Duelo de Emoções escrita por Flor de Cerejeira


Capítulo 5
O encontro


Notas iniciais do capítulo

Pela demora, resolvi postar logo os dois capítulos ^^
Beijos



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— Então, é isso! — concluiu Naoto, o executivo que servia de espião dentro da companhia. Olhava agora para Sesshoumaru, por sobre o copo de vinho que saboreava em sua companhia e tinha a expressão firme e tranquila.

Sesshoumaru assentiu, tomando um gole de seu conhaque.

— Então, Horisawa não só é um péssimo administrador como também um ladrão — observou, pensativo.

— E, possivelmente, um péssimo jogador também — Naoto acrescentou, tomando mais um gole de sua bebida.

— Ah, mas não vou me esquecer disso — Sesshoumaru avaliou, sorrindo de leve. — Na verdade, vou saber de toda a verdade sobre as perdas dele no jogo antes mesmo de entrar em seu escritório amanhã de manhã.

— Não duvido — Naoto terminou sua bebida e sentiu um ligeiro arrepio na espinha ao ver o sorriso de seu patrão. Era esse o efeito que aquele sorriso tinha na maioria das pessoas.

Mas o sorriso se foi, dando lugar a uma risada.

— Fez muito bem o seu serviço, Naoto. Obrigado.

Levemente mais aliviado, respondeu:

— Por nada. Posso voltar para casa, então? Quero dizer... antes que minha esposa e filhos se esqueçam de minha apa rência...

Sesshoumaru riu ainda mais. Sua risada era sonora, agradável, e, de acordo com muitas mulheres, sensual como a do próprio demônio...

— Sim, pode voltar para casa. E não se preocupe porque sua esposa e as crianças vão se lembrar muito bem de você sempre, ainda mais quando lhes der os presentes que vai poder comprar com o abono que mandei adicionar a seu salário.

— Obrigado, Sesshoumaru — mesmo contente, Naoto não parecia surpreso com a novidade, e isso era compreensível. Já traba lhava para Sesshoumaru Akashi havia um bom tempo e conhecia a generosidade de seu patrão, quando este ficava satisfeito com um trabalho bem realizado. Também conhecia muito bem as profundezas da raiva dele, quando se sentia decepcionado ou insatisfeito.

— Se não fizer objeções, eu gostaria de voltar a meu serviço habitual assim que me dispensar daqui.

— Bem, eu tinha reservado um quarto para você no hotel, mas não tenho objeções, se quiser partir logo. Sei que já passou muito tempo desde aquela breve visita que fez à sua casa...

— Exatamente. Fiquei muito tempo longe, você sabe. Estou sentindo uma necessidade urgente de minha família.

Sesshoumaru o saudou com um erguer de copo.

— Ótimo. Então, terminamos tudo por aqui — disse. — Agradeço tudo o que fez. Volte para sua esposa e seus filhos, e vá depressa.

— Você é quem manda... — Naoto tomou o último gole e levantou-se. — Mais uma vez, obrigado, patrão.

— Ah, a propósito — Sesshoumaru acrescentou, quando o outro já se voltava para sair dali. — Mande minhas lembranças a sua adorável esposa.

— Com certeza. Boa-noite, Sesshoumaru.

Olhando o funcionário sair, por entre as mesas do restau rante, Sesshoumaru avaliou que sua noite ainda mal começara. Deixou o copo vazio sobre a mesa e fez um sinal para chamar o garçom. Pouco depois, já tendo assinado a conta, deixou o restaurante e seguiu para seu quarto. Precisava dar um telefonema para um homem em um cassino, um homem que lhe devia bem mais do que um simples favor...

O sorriso de predador voltou aos seus lábios, quando reco nheceu que estava prestes a falar com um lobo do jogo de azar.

— Horisawa? — uma risada grossa soou ao ouvido de Sesshoumaru, pelo telefone. — Imagino que todos aqui já tenham ouvido falar nele.

— Ah, então, ele já criou sua própria reputação, pelo que vejo — Sesshoumaru deliciava-se com a sensação de satisfação que o invadia.

— Completamente. O sujeito é um tolo, não sabe quando deve parar de jogar — mais uma vez, a risada ecoou através da linha. — Sabe, do jeito como ele joga, não deveria nem começar. Mas não lhe diga nunca que eu lhe contei isso porque vou negar até a morte.

— Eu nem pensaria nisso. E quanto seu... amigo já perdeu aí?

— Mais de um milhão neste cassino e meio milhão, mais ou menos, em outros da região. — O homem parou por ins tantes de falar, tornando a rir, depois completou: — E também uns setecentos e cinquenta mil em dois cassinos.

— Em torno de dois milhões, então.

— Acho até que pode ser mais... Uns três milhões, talvez. Quer que eu verifique a quantia exata para você?

— Não, não é necessário. Já sei o suficiente para meus pro pósitos. Sesshoumaru desligou o aparelho pouco depois e riu dos pensa mentos que lhe invadiam a mente. Ao que parecia, estava na hora de afiar a faca de castrar...

— Sesshoumaru! Vamos, entre! Venha e conheça minha filha! Rin sentiu a espinha ser percorrida por uma sensação gelada, quando seu pai trouxe o homem para dentro do escri tório, sorrindo. Não gostava da satisfação que ele tentava de monstrar para com o recém-chegado, muito menos de ter sa bido, ao chegar no escritório, que Norman não tivera coragem de confessar tudo à esposa.

Junto à janela, ainda olhando para fora, Rin cerrou os olhos por segundos, tentando deixar no rosto uma expressão vaga, distante. Só então se voltou para encarar o homem que era uma lenda no mundo dos negócios de seu país.

— Rin, venha, quero apresentar-lhe Sesshoumaru Akashi — o sorriso de Norman era largo, mas seus olhos tinham um pedido explícito de socorro. — Sesshoumaru, esta é minha filha, Rin.

— Como vai, Sesshoumaru Akashi — disse ela, parecendo um papagaio, repetindo tolamente as palavras ditas instantes antes. Notava a expressão reservada daquele homem e sabia que não conseguiria depreender nada dele.

Então, estava diante de uma lenda viva, observou para si mesma. Mas... O que era, de fato, uma lenda viva? Como de veria ser a aparência de alguém assim? Exatamente como Sesshoumaru Akashi, respondeu a si própria. Alto, bem apessoado, ele gante, quase que um atleta profissional, com cabelos muito longos e olhos muito eatraentes e pele bem branca. O efeito geral que ele provocava era de poder, força, autoconfiança e sensualidade.

Consciente de que se sentia atraída e irritada com isso, Rin estendeu a mão, séria.

— Como vai... Senhora ou senhorita? — indagou ele.

— Srta. Horisawa — ela informou, experimentando um incô modo estremecimento, quando a mão dele envolveu a sua. — Mas pode me chamar apenas de Rin.

— Ah, também pode me chamar de Sesshoumaru.

Ela respirou fundo, aliviada, quando Sesshoumaru sol tou-lhe a mão.

— É um prazer conhecê-lo — mentiu. — Já ouvi muito a seu respeito. — Isso, pelo menos, não era mentira, e nem se importaria em acrescentar que não gostara da maior parte do que ouvira falar sobre ele.

— Mesmo? — as sobrancelhas dele ergueram-se, mostrando incredulidade e continuou: — Eu nunca ouvi nada a seu res peito... — e, voltando-se para Norman, acrescentou: — Acho que nunca mencionou que tinha uma filha...

— Não mencionei? — o sorriso de Norman não ocultou que estava visivelmente nervoso.

— Não — Sesshoumaru voltou a encarar Rin. — Em que departamento da companhia está trabalhando?

O brilho inteligente nos olhos dele deixou-a inquieta. Sentia que precisava lutar por manter o autocontrole e não gostava disso. Sua vontade era dar uma resposta direta e grosseira àque le sujeito e também parar de tremer como uma idiota.

— Não estou empregada na firma, sr. Akashi — rebateu, sem ocultar a impaciência.

— Não? Então, por que...

Rin interrompeu-o, sabendo o que iria perguntar:

— Estou aqui atendendo a um pedido de meu pai. Apenas como observadora, é claro. Suponho que entenda.

— Não, não entendo — ele lhe sorriu, mas esse sorriso não foi nada agradável. — Mas, não faz mal. Não faço objeções à sua presença.

Pouco importa, avaliou Rin, detestando-o. Ficaria, que rendo ele ou não, gostando ele ou não! Poderia dar-lhe uma resposta rude, mas preferiu fingir e sorriu abertamente.

— Por que não nos sentamos aqui, onde é mais confortável? — Norman sugeriu então, sentindo, talvez, a tensão que crescia no ar, e fez um gesto largo em direção às poltronas que ficavam em um dos cantos do imenso escritório, em torno de uma mesa de centro de mármore, próxima à janela. Tudo ali demonstrava luxo e grandiosidade. Norman gostava de cercar-se de sinais de sucesso. — Como ainda é cedo, mandei trazer alguns pãezi nhos doces para acompanhar nosso café — acrescentou.

Sem demonstrar o que sentia ou pensava, Sesshoumaru afastou-se, para que Rin passasse. E, determinada a per manecer calma, independentemente do que fosse acontecer ali, ela sorriu para o pai e seguiu até o divã, deixando as poltronas para os homens.

Norman acomodou-se em uma delas, mas Sesshoumaru, não. Para surpresa e desconforto de Rin, ele foi sentar-se no divã, junto dela. E, pior ainda, ele o fez com gestos breves e elegantes, apesar de sua grande estatura e de sua corpulência.

— Isto tudo está muito confortável, agradável e civilizado, mas... — Sesshoumaru começara a falar, quando foi interrompido por batidas suaves na porta.

— Ah, nosso café! — Norman suspirou, levantando-se e olhando ao redor, como se os preparativos houvessem sido feitos de última hora para alguém extremamente importante.

Irritada pela representação de seu pai, que tinha como único intuito adiar o inevitável, mesmo tendo ela aconselhado que ganhasse tempo, e ainda mais tensa pela proximidade de Sesshoumaru, Rin apenas observou, frustrada, quando um carrinho de metal foi trazido para dentro do escritório por um funcionário da cantina.

— Como prefere seu café, Sesshoumaru? — Norman perguntou, educadamente, depois de agradecer e dispensar gentilmente o rapaz que trouxera a mesinha.

— Preto e amargo — foi a resposta direta.

"Como seu temperamento", Rin avaliou, olhando para o perfil de Sesshoumaru.

— Para mim, creme e açúcar, papai — murmurou.

Norman sorriu-lhe.

— Eu sei, querida — ele respondeu. — E também prefere um croissant simples aos pãezinhos doces, acertei?

— Acertou — ela lhe retribuía o sorriso, embora não fosse fácil. Estava já farta daquela situação absurda e a reunião nem ao menos começara... — Mas hoje não vou comer nada, obrigada.

— Dieta? — Sesshoumaru arriscou perguntar, olhando-a com in teresse, embora, para Rin, aquele olhar fosse muito mais uma afronta.

Esforçando-se por manter a calma e o sorriso, ela apenas disse:

— Não.

— Ótimo.

A observação dele a confundiu.

— Ótimo? Por quê?

Sesshoumaru sorriu, e ela detestou sua reação, ainda mais porque detestava as sensações que aquele sorriso lhe provocava.

— Por quê? Bem, porque estou pensando em convidá-la para jantar comigo esta noite — ele explicou, um tanto fria mente. — E não gosto de me sentar diante de uma mulher que fica escolhendo o que comer de uma salada, enquanto saboreio uma refeição suculenta e farta.

Sesshoumaru devia ser louco, Rin concluiu. Jantar com ele? Não queria nem ao menos ficar naquele escritório em sua companhia! Ela o observou por alguns segundos, per cebendo o quanto ele era arrogante.

O silêncio que caiu entre ambos pareceu incomodar Norman, que se aproximou, oferecendo:

— Aceita um pãozinho doce com seu café, Sesshoumaru?

— Não, obrigado — ele já estava sério. — Acho que é melhor falarmos de negócios agora.

— Sim, sim, claro... Mas vamos saborear nosso café, en quanto ele ainda está quente — Norman observou, sem graça.

— E eu vou experimentar um destes pãezinhos. Estão tão apetitosos!

Rin engoliu o primeiro gole de café com dificuldade. Seu pai estava sendo amável demais com aquele sujeito. E o pior era que nem ela nem Sesshoumaru pareciam estar gostando da situação.

Ele parecia não saber ao certo se ria ou se praguejava diante do sorriso forçado de Norman. Mas, seguindo o exemplo de Fernanda, apenas tomou seu café no mais absoluto silêncio.

Instantes depois, com o silêncio ainda sendo incômodo a todos, Norman terminou seu pãozinho, e Sesshoumaru foi direto ao assunto que o levara até ali:

— Você está atrasado nos últimos três pagamentos de aço, Norman.

— É, eu sei, eu sei...

A xícara que ele deixou sobre a mesa de mármore bateu com mais força do que deveria na superfície polida e provocou um som agudo.

— ...E pretendo regularizar tudo em breve. — Norman mo lhou os lábios antes de prosseguir: — Se me der um pouco mais de tempo, poderei...

— Seu tempo se esgotou — Sesshoumaru interferiu. Sua voz era firme e dura. — E minha paciência também!

— Espere um minuto! — Rin se intrometeu.

— Não, já esperei demais! — Rin insistiu, deixando que seu olhar frio e direto seguisse de Norman, para ela. — Está ciente de que seu pai vem, sistematicamente, roubando esta companhia? É claro que sabe! É por isso que está aqui, não?

Rin queria poder correr em defesa de seu pai, negar tudo, mas não podia. Sentia-se presa em uma armadilha mon tada por seu próprio pai e na qual também ele se enredara.

— É verdade — admitiu. — Eu sabia, mas...

— Isto tudo foi uma armação, certo? — Sesshoumaru praticamente afirmou, irritado, indicando o carrinho com os pães e o café. — Uma encenação montada para ganhar tempo, para atrasar o que eu pretendia dizer. Não foi?

— Mas isso é tudo de que precisamos... — Norman disse em um tom de súplica que fez Rin retesar-se. — Só um pouco de tempo... Alguns dias, uma semana, no máximo.

— Para quê? — Sesshoumaru estava céptico. — O que poderá fazer em alguns dias ou em uma semana? — aparentemente, as per guntas eram retóricas, porque ele continuou, firme: — Não sou tolo, Horisawa! Sei muito bem tudo que se passa ao meu redor e principalmente aquilo que me interessa. Sei que, financeira mente, você está contra a parede. Não tem mais crédito, não tem mais recursos!

— Você está enganado, sr. Akashi! — Rin tornou a interferir, sentindo uma satisfação enorme em poder contradizê-lo. — Meu pai não está totalmente sem recursos.

Sesshoumaru a encarou.

— E quais são os recursos dele? Você?

Ela se ofendeu com o tom de pouco caso que ele usava, mas via-se forçada a admitir que sua descrença era válida.

— Não, eu, não — viu-se forçada a dizer, embora quisesse ter condições financeiras para poder colocar aquele homem em seu devido lugar. — Mas minha mãe está em condições de reembolsar a companhia e sei que ela o fará. Na verdade, posso garantir-lhe que ela o fará.

— Sei. Em outras palavras, ela ainda não sabe que o marido vem roubando a firma — um sorriso cínico torceu os lábios de Sesshoumaru. — Só me pergunto se as tais condições de que sua mãe dispõe serão suficientes para cobrir as dívidas de jogo de seu pai.

Tal observação foi seguida de alguns segundos de absoluto silêncio. Não havia necessidade de uma resposta verbal. O bre ve olhar que Rin e seu pai trocaram revelou tudo que Sesshoumaru precisava saber. E ele apenas ergueu as sobrancelhas, observando:

— Então, ela "não" sabe das dívidas de jogo.

— Isso não é de sua conta — Rin respondeu.

— Você... Você sabe sobre as dívidas? — Norman indagou, quase sem voz.

— Sim, sei — Sesshoumaru encarou Rin com frieza. — E discordo, srta. Horisawa. As perdas em jogo de seu pai são de minha conta, sim — ele sorriu, mas com cinismo. — A meu ver, um pouco do dinheiro que ele jogou fora deveria ter vindo para minha firma.

— Eu lhe garanto que vai receber tudo que lhe é devido — Norman prometeu. — Só preciso de um pouco mais de tempo, como já lhe disse.

— Escute... Correndo o risco de ser repetitivo... Seu tempo já se esgotou, Norman. Preciso, agora, tomar uma atitude para solucionar esta situação.

Norman engoliu a seco, demonstrando claramente seu medo de Sesshoumaru e do que ele, porventura, pudesse fazer.

— O que pretende fazer? — perguntou, quase sem voz.

— Acho que sabe. Não teria produzido este pequeno e ri dículo espetáculo para me atrasar, se não soubesse.

— Está sendo hostil, sr. Akasi! Está, por acaso, amea çando meu pai de tentar tomar esta companhia? — Rin indagou, deixando de lado a farsa.

— Escute, não sou uma pessoa hostil — Sesshoumaru sorriu, para mostrar o que dizia, mas o efeito que conseguiu foi, exatamen te, o contrário.

— Amigável ou hostil, que diferença faz? — Norman inter feriu. — Os resultados serão os mesmos...

— Não, não serão — Sesshoumaru avaliou. — Se eu assumir esta companhia, não será para destruí-la, podem ter certeza.

Norman encarou-o, parecia incrédulo:

— Mas... E eu? Eu não estaria mais gerenciando esta firma...

— Exatamente.

— Esta companhia está sob controle de nossa família há diversas gerações, desde que foi fundada, há mais de cem anos! — Rin protestou.

— Então, acredito que "esta" geração de sua família deveria ter cuidado bem melhor dela, não acha?

Ela se calou, reconhecendo a verdade no argumento de Sesshoumaru. Sua família deveria, sim, ter cuidado melhor da firma. Sua mãe jamais devia ter dado a administração dos negócios a seu pai, em primeiro lugar. Até mesmo ela própria, Rin, poderia ter tido mais cuidado, ter observado mais de perto o que estava acontecendo.

— A esta altura do jogo, não acham que uma autoflagelação será algo inútil? — Sesshoumaru continuou argumentando.

— O que disse? — Rin estivera imersa em seus pen samentos e as palavras dele ainda não faziam sentido em sua mente. Olhou para ele com frieza, parecendo começar a com preender o que ele oferecia. Não queria nada dele, muito menos sua compreensão.

— Ora, esqueça — disse ele, por fim. — Podemos falar sobre isso esta noite, durante o jantar.

Jantar? Nem em sonhos, ela ponderava, revoltada. E estava prestes a soltar uma gargalhada diante do rosto dele quando a razão a aconselhou a ser mais prudente. Se concordasse em jantar com ele, em uma conversa quase particular, fora do am biente de trabalho, talvez pudesse convencê-lo a dar a seu pai o tempo de que ele tanto necessitava para, pelo menos, fazer os pagamentos que estavam atrasados para com a firma de Sesshoumaru.

— Sinto, mas tenho um compromisso para esta noite — murmurou, curiosa para saber se ele ofereceria um convite alternativo.

E ele assim o fez.

— Amanhã à noite, então?

Rin percebia muito bem a atitude de seu pai. Uma expressão carrancuda enrugava-lhe o rosto, enquanto passava os olhos de Rin para Sesshoumaru e vice-versa. Se acreditava que ela decidira dar-se ao sacrifício para salvar sua pele, Rin avaliava, estava redondamente enganado.

Por outro lado, talvez ela houvesse, sim, assumido o papel no altar dos sacrifícios, ponderou. Não queria fazer parecer que estivesse oferecendo sua companhia a Sesshoumaru, mas acabou concordando antes que uma avaliação melhor a fizesse mudar de ideia:

— Certo. Amanhã à noite, então.

— Ótimo. Sete horas está bem para você?

— Rin, filhinha, você não precisa fazer isso — Norman interrompeu. — Sua mãe e eu podemos dar um jeito em tudo sem que você...

— Mas ela não precisa fazer nada! — Sesshoumaru irritou-se, sen tiu-se acusado.

— Eu sei muito bem disso — Rin comentou, tentando mostrar que não se preocupava.

Norman, porém, não se conteve mais e levantou-se, parando diante da filha.

— Tem certeza de que vai fazer isso? — perguntou.

Ela já não sabia se queria rir ou chorar ali, diante dos dois. Era engraçado e ao mesmo tempo triste que seu pai estivesse querendo assumir o papel de pai protetor àquela altura de sua vida e depois de tudo que fizera, da confusão que causara com sua irresponsabilidade.

Mas, sentindo-se até um tanto culpada por pensar assim, Rin apenas sorriu para ele, avaliando tudo de bom que ele fora em sua vida, e sabendo que, mesmo nesse momento, imerso em seu dilema atual, ainda se preocupava com ela.

— É apenas um jantar, papai.

— Em um restaurante público — Sesshoumaru acrescentou, por via das dúvidas.

Norman encarou-o e viu-o sorrir. Rin chegou a sentir que seu pai tremia diante daquele homem. A situação estava ficando ridícula, avaliou, decidida a tomar o controle de tudo.

— Sim, papai, será um jantar em um restaurante público, sou uma mulher adulta, perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma. Prometo que, se o sr. Sesshoumaru se exceder, vou gritar pelas autoridades.

Sesshoumaru agora riu abertamente. Rin encarou-o irritada. Por que a risada dele tinha de ser tão atraente, tão masculina? Devia estar perdendo o controle de si mesma devido à tensão das últimas horas...

E, impaciente consigo mesma, com seu pai, e, acima de tudo, com o homem ao seu lado, ela se levantou e deu alguns pas sos pelo escritório, voltando-se então para encarar os dois.

— Será que podemos, agora, continuar com o propósito des ta reunião? — propôs. — Tenho um compromisso na cidade ao meio-dia e meia — era uma mentira sem tamanho, mas alguém tinha de fazer as coisas andarem naquele escritório!

— Oh, você não mencionou esse compromisso antes, que rida — Norman murmurou, parecendo surpreso.

— Porque achei que não era necessário.

— Também não é necessário que a seguremos aqui — Sesshoumaru interferiu. — Na verdade, nem é necessário que continuemos a reunião.

Norman sorriu, de puro alívio.

— Então, quer dizer que...

— Quero dizer que vou lhe dar o tempo que pediu. Mas entenda uma coisa, Horisawa: não mudei de ideia em relação a nada! Pretendo, sim, afastá-lo da administração da companhia e tomar o controle total dela.

Norman empalideceu, Rin piscou, tensa, e Sesshoumaru com pletou, com voz mais suave:

— Onde eu a encontrarei amanhã à noite?


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Notas finais do capítulo

N/A: Eita, mas que encontro foi esse heim, ou que encontro/jantar será esse, quais serão as entensões desse pertidão em relação à Rin?
Até o próximo capítulo!
Agradeço, carinhosamente a todos que estão acompanhando, e que deixam reviews, isso me ajuda a ter mais vontade de escrever!
Um grande beijo e até breve!



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