Skater Girl escrita por sisfics


Capítulo 6
Capítulo Cinco: Te proteger.




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- Vamos conversar? - Alice pediu entrando em meu quarto.
- Conversar o que? - zapeava com velocidade.

Ela puxou o controle remoto da minha mão e desligou a tv.

- Se eu disse que quero conversar com você, não é para se perguntar o que, e sim para sentar e conversar comigo. - rosnou ao colocar as mãos na cintura.

Eu amava minha irmã, mas odiava seu jeito intrometido.

- O que quer?
- Aquela garota passou a noite aqui?
- Não preciso responder isso. Até porque você não é burra o suficiente para não notar o que aconteceu.
- Você só veio para Califórnia comigo por causa dela, né?
- Já disse que não devo satisfações da minha vida para você.
- E que tal se eu decidisse simplesmente voltar agora para Nova Iorque? - ameaçou.
- Ficaria mesmo sem seu clube da Luluzinha? - debochei assim como ela.
- Não brinca comigo, Edward Anthony. Acabo com sua festinha em dois segundos.
- Porque você não desce e vai fazer alguma coisa?
- Para que você possa chamar aquela vagabunda de volta para cá?
- Não chame ela de vagabunda. - me exaltei - Você não conhece a Isabella, okay?
- Conheço suficiente para saber o que ela quer com você.
- Sabe mesmo?
- Sei e eu não vou deixar essa garota chegar perto de você de novo. - resmungou, indo em direção a porta.
- Cuide de sua vida Alice. - ordenei.
- Não posso fazer nada se você não sabe cuidar da sua. - rosnou enquanto saía.

Observei um pouco o ambiente ainda hostil e olhei no relógio. Já eram quase três da tarde e precisava descobrir uma última coisa.

Bella Pov

Cheguei no hotel depois de um dia de competição. Estava feliz por chegar nas finais depois de amanhã. Eu contra mais três. Fui para o quarto e fiquei o início da noite lá deitada. Queria sair para onde os outros skatistas haviam me chamado, mas estava cansada, então resolvi ligar para casa.

- Alô. - Ness atendeu oo telefone.
- Oi
- Bella. - gritou.
- Calma, baixinha.
- Bella, estava com saudades de você.
- Eu também. - mal pude terminar pois me cortou com um monte de perguntas.
- Você ganhou? Você está bem? Quando você volta?
- Ei, calminha, minha linda. Uma pergunta de cada vez.
- Ganhou?
- Ainda não, estou na final.
- Isso é bom?
- Acho que sim.
- Você tá bem?
- Estou ótima e você?
- Bem também.
- Indo para escola? Fazendo os deveres? Você lavou atrás da orelha quando tomou banho? - perguntei tudo de uma vez.

Ouvi sua risada angelical no fundo.

- Uma pergunta de cada vez. - imitou.
- Hum...espertinha. Fugindo de mim, né? - mais um vez riu baixinho - Você está sozinha?
- Não. - respondeu - Estou com o Emmett.
- Ah, tudo bem. - tinha medo que ficasse sozinha, medo por Jacob.
- Bells.
- Hum...
- O Edward virá com você?
- Como?
- O Edward me disse que virá com você, ele vai mesmo?
- Do que você está falando?
- Ele ligou aqui para casa e disse que ia voltar com você. Ele disse que ia conversar com você.
- Você não disse o endereço do meu hotel, ou disse?
- Disse sim, porque?

- Rennesme, já não disse que você não pode ficar falando com estranhos dessas forma? Muito menos contar aonde eu estou.
- Mas ele não é estranho.
- Olha, vamos deixar uma regra, okay?
- Okay.
- A partir de hoje ele é a pior espécie de estranho. É aquele tipo de estranho que você nunca pode nem pensar em falar, entendeu? - estava começando a gritar.
- Tudo bem. Me desculpa? - até pelo telefone eu ficava com pena de sua cara de cachorrinho que provavelmente estava fazendo.
- Tudo bem, Ness.
- Eu juro que não falo mais com ele.
- É bom mesmo. - não podia ficar como boazinha.

Ouvi uma voz masculina ao fundo.

- Bella, o Emmett está me chamando para fazer o trabalho de casa. Preciso ir.
- Vai pequena. Manda um abraço para o papai e diz que eu estou bem.
- Tudo bem. Tchau Bells. - desligou o telefone e deitei na cama.

Não podia estar acontecendo. Ele ligou para minha casa e falou com Ness. Se ele vier me procurar, o que vou dizer? Bateram na porta do meu quarto. E como sempre tive muita sorte, abri a porta e dei de cara com Edward.

- Oi. - fez um aceno.
- Eu já sabia que você viria e isso é um tremendo golpe baixo: falar com minha irmãzinha para conseguir meu endereço.
- Posso entrar? - me interrompeu.
- O que acha?
- Acho que você será muito educadinha e vai me deixar entrar.
- Só se for para matar você.
- Se for como ontem. - resmungou passando por mim.
- Pode ir embora, por favor?
- Você sabe pedir 'por favor'? Estou impressionado. Porque tenho que ir?
- Porque... porque... porque eu estou saindo. Vou para um lugar.
- Quero conversar, então vou junto. - disse num tom óbvio.
- Ficou maluco, né meu irmão? Olha, faz o seguinte, vai para o seu hotelzinho cinco estrelas e me deixa em paz.
- Não dá, Bella. Você tirou minha paz e agora a gente vai ter uma conversa muito séria.

Não consegui me mover enquanto me fitava daquela forma. Era como se uma pequena corda estivesse estreitando ao redor do meu pescoço. Depois, voltou para perto de mim e fechou a porta do quarto.

- Assim ficaremos bem mais à vontade.
- O que você quer exatamente de mim?
- Que merda, hein Isabella?
- Não me chama de Isabella. - rosnei.
- Estou esperando. - cruzou os braços e percebi que não conseguiria fugir do assunto.
- Você é muito marrento.
- Só quando necessário. - deu um sorriso torto.
- Olha, na boa, vou mesmo sair e você terá que ir.
- Vai aonde?
- Apesar de não te interessar, vou num lugar onde os caras lá do campeonato me chamaram.
- Vou junto.
- Se aparecer lá com essa pinta de engomadinho, acabam com a tua raça, Edward. - tentei por um pouco de medo.

Mas não houve o efeito que esperei. Ao contrário, caminhou até minha cama e se deitou.

- Então me faz ficar igual a você.

Ele era louco o suficiente para isso, será? Talvez assustá-lo o manteria longe, por isso resolvi ceder ao seu joguinho.

- Então tira a roupa. - concluí me sentando na beirada.
- Espera um pouco, você vai ceder? - perguntou rindo - Isso é um milagre.
- Cale a boca. Você não quer ir? Então, vou ver o que posso fazer por você.
- O que pretende?
- Hum... Estou cansada de te ouvir falando. - o puxei pela mão, ficando de frente para mim.

Minha sorte era que sua calça jeans hoje era bem mais larga do que as que já o tinha visto usar, ainda assim não o suficiente.

- Posso fazer uma perguntinha maldosa? - comecei - É sua irmã patricinha que te veste ou você tem um personal style? - zuei.
- Tão engraçadinha. - sussurrou.

Dei uma gargalhada e tirei seu cinto. Ele me encarou confuso.

- Vai me assediar?
- Ainda não, Cullen. - completei rindo ainda mais alto.

Joguei a peça em cima da cama e comecei a puxar sua calça para baixo, mostrando parte de sua boxer preta.

- Tem problemas sérios com minhas roupas.
- Porra, não quer ir comigo? Então, estou te deixando mais parecido com os outros caras. Se é que é possível. - debochei.

Ele olhava estranho para cueca aparecendo, me deu realmente vontade de rir de suas feições.

- Vou pegar uma coisinha para você. - me afastei, indo até o meu armário.

Peguei o casaco mais largo que eu tinha e joguei para ele. Era quadriculado, vermelho escuro e preto, o que disfarçaria aquela camisa pólo de mauricinho.

- Veste logo. - fez que não com a cabeça.
- Está calor, sabia?
- Todo mundo veste isso. Esquece que está calor que ele passa.
- Grande filosofia. - debochou da minha cara.

Vestiu o casaco e fez uma careta.

- Não é assim. - explodi - Parece até minha irmã, tenho que vestir.
- O que fiz de errado agora?
- Tudo. - fechei o zíper até em cima e puxei o capuz. Seu rosto estava escuro e ele abaixou a cabeça me olhando.

Seus olhos verdes me deixaram nervosa. Porque ele?
Deu um sorriso torto e tentou aproximar seu rosto do meu para me beijar. Escapei, me agachando e saindo do seu alcance.

- Vem comigo ou não? - voltei ao armário e peguei o primeiro par de tênis que vi, sentei no chão e comecei a calçá-los.
- Estão errados. - estava ainda um pouco pertubado.
- O que?
- Os tênis... estão errados. Um é verde e o outro, preto.

Olhei para os sapatos que, realmente, estavam com os pares trocados, mas estava com tanta preguiça que simplesmente disse:

- Ah, foda-se. - fiz os laços e me levantei.

O agarrei pela mão o puxando para fora, entrelaçou seus dedos nos meus enquanto fechei a porta, mas me afastei na mesma hora.

- Está acostumado a andar?
- Sim.
- Não estou falando sobre andar na esteira da academia. Digo andar mesmo.
- Vejo o prazer brilhando por trás de seus olhinhos. Está adorando me zuar, né? Isso tudo é raiva porque não desisto de você?
- Não fala merda, cara.

Saímos do hotel e andamos bastante até o lugar que Adam havia me falado. Edward tentou puxar assunto por todo o caminho, mas logo cortava o papo. Tenho que admitir: era persistente e corajoso. Não era qualquer um que continuava caminhando do meu lado depois de receber um dos meus olhares mortais.

Edward Pov

Um lugar que jamais pensei em estar na minha vida. Mas ela já não era mesmo como antes. Antes de Bella. E eu estava gostando, apesar dos segredos. Depois de muito andar, e eu digo andar de verdade, chegamos a um lugar como os fundos de um galpão. Havia pessoas lá dentro, podíamos ouvir o som, mas as portas estavam bem fechadas. Um rock que não conhecia tocava atrás de mim, alguns metros dali e havia uma pista improvisada de skate com um corrimão, tambores e rampas de madeira, também achei alguns carros parados, fortes, grandes e, provavelmente, velozes. Bella caminhava na minha frente até que um cara chegou por trás dela e a puxou pelo braço fazendo com que ela chocasse nele.

- Hey, Bê. Você veio. - disse rindo.
- Oi Adam. - sorriu também.

Não gostei da aproximação dos dois e para mostrar que eu estava ali, cheguei mais perto dela passando uma mão em sua cintura. Ele me olhou de cima a baixo e riu.

- Esse não é aquele mauricinho que estava atrás de você ontem lá na competição? - perguntou apontando para mim.
- Não, não. Nem sei de quem está falando. - completou - Esse é o Eddie. - odiava que me chamassem de Eddie, mas não me importei quando ela o disse.
- Fala aê, Eddie? - fez um movimento com a cabeça, mas não respondi.

Tá legal! Ela podia, ele não.

- Oi.
- Quer alguma coisa? - se dirigiu a ela enquanto reprimia um sorriso com o lábio mordido.
- Não, estou bem. - não parecia muito interessada nele - De quem são aqueles carros? - perguntou apontando para as máquinas que notei assim que chegamos.
- De uns caras aqui, mas aquele ali. - falava sobre um laranja - Aquele é meu.
- Mentira. - Bella fugiu do meu abraço - Posso ver?
- Claro gata.

Ele a segurou pela cintura e foram rindo até o carro. Não conseguia acreditar naquela cena. Ela ia me pagar.

Bella Pov

Adam passou a mão pela minha cintura e me levou em direção ao carro. Ouvi algo parecido como um grunido vindo de Edward, mas ele quis vir. Não tinha nada a ver com isso. Preicsava admitir: aquilo não era um carro, era meu sonho de consumo. Me puxou para dentro com ele, para que eu pudesse melhor admirar todo o equipamento.

- Gostou? - me olhava diferente.
- Muito.
- Quer dirigir? - perguntou como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Está de brincadeira comigo?
- Sério. Sabe dirigir?
- Claro. - gritei.

Saiu do banco do motorista e me sentei ali segurando o volante como se fosse um troféu.

- Então, eu te desafio. - falou bem alto.

As pessoas próximas ouviram aquilo e se viraram para nós dois.

- Que tal um racha? - propôs sorrindo.

Ouvi alguns gritos no fundo. "Ela está com medo!" - urrou um babaca.

- Eu topo.
- Se eu perder, você fica com meu carro.
- E se eu perder? - perguntei curiosa.

Ele aproximou o rosto do meu ouvido e sussurrou:

- Passa uma noite comigo.

Edward Pov

- E se eu perder? - perguntou com os olhos brilhando.

Ele aproximou a boca de seu ouvido e sussurrou alguma coisa que a fez erguer uma sobrancelha. Se afastou e fechou a porta do carro.

- Eu topo. - disse bem alto.

O que ele havia dito no ouvido dela?

- Preparado para perder? - perguntou.
- Tem certeza, garota? Você ainda pode sair a tempo.
- Eu quero. - respondeu firme.

Ele sorriu malicioso e não gostei nem um pouco daquilo, então andei até o carro.

- Bê, você vai fazer mesmo isso?
- Vou.

Me abaixei até chegar perto do seu rosto.

- O que ele quer se você perder?
- Não te interessa. - resmungou sorrindo.
- Vou com você. - falei ainda baixo.

A gargalhada foi estrondosa. Afastei meu rosto um pouco do dela.

- Estou falando sério. - rosnei. Ainda riu mais um pouco, até que seu sorriso desmanchou quando viu minha expressão.
- Mesmo?
- Não, porra. É claro que é sério, Bê.

Fui até o outro lado e entrei no carona. Ela ligou o carro, andou devagar até onde Adam já estava com um outro carro azul marinho parado. Uma pausa de aquecimento dos motores. Os roncos estavam me deixando nervoso.
Bella deu uma pisada no acelerador e depois brecou como uma brincadeira.

- Puta que paril. - eu disse.
- Medo, Edward? Agora não dá mais tempo de desistir.

Uma garota apareceu na frente com os braços levantados. Ela os abaixou e Bella arrrancou com toda velocidade assim como Adam.
Só digo uma coisa: Fudeu.

Bella Pov

- Vou com você. - sussurrou.

Não me aguentei de rir. Com certeza, era uma piada. Ele jamais entraria naquele carro.

- Estou falando sério. - rosnou.

A risada foi escapando e diminuindo conforme eu fitava suas feições sérias.

- Mesmo? - perguntei agarrando o volante.
- Não, porra. É claro que é sério, Bê.

Entrou e se sentou no carona. Fui até onde Adam estava com o outro carro. Dei um solanvanco de brincadeira e senti Edward enrijecendo no banco ao lado

- Puta que paril. - se agarrou na janela.
Lugar errado para se agarrar. - pensei.
- Medo Edward? Agora não dá mais tempo de desistir.

A garota apareceu na frente com os braços levantados. Ela deu o sinal e arranquei com o carro em toda velocidade.
O carro ainda não tinha pedido por força total e eu já havia passado a segunda marcha. Senti Adam ficando alguns centímetros na minha frente. Pisei mais forte no acelerador. Mais e mais forte. O quanto o pedal resistisse.

- Caralho. - Edward gritou do meu lado.
Queria muito rir dele, mas precisava me concentrar. Já tinhamos andado bastante até que uma linha pintada de amarelo no chão apareceu logo na frente. Era hora de virar. Assim que chegamos em cima dela, sem brecar, girei o volante. A fumaça que os pneus fizeram, entraram pela janela e embassou um pouco a visão. O carro deu duas voltas e eu continuei acelerando.

- Puta que paril - sussurrei.

Talvez assim eu o assuste de vez. - pensei sorrindo. Passei a terceira marcha e o carro deu um solavanco de força, nos impulsionando no banco. Já havia deixado Adam para trás há muito tempo. A linha de chegada estava perto. Acelerei mais um pouco indo até o máximo do pedal. E assim que passei da marca, joguei o volante para esquerda e brequei. O carro parou de lado a alguns metros de uma pilastra, relaxei no banco, rindo alto com adrenalina correndo em minhas veias.
Mas eu estava rindo sozinha.


- Se arrependendo, gato? - perguntei, descendo do carro.
- Te substimei. - o idiota saiu pela janela, jogou a chave para um outro que estava sentado num tambor e se aproximou.
- Gostou do seu novo carro?
- Adorei, mas não posso aceitar. - coloquei a chave em seu bolso.

Algumas pessoas em volta fizeram alguns sons estranhos, algo como uma pequena vaia.

- Eu não estou para brincadeira, Bê. A aposta era séria. - a pôs nas minhas mãos.
- Eu sei, mas eu não quero. - a guardei de novo em seu bolso.

Ouvi a porta do carro se abrindo e Edward saiu de lá furioso. Bateu a porta com força e saiu andando na direção que viemos.

- Para você não passou de brincadeira, né? Eu estava falando sério. Você não ia aceitar a aposta ?
- Claro que ia. Sou de palavra. Agora eu tenho que ir. - dei dois passos para trás querendo ir atrás de Edward.

Mas é claro que não ia aceitar. Jamais passaria uma noite com ele. Só confiei em mim mesma e soube que ia ganhar. Foi só por diversão e para dar medinho no mauricinho que já havia perdido de vista.

- Vou lá. Valeu por ter me chamado. - falei já bem distante.

Comecei a andar na direção que ele fora, mas não o via mais pelo caminho. Foi quando percebi que Adam estava me seguindo.
Andei e andei, mas não saía de trás de mim. Estava começando mesmo a me irritar.

- O que você quer? - perguntei sem parar de caminhar.
- Quero conversar. Para um pouco. - estava mais perto.

Algo me dizia para não parar. Mas eu sabia me defender, então parei.

- Você anda depressa. Como na pista. - parou na minha frente.

Me dei conta que estávamos num grande corredor de muros altos. Apenas prédios nos cercavam e a rua muitos metros na frente.

- Pode falar. - pus as mãos no bolso, mas foi quando me dei conta que estava sem meu canivete.

Deixei em Nova Iorque, por causa do avião. Mas foi o costume. Sempre que me sentia acuada ou ameaçada fazia isso.

- Eu não estava para brincadeira na aposta, Bê. Você sabe o que eu quero.
- Tenta com outra, valeu? - falei saindo de perto e andando na direção da rua.
- Bê?! - me chamou.

Andei mais depressa. O que esse cara quer? Na verdade, eu sei. Mas será que não entendeu ainda? Vou ter que desenhar?

- Estou falando contigo, porra. - rosnou quando conseguiu alcançar meu braço.
- Olha cara, tava com vontade de dar um sustinho no meu amigo. Por isso, aceitei o racha e a aposta, agora, me larga que eu estou afim de voltar para o hotel.
- Mas não vai antes da gente conversar - me puxou e me jogou no muro.

Percebi pela força e a violência que ele não estava normal. Tinha usado alguma coisa. Tentou me agarrar para me dar um beijo, mas dei uma joelhada. Ele foi mais esperto e se esquivou da minha perna. Tentei me afastar, mas me puxou de volta.

- Você vai voltar comigo - me agarrou pelas costas.

Dei uma cotovelada forte nas suas costelas e senti que ficou sem ar. Quando pensei que havia me soltado, agarrou meu pulso.

- Solta ela. - a voz veio de trás de mim.

Edward Pov

- Solta ela. - grite ao vê-lo a agarrando de novo.

Bella me olhou assustada. Cheguei perto e dei um empurrão tão forte em Adam que caiu no chão. A peguei pelo braço e entrei na sua frente.

- Se você seguir nós dois, acabo com a tua raça, ouviu bem? - rosnei.

Eu era bem maior que ele e nem se fosse louco, seria o suficiente para nos seguir. Puxei Bella para debaixo do meu braço e a colei no meu corpo mantendo bem próxima. Andei em direção a rua que estava uns trinta metros de nós. Cheguei a olhar algumas vezes para trás para ver se ele tinha ido mesmo. E foi. Já estávamos na via movimentada quando a soltei.

- Da onde você surgiu? - foi a primeira coisa que perguntou.
- De nada. - lhe dei as costas.
- É sério? De onde você saiu?
- Ouvi sua voz, eu estava atrás de uma lixeira, satisfeita?
- Porque não andou direto para rua? Ficou parado me esperando?
- Não. - fiquei - Fiquei lá para respirar um pouco. Você me assustou com aquele carro, sabia?
- Você que quis andar nele.
- É com esse tipo de gente que você anda, né Isabella?
- Cala a boca. Pensei que ele era um cara legal, mas me enganei.
- Tanto faz. - respondi sem olhar para seu rosto.

Ela continuou andando ao meu lado um pouco para trás.

- Obrigada, tá? - disse baixo quando paramos para atravessar uma rua.

Me virei olhando em seus olhos.

- Dinada. Se eu não estivesse lá, agora... eu.. nem gosto de pensar.
- Você pensou o que? Que eu só consegui sair de lá por causa de você? Eu conseguiria sozinha, era só me dar mais tempo.
- Mais tempo para ele te socar? - a puxei pelo braço, pois o sinal já estava fechado para os carros.
- Não, mas para eu socar ele.
- Isabella, cala a boca.
- Para de me chamar de Isabella, merda. - gritou soltando seu braço da minha mão.

Não tinha ninguém na calçada, então a empurrei de encontro ao muro num lugar mais "reservado", se é que isso era possível numa avenida.

- Você só saiu de lá por minha causa, okay? E só para você não esquecer não estamos em Nova Iorque. Isso aqui não é nada que você conheça. Você pode ser esperta e se dar muito bem onde mora, mas aqui é diferente e eu agradeceria se você não saísse de novo com esses caras.
- Você fala como se eu fosse uma criança. Conheço muito bem os lugares que vou, valeu? Não preciso da sua proteçãozinha. - rosnou.
- Não é o que parecia naquele beco.
- Para de falar como se fosse meu pai, porra. - colou o dedo no meu peito.

A empurrei para trás num recuo do muro e a agarrei. Coisa que eu queria fazer há muito tempo. Ela escapou de mim.

- Não te entendo, mauricinho de merda. - rosnou.
- Então é recíproco. Skatista idiota.

Lhe beijei mais uma vez. Recebi uns dois socos fortes no ombro, mas logo depois ela me beijava com ainda mais vontade que eu.
Quando nos separamos, não olhou nos meus olhos de novo. Seu rosto ficou baixo, quase enterrado no casaco que eu usava.

- Você me deixa confuso. - falei passando a mão no alto de sua cabeça.
- Vamos voltar para o hotel, valeu. - se afastou e voltou para calçada.

Ela realmente me deixava confuso. Uma hora me beijava, na outra queria me afastar. Ontem a noite ficou comigo, mas pela manhã estava com raiva. Eu sabia que tudo estava ligado àquilo que ela tinha que me contar. Aquilo que eu a faria me contar ainda hoje. Continuamos caminhando pela calçada. Já estava bem tarde quando voltamos para o hotel. As ruas estavam mais vazias e, conseqüentemente, mais silenciosas, o que deixava aquela falta de conversa ainda mais incômoda. Era extremamente estranho estar ao seu lado e não ouvir sua voz, seja brincando comigo, ou fazendo piada de mim, até que fosse discutindo, mas nada vinha dela. Eu não ia puxar assunto como na vinda. Ia piorar a situação e eu sabia que ela estava pensando. Pensando no que me falar.
Chegamos no hotel dela e subimos para seu quarto. Foi quando mais uma de suas mudanças repentinas de humor me pegou de jeito.

- Ainda está com calor? – perguntou fechando a porta.
- Er... nã-o. – falei desconfiado.

Me esparramei no pequeno sofá que tinha ao lado da tv. Ela foi caminhando até o armário e abriu as duas portas. Tirou da gaveta umas peças de roupa que não vi e depois tirou a camiseta e jogou num canto do quarto. Me endireitei a observando.

- Vou tomar um banho, tá? – resmungou ainda de costas.
- Tudo bem. – Não conseguia parar de olhá-la.

Ela entrou no banheiro e encostou a porta. Ouvi o barulho do chuveiro um tempo depois e tive realmente que me segurar para não entrar lá. Esperei sentado. Quando ela saiu, veio vestindo uma camisa que ia até os joelhos. Com os cabeos úmidos e presos. Jogou as roupas sujas dentro do armário e foi até a cama, se sentando.
Ficou me encarando por alguns minutos até que pediu com a mão para que eu viesse até a cama. Me levantei bem depressa e fui até ela me sentando ao seu lado.
Suas mãos me puxaram para perto e me beijou. Não era um beijo. Era "O beijo". Ficamos muito tempo ali. Minhas mãos a puxaram para cima de mim e se sentou no meu colo. Acariciei suas coxas, enquanto ela mordia meus lábios. Era difícil esconder minha excitação ao seu lado. E era impressionante o quanto eu sempre queria mais dela. Mas, de repente, ela se separou.

- Sua irmãzinha vai brigar se você chegar tarde no hotel, né?
- Não acredito que você parou para me dizer isso. – murmurei em seus lábios.

Ela deu uma risada leve.

- Bella. – passei minhas mãos em seu rosto – Eu quero saber aquilo.
- Eu vou te contar. – me cortou.
- Não precisa ficar irritada. – pousei uma de minhas mãos em sua cintura – Ou precisa?
- Precisa sim. Esse não é o tipo de assunto que gosto de falar se é que me entende.
- Eu não quero te forçar a falar sobre isso.
- Mas é o que você está fazendo. – cruzou os braços.

Como ela conseguia ficar irritada em tão pouco tempo? Mas até irritada era linda.

- Você se estressa bem rápido.
- Você nunca me viu estressada. – apertou ainda mais os braços contra o corpo - Me pergunto se você é sempre curioso assim.
- Só quando é algo tão interessante quanto você. – selei nossos lábios com carinho e bem rápido.

Ela não cedeu. Manteve a cara fechada.

- Será que você agüenta? – perguntou.
- Realmente, foram emoções demais por hoje, mas eu acho que meu coração é forte... – dei meu melhor sorriso torto.

Ela sorriu também. Acho que era um bom sinal.

- Então, prepara o ouvido. Vou te falar porque eu te quero bem longe de mim.

Tentei relaxar minhas feições e meus ombros, mas não adiantou.

- Pode falar.
- Você corre risco, Edward. Sem saber, você foi ameaçado.
- Como? – perguntei com um sorriso.
- Para te falar sobre isso, tenho que começar a contar desde antes de nós nos conhecermos, tá bem?

Assenti. Não sei porque mas eu fiquei extremamente nervoso com as palavras que saíram logo em seguida de sua boca.

- Lembra de quando a gente se conheceu, eu tinha um namorado. – começou ao descer do meu colo.
- Me lembro. Uma vez ele salvou sua vida, não foi? Num assalto num mercado.
- É. Você se lembra mais do que eu esperava. – falou sorrindo um pouco e abraçou as pernas.
- Termina.
- Edward, não menti, mas vamos dizer que não contei toda a verdade, okay? Na verdade, meu ex-namorado não me salvou naquele assalto. Quero dizer, salvou, mas foi ele também que me botou em perigo. Ele era o assaltante naquele dia, entendeu? – ela não olhava para mim enquanto falava.
- Ele era...o assaltante? – perguntei incrédulo.
- Era. Ele ainda é assaltante, marginal e até traficante. Chame como quiser. E ultimamente tem feito outras coisas que são ainda piores.
- Entendo. - será que eu entendia mesmo? - Mas, Bella, porque disse que fui ameaçado?

- Lembra a primeira vez que a gente ficou e a gente estava na baía?
- Sim. – as peças se encaixaram na minha cabeça – Tem alguma coisa a ver com aqueles caras?
- Tudo a ver. – escondeu o rosto com uma mecha de cabelo. – Eles são amigos desse meu ex e tiraram umas fotos nossas nesse dia e mostraram para o Jacob. E ele ficou bem irritado com isso.
- Ele fez alguma coisa com você? – desconfiei pelo tom de voz que ela usava.
- Não. - sabia que estava mentindo - Mas ameaçou fazer com você. – olhou fixamente dentro dos meus olhos pela primeira vez - Ele é perigoso demais para eu te deixar ficar perto de mim. Você fica comigo e e ele faz alguma coisa com você. Sabe o que é isso, Edward? Ele é perigoso, por mais que não goste de ficar pensando nessa paradas, mas ele é. E te ameaçou. Na minha cara, na minha casa, disse que era para você tomar cuidado. Entende agora porque te quero muito longe de mim? É para te proteger.
- Mas e se eu quiser ficar mesmo assim. - será que era tão perigoso assim?

Algo do tipo que eu não pudesse enfrentar?

- Eu não vou deixar que você arrisque seu pescoço por um capricho. Um mimo. Pare de ser idiota, Edward. Não vê que é sério o que eu estou falando?
- Sei que é sério, Bella.
- Mas não parece. Você deve ser surdo, né?! Edward, o Jacob anda armado. Já matou antes. Eu não acho que ele pode fazer isso com você só por um ciúmes idiota, mas eu tenho medo dele. Medo por você. Será que não percebe? Eu quero que... você fique bem. – completou olhando para o lençol.

[...]

A porta do meu quarto se abriu sem aviso e Alice entrou já procurando por algo.

- Se é a Bê que você está procurando, não está aqui. – resmunguei estirado no sofá.

Alice deu um sorriso amarelo.

- Ainda bem que não. – veio para perto.
- O que quer aqui? – desliguei a tv.
- Já fez suas malas? – se sentou na beirada do sofá.
- Já.
- Já está pronto para irmos?
- Já.
- Já deixou separada as passagens?
- Já, Alice. Será que dá agora para você ser um pouco sincera e dizer realmente o que você quer aqui comigo? – me exaltei.

Desde a madrugada, eu estava assim, não tinha conseguido dormir direito depois do fora que Bella havia me dado. Me pôs para fora de seu quarto com ordens firmes e mandou nunca mais procurá-la, mas dessa vez era diferente.

- Vi que horas você chegou ontem. – resmungou como se tivesse vergonha disso, mas era mentira. Alice não tinha vergonha de nada.
- E?
- Você estava com aquela skatista, não é?
- Não, não estava. Por algum motivo que não sei, ela não quer mais que eu a procure. – menti, mas Alice pareceu ao mesmo tempo em que surpresa, orgulhosa daquilo – Fiquei até tarde apenas andando na rua.
- Ah sim. – murmurou.

Lembrei de Bella me explicando tudo aquilo e depois me dando um último beijo.

“-Agora você tem que ir, Edward. Não te quero de novo aqui, okay? Não me procure mais. Ou eu vou ter que tomar medidas que não quero.” – disse enquanto eu ainda a abraçava e ela tentava me empurrar para fora do quarto. Se eu disser que não estava preocupado com o que ela havia dito sobre o ex-namorado, estaria mentindo, mas não achei que fosse preocupante o suficiente. Será que ele era tão perigoso assim? Será que não valia a pena ficar com ela?

- Está pensando em que? – Alice perguntou me tirando dos meus pensamentos.
- Em nada não.
- Você está pensando nela. Olha, Edward, acho melhor esquecer essa história e essa garota vai ser bem melhor pra v-
- Alice, cale a boca. Eu não estou pensando nela, nem em nada, tá? Estou vegetando aqui nessa porra de sofá. Agora, você pode parar de encher minha cabeça?


Abaixou o rosto derrotada.

- Posso pelo menos ficar aqui com você até a hora de irmos para o aeroporto? – perguntou sussurrando.

Ela não tinha culpa do que Bella tinha dito ou queria. Então, deixei que se deitasse ao meu lado no sofá e nós ficamos olhando para o teto juntos.


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