último Pedido escrita por uke_san


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Uma one-shoot. vou postar o resto depois, aguardem, por favor ^^"



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A cadeira elétrica.

Lá estava ela, no final do corredor. E eu sabia que, algum dia deste ano eu iria me sentar nela. Não importa quando, que dia, que mês ou que ano. Na prisão não existe esse tipo de tempo. O único que existe é o tempo até a saída para uma nova vida ou a entrada para o inferno. Aqui, o tempo é a espera.

Disseram-me que eu terei o direito a um último pedido, um desejo. Perguntei que tipo de pedido podia ser. A resposta que recebi foi que o quadro de desejos era bem variado, desde pratos de comida até visitar um parente (e coisas censuradas, claro).

Agora nesse tempo de espera, penso no que vou pedir. Comida? Desde que entrei na prisão meu paladar foi destruído. Visitar um parente ou amigo? Desde que aquilo aconteceu, eu descobri que nunca tive amigos e que somente tinha família por ser uma coisa de sangue, obrigatória.

Se eu pedisse justiça? Já pedi isso no meu julgamento e como vocês vêem, ele deu, mas de acordo com a justiça dele. Por falar nisso, nem lembro mais porque fui preso ou até mesmo se sou realmente culpado ou inocente. O tempo de espera nos apaga a memória para que soframos menos.

Para que soframos menos.

Mas continuamos sofrendo,

E muito.

                   ***************************

O prisioneiro estava quieto, pensativo. Sabe, eu até que simpatizo com ele. Os outros presos daqui são muito agressivos e dão muito trabalho. Incomodam.

Mas esse, esse eu tenho vontade de conversar com ele. Perguntar no que ele tanto pensa, qual foi o motivo para ter cometido algum crime, como ele se sente, sei lá. Mas eu tenho medo dele ser um psicopata, embora não pareça. Acho que falar com ele não tem problema algum, tem? Afinal, já que eu tenho que entregar seu café-da-manhã...

-Bom dia... -eu disse enquanto entrava na cela.

-Bom dia.

Bem sério, devia estar somente esperando eu ir embora para continuar pensando.

Me aproximei dele e entreguei o prato. Como ele era baixo! Suas mãos, pegando o prato de comida, tão pequenas e delicadas... Não pude deixar de notar também que ele pintava o cabelo. Mas como na prisão não há tintura, o preto estava voltando a aparecer. Chega. A minha intenção é conversar, idiota! Tentei dar um sorriso simpático para causar boas impressões.

Ele simplesmente ignorou e ficou a comer o pouco que tinha. Bem, eu sentei e fiquei esperando. Não sei o que exatamente, mas estou.

-...não me lembro...- ah, aí está o que eu estava esperando.

-Não se lembra do que?

-Do porque de eu estar aqui.

Isso é realmente estranho. Como assim, não se lembra? Deve ser alguma coisa marcante pata até mesmo ir para a cadeira elétrica... então porque ele não se lembra?!

-Não se lembra de ter cometido algum crime?

-Não.

-Nenhuma idéia?

-Nada.

Muuuuito estranho. Isso me assusta, Jesus. Será que ele é um psicopata serial killer? Minha mente formula as hipóteses mais bizarras, quando fui atrapalhado pelo preso.

-O tempo de espera nos apaga a memória para que soframos menos...

-Entendo. –Mas ele ainda não havia terminado. Agora ele abaixou a cabeça, pensativo.

-Para que soframos menos, mas continuamos sofrendo, e muito... pois não sabemos o motivo de nossa morte.

Agora eu sei o motivo dele ficar tão pensativo. Até eu fiquei curioso:

Porque ele está condenado à morte?

Faz 1 dia que aquele guarda veio falar comigo. Eu disse 1 dia? Estranho. Não devia sentir esse tipo de tempo. O único tempo que deveria existir para mim é a espera.

Então porque contei 1 dia?

Não sei. Mas contar dias é divertido. Vou continuar contando enquanto penso no meu pedido pré-morte.

Bem, eu gostaria de saber o motivo dela. Eu vi a cara do policial quando eu disse que não lembrava. Espanto puro. Além disso, queria saber o nome dele, que parecia ser uma boa pessoa. Aqui, a maioria dos policiais são tão violentos quanto os presos. A diferença é que nós não podemos retrucar, não temos direito.

Por falar nele, vejo-o se aproximando, somente agora que reparei a “coisa” que ele tinha no nariz.

Uma faixa esquisita. Será que ele tinha algum problema no nariz ou era apenas complexado? Não sei.

Ele entrou na minha cela e serviu-me, como no dia anterior. Será que aquilo iria se tornar uma rotina?

Perguntas, sempre perguntas. Parece que eu só faço isso. E para variar, farei mais uma: por acaso, algum dia, vou parar de fazer perguntas e somente descobrir as respostas?

Uma resposta eu consegui. Aquilo tinha se tornado uma rotina.

Todo dia ele ia me visitar. E com isso, descobrimos nossos nomes(apelidos) e personalidades. Alguns dias eu o contava minhas perguntas enquanto ele tentava respostas. Outros dias eu que o ouvia sobre seu trabalho, sua vida, suas vontades.

E por falar em vontade, agora não queria que o dia de minha morte chegasse. Queria que somente o dia seguinte chegasse para eu poder vê-lo novamente. Ah, Reita é o nome dele, mais ou menos um apelido. Ainda não me contou o seu verdadeiro, nem eu o meu. Para ele, eu sou o Ruki.

Esses dias, se eu fosse morrer, imploraria miseravelmente pela minha vida.


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