Em uma Terra invadida vivia um amor, um amor que contrariava todas as regras, um amor incomum, mas verdadeiro, um amor surreal para qualquer um de nós.

Kyle ama Jodie, uma garota humana que foi capturada por alienígenas controladores de mentes, e também ama Sunny, a alienígena super bondosa que controla a mente de Jodie.

Ele não sabia o que pensar, não sabia como agir diante disso, queria sua Jodie de volta, mas também queria ter sua Sunny. Kyle estava em uma enrascada.

Tentou trazer Jodie de volta, tirando Sunny contra sua vontade do corpo dela. Persistiu por vários e longos dias, mas Jodie não voltou e nunca voltaria. Foi suprimida por Sunny, para sempre.

Ele prometeu para si mesmo nunca desistir, e sempre fazia Sunny procurar por ela em sua cabeça, mas bem no fundo de sua alma, ele tinha plena consciência de que ela havia morrido.

A dor invadiu seu coração de pedra, que foi amolecendo com o amor e a dedicação de Sunny.

Passou a fazer tudo pra ela, arriscava a vida para trazer-lhe presentes, procurava incansavelmente por algum objeto sempre que ela sentia saudades de casa ou da família.

Tudo correu bem, com muito amor e durante muito tempo. Seria maravilhoso dizer que foram felizes para sempre, mas aí não haveria história.

Certa tarde, Sunny pegou Kyle chorando escondido, ela nunca o havia visto chorar assim. Era o dia de aniversário da “morte” de Jodie, fazia nove anos que ela havia sido capturada.

Sunny o observou distante, e assim como era a primeira vez que ela o havia visto chorar, era a primeira em que ela se sentia uma assassina.

Ela se sentou no chão, quieta, e também chorou, pensando em uma forma de aliviar a dor dos dois. Dele por ter perdido seu amor, e dela por ser a causa dessa perda. Mas não havia no que pensar, refletiu. Tudo estava claro desde o início. Faria como sua melhor amiga, Peg, tentou no passado e por pouco não obteve sucesso.

Mas para ela tudo daria certo, ela só teria que abandonar o corpo e, com certeza, sem um hospedeiro morreria. E Kyle teria sua Jodie de volta, assim ela esperava.

Mas Sunny tinha um último desejo. Já que iria morrer, ela queria de despedir de Kyle.

Esperou uma semana para organizar seu plano e fazer com que desse certo. Ela iria em uma instalação de cura para que a retirassem do corpo, e faria uma grande amiga sua, que era curandeira, prometer que não a colocaria em um criotanque.

Uma alma nunca quebra uma promessa, nunca.

Em um dia de chuva, chamou Kyle para conversar em seu quarto. Se eles por acaso gritassem, ninguém estaria lá para ouvir.

“Vou partir” disse ela com uma voz rouca.

“Para onde vamos?” Kyle perguntou confuso.

“Não falei que nós vamos, vou sozinha”

“Para onde? Você pode acabar morta nesse deserto.” Disse ele preocupado.

“Eu vou abandonar. Não é justo que fique sem Jodie por minha causa.”

“Sabe que não penso assim, e mesmo que pensasse Jodie não voltará, ela morreu” Kyle sorriu.

“Por minha culpa” Sunny cobriu o rosto com as mãos.

“Eu sei que você não tinha escolha. É a natureza, entendo agora.”

“Veja as coisas pelo meu ponto de vista: você gostaria de se sentir culpado por vários e vários dias de sua vida só por existir? E se eu amasse alguém que você matou? Como se sentiria?”

Ele dá outro sorriso, tenta entender o lado dela

Para mostrar que se importa

“Eu sei como se sente,” diz ele “podemos superar isso juntos”

Ela não consegue ficar no quarto

Sunny se senta no chão do corredor e chora.

Ela está consumida com tudo o que vem acontecendo

Kyle se senta ao seu lado, sem dizer nada, e segura a sua mão.

Ela diz que

“O que quer que aconteça, não solte a minha mão”

Kyle passa sua outra mão no rosto de Sunny, enxugando suas lágrimas.

“Tudo ficará bem”, ele garante a ela

“Esqueça isso”

Mas ela não ouve uma palavra que ele diz

Só por um instante, Sunny pensa em ficar com Kyle para sempre e o abraça, mas logo cai em si e vê que não deveria ter feito aquilo.

Preocupada, ela teme

Teme que o que estão fazendo não está certo

Kyle vê a expressão no rosto dela, e depois de tanto tempo, ele a conhece bem, sabe o que se passa em sua mente, e sabe que ainda quer partir.

Ele não sabe o que dizer, então ele ora

Kyle se ajoelha ao lado dela e implora:

“O que quer, o que quer, o que quer

O que quer que aconteça, não solte a minha mão

Não solte a minha mão

O que quer que aconteça, não solte a minha mão

Não solte a minha mão”

Enquanto ele implora, lágrimas caem do rosto de ambos.

“Sei que passo dias em excursões,” disse ele “mas é pra que tenha uma vida boa, para que seja feliz”

Ele está trabalhando dia e noite, pensando que irá fazê-la feliz

“Eu estou fazendo tudo o que posso por você, Sunny, às vezes esqueço até de mim, como viverei se você partir?”

Esquecendo todos os sonhos que ele tinha

Ele não percebe que não é o fim do mundo

Não precisa ser tão ruim assim

Ela tenta explicar, "É você que me faz feliz,"

Ele implora novamente.

“O que quer, o que quer, o que quer

O que quer que aconteça, não solte a minha mão

Não solte a minha mão

O que quer que aconteça, não solte a minha mão

Não solte a minha mão”

E ela repete com ele a sua súplica.

Ela diz que

“O que quer que aconteça, não solte a minha mão”

“Você não vê que isso não dará certo? Eu já perdi Jodie, não posso suportar perder você também” Kyle insistiu.

Sunny viu a dor dele, viu também que seu plano idiota nunca daria certo, e que não havia a menor chance de Jodie voltar depois de tanto tempo. Resolveu ficar e parar com aquela loucura.

Kyle viu a mudança em seus olhos, e percebeu que tinha conseguido. Ele a beijou intensamente, depois sussurrou em seu ouvido:

“O que quer que aconteça, não solte a minha mão”