Máfia de Sangue escrita por LadySpohr


Capítulo 2
Corrida


Notas iniciais do capítulo

Agora que Stephanie conheceu Bartram, as coisas vão se descontrolar.



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Eu queria me virar e poder quebrar a cara do filha-da-puta, mas eu teria que esperar. Se ele pretendia me violentar teria mesmo que me matar antes.

Consenti com um balançar de cabeça.

Ele não me soltou, apenas pressionou ainda mais meu corpo contra o carro molhado. Ainda bem que meu casaco estava fechado.

- Eu vou deixar seus lábios livres, e espero que não grite – a voz masculina me avisou, seu jeito de falar deixando os cabelinhos da minha nuca arrepiados.

Quando ele retirou a mão eu respirei alto e profundamente, então coloquei as cordas vocais em ação. Pro meu azar meu primeiro grito saiu rouco e desafinado, e não tive oportunidade de fazer um segundo, porque fui virada de frente, a mão do cara não só na minha boca agora, mas também no meu nariz, apertando meu rosto.

Enfim eu pude encarar meu atacante. Eu quis me bater – mesmo que não pudesse no momento. Ele era mais branco que leite e exatamente do meu tamanho. Sem as botas. Eu estava dez centímetros mais alta. Como ele conseguira me dominar, porra?

Mesmo com a fraca luz do poste a alguns metros eu conseguia ver todas as formas de seu rosto. Seus olhos eram grandes e cinzentos, como as nuvens de um dia nublado, seus lábios eram cheios e bem desenhados. O que me deixou mais chocada foram as linhas gerais de seu rosto. Eram linhas arredondadas, com uma covinha perto do lado esquerdo da boca. Parecia ter no máximo uns dezessete anos. Não era o que eu estava esperando. E certamente a mudança de sua mão para meu pescoço, não foi o que eu esperava também.

- Eu disse pra não gritar – declarou, parecendo entediado – Eu não vou machucá-la enquanto for obediente. Qual seu nome? - seus olhos cinza não estavam mais nos meus, percorriam da ponta dos meus pés até meus cabelos.

Tentei grunhir uma resposta. Mas estava impossível articular alguma letra com aqueles dedos pressionando minha garganta como garras de aço. Ergui uma das sobrancelhas quando ele voltou a me olhar nos olhos. Nem sei o que ele estava esperando ver com todo meu casaco me cobrindo.

- Vou te soltar, mas vou te avisar, se você correr, em um segundo eu a alcançarei e quebrarei seu pescoço antes que possa pedir socorro – preveniu ele novamente, afrouxando o aperto. Ficou mais um tempo com a mão, me testando e enfim soltou-a. Eu não corri, e tampouco tentei gritar de novo. Havia alguma coisa nele que me deixou paralisada e alerta. Era bom eu acatar as ordens.

- Meu nome é Stephanie – disse, sem tremor na voz ou em qualquer outro lugar do corpo.

- Eu sou Bartram Simonsen. E preciso que me leve até sua casa. Rápido.

- COMO??? - resposta errada, eu sabia no momento em que seus olhos ficaram febris, e num borrão eu estava de volta à minha posição de frente pro carro. Só que agora estava pior porque minha cabeça estava pressionada contra a borda do capô.

Bartram não falou nada, eu só sentia sua mão livre remexendo em mim, primeiro na bolsa, depois perigosamente abaixo dos meus seios pouco protegidos – eu estava sem sutiã, merda – e finalmente para os bolsos do meu casaco. Ouvi um tilintar.

- Você não guarda suas coisas muito bem.

- Não esperava ser sequestrada – resmunguei em resposta. Foda-se a precaução, ele estava me obrigando a dar abrigo pra quem eu mal conhecia, talvez ele fosse um psicopata. Estuprador não era, caso contrário ou eu já estaria sendo violentada ou ele estaria com um furo no peito feito pela ponta do meu guarda-chuva.

- Onde estava indo?

- Trabalhar.

- Bom, não irá. Não hoje – ele me girou, desta vez com as duas mãos nos meus ombros – Olhe, eu estou fugindo de algumas pessoas muito, muito perigosas e sanguinárias. Há duas ali na esquina, e estão se aproximando, e não têm certeza se sou eu, porque apenas conhecem o meu nome, embora devam ter visto alguma foto minha... - Porra! Tentei olhar, mas a mão dele virou meu rosto de frente pro dele mais rápido que um raio - … não olhe! - sussurrou raivosamente – Eles são grandes, e a primeira a morrer vai ser você, portanto, não reaja.

- Mas o quê...?

Ele me empurrou contra o carro, enfiou as mãos por dentro do meu casaco, envolvendo minha cintura num aperto de partir os ossos, e me beijou. Com o choque, nem pensei em empurrá-lo. Pra ser sincera, eu não beijava um cara havia muito tempo, então nem pensei em objetar. Sua língua se enfiou em minha boca, e mesmo que minha consciência gritasse que eu estava beijando o indivíduo que a minutos atrás me ameaçara de morte, eu não liguei. Envolvi meus braços em seu pescoço e enrolei minha língua na dele.

- Entre no carro – ele sussurrou contra minha boca.

- Hum? - eu estava tão perdida em beijá-lo que me esqueci dos supostos caras.

Verifiquei com um olhar de canto. Puta que o pariu! Os homens eram mesmo enormes, e não pareciam nem um pouco amigáveis. Estavam apenas olhando, mas de repente um deles fez uma expressão de entendimento e sorriu. Não foi muito bom de ver aquilo.

- Entra no carro! - agora era um ordem explicíta que ficaria feliz em obedecer.

Os dois homens se moveram tão rápido que somente vi borrões em movimento.

Mas Bartram também era veloz... epa. Peraí, que tipo de pessoa normal consegue correr tão rápido que vira apenas uma sombra???

Fui colocada no banco do passageiro e gritei quando um dos homens conseguiu agarrar Bartram antes que ele entrasse comigo. Inferno!

Fiquei tentada a fugir, mas lembrei do aviso de Bartram. Eu iria morrer.

- Você não vai escapar do julgamento Simonsen! - o cara maior de barba cerrada o tinha no chão, completamente imobilizado.

- Olá, beleza! - pulei no banco e sufoquei um grito trincando o queixo. Não era hora de um ataque histérico. Eu teria que salvar o estúpido Simonsen – mesmo ele beijando tão bem – se quisesse ficar viva.

- Oi! - cumprimentei de volta, colocando meu sorriso de trabalho no rosto.

- O que acha de dar uma voltinha? - seus olhos eram castanhos, e ele era bonito, com a mesma pele feito leite de Bartram,e um sorriso enorme.

  • Não posso sair daqui sem meu amigo – comentei, em tom de lamento – Vocês vão acabar depressa?  
  • - Na verdade, amorzinho, ele não poderá lhe fazer companhia hoje, tem negócios a resolver. Mas eu estou livre, posso te tirar daqui?
  • - Meu amigo está com a chave – meu sorriso estava colado na cara. Eu ouvia sons horríveis vindos da direção onde meu captor estava junto de seu próprio captor.
  • Ah, sim – ele se afastou um pouco da janela do carro – Ei, Marco, a chave do carro está com ele!

Nesse momento de distração eu aproveitei. Eu sabia que usaria meu guarda-chuva. Apenas estiquei o braço e o apanhei.

No momento em que o rosto lindo voltou a aparecer na janela não hesitei. Nem sei de onde veio a força do meu braço, mas foi suficiente pra ponta de ferro do guarda-chuva atingi-lo em um dos olhos e fazê-lo se afastar urrando de dor.

- Sua puta! - ele grunhiu, com as mãos no rosto, onde o sangue espirrava, algumas gotas atingindo meu rosto e casaco.

Houve um baque em cima do capô do carro. O cara grande caiu por cima do ferido e de repente Bartram estava colocando a chave na iguinição e partindo cantando pneus.

Eu não olhei pra ele, e nem pelo retrovisor.

- Eles vão nos alcançar?

- Não com o carro. A não ser que tenham um. Mas eles não são os únicos que estão me procurando. Esntão espere mais surpresas.

- Você quer dizer sustos – corrigi, baixando as pálpebras e me encolhendo no banco.

Ele riu. Um som suave e divertido. Como o riso de um adolescente que acha graça em alguma coisa.

- Quantos anos você tem?

- Em anos humanos ou vampirícos?

Eu me ergui de um pulo, e fiquei com os olhos cravados nele, sem conseguir emitir uma sílaba.

- Você deve ter se perguntado como corremos tão rápido, e como consegui te pegar sendo mais baixo. Está aí sua resposta.

- Isso é impossível – murmurei, minha boca aberta.

- É mesmo? - ele sorriu, e eu me joguei pra trás, me batendo dolorosamente contra a porta. Ele tinha dentes, tinha sim. Mas ele também tinha presas, grandes, e parecendo muito afiadas, exatamente como eu imaginaria os dentes de um vampiro. Nada sexys, e sim assustadoras.

- Puta merda – miei, me endireitando – Você é uma porra de um vampiro.

- Sim, eu sou – ele confirmou, os dentes ainda de fora. Pelo menos eram branquinhos, como num comercial de pasta – A propósito, eu tenho quinhentos e trinte e sete anos. Fui trasnsformado quando tinha dezenove anos.

- Parece mais jovem – foi só o que consegui articular.

- É o que sempre me diziam – então sua expressão ficou maliciosa – Parabéns, você é ótima atriz.

- Do que está falando? - eu sentia minha cabeça pesada, e meu corpo finalmente estava dando sinais de ter sido agredido. Minha garganta ardia, e minhas costas doiam.

- O beijo – ele respondeu, fazendo uma curva na estrada.

- Ahm, isso... - suspirei, exausta – Não funcionou de qualquer jeito. Não foi uma boa ideia.

- Eu penso que foi – lá estava de novo, a mesma análise sobre mim, dos pés a cabeça. Notei que meu casaco estava aberto. O fechei apressada – Me diga seu endereço.

- Mesmo que eu diga vai conseguir chegar até lá?

- Eu conheco essa cidade de ponta cabeça. Diga o endereço – ele tinha voltado ao modo vampiro-manda-humana-obedece.

Eu disse. E ele colocou o pé na tábua.


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