O Anjo Perdido escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 15
Capítulo 15. Sangue e Morte




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  Capítulo 15 – Sangue e morte

Depois de apreciarem a paisagem por um bom tempo – o domingo estava lindo –, entraram no carro. Ela tornou a dirigir, enquanto eles conversavam. Tudo parecia ir muito bem. Entretanto, ao dobrarem em uma rua mais afastada da parte central do município, os dois vislumbraram uma horrenda e ingrata surpresa. Eles se assustaram tanto com a horripilante visão, que se entreolharam, visivelmente atônitos. Castiel chegou a fechar os olhos por alguns instantes; o cenário observado era bastante negativo e lhe transmitia ondas de incontida tristeza. Acima de tudo havia muito sangue no local.

  – Espere-me no carro – recomendou. Com a experiência que possuía, durante milênios de acontecimentos obscuros, ela sabia que aquilo não se tratava de algo simples ou casual, e tudo que não desejava era ver o amigo no meio de tanta energia densa e de tanto sangue. Eu já volto – completou.

  – Não respondeu, irredutível. – Irei com você até lá.

  Ambos pegaram suas armas e saíram do veículo. A quantidade elevada do viscoso líquido espalhada pela rua era o que chamava a atenção dela. Ao final do local, se podia ver Ediel ali, parado, com a espada na mão, a desafiar os recém-chegados. Incontáveis eram os corpos de bebês alados que se amontoavam perto dele. E havia, também, muitas crianças humanas mortas.

  – Você... Matou os bebês encarnados e os anjos também? – perguntou ela, com espanto.

  – Considere uma troca justa e irrecusável, Deusa da noite. Voltará aos tempos antigos e terá comida para o mês todo.

  – Seu nojento! exclamou. – Acha mesmo que...

  – Não acho, eu tenho certeza. Busquei saber mais sobre seu passado sombrio, marcado por indescritíveis crimes. Não negue o sangue deles; isso seria uma desfeita que não está pronta a fazer.

  Era impossível contar quantos bebês Querubins tinham sido aniquilados por Ediel, mas chegavam a cinco mil. E inúmeros, também, eram os bebês humanos – cerca de mil duzentos e quarenta. Os pais das crianças encarnadas também estavam mortos, porém os corpos não se encontravam ali. O sangue que formava um lago de horror se constituía, apenas, dos corpos de crianças aladas e terrestres.

  – E então, fará essa desfeita? É isso que buscava na Idade Média, quando você devastava povoados inteiros? Ou estou enganado? É do que mais gosta, não é? De sangue fresco!

A demônia olhava para aquilo tudo com fascinação. Era impossível negar seus instintos mais primitivos; sucumbir às tentações não era o melhor em um momento tão delicado; todavia não era lógico que ela deixasse de fazer o que tinha como costume há muito tempo.

  A mulher se encaminhava para o horrendo lago vermelho, enquanto que Castiel lutava contra Ediel, que mantinha o sorriso vitorioso nos lábios.

  – Vocês se protegem demais, sabia, ser ridículo? – debochou o inimigo. – Desse jeito acabará tentado ou seduzido por ela, tome cuidado.

  – Quer calar a boca, ser indigno de pertencer à casa do Senhor – Castiel lhe daria o golpe final, entretanto uma energia enegrecida levou Ediel embora da rua.

  A garota continuava a lutar contra seus instintos; não queria que eles fossem mais fortes agora. Como o anjo não a conhecia desse modo, não pretendia desapontá-lo. No entanto a quantia de sangue existente no local era um irresistível convite a uma nutrição demorada, contudo saborosa. Ela, porém, resistia como podia. Deitada ao chão, lambuzando-se com o líquido sem ter coragem suficiente para sorvê-lo, a demônia já não sabia mais o que fazer para afastar tamanha vontade.

  Venha, vamos embora – falou o amigo. – Isso não faz mais parte da sua vida – concluiu.

  Ele a carregou ao V-8, depois de limpar-lhe a roupa. Assim que entraram no carro, Castiel comentou:

  – Gabriel precisa saber disso o quanto antes. Como ainda devem estar em reunião, nenhum deles têm conhecimento do morticínio.

  – Mas... De onde vieram tantos bebês alados?

  Eles têm missões em outros planetas. Mas não sei dizer se era um destacamento desse tipo ou não – o Arauto deu a partida no veículo. – Você está bem, mesmo?

  – Sim, não se preocupe. Mas me diga uma coisa... – insistiu, interessada no assunto. – E são missões nas quais eles vão sozinhos?

  – Não. Sempre há um arcanjo ou um anjo com os pequenos – informou.

  – Então como Ediel os pegou?

  – Não sei – após uma breve pausa, o amigo comentou. – Tenho uma pergunta bem mais difícil do que a que fez: quem levou o anjo embora no exato momento em que eu o mataria? Abdiel?

  – Não – respondeu, com ar sombrio. – Conheço aquela energia. Mas não sei bem de onde ela vem.

  Castiel dirigia com rapidez. Ele pretendia chegar em casa e tentar contatar Gabriel. Ela, por outro lado, apenas queria um pouco de solidão em seu recanto obscuro no Vale dos Caídos, ainda que tenha sido expulsa de lá. A questão sangüínea tinha sido um baque muito violento para a Deusa da noite.

  Assim que chegaram na residência, o anjo fez o ritual e a invocação necessárias para chamar Gabriel, que o atendeu prontamente. O Arcanjo ficou tão arrasado com tamanha mortandade de Querubins, que solicitou, de imediato, a presença dos outros colegas de hierarquia.

  Como, entretanto, Miguel não pôde vir, eles fizeram um teste: colocaram Samuel Wolkmmer para dormir. Castiel, por sua vez, foi ajudado por seus irmãos a ter seu corpo angelical de volta por algum tempo, enquanto o físico do jovem repousava. A energia que mantinha o anjo com tais características angélicas era sustentada com a força, o esplendor e o poder do campo energético de Gabriel.

  Feliz por regressar ao Quarto Céu, ainda que não estivesse mais acostumado com as grandes asas de penas azuis e brancas, Castiel rumou para lá acompanhado por Uriel, Raguel, Raphael, Camael, Jofiel, Azrael e Gabriel, em um forte esquema de segurança para zelar pelo anjo que, aos poucos, voltava ao convívio da família celestial. Apesar de toda preocupação que tinha com a amiga, pois sabia do repentino sumiço dela, Castiel precisava relatar aos irmãos os fatos passados há pouco.


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