Horizonte Laranja escrita por BiaHoTomato, VicPads


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo já foi relido e corrigido!
Condensei a história dela em um só capítulo ao invés dos três que estavam enchendo a fanfic de besteira.
Boa leitura!



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Chuva.

Muita chuva.

Um ruído grotesco, quase animalesco ecoava no ar.

Correndo atrás de uma mulher esbelta com uma criança no colo, estava uma forma bizarra, como se alguém que não sabe o que são mulheres tentasse montar uma. Seus cabelos eram fogo, labaredas vívidas e alaranjadas, saindo de toda a parte anterior da cabeça dela, não se deixando apagar nem pela chuva torrencial e queimando um rastro nas árvores que tocava. Seus olhos tinham fendas como os de um gato e expressavam um prazer quase obsceno com a cena que se passava, como se o desespero ofegante da mulher que perseguia fosse uma bela música, o melhor dos teatros. O torso nu e delicado, com seios fartos e quadris largos era ofuscado pelos braços longos e desproporcionais da criatura, que acabavam em garras afiadas e sujas, prontas para estraçalhar qualquer um que se pusesse em seu caminho. No lugar de pernas delicadas como o seu torso, estavam patas de burro, uma castanha e uma dourada, reluzente como ouro, fazendo barulhos metálicos quando batiam em pedras enterradas na terra molhada.

A mulher abraçava com força a criança, que chorava, seu coração palpitando e seus pernas longas ardendo com o esforço de correr por quilômetros com o monstro em seu encalço, mas sem vacilar por sequer um segundo. Os olhos verdes marejados encontraram-se com as fendas da criatura, ao voltar sua cabeça para trás, e ela estremece, deixando escapar um soluço de aflição, perdendo as esperanças de que conseguiria salvar sua cria. O vislumbre de uma cabeleira vermelha conhecida em meio às árvores a fez gritar.

— CORRA - Ela disse, sem olhar novamente - CORRA E NÃO OLHE PARA TRÁS - A criatura deu uma gargalhada alucinada, seu sangue fervendo com o cheiro das presas diante de si.

Apesar do aviso, a ruiva voltou seus grandes olhos para a criatura e pôs-se a correr, estendendo os braços para carregar a criança ao alcançar a mulher.

— Ela não está atrás de mim, Cádila -  disse ela, medo exposto em seu belo rosto.

Com outro soluço e de coração partido, a Cádila deposita um beijo na testa de sua filha e chora copiosamente. Ela entrega a menina para sua irmã.

— Por favor, cuide dela. -  A mulher diz, sua tristeza é palpável e seus globos verdes se perdem nos de sua irmã por meio segundo. Ela tropeça, o cansaço vencendo seu corpo.

Sua irmã grita em horror, observando a cena, desespero estampado na face das duas enquanto a criatura grunhe, exasperada com a sua sorte.

— VÁ - soluça Cádila. Sua irmã vacila, diminuindo o ritmo da corrida.

— NÃO, LEVANTE, CÁDILA -  A ruiva tremia em desespero.

— FUJA, ELA É FORTE DEMAIS - chora a irmã caída antes de se virar para encarar a criatura horrenda.

A ruiva acelera novamente, lágrimas grossas rolando de seus olhos castanhos enquanto gritos eram ouvidos atrás dela, ficando mais altos e frequentes até que cessam. Silêncio.

Sua irmã se fora.

 

[Muitos anos depois]

 

Era cedo quando desci as escadas de casa. Dei um sorriso largo ao encontrar Vicky se espreguiçando no sofá, com uma tigela enorme de cereal no colo.

— Vai comer a casa toda é? - Disse rindo, me jogando no sofá ao seu lado. Ela riu também e me deu língua.

— Você sabe que sim - Respondeu dando de ombros, deixando cair leite na minha perna enquanto se ajeitava para que nós duas coubéssemos no sofá.

— Cuidado, porra - Disse, limpando minha perna. Olhei pra ela estreitando os olhos.

— Delicada como um hipopótamo - Ela respondeu, equilibrando o prato, ou devo dizer bacia, no colo enquanto ria, me contagiando até que ri também, revirando os olhos.

Victória é minha irmã, melhor amiga e confidente. Vivemos juntas por cerca de 7 anos, desde que meu pai se casou com a mãe dela. Nós duas temos 12 anos (quase treze, tá?), somos disléxicas e muito unidas. Apesar de não parecer comigo fisicamente, temos gostos parecidos (Menos quanto a música. Eu não SUPORTO country). Vicky tem cabelos loiros e olhos "multicoloridos", suas íris são de um tom de azul tão claro que parecem refletir as cores do ambiente, dando a ilusão de mudarem de cor de vez em quando. Ela teria a pele mais clara que a minha se não passasse tanto tempo se bronzeando. Tinha marcas fortes onde estiveram seus bikinis e bochechas constantemente coradas, salpicadas de sardas devido ao excesso de sol. Ela olhava fixamente para a televisão, os olhos estreitando para tentar identificar o que estava escrito na tela.

— Desisto. - Ela diz, jogando os braços pra cima de forma dramática. Dou risada enquanto me estico para alcançar o controle da tv, pegando-o e desligando o aparelho.

Ouço passos pesados na escada. Suspiro.

— Bom dia, meninas - A voz apática de minha madrasta ecoa na sala. Vicky me fita com um olhar reprovador quando reviro os olhos e falseia um sorriso para a mãe.

— Bom dia - Respondemos em uníssono, ela com certo entusiasmo e eu só cansada. Viro para olhar a mulher que desce a escada.

Catherine, a mãe de Victória, é um clássico exemplo de madrasta da Cinderela. Quando se dirige à filha, é um doce de pessoa, um amor. Mas comigo... Digamos que não nos damos muito bem. Victória percebe os maus tratos, diferentemente de Driziella e Anastasia, e me ajuda quando pode, mas não tem muito que ela possa fazer, é a mãe dela, afinal. A dita cuja é uma mulher loira de íris azuis, não tão belas quanto as de Vicky, mas com certa beleza em seu olhar. Ela está nos seus 40 anos e entrou numa crise bizarra em que só se veste de roupas absurdamente apertadas e de, nas palavras dela, "animal print". Zebras, onças, casca de tartaruga, escamas, qualquer estampa animalesca que imaginar pode ser encontrada no seu armário. Além disso, ela vive com tanta maquiagem no rosto que eu não tenho mais certeza se ela tem manchas ou pintas nele. Desde que me conheço por gente, ela usa perfumes muito fortes, chegando a ser intoxicantes, que ela consegue misturando diversos perfumes - que já são fortes - em um frasco enorme cor-de-rosa e se encharcando com a mistura que ela julga cheirosa. Talvez a 50 quilômetros de distância seja um pouco cheirosa, mas de perto é muito, MUITO enjoativo. Ela termina de descer as escadas e olha no seu relógio de pulso verde.

— Não devia estar pronta para a escola, Lisa? - Ela diz, seu semblante inquisidor se contorcendo numa careta de desgosto, como era de costume ou se dirigir a mim. Olho pra minhas roupas.

— Mas eu estou pronta - Digo, me levantando para que ela possa ver minhas roupas. Abro os braços fazendo uma pose com quem está prestes a dizer "ta-da", dou um sorriso amarelo enquanto ela me olha de cima a baixo. Estou usando uma blusa branca que tem um poema gravado (provavelmente, nunca tentei ler de verdade), calças largas quadriculadas e chinelos de dedo.

— Você vai com isso? - Ela torce o nariz.

— Vou - Digo, com certa indignação na voz, olho pra Victória e ela dá de ombros, os olhos levemente arregalados e a testa franzida em confusão.

— Então tá - Ela diz, e dá uma risada debochada - Venham tomar café ou vão se atrasar para a escola.

Respirei fundo. Hoje vai ser um longo dia.

 

 


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Notas finais do capítulo

Comentários, críticas, sugestões?
Tomara que gostem, esse capítulo foi reescrito e corrigido, portanto o próximo não é a sequência lógica pra ele até eu reescrever e corrigir também, foi mal lfkjhdflkjh



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