível?

  – Sim, é. Estou a disposição para dialogar, com certeza – disse, curiosa para saber o que queriam lhe falar. – Obrigada por tudo.

  – De nada, conte comigo.

            – Apenas só mais uma questão... Posso? – perguntou, após tomar um imenso gole de água fresca.

  – Diga, o que foi?

  – Vocês, enquanto anjos, decidiram interferir em uma situação terrestre de maneira tão aberta, porque a guerra se espalhou para cá também?

  – Exato. Costumamos não intervir quando o homem, por escolha própria ou por influências menos pesadas, acaba por provocar tragédias ou problemas. Mas a situação é outra agora. E é bem diferente, não acha?

  – Com certeza.

  Tudo já estava pronto. Após algumas horas de trabalho intenso, os anjos e os Arcanjos conseguiram prestar o auxílio devido a todos. Ao se certificarem de que tudo estava tranqüilo, os Arautos do Senhor partiram de volta ao Quarto Céu, deixando Castiel e a amiga a sós novamente. Ela ajudou o anjo com os cortes que tinha no corpo pelo duelo contra Kasbeel.

  Como já era tarde – cinco e dez da madrugada –, os dois pouco conversaram. Ambos foram dormir, pois teriam de estar de pé às seis e meia, para o último dia de Samuel Wolkmmer na escola.

  Assim que se levantaram, tomaram café em silêncio. Ainda bastante desgastados pelas escassas horas de sono, sequer conseguiam dizer alguma coisa um para o outro. Foi apenas dentro do V-8, próximo ao colégio, que ela falou:

  – Desculpe-me pelo silêncio lá em casa. Geralmente preciso de um tempo para acordar antes de tudo.

  – Tudo bem. Também costumo agir assim, até porque, a noite foi agitada.

  – Muito triste por ter de abandonar a escola?

  – Não muito. Só gosto dos meus colegas. O colégio em si não é tão bom assim.

  – Será positivo para a segurança deles. Se ficarmos na cidade, mais pessoas serão mortas. Isso não pode continuar.

  – É, concordo.

  A demônia parou o V-8 em frente à escola. Ambos desceram do veículo. Vinícius, Henrique e Eduarda esperavam o jovem junto ao portão de saída e de entrada dos alunos. Os três se surpreenderam ao vê-la com o rapaz.

  Como os colegas já sabiam da morte dos pais dele, pois a notícia correra por todo o município, vieram trazer o apoio necessário para um momento tão delicado.

  Ao ver o garoto entrar no colégio, a mulher foi embora – iria cremar o que restara dos corpos de Heloísa e de Felipe. Antes, porém, lhe deu um beijo na testa e combinou de pegá-lo ali mesmo ao meio dia.

  O primeiro período, de matemática, fora bastante calmo. Já o segundo, de português, foi agitado, devido a um trabalho em dupla. Vini convidou o anjo para fazerem a atividade juntos. Após concluí-la, ambos ficaram a conversar.

  – Passou a morar com sua amiga depois do fato lamentável de ontem? – questionou.

  – Sim. Ela é quem tem me dado todo apoio quanto à morte de meus pais – explicou.

  – É, deve ser bem complicado... Sabe, quero contar uma coisa a você: tenho o dom de prever situações. Quando eu vi você no primeiro dia de aula que teve, sabia que era triste pelo tratamento que seus pais davam a você... E ela o ajuda e traz coragem, não é?

  – Sim, sem dúvida. Eu não teria a mesma sorte se não fosse pela ajuda dela – fez uma pausa e prosseguiu: – Jamais imaginei que tivesse essas habilidades, amigo.

  – Por isso sou brincalhão. Às vezes não gosto de me lembrar que as tenho – esclareceu.

  – Entendo.

  Veio o recreio. Ele se despediu de Henrique e de Eduarda, e foi à sala do diretor. Quando lá chegou, se surpreendeu com o seguinte fato: uma mulher alta, de cabelos escuros e de roupa negra assinara a saída dele da escola, atitude que ele não poderia tomar, embora seus pais estivessem mortos, pois era menor de idade. O rapaz voltou ao pátio para falar com os três amigos.

  – Por que está com essa cara de espanto? – perguntou, curioso, Henrique.

  – Porque fui à direção do colégio a fim de assinar os papeis para ir embora. Mas minha amiga já fez isso por mim.

  – O que ela não faz por você, hein? – comentou Vini brincando.

  – Hum... Sabe que isso já foi perguntado antes por ela?

  – É mesmo? Então vou dizer uma coisa: a garota faz o seu tipo.

  – Como assim? – quis saber, um tanto assustado.

  – Bem, sei lá... Acho que é pelo jeitão de cuidar de você... Ah... Além do que é bonitona...

  – Só o Vini mesmo – comentou Eduarda.

  Eles voltaram para a sala de aula. Os dois últimos períodos foram com muitas explicações por parte dos professores de química e de física. O rapaz nem precisaria mais Assistir as aulas, no entanto quis permanecer ali até o fim.

  Pontualmente ao meio dia, eles estavam à frente do colégio, onde ela já esperava o amigo. Henrique e Eduarda se despediram dele com emoção. E o colega pediu para falar com o anjo a sós por alguns instantes.

  – Gostaria de agradecer por tudo que fez por mim – falou Henrique. – Por ter me salvado no primeiro dia de aula que teve... Muito obrigado. Não sei para onde irá agora, nem o que fará... Mas peço que, se possível, não suma, por favor. A mana gosta de você de um jeito bastante especial e não quer que percamos contato de um modo tão abrupto. E como sou muito grato por tudo que fez por mim, decidi conversar com você antes que partisse, Samuel.

  – De nada, colega. Minha missão é exatamente essa: ajudar os que necessitam – respondeu, ainda que estranhasse ser chamado pelo nome de seu receptáculo. – Não se preocupe... Não deixarei de dar notícias a meu respeito – Castiel fez uma pausa e observou Henrique por alguns segundos. – Mas, como assim? Eduarda gosta de...

  – É. De você. Por que o espanto?

  – Por nada. É só que... Eu... Nunca imaginei que isso fosse possível.

  Os colegas tornaram a se despedir. Os dois irmãos – Henrique e Eduarda –, foram embora para casa. Quanto a Vinícius, estava em um diálogo muito atípico com a demônia:

  – É, esse vinho é bom. Quais você toma, então? – questionou, o olhar curioso.

  – Geralmente vinhos argentinos. Mas gosto de beber algo assim aos poucos e com muita calma. E você? – perguntou ela.

  – Venho de família italiana – explicou. – Meus pais sempre me incentivavam a tomar um cálice de vinho no almoço, desde os meus dez anos. É algo cultural.

  Ambos pararam de falar. Vini foi até o carro dela; o garoto não tinha lhe questionado quanto à procedência do veículo.

  – É seu, mesmo?

  – Sim.

  – Esse carrão é show!

  – É, gosto bastante dele. Mas prefiro a moto que deixei em Buenos Aires – comentou.

  – Você mora lá?

  – Não. Porém mantive muito de minha vida na Argentina.

  – Sempre curioso, amigo – Castiel se aproximou de Vinícius.

  – Não chateio você com tantas questões, não é? – apontou para a garota, que sorriu abertamente.

  – É claro que não, rapaz. Fique tranqüilo quanto a isso... Não costumo esconder nada de minha vida aos verdadeiros amigos dele – a mulher apontou para Castiel.

  – Pronto! – exclamou Vinícius. – Aí está um bom presente para lhe entregar, amigão. Um vinho!

  – Por que ele sugere isso? – perguntou ela.

  – Porque me falou, em meio ao recreio, que você faz o meu tipo. Só pode ser por isso! É um danado esse menino! – comentou sorrindo.

  – E é por isso, sim – falou Vini, depois de rir muito, pois o amigo estava todo constrangido.

  A Deusa da noite pensou no assunto por um breve momento; sentou-se em um muro próximo ao colégio e comentou:

  – Pois olhe Vini, posso até fazer o tipo dele, mas o jovem é muito para mim. Ele é humano demais.

  – E você não é?

  – São questões complexas. Talvez um dia as entenda, pequeno – falou, com carinho, a demônia. Ela o chamara assim, por causa da pouca altura de Vinícius: um metro e sessenta.

  – Perto de você sou um anão mesmo – brincou ele. – Porque é uma gigante pela própria natureza, sabia?

  – Você é uma figura e tanto, rapazinho – comentou, após sorrir novamente.

  Eles se despediram de Vini. Antes, porém, a mulher lhe passou o número do celular dela, para que, se fosse necessário, o garoto telefonasse aos dois.

  Ao entrarem no V-8, Castiel foi para o banco de trás. Ele ainda estava triste por ter lutado contra seu irmão. A amiga, entretanto, percebeu que algo estava errado e lhe sugeriu:

  – Sente-se aqui – e apontou para o banco ao lado do dela. O anjo, por sua vez, fez o que lhe fora pedido. Ela deu a partida no carro. E depois de alguns minutos de viagem, o amigo perguntou:

  – Acha mesmo que sou humano demais?

  – Por que quer saber disso agora?

  – Apenas me responda, por favor.

  – Sim, acho. Se me pegarmos como parâmetro, você é muito bom, bom demais para mim. Tento considerá-lo como meu irmão mais novo... Aquele que precisa de proteção e de carinho. entretanto não posso ir longe demais com tamanho sentimentalismo.

  – E por que não, se a considero assim?

  – Por que... – a demônia estava surpresa com o que fora dito por ele. – Por que... Bem, você sabe o que sou.

  – Sim, sei. Mas isso não me impede de ter você dessa forma. Podemos mexer em tudo, amiga. Podemos abandonar o local onde moramos, criar um novo desenho a partir de um rascunho, projetar uma casa e modificá-la por inteiro depois, enfim... Mas há apenas uma coisa na qual não podemos mexer: nos sentimentos. E não conseguirei ter você como um ser maligno... Nutri simpatia não só porque me auxilia desde o começo, mas, principalmente, pelo modo como sou tratado, como já disse a você lá no Vale. Eu quero e vou retornar à casa de Deus. Porém me sinto tão mal... Deixarei você aqui, nesse mundo injusto e cruel.

  A Deusa da noite parou o veículo em uma rua próxima ao lar em que permaneceriam até a hora de irem para a Argentina. Ela olhava Castiel com visível admiração e com carinho. Preocupado e apreensivo, pois não sabia se tinha tocado em pontos inadequados, o anjo a questionou:

  – Falei algo de errado? – a mulher continuava em silêncio. Somente o encarava, agora sem o óculos. Mas lhe respondeu minutos depois.

  – Não, claro que não. É que... Quer saber... Gostaria de subir... – ela fez uma pausa. – ... Não, seria terrível dizer...

  – O quê? Diga-me, querida?

  – Que quero... Subir com você! – exclamou. – No entanto não serei aceita. O problema é que não conseguirei encarar você como um anjo que deva ser abatido simplesmente porque sou um demônio. Compreende?

  – Sim, perfeitamente. O que fazemos então?

  – Eu não sei. Tem alguma idéia?

  – Não. Apenas isso – ele a puxou para perto de si e a abraçou. – Enquanto estivermos juntos, seremos sempre assim – tornou a falar Castiel.

  – É, tem razão.

  A demônia tornou a dirigir instantes depois. Em seguida eles chegaram na residência, onde descansariam um pouco e almoçariam; a viagem para Buenos Aires seria bastante cansativa, ainda que estivessem perto da cidade.

  Após o almoço, Castiel foi ao quarto a fim de descansar um pouco. Ele procurava dormir, mas o sono não lhe vinha. Apenas a imagem do irmão a lhe dizer tudo aquilo era o que conseguia vislumbrar. O anjo decidiu meditar; dormir não era possível.

  Minutos se passaram e ele também não obteve a concentração necessária para se desligar dos problemas que o atormentavam.

  – “Você me lembra samael”: Será? – pensou Castiel. – Meu irmão tinha mágoa por, nos primórdios dos tempos, tê-lo deixado cair – agora tudo estava claro para ele. Pois quando se encontrava no pátio com a demônia, após a amigável visita de Leviatã e de Belzebu, a dor de cabeça que sentiu lhe revelou que sequer foi atrás de Kasbeel para impedi-lo de seguir aliado aos rebeldes, outrora comandados por Samael.

  – Talvez seja por esse motivo que meu irmão tenha ficado revoltado comigo... Agora, porém, não adianta nem pensar nisso... Ele está morto.

  – Castiel, tudo certo, amigo? – perguntou ela que, ao notar que ele não estava bem, entrou no quarto para vê-lo.

  – Tudo sim. Só estou um pouco chateado, mas isso passará logo.

  – Quer falar sobre isso? Ou deseja ficar sozinho?

  – O que eu queria mesmo era ter ajudado meu irmão. Não o auxiliei nem quando foi expulso do Céu junto com Lúcifer e nem ontem à noite, quando ele veio me dizer aquelas coisas todas... Um lado meu fala que eu podia tê-lo tirado de tamanha escuridão... Já o outro lado, pondera que não, que ele escolheu seu caminho e que eu não poderia fazer nada.

  – E o que é mais forte? Qual dos lados você ouve com maior clareza?

  – O que pondera... Mas, sabe, acho que meu desejo de salvar Kasbeel era tamanho, que às vezes me sinto culpado.

  – Não fique assim – ela se sentou ao lado dele. – As situações não acontecem por acaso... Apesar de serem estranhas, tomam rumos inesperados. Veja, perdeu um irmão, fato que dói muito; mas ganhou vários de volta, pois logo regressará ao Céu.

  – É, tem razão. Acho que minha vivência aqui na Terra fez de mim um ser humano descontente demais.

  – Não. É normal sentir a morte de Kasbeel. É isso que faz de você especial e diferente, é o seu lado bom. Por isso não quis que o matasse ontem. Compreende?

  – Sim. E agradeço muito a você por tê-lo aniquilado em meu lugar. Eu não teria coragem de fazê-lo.

  – Eu sei – ela fez uma pausa. – Quer vir comigo?

  – Para quê?

  – Para meditar lá no pátio.

  – Sim, quero.

  Eles caminharam em silêncio até o local. Após se sentarem lado a lado, próximos ao jardim, a mulher perguntou:

  – E então, como faço para falar com Deus?

            – O quê? – a pergunta o pegou desprevenido. – Você... quer...

  – Isso mesmo. Quero conversar com Ele.

  – Por que tomou essa decisão agora?

  – Porque ver você meditando traz uma paz a quem observa. Aprendi tantas coisas desde o início de nossa caminhada, Castiel. E, sabe, eu gostaria de procurar algum conforto, de tentar alguma coisa melhor, de lutar contra minha obscuridade... Pode até ser que Deus não me responda nesse momento e nem amanhã, mas insistirei tanto quanto for necessário. Só quero uma chance de poder ficar com você.

  O anjo estava atônito. Por mais que ainda não soubesse quem era ela, de algum modo, ele fazia uma vaga idéia. Castiel estava tão surpreso, que não sabia o que lhe responder. Após a olhar nos olhos negros e suspirar, ele falou:

  – Bem, o mais importante de tudo inicialmente, é fixar os olhos em algo que considere relevante. E não vale dizer eu – comentou, brincando.

  – Mesmo que seja você?

  – Sim, mesmo. Precisa ser algo ligado à natureza. Uma árvore, uma planta, ou qualquer outro objeto. A partir disso, fale o que vier à mente. De algum modo, o Senhor escutará.

  – Está bem.

  Ambos iniciaram a meditação. Várias horas tinham se passado, tanto que o crepúsculo já se fazia presente. Castiel já saíra do processo meditativo. E ao terminá-lo, vislumbrou que a amiga chorava muito. Mas percebeu, também, que ela estava bastante concentrada em sua meditação.

  – Talvez esteja passando por um processo de limpeza pelos crimes cometidos – pensou. – Mesmo que Deus não a ouça por esses dias, ela decidiu trilhar o árduo caminho de volta à luz. Minha amiga precisará muito de mim agora.

  O anjo achou por bem preparar um café para ambos, antes de pegarem a estrada. Quando ele servia o líquido nas xícaras, ela apareceu à porta da cozinha.

  – Por que não me chamou?

  – Como meditava, não quis interromper você. E então – perguntou. – Sabe se Ele escutou o que Lhe disse?

  – Não. Ainda estou tão dormente... Não sei se terei como notar que Deus me ouve.

  – Tenha fé – falou, aproximando-se dela. – O primeiro passo foi dado – comentou, o tom animador.

  – É, eu sei. Mas como ter fé, se ainda sou comandante do Vale? Deus deve me achar uma tola...

  – Não. Ele tudo vê e tudo sabe. Além do mais, os arcanjos já devem tê-Lo informado de que nos auxilia dessa maneira.

  – É verdade – concluiu a garota. – Então Ele já sabe de que os ajudo.

  – Sim, sem dúvida. Talvez o Todo-Poderoso espere um pouco mais para falar com você. Como os rebeldes terão de ser expulsos do Céu, essa deve ser uma grande preocupação do Pai agora.

  – É, tem toda razão.

  A mulher se sentou à mesa, onde o café já estava servido. Após beber um pouco do líquido, ela o questionou:

  – Pronto para viajarmos? Iremos assim que terminarmos o café, certo?

  – Sim, certo.

  – Como estamos próximos da Argentina, não levaremos mais do que duas horas dentro do V-8.

  – Tudo bem, eu adoro o carro, então não tem problema.

  – Ótimo – murmurou, um sorriso brincou em seus lábios.

  – E adoro quem o guia, também.

  – Hum, melhor ainda! – Eles riram bastante dos comentários feitos.

  – Há algum problema se pedir sua ajuda? – perguntou a amiga.

  – Não, claro. Que foi?

  – Precisarei ir ao Vale quando chegarmos em Buenos Aires. Tenho de ver como está tudo por lá. E gostaria, também, de ir ao Umbral a fim de verificar como Samael se sente.

  – Certo, faremos isso.

  Após um simples e saboroso café, eles pegaram a estrada. Como já conviviam há um bom tempo, ela se mostrava mais à vontade para fazer coisas que não julgava correto antes. Mesmo que a conversa estivesse boa, a demônia colocou um cd de uma banda de rock para tocar.

  – Que som legal! – comentou. – Quem é?

  – Não conhece Lynyrd Skynyrd? – quis saber, atenta ao caminho que trilhavam.

  – Não. Mas parece ser muito bom.

  – E é. Os humanos fazem coisas interessantes, também – ela riu e prosseguiu: – Terei de mostrar a você quão boas são as bandas de rock que há no mundo?

  – Acho que sim. Como os pais de Samuel só queriam saber de me internar, nem conheci estas bandas.

  – São grupos bem antigos. A maior parte dos sons que aqui ouço são dos anos sessenta, setenta e oitenta do século passado. Hoje em dia não se faz mais música boa. Caso tenha gostado do som, aperte os cintos... Vamos voar baixo.

  – Gostei sim.

  – Ótimo. Espero que seus irmãos não pensem que estou a levá-lo para o mal caminho – debochou. – Falando sério, não é essa a intenção. Só vejo que está tão triste com os últimos fatos, que resolvi trazer algo que nos deixasse mais alegres.

  – É, boa idéia!

  A demônia passou a guiar o V-8 com extrema velocidade. Até que chegasse perto do posto de polícia mais próximo, ela faria isso; algo não recomendável em uma estrada tão lotada como aquela. Mas como o medo do futuro os dominava, eles nem se preocuparam com o que aconteceria ali. Apenas desejavam curtir um pouco mais o momento de paz que tinham.

  Assim que entraram em Buenos Aires, passaram por uma praça aparentemente vazia. Quando, porém, um homem os parou, ela ficou desconfiada.

  – Carteira de motorista, senhora – pediu o policial. – Terei de autua-la por trafegar em uma velocidade acima do normal...

  – Sim senhor – interrompeu-o, falando em um tom sarcástico. A demônia desceu do veículo. – Aiperos, seu cretino! – ela passou a duelar contra o demônio. Castiel, por sua vez, pegou a espada e saiu do carro.

  – Tem inúmeros de meus irmãos querendo brincar com você, anjo do Senhor – disse a entidade. – Enquanto isso, a Deusa da noite é minha.

  – Não... – ele parou sua fala. Inúmeros demônios – cerca de cem –, partiam para cima dele. Após uma luta de proporções inimagináveis, Castiel foi derrubado pela metade que restara das entidades; a outra parcela ele aniquilou. Em seguida, o anjo foi levado embora por Abdiel.

  Já sua amiga, foi amarrada a uma árvore e era sumariamente retalhada por Aiperos. Tal atitude o divertia muito; mesmo que fosse discípulo dela, o ser não nutrira o respeito e a lealdade que deveria.

  – O que foi prometido a você? – perguntou a mulher. – Por que luta pela causa de Abdiel?

  – Porque não tenho mais nada a ver com vocês. Samael ainda mantém a postura de líder do Vale, apesar de ser alguém ridículo. Mas você? ... É lamentável notar que tomou um caminho tão incerto.

  – Caso se refira a Castiel...

  – Não. Refiro-me a tudo que vem fazendo nesses últimos cinqüenta anos: nada! Se antes fora conhecida pela necessidade de beber sangue de crianças recém-nascidas, algo que trazia medo aos corações dos homens, de uns tempos para cá não fez absolutamente nada disso. Você perdeu a vontade de lutar ao nosso lado, porque não tem mais esperanças de dar um filho ao seu marido. As perdas que teve amoleceram seu coração; e não foi esse o efeito que quisemos dar...

  – Como assim quisemos? Quem planejou a morte dos bebês? – interrompeu-o, ansiosa por desvendar tal mistério.

  – Olhe bem – respondeu o demônio, enquanto passava a lâmina nas costas dela. – Quem tortura aqui sou eu... Quem faz as perguntas, então, sou eu também!

  Ele continuava a retalhá-la. A demônia, por outro lado, estava mais preocupada com o amigo do que consigo. Ela tentava, mentalmente, descobrir para onde Abdiel o levara, no entanto não era possível.

  – Prosseguindo... – comentou Aiperos. – Ficou tão desapontada ao perder os inúmeros filhos, que passou a crer em um... Deus? Por quê? Qual o motivo de auxiliar o anjo babaca? – ela não dizia nada. – Qual o motivo, Deusa? – silêncio. O sangue jorrava farto dos ferimentos. – Fale agora! – exclamou o demônio.

  – Não...

  – Está bem, então vamos fazer outra coisa – a entidade acendeu uma vela preta. Aiperos faria um ritual para controlar os pensamentos dela. Tal procedimento era um pouco demorado, porém ele teria todas as respostas de que necessitava. Mas para dar início ao macabro ritual, ele teria de lamber-lhe o sangue, a fim de controlar sua essência. E foi exatamente o que fez no braço dela ao desamarrá-la.

  Imóvel e impotente, a demônia se deixava levar por aquele jogo insano. Mas procurava chamar por alguém. E o sucesso foi obtido; Belzebu pousou no parque. Ao ver Aiperos a lamber-lhe o sangue, o General o prendeu em um círculo e o fechou em toda volta com um pentagrama invertido.

  – Está bem, Chefe?

  – Não muito. Escute, não posso demorar aqui. Leve esse inútil até Alastor. Faça-o falar como e por que perdi meus bebês – dizia, pondo-se de pé, embora se sentisse fraca.

  – Por que acha que ele sabe disso?

  – Porque comentou sobre esse tema agora pouco – justificou-se.

  – Demônios são assim, Chefe.

  – É, mas Aiperos não mentia. Questionem-no! Não repetirei minha ordem!

  – Sim, pode deixar.

  – Outra coisa, por um acaso sabe me informar para onde Castiel foi levado?

  – Bem, o corpo de Samuel Wolkmmer se encontra em sua casa aqui em Buenos Aires. Eu o deixei lá. O físico do garoto dorme, após o jovem ter me dito para onde levaram o anjo.

  – Não me diga! Samuel se manifestou! E para onde Castiel foi levado?

  – Para uma gélida montanha ao sul do Vale.

  – Ótimo. – ela limpou todo o sangue que escorria das feridas, fez os curativos com o devido auxílio de Belzebu e, depois, atingiu Aiperos com diversos socos e pontapés enquanto dizia:

  – Posso não ser mais quem era antes, mas ainda sou um demônio, seu monte de lixo. Se você existe como uma entidade maligna, deveria ser leal a Samael e não cuspir no prato que comeu quando pequeno. Condeno-lhe à morte por traição ao Príncipe das Trevas e por ocultar importantes informações a meu respeito. Mas não se preocupe; Alastor não terá a mínima pressa na execução; ele tirará tudo que quero saber de sua boca imunda!

  Ao se voltar para o General do abismo, a mulher o observou e falou, com determinação e com aspereza na voz:

– Fui clara, Belzebu. Quero esse demônio morto após dizer tudo que necessito saber.

  – Sim, sem dúvida.

  – Como vão as coisas lá no Vale?

  – Bem. Temos eliminado muitos dos desertores. Logo a casa estará limpa.

  – Ótimo. Continuem assim. Peço que, se houver uma chance, General, leve meu V-8 à residência onde permanecerei junto ao meu amigo por aqui. Irei resgatar Castiel agora.

  – Certo. Farei isso. Conte comigo, Chefe.

  – Com certeza!

  A garota pegou o tridente que lhe pertencia e rumou para a montanha onde o anjo estaria. Ela ignorava toda dor que sentia pela incerteza acerca do delicado tema exposto por Aiperos. Por mais que pretendesse desvendar o mistério que circundava a não existência dos filhos, a moça decidiu auxiliar Castiel o quanto antes.

  Já Belzebu, deixou o desertor com Alastor e voltou ao planeta Terra; ele tinha de guardar o carro dela onde lhe foi pedido.


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