Os dias que se seguiram passaram muito rápidos, e como se não bastasse, Seth ainda não conseguia se entender com Lucy. O garoto vinha discutindo com ela havia mais de três semanas. Ela dizia que ele devia ter mais respeito, e já tinham ido para a diretoria por causa dessas discussões. Lucy, nessa ocasião, gritara tanto, que acordara todos os alunos da Grifinória.

Para piorar Seth estava se estressando cada vez mais. Estava estressado com sua rotina, e com as montanhas de deveres que os professores passavam. O garoto sempre fora um pouquinho irresponsável, e gostava de deixar tudo pra última hora.

_ Cara, essa escola está me cansando!_ Desabafou o garoto um dia, na biblioteca com Heather_ E só estamos aqui há um mês e meio!

_ Também está me cansando! Mas por que deixa tudo pra última hora?

_ Preguiça_ respondeu o garoto enquanto esticava os braços por trás da cabeça, e se balançava na cadeira. A resposta foi com tanta naturalidade, que Heather ficou pasma.

_ Que foi? Fiz isso a vida toda!_ ele deu de ombros.

_ Precisa melhorar!_ a ruiva dera bastante ênfase na palavra “precisa”._ Não pode continuar assim. Se não melhorar, só vai se estressar mais! E pode até repetir o ano!

_ Tá bom! Vou tentar _ respondeu fazendo cara de desinteresse.

_ Seth, me escuta! Eu estou falando sério! Tem que melhorar!

_ A-ham!

_ Garotos...! Por que não nos escutam? _ perguntou a garota, meio que para si mesma.

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À noite, estava mais frio do que devia estar. Nem mesmo o fogo crepitando na lareira depois do jantar adiantou. Todos estavam congelando. Seth foi ao dormitório, e pegou, além do seu casaco mais quente, sua mochila. Sentou-se em um canto isolado do Salão, e tentou adiantar os deveres que ainda restavam. Tinha mais ou menos, uma hora e meia, antes da aula de Astronomia. Pegou um pedaço de pergaminho, e começou a rabiscar algumas palavras, que deviam fazer parte do seu dever de Transfiguração. Não estava animado, não com aquele frio, e por isso não conseguia raciocinar direito.

Fez uns rabisquinhos também no seu Trabalho de Astronomia, corrigindo alguns errinhos de seus desenhos (Que por sinal, eram muito bem feitos. Seth tinha muita habilidade com a pena).

Faltando pouco tempo para a aula começar, colocou o sobretudo, pegou suas coisas, e foi para a aula, ainda terminando de dar o nó na sua gravata. Quase se sufocou com ela, pois estava muito elétrico. Tomara duas xícaras de café extra-forte, e provavelmente ficaria acordado a noite toda.

Encontrou a turma da Sonserina na Torre, e para sua chateação, Seifer não faltara à aula. Estava ali, os cabelos lisos e negros bagunçados, como se tivesse acabado de sair de um brinquedo de parque, ou como se ele os tivesse penteado e bagunçado com as mãos depois. Ao seu lado, sentara-se uma garota muito bonita. Era parecida com ele, mas seus cabelos eram loiro-escuros. Tinha os mesmos olhos verdes e maliciosos de Seifer. Seth presumiu que fosse a irmã de quem Seifer falara no primeiro dia de aula.

A professora Sinistra saiu de uma porta de madeira escura, muito desgastada. Deu início a aula, mostrando não sei quantas luas de não sei quantos planetas, estrelas de constelações que Seth nunca vira na vida, e outras coisas. O telescópio que o menino tinha em casa, não devia ter nem metade do alcance dos telescópios do Beco Diagonal.

Na Torre, não dava pra respirar direito, e fazia mais frio do que no Salão. Os ventos frios fizeram os pelos da nuca dele se levantarem. Ficaria gripado, com certeza depois dessa. E não era sua primeira aula. Devia ser a quinta, mas como já mencionado, a noite estava mais fria do que de costume. Para se distrair, tentou se lembrar de uma música que gostava. Going Under. Era antiga, mas ele a adorava. Era muito boa. Pensou que lá embaixo devia estar mais quente. Desejou, (um desejo um tanto quanto psicótico) apenas por uma fração de segundo, que a torre fosse abaixo. Mas tirou essa idéia da cabeça quando percebeu que a aula estava acabando. Foi para o dormitório, e caiu na cama quando chegou.

Deve ter sido um sono difícil, pois acordou suado, no meio da noite, com a roupa colada ao corpo.  A partir daí, ele viveria nos dias seguintes situações um tanto quanto diferentes.