Samantha escrita por Mirella1995


Capítulo 3
Capítulo 3 - Uma árvore não muito convencional


Notas iniciais do capítulo

O tempo é óbvio, mas inda assim podemos enganá-lo.



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- Ei, dorminhocas! Acordem que o dia já clareou caso não tenham percebido! – riu Fibie, com esperança de conseguir tirá-las da cama apenas ao bom tom. Mas não deu muito certo. As duas continuaram paradas. Duras como pedras. Nem sequer pareciam respirar se olhasse a certa distância – Vamos Samantha! Pelo menos você! – tentou mais uma vez – Você ainda tem de arrumar suas malas, e pelo visto nem separou suas roupas! – ela estava começando a ficar brava, quando, respirou fundo e usou sua arma secreta: as cócegas! O que felizmente era o pior temor das duas ‘roncadeiras’ – Olha que eu vou fazer cócegas nos pés de vocês sem dó ein! – adivinhem? Dessa fez funcionou. A última coisa no mundo - sejamos trágicos, vai – que elas gostariam de sentir enquanto acordam seriam cócegas. Samantha pulou da cama só de ouvir a ameaça. Tudo bem que ela já estava meio acordada, mas estava tão quentinho que poderia ficar ali e acordar só no outro dia. O pior é que, quando se está acordando, a gente não faz a mínima idéia de como o dia está lá fora. E aquele era com toda certeza, o dia mais ensolarado do ano. As andorinhas voavam felizes, e cantarolavam. Até parecia que estavam sorrindo. Os raios de sol que ultrapassavam a janela do quarto e eram abafados pela cortina de veludo azul-marinho, ainda chegava a esquentar a cabeça de Taylor de tal forma, que ela acabou despertando de seu sono. Tão profundo que não havia acordado quando Fibie escancarou a porta. Ela até teve a idéia tola de pegar uma panela e uma colher de pau, mas não queria estragar o inox. Então, foi tudo na base do gogó. Como costumava ser, desde sempre.

Aquele dia parecia mágico. Até mesmo as árvores estariam felizes se isso fosse possível. Samantha pulou da cama e foi abrir a janela. Não havia nenhuma nuvem a vista. Nem branca e nem negra. Seria uma noite linda, com todas as estrelas aparentes. Ela olhou para cima, abriu os braços e sentiu um abraço quente do sol. A única coisa que estragava toda aquela beleza era que ela ainda tinha que ir à casa de veraneio. Ela dormiu rezando para que tudo aquilo não passasse de um pesadelo e que quando acordasse tudo voltaria ao normal. ‘E’ que sua mãe esquecesse a existência do verão. Bem, nessa última parte ela pegou pesado. Mas esta é Samantha, e é bom se acostumarem. Ela voltou os braços no lugar, respirou fundo e pensou consigo mesma: ‘Vou fingir que nada pode me afetar. Pelo menos por hoje, vou fingir que minha vida é apenas um sonho longo, e que daqui uma semana acordarei e estarei em casa novamente. ’ Ela se virou, e olhou para Tay e sua mãe. As duas estavam combinando de preparar o café enquanto Sam preparava suas malas.

- Sam, a gente vai indo lá embaixo fazer o café, daí você tem tempo de arrumar suas coisas. Depois eu volto para te ajudar a dar um jeitinho no quarto, tudo bem? – disse Taylor.

- Claro tudo bem. Eu só preciso falar com você rapidinho antes de descer. Com VOCÊ.

Fibie entendeu o recado e disse:

- Bom, então eu estou lá na cozinha, ok – retirou-se e deixou as duas sozinhas. Ela entendia a hora certa de ‘conversa entre amigas’ e ‘conversa entra mãe e amigas’.

- O que foi Sam? Parece preocupada – comentou Tay, tentando entender o que estava acontecendo com sua amiga.

- Eu estou me sentindo estranha.

- Está passando mal? Quer que chame sua mãe? – agora ela realmente estava preocupada. Sam não costumava passar mal.

- Não, não. Eu estou bem. É que lá no fundo da minha cabeça parece que tem uma voz me dizendo que tenho que ir à casa de veraneio.

- Mas você já vai, não vai?

- Vou, mas é que eu realmente não queria. Tudo lá me lembra meu pai e o jeito como morreu. Extremamente tudo. Mas eu sinto como se ele estivesse me chamando. Como se estivesse me pedindo para ir lá. Parece ser a voz dele.

- Ora, acalme-se. Se for alguma coisa você só vai descobrir quando chegar lá.

- É. Nisso você tem razão. Mas o problema é que eu prometi para mim mesma que odiaria aquele lugar para sempre. E agora, é como se estivesse traindo minha própria língua – disse Sam, brotando lágrimas em seus olhos.

- Sam, não chore por causa dessas coisas. Se você não se sentir bem quando chegar até lá, tenho certeza que sua mãe entenderá e lhe trará de volta. Uma mãe sabe quando o filho não está bem de verdade. Portanto, relaxe e deixe as coisas acontecerem. Quer um conselho?

- Quero – exaltou Samantha, como se já estivesse quase implorando por um.

- Uma coisa que sempre me alegra, mesmo em situações ruins, é usar minhas roupas prediletas. Assim eu me sinto bem, e parece que todos os problemas diminuem quando você está de bem consigo mesma.

- Ahh, Tay. Obrigada, mas eu acho que não vai ser muito conveniente usar um vestido de festa no meio do mato.

- Sim, eu sei. Mas não se trata disso. Trata-se de se sentir confortável. Mesmo que seja um vestido de festa. E se sua mãe lhe olhar como se fosse uma louca, não se preocupe, ela já tem certeza disso – riu Taylor, e abraçou a amiga.

Samantha foi até seu guarda-roupa, abriu-o, e falou:

- Só as que eu mais gosto?

- Sim, Sam. Só as que você mais gosta.

Samantha ficou pensativa. Mexia e remexia suas roupas, e decidiu só pegar o que realmente gostava. Ela separou vestidos e suas blusas mais novas. Seus melhores shorts e apenas uma calça. Escolheu um ou dois biquínis e nem se importou muito com os sapatos. Ela gostava mesmo apenas de um. Os que pareciam patas de panda de pelúcia. Mas ao contrário do que pensavam não era uma pantufa, eram realmente sapatos que teve de economizar quase seis meses de mesada para comprar. Sua mãe havia se recusado. Ela disse que se Sam realmente os queria, teria que esforçar e não gastar nada. Quanto menos ela gastasse, em menos tempo ela teria o par de patas. Dito e feito. Ela economizou e comprou.
Colocou tudo em cima da cama e foi pegar a mala, que estava num canto ao lado do guarda-roupa, já meio empoeirada de tanto tempo descansando.

- Pronto Tay. Se quiser ir descendo pode ir amiga. Obrigada pela ajuda – agradeceu.

- Está bem, então. Já vou indo. Tem certeza de que não precisa mais de ajuda? – perguntou preocupada.

- Tenho sim. Agora é só guardar tudo na mala e pegar as coisas de banheiro. Daqui a pouco eu já desço.

- Ok, estou te esperando.

Taylor saiu do quarto e foi ajudar Fibie a fazer o café. Samantha ficou sozinha, e começou a refletir, enquanto ajeitava tudo na mala.

‘O que será que significa essa voz dentro de mim? Será a alma de meu pai tentando pedir ajuda ou algo do tipo? Não sei...não sei...Tomara que não me queira mal. Não quero decepcionar minha mãe, agora que prometi. Não tenho saída, estou contra a parede. Eu vou. Já tomei essa decisão. Só espero não me arrepender mais tarde – Sam olhou para a estante para checar se o livro da Terra dos Sonhos ainda estava lá. Estava. Ela suspirou, voltou a arrumar a mala e a refletir – Todo esse tempo, este livro esteve sumido. E agora de repente ele aparece. Isso tudo é muito estranho. E eu espero que volte ao normal antes que possa me acostumar. Não gosto de me acostumar ás coisas.  E dificilmente elas se acostumam á mim... ’

Ela fechou a mala, e foi até o banheiro arrumar a nécessaire.

- Deixe-me ver... Shampoo, condicionador, creme, pasta de dentes, escova, pente, fio dental, hidratante, filtro solar, desodorante, perfume, estojo de maquiagem... Sim, está tudo aqui.

Juntou a pequena malinha com a mala maior e desceu com tudo para tomar o desjejum. As malas até que estavam pesadas e ela precisou de uma ajudinha de Taylor para não acabar se machucando. E é claro que com muito prazer ela correu para ajudar.

- Sente-se Sam. Eu fiz torradas e uma vitamina de morango, como você não gosta de tomar café puro – disse Tay.

- Ah, obrigada, apesar de toda a comida de ontem já estou com fome de novo. E, mãe?

- Que foi? – estalou os olhos preocupada com o tom de Samantha.

- Só para desencargo de consciência, que horas a mocinha foi dormir ontem?

- Ora, o que é isso? Que filha controladora eu tenho – ironizou – Para falar a verdade, não sei que horas fui dormir. Só sei que assisti todas as temporadas de Dr. House ontem. E tomei toda a sopa. Que por sinal estava ótima.

- Ah, sério? Eu cortei dois pepinos! – Riu Tay.

- Ah, claro! Os pepinos fizeram uma grande diferença, Taylor, obrigada – ironizou novamente.

- E sua mãe Tay? Será que ela melhorou? – perguntou Sam, já que haviam tocado no assunto de ‘mães’.

- Por que, o que sua mãe tinha querida? – preocupou-se Fibie. A mãe de Taylor era por coincidência uma de suas melhor amigas desde a infância.

- Ah, há essas horas ela já deve ter conversado com meu pai, e já está melhor. Eu realmente às vezes não entendo quais são os reais problemas dela, mas enquanto eu tiver meu pai para resolvê-los, por mim está tudo bem. Sabe, ela vive tendo essas crises. Nunca me dizem o que ela tem, mas eu não sou boba. Ela deve ter algum tipo de depressão. Ou quem sabe até mesmo, ela pode ser bipolar. Mas isso não vem ao caso, agora. Acho que na hora certa me falaram o que está acontecendo. Bom, pelo menos é o que eu espero.

- Não, querida. Ela só está passando por uma fase ruim. Está tentando se adaptar ao novo emprego. Ela nunca me pareceu ter problemas desse tipo. Fique tranqüila. Você já tem idade, e se fosse algo muito grave te falariam, com certeza. Afinal ela é sua mãe, não sua vizinha da frente - disse Fibie com uma torrada na mão dizendo adeus a esse mundo, prestes a ser comida.

- É sim, Tay. Minha mãe conhece a sua muito bem. São praticamente como você e eu. E cá entre nós que ser diretora de uma escola não é tarefa fácil. Ela ainda não entrou de férias então deve estar um pouco frustrada – Sam confortou a situação, o que geralmente fazia muito bem.

- Ah gente. Vocês me fazem sentir tão bem. Eu vou sentir saudade, mesmo que só por uma semana, me liguem todos os dias ein! – lamentou Taylor, alegre e meio triste ao mesmo tempo.

De repente o silêncio tomou conta da cozinha e as três se concentraram na comida. Só na comida. O máximo que se dizia era, ‘passa a manteiga’, 'coloca mais suco’, ‘quero mais geléia’.

Dalí uns quinze minutos, Fibie olhou no relógio. Já era meio tarde, e as duas tinham que se apressar para chegar antes de anoitecer à casa de veraneio.
- Sam, vá trocar de roupa, enquanto eu lavo a louça e vou colocando as coisas no carro. Já está na hora, a viagem é longa.

- Tudo bem, mãe. Então já vou subindo.

- Espere Sam, eu vou com você ajudar a arrumar o quarto – completou Tay, e as duas subiram deixando Fibie sozinha com a louça.

Enquanto Sam trocava de roupa, Tay arrumava as camas. Depois, quando Tay estava trocando de roupa, Sam ajeitava tudo em seu devido lugar e em poucos minutos o quarto estava uma beleza. Taylor pegou sua mochila, e guardou o livro grade dentro dela. As duas desceram e ajudaram a colocar o resto da bagagem no carro.

Estava na hora da despedida.

- Vou sentir a falta de vocês – disse Taylor entre soluços.

- Também vamos sentir a de você, Tay – completou Sam abraçando a amiga e entrando no carro – Você tem certeza que não quer uma carona?

- Não, não precisa. Eu moro logo na esquina e vocês já estão atrasadas. Podem ir. Vão com Deus.

- Está bem. Mande um beijo para sua mãe! – Disse Fibie.

- Ahh Claro...- de repente uma idéia cortou pelo espaço e atingiu diretamente Taylor – Ei! Samantha!!! Esqueci de uma coisa! – Tay abriu sua mochila e entregou a Sam o livro da Terra dos Sonhos – O dono da biblioteca me deu esse livro. Não vamos precisar devolver, e alguma coisa me diz que você vai precisar dele.

- Tay! Obrigada. Pode deixar que eu irei trazê-lo intacto para você, amiga.

Elas deram um último abraço e cada uma tomou seu rumo.

A viagem realmente ia ser meio longa. Então para passar o tempo, Samantha colocou seus fones de ouvido e desligou-se do mundo. Era como se a música fizesse ficar visível nela seus botões de On e Off. Pelo caminho se passava por vales, campos de flores e florestas deslumbrantes de tirar o fôlego. Com cores magníficas meio impossíveis de se imaginar. Sam não gostava muito de olhar para fora, pois lhe dava tontura. Então só tinha duas escolhas: ou dormia, ou ficava quietinha olhando para frente, sem desligar o mp3 para não escutar as músicas meio estranhas de sua mãe. Lá fora o dia ia se estendendo, à medida que Samantha ia percebendo que sua mãe era uma bela de uma mentirosa. Não demoraria mais três horas e meia para chegarem ao seu destino. Sua mãe a havia apressado, e ela sabia por que. Ela estava com medo de sua pequena rebelde mudar de idéia, e por isso, queria sair de casa o mais rápido possível. Assim, quando já estivesse longe de mais para voltar, Sam iria de sentir culpada, e guardaria a vontade de voltar para ela. Uma boa estratégia que sempre funcionava. Fibie sabia que sua filha acordava meio fora da realidade e demorava para assimilar as coisas. Então se saísse bem cedo, ela nem iria desconfiar, pois nem saberia muito bem o que estava acontecendo. Danadinha, não? De repente, Samantha viu uma coisa estranha voar. Parecia que estava voando junto com o carro, acompanhando-o. Ou quem sabe tentando segui-las. Ela tentava prestar atenção no que era, mas olhar para fora estava a deixando com tontura. Ela só conseguia perceber que era alguma coisa cor-de-rosa muito intensa, e que, logicamente, voava. Quando já estava quase desistindo, o sinal ficou vermelho. Elas já haviam chegado à parte urbana e passado todos os campos de flores. Foi quando ela fixou o olhar naquela criatura pequena e rosinha pousada no retrovisor do carro. Era um passarinho! Um passarinho cor-de-rosa! Mas que coisa mais bizarra, pensou consigo mesma. Nunca havia visto um passarinho cor-de-rosa. Rapidamente, ela chamou a atenção de sua mãe para o tal pássaro. Tirou os fones, abaixou a música alta e disse exaltada:

- Olhe mãe! No meu retrovisor! Um passarinho! Um passarinho cor-de-rosa, mãe!

Fibie virou-se atordoada com a exclamação da filha, e olhou diretamente para o retrovisor. Pela alegria de Samantha, ela também via o tal pássaro. Porém a seus olhos enxergava apenas um lindo azul anil.

- Ora filha. Não vejo cor-de-rosa. Vejo azul anil – disse preocupada.

- A, mas eu tenho certeza do que estou vendo e é cor-de-rosa!

- Sabe o que vou fazer? Vou marcar oftalmologista para você quando voltarmos para casa. Urgente!

- O quê? Mas você também está vendo uma coisa que eu não estou! Deve marcar para você!

- Tudo bem, mas concorda comigo que ver um pássaro azul é bem mais normal que ver um cor-de-rosa, não?

Samantha ficou quieta. Indignada. Sua mãe estava a chamando de doida na cara dura! Ela aumentou o som, voltou a colocar os fones de ouvido, e virou para frente como se nada tivesse acontecido. O sinal abriu e o pássaro voltou a voar ao lado do carro.
Agora já estavam bem perto da casa. Fibie havia acabado de entrar na estreita rua de terra, onde uma vez o carro entalou.
Samantha já podia avistar a casa de veraneio que há tanto tempo não via.
O zelador já estava as esperando, e veio correndo dar um abraço pendente.

- Alfred! – gritou Samantha, saindo do carro – que saudade de você – disse abraçando-o.

- Também estava com saudade de você, pequena Samantha! Soube que não queria vir este ano... Fiquei triste.

- Ora, Alfred. Mas agora estou aqui, não vê? – riu Samantha.

- Alfred! – disse Fibie, dando um velho abraço – quanto tempo meu caro!

- Ora, Ma Cherie, o tempo é uma coisa óbvia, mas pode ser enganado com um abraço! Além disso, Adivinhe o que plantei para você Samantha?

- O que? – perguntou curiosa.

- Plantei rosas brancas o ano todo, e quando soube que viria coloquei um ingrediente especial, segredo meu, que as deixou azul! Como você gostava de fazer quando pequena. Tentei descobrir sua receita, mas acabei criando uma nova. E ficou muito boa! Coloquei umas num canteiro em seu quarto, assim acho que se sentirá melhor, não?

- Ah, Alfred! Você é um anjo! Obrigada, mesmo. Fazia muito tempo que não via uma rosa azul.

- Imagine minha cara. Agora se não se importam, posso descarregar a bagagem?

- Claro Alfred, deixe-me te ajudar – voluntariou-se Fibie.

- Mãe, será que posso ir dar uma olhada nas rosas? – perguntou com cara de gatinho abandonado.

- Pode, sim. Mas volte antes de escurecer, tudo bem?

- Sem problemas.

Ela concordou com a condição e foi dar uma volta, ainda com o livro pesado em suas mãos, desde que Taylor havia lhe entregue. Ela estava andando devagar, para dar uma bela olhada na casa. Era uma linda morada. A piscina ficava nos fundos e o grande jardim ficava entorno dela toda. Havia quatro quartos bem grandes. Uma sala enorme com um candelabro rústico e uma pintura que a fazia parecer mágica. Sam ainda odiava aquele lugar. Seu pai morrera ali. Encontraram o corpo na floresta. Ele havia se matado. Tinha problemas psicológicos, porém Sam nunca os aceitou. Ela culpou o lugar e achou que algum bicho o havia matado. É. Era um bicho. Um bicho chamado arma com silenciador. Ela deu mais uns passos a frente e novamente para sua não muita surpresa, avistou o passarinho cor-de-rosa, que estava voando por entre as árvores. Ele parecia a estar chamando. Mas ela ainda tinha receio de entrar muito na floresta e acabar se perdendo. Então, ignorou o pássaro e continuou andando para ver as rosas azuis. Avistou uma, duas, e a cada passo que dava se deslumbrava ainda mais. Era um jardim inteiro só de rosas daquele tipo. Ela andava e até se perdia olhando e cheirando-as, que tinham um cheiro peculiar de mel com chocolate. Ficou ali por horas se maravilhando, até que decidiu sentar-se bem no meio e reler a história do livro. Ela lia e relia em voz alta para o nada. Pelo menos era o que achava.
De repente, o passarinho estranho pousou em cima do livro, e fez um sinal com a cabeça, como se quisesse que Samantha o seguisse.  Ela vez que não e demonstrou medo. Estava se comunicando com um passarinho. E o pior, de uma cor que ninguém via! O pássaro então ficou estressado e deu uns pulinhos pedindo novamente que o seguisse. E ela novamente fez que não. Então ele foi embora e um vento muito forte começou a soprar. Parecia que ia formar um furacão, mas ainda era apenas um vento. Samantha ficou assustada e levantou-se. Agarrou firme no livro, mas o vento se tornara tão forte, de tal maneira que ela acabara ficando presa, sem poder dar nenhum passo. O vento, então começou a levantá-la no ar e flutuá-la como se fosse uma pena de pompa. Ela ficou assustada e começou a gritar. Uma mão de ar cobriu sua boca para que o som de seus gritos não se espalhasse. Ela foi arrastada pela ventania a alguns bons metros da casa. Durante o vôo, ela olhou para o lado e percebeu que o pássaro estava junto dela. Samantha estava desesperada e não largava o livro. Quando chegou a certa distância, o vento a pôs no chão novamente, e a empurrou para dentro de uma moita. Ela caiu de joelhos e largou o livro a sua frente. Parou e respirou um pouco antes de se levantar. Estava tão confusa que não conseguia pensar em mais nada a não ser voltar para o lado de sua mãe e Alfred. Ela havia ralado os joelhos ao cair e estavam ardendo. Novamente, pegou o grande livro, companheiro fiel durante o eletrizante passeio. Para ajudar a se levantar ela se apoiou em um galho de uma árvore a qual despercebidamente estava a sua frente. Quando tomou impulso, o galho da árvore abaixou como se fosse uma alavanca. Seus olhos lacrimejavam. O chão começou a tremer e uma luz forte começou a brilhar. Tapou os olhos com o cotovelo para se proteger. Quando abriu os olhos novamente, avistou uma luz já mais fraca e percebeu que aquela velha e feia árvore havia se transformando em ouro maciço! Ela ficou com medo do que poderia acontecer a partir daquele momento. Notou que aquela luz vinda de todo aquele ouro poderia ser atravessada. Para ter certeza disso, cuidadosamente ela passou o dedo. Estalou os olhos. Era um portal. Um portal mágico!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, um voz de dentro de Samantha lhe fala para atrevessar o portal. Será que ela atravessará? E se atravessar, o que existirá do outro lado?



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