Skater Girl escrita por sisfics


Capítulo 21
Capítulo Vinte: Todas as Noites.


Notas iniciais do capítulo

Primeira roupa da Bella: http://www.polyvore.com/skater_girl_special_night/set?id=31420689#stream_box
Segunda roupa da Bella: http://www.polyvore.com/wedding_skater_girl/set?id=31457036



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Isabella Pov

Um ano e três meses depois.


As cerdas macias e finas escorregavam pelas minhas maçãs do rosto sempre no mesmo sentido tentando deixar minha pele com a aparência melhor do que quando cheguei. Apesar da aparente calma, eu estava entre a ansiedade fora do normal e o desespero esmagador. Essa seria nossa primeira noite depois de tantos desencontros e a saudade causava todo aquele nervosismo


Saudade dos seus olhos verdes me admirando, do sorriso torto, do calor de seu pele na ponta dos meus dedos. Suspirei me imaginando nos braços de Edward ao mesmo tempo que as cerdas passaram próximas demais ao meu nariz. Virei o rosto depressa antes de espirrar e ouvi o som abafado de um rosnar vindo de Alice.


– Ai, mais uma vez Isabella? Assim não terminarei isso nunca.

– O que houve? - Rosalie que estava sentada com as costas na cabeceira da cama de Esme levantou os olhos de seu livro e sorriu debochada ao nos ver.

– Essa garota não fica quieta. Jasper já vai chegar com Edward e ela ainda nem se vestiu.

– Me desculpa? Eu avisei para não passar perto demais do meu nariz, me dá cócegas.

– Edward esperou Bella por dois meses, cinco minutos não farão diferença alguma e pare de encher tanto a menina. Ela não está acostumada a servir de boneca. Termine logo e pare de reclamar.

– Vamos, baixinha. Me desculpe? Prometo ficar quietinha agora. - consertei a postura e fechei os olhos oferecendo de novo meu rosto para as exeriências de Alice.

– Me chamando assim me dá uma saudade do meu irmão.

– Nem me fale. - riu de meus anseios crescentes e me fez cócegas antes de continuar seu trabalho.


Se no dia que conheci Alice me dissessem que certo tempo depois estaríamos juntas no quarto de sua mãe nos aprontando como velhas amigas para nossos namorados, eu diria que a pessoa estava completamente louca. Mas o tempo mudou meu conceito e vi que a caçula dos Cullen era uma menina engraçada, apaixonada por sua família e doce.


Entretanto, só aconteceu depois que ela permitiu, depois que viu o quanto amava seu irmão e que não havia outros interesses. Era passado assim como nossas discordâncias e implicâncias. Com a convivência, também me tornei amiga de Jasper. Apesar de sua timidez, era um rapaz interessante e que fazia tudo pela minha cunhada.


– Vai usar as jóias que Edward te deu? - Rose perguntou fechando seu livro.

– Sim, estou envergonhada, mas vou usar.

– Não, pare com isso. Os brincos e a pulseira são a sua cara. Ele vai ficar feliz.

– Espero mesmo.

– Abra um pouco a boca, Bells. - obedeci a sentindo passar o batom - Mudando um pouco de assunto: como foi seu encontro com Emmett, Rose? - tentei mudar de posição, mas me segurou - [i]Aha[/i], não vou te deixar estragar minha obra de novo. Está quase acabando... Pronto.


Assim que a mão de Alice saiu do mim, pulei e engatinhei no colchão até parar ao lado de Rose. Emmett só me contara que havia pedido para sair com ela, mas isso foi antes da minha viagem a Austrália, então havia me esquecido completamente de saber as novas.


– Meu Deus. Sabia que tinha que perguntar alguma coisa quando cheguei, mas vocês já avançaram sobre mim com essa história de jantar que esqueci. Conte o que aconteceu.

– Não mesmo. - tentou descer da cama, mas eu e Alice impedimos - Melhor falar agora enquanto não estamos dispostas a usar tortura.

– Vai estragar sua maquiagem. - advertiu.

– Eu a maquiei, nem Edward que fará um grande esforço vai conseguir tirá-la. - paramos um segundo olhando a baixinha e começamos a rir - O que eu disse?

– Nada. Ora, Rose, conte.

– Porque você não pergunta ao seu irmão?

– Acho que não preciso responder essa pergunta. - torceu o nariz - Ele é homem. Nem morto contaria nada sobre a noite de vocês. - pensou por longos segundos sob nossos olhares atentos e suplicantes, então cedeu.

– Só vou falar três coisa. Seu irmão é educado e doce. Tem um senso de humor incrível. E vamos repetir a dose na segunda. Ponto final.


Não queria deixá-la mais envergonhada, mas sabia que meu irmão tinha uma certa queda por Rosalie desde a primeira vez que pôs seus olhos nela. Na época, idas e voltas com o seu namorado a deixaram cega e ele estava nos último período da faculdade, então achou que era impecilho demais para tomar alguma atitude. Mas eu podia ver pelo tamanho do sorriso em seu rosto que o sentimento dele era bem correspondido.


Eu e Alice nos contentamos com a nova informação e desci da cama de meus sogros a seguindo para a penteadeira da mãe onde apoiado na cadeira descansava o vestido que comprei para essa noite. Tive ajuda para vestí-lo, depois arrumei meu cabelo eu mesma e me sentei para calçar o salto.


– Não vou conseguir me equilibrar nisso. - resmunguei.

– Se equilibra num skate, será fácil.

– Eu vejo uma prancha e penso: segurança. Vejo um salto e penso: perna quebrada.

– Quanto exagero. - duas batidas na porta interromperam a reclamação.


Toda a ansiedade e nervosismo do reencontro com Edward me fizeram pular da cadeira e gritar que entrassem num sopro de vida. Meu salto torceu um pouco, me segurei evitando a queda, mas me decepcionei pois não era meu namorado nem o de Alice. Marie me olhou da cabeça aos pés com um sorriso no canto do lábio e fez um sinal positivo com cabeça.


– Está muito bonita, senhorita Swan.

– Obrigada. Já disse para me chamar de Bella, Marie.

– Bem, vim só avisar que o senhor Hale e o menino Edward já chegaram do aeroporto e estão na sala esperando pelas duas. - Alice quicou e meu coração inflou de tanta felicidade.


Depois de dois meses de atrasos, eu preocupada com meu ingresso na faculdade e as competições que se tornavam mais frequentes, e Edward ocupado demais com suas provas em Yale, poderíamos de novo ficar juntos. Corri até a bolsa e vesti os brincos e a pulseira que ele me dera. Guardei algumas coisas dentro dela e me virei suplicante para a baixinha.


– Vamos descer logo, pelo amor de Deus.

– Calma, apressada. Ele não vai fugir. - calçou seu salto, pegou sua carteira e piscou para a irmã - Então, até mais tarde.


Não parei para prestar atenção no código que trocaram. A caçula agarrou minha mão, puxando-me para fora como se eu não fosse capaz de andar com minhas próprias pernas. Antes que chegassemos a escada, me parou passando a mão pelo meu cabelo e puxando a alça do meu vestido.


– Estou bem?

– Sim. Vou descer na frente, você vem em seguida. Saio logo com Jasper para que fiquem a sós. - ela também precisava matar a saudade do irmão, mas minha necessidade era maior.

– Obrigada.


A perdi de vista depois do terceiro degrau e alguns segundos depois ouvi a voz dele pedir um abraço. Tive vontade de rir com as desculpas esfarrapadas que recebeu e do gaguejar insistente quando assitiu Alice puxar Jasper pela camisa para fora do apartamento. Marie apareceu na sala perguntando se a mala poderia ser levada para cima, mas ele negou explicando que o faria mais tarde. Enquanto se distraía de costas falando com a empregada, apareci no primeiro degrau e esperei.


Ele notou a falta de fala de Marie e se virou para onde ela olhava. Prendi a respiração e também a vontade de descer aos pulos e me jogar nos seus braços. Seus lábios escorregaram aos poucos, aumentando aquele sorriso tão perfeito a cada passo que eu dava para diminuir nossas distâncias. Parei na sua frente, levantando o rosto para admirar suas esmeraldas e sua respiração surpresa batia no meu rosto.


– Bells? - perguntou incrédulo.

– Já passou tanto tempo que você até esqueceu meu rosto? - uma de suas mãos subiu até tocar minha bochecha, fechei os olhos e suspirei.

– Não se preocupe. Seria impossível. - nossos lábios se uniram e foi perfeito.


Me abraçou e aproveitei para me agarrar a sua camisa e aprofundar o beijo.


– Estou aqui e agora prometendo a mim mesma que nunca mais fico tanto tempo sem te ver.

– Não imagina o quanto é delicioso ouvir isso. - me tirou do chão, meu vestido subiu e por falta de mão para segurá-lo pedi que me abaixasse.

– Vai me deixar nua. - rosnei.

– Como se não fosse uma visão linda.

– Já vai começar com as gracinhas? - distribuiu beijos pela minha bochecha que queimava.

– Se elas continuarem te deixando vermelhinha desse jeito.

– Como você é irritante. - resmunguei escondendo o rosto em seu pescoço - Mas eu te amo.

– Oh, finalmente, pensei que nunca diria. - rimos um pouco e ele me afastou percorrendo meu corpo com seus olhos - O quanto sofreu na mão daquelas duas?

– Daquelas três. Sua mãe também se empolgou com a idéia. - gargalhou - Mas elas deixaram que minha opinião prevalecesse. Até que foram muito gentis. - senti minhas bochechas pegarem fogo com a pergunta que pensei fazer - Então, você... gostou?


Prendeu minha cintura, puxando até colar seu peito ao meu para mais perto do dele e apoiou sua outra mão no meu colo. Joguei o pescoço um pouco para trás me deliciando com o carinho enquanto seus lábios escorregavam pelo meu queixo. Meu pensamento nublou com a fumaça que saía do meu corpo. A falta de qualquer contato por sessenta dias e ele queria me torturar dessa maneira.


Quando menos esperei, se afastou bruscamente e sorriu. Minha expressão estava entre a luxúria incontrolável e uma interrogação sobre minha cabeça como num desenho animado. Tão patética que ele riu.


– Já disse o quanto suas caretas são únicas?

– Se gosta de me provocar só para ficar olhando e rindo delas depois é melhor pensar nas conseqüências. Um dia eu resolvo me vingar, então já viu. - pegou meu pulso beijando sobre a pulseira que me deu.

– Só fiz isso porque não podemos ficar mais muito tempo aqui. Vamos perder a reserva que eu fiz.

– Se estiver cansado e preferir ficar em casa ou em qualquer outro lugar, eu vou entender.

– Não, eu quero que essa noite seja perfeita. - entrelaçou nossos dedos - Você vai entender o porquê.

– Vocês e suas irmãs. Não estão aprontando nenhuma, não é mesmo?

– Bella, desde quando eu apronto alguma coisa?

– Sim, eu que sei. - me abraçou bem apertado.


Quando me aninhava daquela forma, sentia como se fosse um escudo protetor me cobrindo por inteira. Só ele causava essa sensação em mim. Seu hálito quente bateu atrás da minha orelha e ele sussurrou:


– Prometo que não vai se arrepender, meu amor.

– Então vamos. - pedi antes que derretesse.


Ele vestiu seu casaco, pegou tudo aquilo que precisávamos e saímos.


– Estava com saudade de dirigir meu Volvo. - resmungou encostando a cabeça na parede do elevador.

– As vezes sinto ciúmes desse carro. Deve sentir mais falta dele do que minha. - belisquei sua barriga.

– Só não me faça escolher. - me enfureci e o estapiei, mas precisamos parar pois paramos num andar e uma senhora entrou olhando torto para nossa postura.


Seguramos o riso e ao chegarmos no subsolo ele caminhou na frente para abrir a porta para mim. Já estava me acostumara a maneira de ser de Edward, mas acho que as bochechas vermelhas nunca passariam.


– Primeira-dama. - lhe dei um beijo antes de me sentar e assistí-lo dar a volta.

– Que restaurante vamos jantar?

– Hum... surpresa.

– Edward.

– Está nervosa?

– Sim. Medo de acabar fazendo besteira. - estávamos saindo da garagem.

– Se eu continuar olhando para você então seremos dois atrapalhados a dar prejuízo ao dono. Não se preocupe, Bells. Será só nós dois. Mas vamos mudar de assunto. Eu quero saber o que vamos fazer amanhã.

– Amanhã?

– Sim. A Nessie me ligou louca porque quer eu veja seu novo quarto.

– Quando ela te ligou?

– Você ainda estava na Austrália. Atendi o telefone e ela resmungou: "Seu chato, você ainda não veio me ver". Contou todas as novidades da mudança e da escola.

– Essa menina. Se ela atrapalhar seus estudos, pode dizer que corto logo suas idéias, ou então meu pai.

– Coitada, Bells. Ela é um anjo.

– Ah, sim, faz mesmo muito tempo que não a vê.


Sua risada gostosa encheu o carro e me aproximei deitando a cabeça em seu peito.


– Poderíamos passar o dia amanhã com sua família e a noite voltamos para cá e visitamos meus pais. Eles chegam de viagem a tarde e vão adorar nos ver. Será perfeito.

– Sim, mas e essa noite? - perguntei sussurrando e depois mordi seu queixo o ouvindo gemer baixinho.

– A gente fala sobre isso mais tarde. - respondeu sem fôlego.

– Tudo bem. Hey, sabia que seremos uma família só em breve?

– Porque está dizendo isso? - pareceu nervoso com meu comentário.

– Além de nós, Rosalie e Emmett também estão próximos de um namoro. Eles sairam essa semana. Sua irmã gostou muito do meu irmão, sabia?

– Isso que me dá medo.

– Não seja mal. Ele também gosta dela.

– Isso que me dá mais medo.

– Quanta crueldade com o meu cabeça-de-vento, ele é um cara legal. Não implique desse jeito com meu irmão.

– Implicar é pouco perto do que vou fazer. Se ele acha que vai poder sair com minha irmãzinha para cima e para baixo sem dar satisfações nenhuma a ninguém, está muito enganado.

– Você faz isso com a irmã dele. - ficou sem resposta alguns segundos.

– Vamos voltar ao assunto principal. Bem, Emmett que se cuide. E daí que ele tem o dobro do meu tamanho?

– Edward.

– Tudo bem, é um ponto significante, mas eu não me importo. Por falar em namorado, Rennesme me contou que tem um garoto na escola que quer segurar a mão dela na hora do recreio. Isso é um absurdo, Bella. Nós temos que conversar com a professora, a diretora ou sei lá mais quem. Ela é só uma criança.

– O menino também. Absurdo é oq ue estou ouvindo. A faculdade está te pirando.

– Você tem métodos interessantes para me acalmar.

– É mesmo?

– Sim.


Abri os primeiros botões da sua camisa, passando a mão e arranhando até onde alcançava. Brinquei em sua garganta, queixo e nuca o ouvindo sussurrar coisas incompreensíveis ou as vezes avisos para que prestasse atenção no volante, mas logo a brincadeira acabou. Chegamos ao restaurante.


Evitei o riso quando vi Edward entregar a chave do carro ao manobrista enquanto ainda abotoava a camisa. Segurei sua mão e entramos. O lugar ficava na cobertura de um prédio muito bonito. Não estava me sentindo nem um pouco deslocada, estava com ele. Ao dizer seu nome para a recepcionista, ela nos olhos com um enorme sorriso e pediu que a seguissemos. Continuei admirando o lugar, desatenta ao caminho, por isso me surpreendi quando passamos do salão para a grande sacada.


Nova Iorque parecia um tapete de pequenas luzes. O vento estava frio, mas confortável e havia uma mesa nos esperando. Um garçom puxou a cadeira para mim e ao meu lado Edward puxou a dele. Nos entregaram os menus e desejaram uma boa noite antes de sair.


– Obrigado. - ele os apoiou na mesa e se virou para mim.


Ainda estava bastante embasbacada com cada detalhe na mesa e no espaço reservado para nós, tanto que quase fiquei sem ar.


– Gostou? - perguntou ao pé do meu ouvido.

– Você é impossível.

– Suponho que seja um elogio.

– Porque tudo isso? - seus olhos pareciam tão ansiosos.

– Hum, queria fazer algo especial. Da última vez que nos vimos você brincou dizendo que gostaria de um dia vir a um restaurante assim comigo, então pensei que seria perfeito hoje e estamos aqui. Simples assim.

– Simples? Deve ter dado trabalho.

– Vamos nos preocupar com outra coisa. - me beijou e depois se afastou olhando para o céu - Sou mesmo muito sortudo.

– Porque está comigo? - riu e me abraçou.

– Também. Veja como o céu está estrelado essa noite. - estava mesmo.


Não sei se pela altura do prédio, ou talvez pelo momento bom que estava vivendo, mas havia mais brilho na escuridão. Tudo parecia estar conspirando ao nosso favor.


– Não me lembro da última vez que vi tantas estrelas assim. - murmurei.

– Eu me lembro, mas agora não vem ao caso. Vamos fazer o pedido, enquanto isso você me conta como está.

– E você fala sobre a faculdade.

– E todas aquelas garotas. - piscou.

– Você quer ficar cego, não é mesmo?


Segurando uma gargalhada, me passou o menu e me puxou para deitar a cabeça em seu ombro. Sua pele era tão quente, a barba por fazer do jeito que eu amava deliciosamente arranhando-me quando me aproximava, era o bastante para me desconcentrar do pedido, então deixei que o fizesse para mim. Quando solicitou, um homem alto de terno veio até a varanda e nos atendeu.


Entrelacei nossas mãos, desenhando círculos com o polegar, enquanto pedia também um vinho para nós. Assim que o funcionário saiu, se virou mais para mim e disparou a primeira pergunta.


– Me diz que história é essa de largar a Spitfire?

– Largar? Não, eu não faria isso.

– Tenho alguns colegas que estão me achando louco, sabia?

– Porque?

– Na quinta, saí correndo como um retardado da sala de prova, quando cheguei no salão do dormitório, roubei o controle de dois caras e coloquei no canal que estava passando a competição. Quase parti para socos quando tentaram me impedir.

– Não acredito.

– Eles reclamaram bastante, mas como já estava no final consegui assistir. Eles não acreditaram quando disse que era minha namorada. Você foi perfeita. - minhas bochechas esquentaram.

– Nem tanto assim.

– O que o Peter, Phill e Andrew disseram?

– O mesmo.

– Então não vou mais discutir esse assunto. Mais um primeiro lugar, me conte como foi a conversa?

– Foi assim que cheguei no hotel, eles me procuraram e já tinham até uma espécie de contrato. - arregalou os olhos com um sorriso - Sim, verdade. Mas pensei, e não me senti confiante de sair da Spitfire, simplesmente trocá-la pela Volcom. Assim que cheguei aqui em Nova Iorque liguei para o agente que tinha falado comigo, que se chama Leo, e disse que assinaria com a condição de manter o outro patrocínio.

– O que os caras falaram?

– Andrew comemorou e Phill com aquele jeito dele só deu um sorriso e resmungou algo como 'sabia que você não sairia'. A Volcom vai fazer outro contrato. Tenho um encontro para a semana que vem.

– Queria ir com você, mas tenho aulas.


– Estará lá comigo de qualquer forma. - respondi sorrindo.

– Mais patrocínio. Sabe o que isso significa?

– Mais grana, competições mais difíceis e longas. Ficar mais tempo longe de você, de Nessie, meu pai e meu irmão. - segurou meu queixo, o levantando para que o encarasse.

– Em compensação, será mais reconhecida. Não ache que a gente se incomoda com o seu trabalho. Você sempre volta. - selou meus lábios por um breve momento e depois se afastou sorrindo - Nunca imaginou que isso seria um trabalho, não é mesmo?

– Definitivamente não.

– Está feliz com a mudança?

– Muito. - o abracei - Sabe qual era o tamanho da minha ansiedade de sair daquele lugar assombrado.

– Sim, eu sei. - o som de passos me fez soltá-lo um pouco.


Logo o homem de antes apareceu na nossa frente e nos serviu o vinho enquanto falava algo com Edward. Não prestei atenção. Minha mente voou um pouco para nosso último assunto. Depois que restaurei minha família, ainda fiquei bastante tempo no hospital para minha completa recuperação. Em certos dias eu estava ótima, em outros não me restava energia nem para abrir os olhos. Eram ocilações estranhas, mas que os médicos garantiam ser normais.


Quase um mês depois, saí de lá e Carlisle me ofereceu ficar na casa deles até me recuperar completamente, mas não aceitei. Ficar perto da minha família foi essencial para mim naquela época e pude assim criar laços muito mais fortes com Nessie. Só que em poucas semanas, a minha vida naquele lugar se tornara um inferno. De alguma forma, a vizinhança descobrira sobre Jacob, sobre o meu acidente, sobre Nessie ser minha filha e falavam de nós pelas costas.


Com isso, um tempo depois voltei ao meu apartamento, mas lá o fantasma de Jacob não me deixava dormir em paz, por isso morei quase um mês com Edward e os Cullen. Pelo menos até ter dinheiro o suficiente para alugar um outro lugar melhor e mais distante do que aquele e trouxe Charlie, Emmett e minha filha para ficarem comigo.


Mas o aluguel levava muito dinheiro, Emmett queria se formar, então com tudo isso me apressei a voltar para as competições e me empenhei em ganhar quantas eu conseguia para assim juntar grana suficiente para ter algo nosso. Com também as economias de meu pai e ainda o que eu poderia chamar de salário que comecei a ganhar conseguimos comprar o apartamento para onde nos mudamos na semana retrasada. Era um lugar muito mais tranquilo e maior para todos nós.


– Está em silêncio. - murmurou com seus lábios nos meus.

– E você estava se aproveitando disso?

– Hum, só para não perder o costume. No que estava pensando?

– Nas duas mudanças dos últimos meses, espero mesmo que Nessie fique bem onde estamos agora.

– Hey, ela ficará. Não há com o que se preocupar. - já estávamos sozinhos de novo e os pratos na nossa frente exalavam um perfume delicioso e tentador.


Provei um pouco do vinho que também estava perfeito e soltei nossas mãos para que pudesse começar a comer. Confesso que estava com um pouco de vergonha, mas não aparentei só para não ter que explicar nada a Edward e ficar ainda mais corada. A refeição estava mesmo boa, ele riu da minha cara de prazer, e murmurou alguma coisa que não pude ouvir.


Alguns minutos depois, perguntei a ele sobre a faculdade e aí vi seus olhos brilharem de excitação. Era ótimo vê-lo fazendo aquilo que gostava. Aquilo que ele insistia em dizer que só tinha conseguido comigo, pois fui eu que lhe dei coragem de enfrentar seu pai e também porque foi depois de mim que Carlisle enxergou que o filho era responsável o suficiente para decidir seu futuro que nem chegavam perto da medicina. Eu achava um pouco engraçado, afinal para mim nunca foi difícil ver o homem que sempre houve ali atrás daquelas esmeraldas.


– Percebi até orgulho na voz dele. Estou muito feliz por isso. - comentou ao falar sobre seu pai ter falado suas notas excelentes aos amigos.

– Porque não teria, seu bobo. - beijei sua bochecha e ele rolou os olhos.

– Isso é tão engraçado.

– O que?

– Você com seus medos bobos, eu com os meus, e um tentando amenizar a insegurança do outro.

– Você não é inseguro. - escorregou um pouco pela cadeira rindo bem nervoso.


Não era a primeira vez essa noite que Edward agia de maneira estranha, por isso me reclinei um pouco, fazendo com que seu rosto ficasse bem próximo ao meu.


– Você está diferente hoje. - engoliu em seco - O que está acontecendo? - bebi um pouco do vinho, ele observou os movimentos bem atentamente.

– Nada demais, meu amor. - fiz uma careta.

– Realmente, você nunca foi muito bom em mentiras. Pelo menos, não para mim.

– Pensei que dois meses longe te fariam menos convencida.


– Me desculpe se te conheço como a palma da minha mão.

– Ah, Isabella, não diga isso. - me puxou pela cintura aumentando aquele sorriso safado - Um mistério a mais deixam as coisas mais interessantes.

– Então, tudo se resume a isso. - apoiei minha mão em sua coxa.

– Lembre-se que foi você que começou.

– Então, vai me enganar que não está escondendo nada de mim? Algo que suas irmãs sabem.

– É claro que não. - me encarou algum tempo com bastante segurança.

– Terá um castigo se descobrir que está mentindo.

– Sei que a pena será leve. - sussurrou me fazendo cócegas.


Passei o resto do jantar tentando convênce-lo a me contar o que se passava na sua cabeça, qual idéia maligna estava brotando dessa vez, mas ele apenas ria do meu interesse e dizia que era minha imaginação que estava muito fértil. Como se houvesse um 'idiota' escrito na minha testa. Mas Edward conseguiu puxar outros assuntos, desprendendo minha atenção com sua caretas.


Algumas horas depois, depois de muitas risadas e com os ombros bem mais leves, ele entrelaçou nossos dedos e disse que já era hora de ir. Pagamos a conta, depois voltamos a ficar sozinhos e nos levantamos.


– Estou um pouco tonta. - confessei corando.

– É o vinho. - me abraçou e beijou a ponta do meu nariz - Vamos para casa, amor.

– Por favor, não tire sarro da minha cara por isso. Sei que devia ter bebido um pouco menos, mas não me culpe por estar alegre, okay? - de vermelho meu rosto passou a roxo.

– Voce tem uma mentalidade completamente distorcida de quem eu sou.

– Vamos continuar falando ou vai me levar para casa?

– Te levo para onde quiser, mas só se me prometer que não vai desmaiar no carro até lá.

– Pare de falar e vamos logo. - rosnei agarrando sua mão.


Ele riu alto e nos guiou até a porta, mas antes de sairmos dei uma última olhada para a sacada, a cidade e a mesa. Suspirei pelas horas maravilhosas que ficamos ali e o segui. Assim que descemos, o Volvo já nos esperava de portas abertas. Edward agradeceu ao funcionário e lhe deu uma gorjeta enquanto eu entrava e me acomodava.


– Não vamos demorar nem mesmo dez minutos. - anunciou já ligando o carro.

– Não vou demonstrar alegria caso seja essa a sua expectativa. - gargalhamos, então deitei minha cabeça no seu ombro e entrelacei nossos dedos.

– Antes de chegarmos em casa, toparia ir comigo a um lugar?

– Depende. De onde está falando?

– Um lugar calmo onde quero conversar com você sobre umas coisas importantes.

– Sabia que estava aprontando alguma coisa. - belisquei sua barriga e ele gemeu em protesto - Para onde quer ir, hein?

– Só ao Central Park. Meu Deus, você ainda vai me deixar roxo um dia desses. - esfregou sua pele por cima da camisa e fiz um bico.


Edward segurou meu rosto com força e mordeu meus lábios.


– Não vai nem me adiantar o assunto. Sabe que não posso ficar ansiosa ou piro.

– Faz isso sem ansiedade. Não minta.

– Engraçadinho.


Já estávamos bem próximos do seu prédio, por isso voltei ao meu banco e soltei o cinto de segurança. Logo Edward parou em frente ao seu prédio e o porteiro veio abrir a porta para mim.


– Obrigada. - uma rajada gelada me pegou de surpresa.


Mas antes que me protegesse do frio com os próprios braços, o blazer dele estava no meus ombros.


– Vamos.


A chave do carro foi entregue ao funcionário que tinha a responsabilidade de levá-lo para a garagem no sub solo e estacioná-lo. De mãos dadas, Edward me puxou para atravessar a rua. Mal conseguia acompanhar seu passos largos com o salto que estava usando, mas me esforcei. Andamos em silêncio pela calçada sob a escuridão das árvores. Logo achamos a primeira entrada do parque que estava não cheia, mas com alguns casais e grupos de amigos.


Edward seguiu um caminho pelo calçamento, beirando a grama e se afastando das pessoas. Havia algumas charretes com apaixonados que passeavam pela noite, todos os postes estavam acesos e algumas folhas as vezes passavam pelos meus pés. Apesar da distância que já tínhamos tomado, ele não parava, então tive que me pronunciar.


– Para onde quer ir?

– Só para longe. - deu de ombros parecendo pertubado - Quis conversar com você aqui porque não sei se o apartamento está mesmo completamente vazio.

– É algo que sua família não pode saber? - parou abruptamente e segurou meu rosto.

– Não, meu amor. Vão saber em breve, mas a conversa com eles será diferente.

– O que é tão importante?

– Tenho um pedido a te fazer e sei que será uma espécie de sacrifício para você.

– Sacrifício? - fiquei tensa imediatamente - Do que está falando?

– Do processo que vai abrir para ter Nessie. - me afastei um pouco sem entender o porquê daquilo.


Três semanas atrás, Carlisle me ajudara a contratar um advogado muito bom amigo seu que me ajudaria na justiça a fazer Rennesme minha filha também no papel. Ainda não tinha conversado com James sobre isso para saber se ele gostaria de colocar seu nome também, afinal até agora a menina ainda achava estranho tentar se aproximar dele. Mas era o pai dela, então conversaria com ele em breve.


Edward havia me apoiado na idéia e até me ajudou mesmo que de longe a falar com seu pai. Não entendia porque tocar nesse assunto agora. E que sacrifício era esse?


– E qual seria? - perguntei cruzando os braços.

– Gostaria que deixasse essa idéia de lado por um tempo.

– O que? - quase gritei dando um passo para trás e ele mais que depressa me puxou pela cintura para um abraço.

– Acalme-se, por favor? Não é o que está entendendo.

– Ah, claro, até porque não estou entendendo nada. Porque quer que eu deixe isso de lado? Sabe o quanto é importante para mim.

– Eu sei. É importante para mim também. Sabe que amo aquela baixinha e a mãe também. - beijou meu nariz e sorriu - Mas tenho uma proposta para te fazer, algo que não envolve somente nós dois, mas também ela, minha família, a sua e James.

– Está me assustando.

– Bella, vocês duas são muito importantes para mim e, pode parecer estranho, mas não quero que se afastem. Quando me disse o que queria, te apoiei imediatamente, mas me esqueci de um pensamento que já vinha me consumindo por algum tempo. Quanto à filiação de Nessie, eu gostaria muito de fazer parte dela com você. - terminou beijando minha mão.

– Você o que? - foi só o que consegui falar uns segundos depois.


Seu olhar intenso me fez estremecer. Como assim ele queria ser pai de Nessie? Uma parte de mim estava extremamente feliz porque não poderia ser mais perfeito e sabia que ela adoraria, mas a outra dizia que era errado. Sacrifício não era o que eu passaria se adiasse tudo e aceitasse seu pedido, mas o que o faria passar com uma paternidade.


– Edward.

– É isso, Bella. Eu quero ser pai dela também.

– Meu amor. - envolvi seu rosto com as mãos - Estou feliz por ter dito algo assim. Mostra o quanto se importa mesmo com nós duas, mas não sei se é bom para você. Pense bem, Edward. É um compromisso ao qual estará preso pelo resto da vida. Além do mais, há James e não sei se ele conseguiria aceitar algo assim.

– Ele sequer tem algum laço emocional com ela. E eu já pensei tudo que precisava.

– Mas-

– Não vou insistir nesse assunto. Te darei o tempo que quiser para cogitar essa possibilidade. Todo o tempo do mundo. - concluiu sua fala com um beijo.


Minha cabeça voou enquanto me puxava para ainda mais perto. Aquela seria uma grande provação. Amava Edward ao ponto de deixá-lo fazer o que quisesse, mas também tinha muito medo. Minha vontade era de ficar ao seu lado para sempre, mas e se um dia ele não me amasse mais? Não sei se suportaria vê-lo perto, mas ao mesmo tempo longe. Não sei nem se suportaria ficar sem ele. Nos separei porque a idéia me doía e ele sorriu afugentando assim meus medos.


– Me perdoe se te assustei. Não achei palavras melhores para falar sobre isso e mal podia me aguentar de tanta ansiedade. Sei que te deixei nervosa.

– Não seria a primeira vez.

– Eu sei. Mas não conseguia tirar essa idéia da minha cabeça. - escovou seus lábios nos meus e suspirou - Essa e outras.

– Tem certeza? - enrugou o cenho - Imagine o que seus pais podem falar disso.

– Faço o que quiser da minha vida, Bella. E eles gostam tanto de Nessie quanto eu. Já a adotaram como neta há muito tempo, ainda não notou? - eles tinham mesmo um grande carinho pela minha filha e ela por eles.


Encostei a cabeça em seu peito e o abracei com mais força. Era somente aquele medo que estava me atrapalhando de dizer um sim agora mesmo. Essa minha maldita mania de achar que nunca estaria a sua altura. Às vezes, estar com Edward ainda me parecia um sonho que poderia acabar num piscar de olhos.


O beijei sobre a camisa e ele riu enquanto acariciava meus cabelos. Se se dizia nervoso, não poderia imaginar como eu estava me sentindo agora.


– Prometo não contar nada a ela nem a ninguém enquanto você não tiver sua decisão. Nem vou te pressionar, eu prometo. - sussurrou.

– Obrigada. - me afastei um pouco e desfiz a careta de apreensão que provavelmente estava fazendo - Tudo bem se andarmos um pouco antes de subir?

– Sem problemas, Bells.


Coloquei meus braços por dentro das mangas do blazer, segurei sua mão e me agarrei ao seu braço enquanto ele voltava a andar. Dessa vez, bem mais calmo.


Continuamos em silêncio por algum tempo. Cada um preso em seus próprios pensamentos. Lembrei dos dois meses que fiquei longe dele, então o agarrei com mais força. Tomamos um outro caminho por entre as árvores, meu salto afundava um pouco na grama me tornando mais desajeitada ao andar. Num certo momento, tive que me apoiar cem por cento nele para não cair e no final só ouvi sua gargalhada.


– Você está bem? - se virou.

– Não faça pouco de mim. Fiz isso por você. - resmunguei apontando para os saltos.

– Sei.

– Queria ficar mais bonita e são risadas que ganho em troca. Verá o que vou fazer com você da próxima vez.


Cruzei os braços, birrenta e também com frio. O orgulho me fez virar a cabeça para cima, se aproveitando disso, logo senti um de seus braços nos meus joelhos e outro nas minhas costas.


– Oh, meu Deus. - gritei quando me tirou do chão girou - Edward, me coloca no chão.


Andou alguns metros até me colocar de frente para uma árvore onde me soltou e me prensou contra ela.


– Retire o que disse.

– Você é louco. Poderia ter escorregado. Te mataria. - me apertou mais.

– Retire o que disse.

– Tudo bem. Não terá nenhuma punição, mas v-


Fui calada com seus lábios. Ele agarrou minha nuca para aprofundar o beijo da forma que bem entendesse, sua outra mão escorregou pela lateral do meu corpo fazendo-me ficar arrepiada e a mim só restou esquecer e me entregar. O puxei pela camisa colando mais seu corpo ao meu, mostrando a necessidade que tinha dele. E naquele instante entendi porque tinha feito aquilo. Era para que mais nenhuma preocupação me aflingisse. Estava funcionando muito bem.


Apertou minha cintura com força quando precisou de ar e se afastou.


– Adoro quando me obedece.

– Você é um aproveitador de uma figa.

– Você adora.

– Se fizer isso de novo, juro com todas as forças que não vou pensar em nada. Dou meia-volta e te deixo falando com as moscas.

– Ah, você não seria capaz de resistir. - passou a mão pela minha coxa.


Odiava admitir que tinha total razão. Me desconcentrei de todo o mundo ao redor mal conseguindo controlar o forte arrepio que desceu pelo meu pescoço quando senti seus dedos escorregando levemente deixando minha pele mais quente. Tentando novamente me desligar, roçou nossos lábios não como um beijo de verdade, mas funcionou muito bem.


– Pare agora. Estamos em público. - consegui murmurar um segundo depois.

– A platéia é pequena. - disse se afastando um pouco para olhar em volta.


Aproveitando a distância, voltei à normalidade e desferi um murro no seu ombro que o fez cambalear alguns passos para trás. Fechei o blazer tremendo de frio e voltei a caminhar para o passeio principal sendo seguida por ele e sua risada rouca irritante. Começava a garoar, por isso apressamos os passos e no meio do caminho encontrei um casal que conversava embaixo de um guarda-chuva. Eram tão lindos juntos e me lembravam de tanta coisa que abri um grande sorriso.


A garota usava saltos, vestido e uma bolsa cara. Ela encarava um cara de tênis, jeans rasgado, um violão nas costas e um skate numa das mãos. Pareciam ter uma conversa muito séria. Edward também os notou, por isso quando percebeu que estava diminuindo o ritmo dos passos para observá-los me abraçou por trás e sussurrou no meu ouvido.


– Hora de ir para casa.

– Sim, doutor.


Entrelacei nossos dedos e, assim que saímos pelo portão do parque, deixei para trás toda a história da nossa filha. Quero dizer, da minha filha e rindo voltamos para o apartamento. No elevador, Edward me puxou para seu peito, colando nossos corpos com um suspiro.


– No que estava pensando quando os viu? - perguntou.

– É Nova Iorque, não é? A história se repete.

– Nenhuma história é igual à outra. Existe sua peculiaridade.

– E qual seria a nossa?

– Quer mesmo que eu diga todas?

– Existem tantas?

– E depois de dois anos de namoro é essa a resposta que eu recebo. Isabella, você é má. - beijou a ponta do meu nariz, puxando-me para dentro fora.


Mesmo já na sala ainda estava frio, por isso não tirei a roupa de Edward. Enquanto trancava a porta, acendi a luz do cômodo sem motivos especiais, talvez para ajudá-lo a enxergar a fechadura. Mas então olhei em volta me lembrando do que acontecera ali. Mesmo que minha sogra tenha mudado tudo depois do acidente - carpetes, móveis, decoração - ainda havia lembranças ali que não poderiam ser apagadas como o medo que senti de morrer antes de ter vivido. Quando já estava perdida demais, senti dedos sobre os meus no interruptor. Voltamos a apagar a luz e nos beijando subimos para seu quarto.


– Vai me derrubar. - reclamei quando me apoiou na porta.

– Entre. - a abriu para mim fazendo um sinal engraçado com a cabeça.


Edward trancou a porta, depois foi até sua mesa de cabeceira para acender a luz do abajur e se sentou na cama.


– A começar por você.

– O que? - perguntei surpresa.

– A primeira 'peculiaridade'. - fez aspas com os dedos.

– Ainda está pensando nisso?

– É.

– Por que eu e não você?

– A garota skatista. Isso é difícil. - dei de ombros.

– Hum. Então a outra pode ser o fato de ser mais comum uma garotinha mimada se apaixonar pelo proibido do que um mauricinho metido como você

– Era. - completou se defendendo com um dos dedos erguidos.


Fui até ele me encaixando ainda em pé entre suas pernas. Seu rosto estava na altura do meu colo, por isso pude bagunçar seus cabelos como gostava o deixando aproveitar da massagem. Me abaixei um pouco beijando seu rosto todo, deixando a boca por último. Foi um beijo calmo, apaixonado e senti um pouco de preocupação por sua parte, mas tentei relaxá-lo segurando suas mãos e as colocando no meu corpo.


– Aconteceu alguma coisa?

– Não. Eu só estava pensando umas besteiras. - me arrepiei sentindo seu dedilhar na pele descoberta do meu pescoço, só depois de um segundo percebendo que começava a abaixar as alças do meu vestido - Quer que continue a lista? - perguntou divertido e o beijei.

– Pode achar que não. Mas sei cada um dos 'itens' que você vai falar. Então, ainda sou uma namorada desnaturada?

– Hum. Isso melhora um pouco sua situação. - toquei sua barba com a ponta dos dedos e mordi o lábio, mas abaixei os braços em seguida para que continuasse puxando minha roupa para baixo.


Depois que Edward entrou na minha vida, recuperei muitas qualidades minhas que havia esquecido, como também outras características que só mesmo davam sinal na sua presença. Minhas bochechas só coravam com seus comentários. Minhas pernas só ficavam bambas quando seus olhos verdes me encaravam com intensidade. Só me atrapalhava em qualquer missão simples quando sabia que estava me observando. Era impressionante. Aquela mistura de sensações só me arrebatava quando estava com ele.


Fez com que me sentasse em seu colo puxando-me pela parte de trás da coxa. Seus beijos já descendo pelo meu pescoço e colo me deixando inconsciente. Deixei cada perna ao lado de seu corpo e dei a ele mais liberdade inclinando meu tronco. Suas mãos esbarraram na lingerie que estava usando e, deixando até mesmo meus ombros e orelhas vermelhos, sussurrou com seu lábio mordido:


– Aliás, melhora muito.


Com cuidado deixei que me guiasse até o centro da cama onde me pôs relaxada entre os travesseiro e se deitou sobre mim. Suas mãos e boca cobrindo cada centímetro da minha pele. Depois voltou aos meus lábios, abrigando-me em seu abraço e tive que me esforçar bastante para me lembrar de como abrir os botões de sua camisa.


– Senti sua falta. - murmurou olhando nos meus olhos.

– É bom ouvir isso. Sempre acho que vai me esquecer em uma semana.

– Sempre acha as coisas erradas. - o ajudei com o resto de suas roupas, sem deixar um segundo de prolongar o beijo.


Gemi o sentindo me invadir e tentei abraçá-lo com mais força com medo de que fosse embora de 'nós'. Não sei ao certo quantas horas ficamos juntos, mas meu desejo era que aquela noite nunca acabasse.


Também não sei como adormeci, mas me lembro de estar dizendo algo no meu ouvido quando me deixei levar pelo cansaço ainda nos seus braços. Como na noite anterior não fechamos a cortina antes de deitarmos, amanhecemos com a claridade batendo em nossos rostos. Minha cabeça estava repousada no peito de Edward que me abraçava bem apertado e ressonava tranquilamente.


Mordi o lábio observando o queixo quadrado, a covinha sútil no queixo coberta pela barba quase loira, como seu braço flexionado servindo de apoio para sua cabeça estava torneado e sem resistir estiquei minha mão direita até tocar sua bochecha. Mas por causa da luz que invadia o ambiente e, também pelo tamanho da pedra, a única coisa que pude enxergar foi o anel no meu dedo anular da mão direita que brilhava pedindo por atenção.


Precisei de longos minutos até entender que estava mesmo acordada, que não se tratava de nenhum sonho e que havia mesmo uma aliança ali. Algo que queria, mas não esperava encontrar. Pelo menos não essa noite. Uma rápida pergunta passou pela minha cabeça como um furacão. Se fosse um presente - como qualquer outro - Edward poderia colocar em qualquer mão, mas esse estava lá na direita com um simbolismo enlouquecedor.


Me sentei segurando o lençol ao redor do corpo sem poder me conter de curiosidade e o admirei. Era mesmo muito lindo. Então a noite de ontem passou como um filme nos meus pensamentos. O reencontro, o jantar, a proposta e nós dois juntos na cama. Como Alice e Rosalie me ajudaram para que eu fosse simplesmente linda ao restaurante, como deixaram o apartamento só para nós e a maneira estranha que agiram depois que Edward chegou.


E a maneira dele.


No restaurante poderia ser justificado pela conversa que teríamos mais tarde no parque. Mas e depois que já tínhamos falado sobre tudo e estávamos só os dois nos amando? Ainda parecia apreensivo e fui uma idiota por não entender por que. Ou era a minha vontade desenfreada falando por mim, ou estava mesmo certa.


– Bom dia. - as vibrações de sua voz na minha garganta foram a única motivação que tive para voltar a me mover.


Interrompi os beijos que distribuía pela minha nuca e me virei tentando formar alguma frase coerente com as minhas alucinações. Edward percebeu minha confusão, segurou minha mão com seu sorriso torto se espalhando devagar e não houve mais nada além do seu toque, nada mais que me fizesse minha de novo.


– Acho que ontem a noite não conseguimos conversar muito bem depois que chegamos em casa.


Riu sacudindo a cabeça como se fosse a pior maneira de começar, mas eu também estava rindo e assim me aproximei até sentar em seu colo. Seus dedos entrelaçados aos meus esbarravam no frio aro que parecia pesar toneladas, pelo menos até seu mar verde se concentrar em mim fazendo-me esquecer do resto.


– Acho que a culpa foi um pouco dos dois.

– Concordo. - envolveu minha nuca trazendo sua boca para a minha e me deu um beijo de bom dia como sempre fazia.

– Espero que saiba que não consegue esconder nada de mim.


– Do que está falando?

– Ontem a noite, quando estávamos no parque, sei por que não aceitou minha idéia imediatamente. Sei que tem medo de me prender em algo que possa acabar um dia. Sei que tem tanto medo de que isso termine quanto eu tenho de te perder. Mas precisa entender que o que sinto por você não é mais um amor proibido adolescente e já faz muito tempo. O que sinto por você não vai mudar por nada nesse mundo, Isabella. Por isso disse ontem que você achava coisas erradas demais e é verdade. Eu te amo, quero passar o resto da minha vida ao seu lado. - sorri deixando uma lágrima cair - Já até sei que vai dizer que somos jovens demais para isso, mas vou dar tempo ao tempo até que a hora certa chegue. Eu só quero mesmo ter a certeza de que é minha. - acariciou minha bochecha sorrindo - Quer se casar comigo, minha skatista?


Meu coração inflou de alegria e o depois do choque o abracei com força.


– É claro que sim, meu mauricinho.


Cinco anos depois


– Não cooperarei em estragar o dia mais importante da vida do meu irmão. Não vou permitir que desça essa rampa, Isabella. - ralhou colocando as mãos no quadril.


Eu, Nessie e Rosalie continuamos a olhá-la por um longo tempo com interrogações nas testas, acho que tentando decifrar de que desenho animado a baixinha saíra. Até que o Sol se tornou incômodo demais aos meus olhos e baixei a cabeça rindo.


– Nessie, me ajude a terminar aqui mais rápido, por favor? - entreguei as joelheiras a ela para que as vestisse em mim enquanto dava um jeito com as cotoveleiras.

– Isabella, esse será meu último aviso.

– Allie, calma. Relaxa. Vai ser só uma seqüência rápida e o motorista está esperando a gente logo aqui na saída. Estaremos lá em menos de uma hora.

– Mas e o seu cabelo?

– Vai continuar na cabeça.

– E a maquiagem? - bufei.

– Vai continuar na cara.

– E sua filha? - Nessie riu de maneira desesperada de sua tia.

– Teremos tempo de arrumá-la. Relaxa.

– Ai, eu desisto. - fez a encenação mais convincente de princípio de desmaio que já vi na vida até que um competidor viu e se aproximou a segurando gentilmente pelos braços.

– Moça, você tá bem?

– Acho que vou desmaiar. - murmurou, mas apenas ignoramos até que se deu conta e ergueu uma das sobrancelhas para nos observar - Ah, droga. Eu tentei.


O rapaz ficou confuso e saiu antes que fosse feito de bobo mais uma vez. Verifiquei meus itens de seguranças, então sorri para a minha garota ajoelhada ao meu lado com seu enorme sorriso encantador. Percebi que a fivela do capacete de Nessie estava mal presa, por isso me inclinei um pouco até alcançar e cumprir com honras meu papel de protetora.


– Hey, mãe. - se levantou mais que depressa olhando em volta - Não me faça pagar um mico, valeu?

– Garota, você não tá mesmo dizendo isso pra mim. Estou cuidando de você. - me ergui também.

– É, mas não preciso. Sei me cuidar.

– Uma pirralha com doze anos me dizendo que sabe se cuidar.



– Ser mãe é padecer no paraíso. - Rose repetiu a frase de Esme.

– Tô indo pro meu canto, valeu? - resmungou já segurando seu skate cor-de-rosa no peito e se afastando de nós.

– Cuidado para não cair e se machucar, bebê. - provoquei.

– A idosa aqui é você. - senti uma pontadinha de raiva, mas acabei cedendo e caímos numa gargalhada.


Logo depois desapareceu do meu campo de visão para dar a volta na pista e eu procurei meu skate para também subir. Rose o entregou a mim com seu grande sorriso e disse que arrastaria Alice para limousine antes que acabasse se jogando aos meus pés para me impedir. Elas se foram, enquanto isso dei aquela última olhada de sempre na prancha, no truck e nas rodas já que fiquei fora de competições pelos últimos três meses.


Quando tive a certeza de que tudo estava em seu lugar fui surpreendida por alguém tocando meu ombro. Me virei assustada encontrando Phill com seu usual e irritante sorriso debochado.


– Deveria seguir o conselho da sua cunhada e correr para o carro.

– E o que ainda faz aqui?

– Não se preocupe. Eu apareço para a festa. - deu de ombros - Sabe como é essa vida de olheiro. Estou garimpando alguns talentos. Tento chegar neles antes da Quiksilver, da Element, da Volcom.

– São só crianças.

– Talento não tem idade. - deu de ombros - Por falar nisso, a habilidade parece estar correndo no sangue da baixinha. Sua filha não pensa em seguir profissional?

– Phill, ela só tem doze.

– Tem worldcup entrando com quatorze. - cruzei os braços aborrecida - Que foi? Eu só estava pensando.

– Tira o olho da minha garotinha.

– Você também era a garotinha de alguém e olha até onde eu te levei.

– Sempre tão convencido.

– A gente se fala mais tarde, Swan. - coçou o rosto e se fingindo de despreocupado foi embora.


Subi três metros e meio até a plataforma, recebi ajuda de um cara para sair da escada e assim que apoiei o skate no chão vi Rennesme chegando também até o outro lado.


Meu coração disparou. Impossível saber se pela preocupação materna de vê-la se preparando para dropar, ou se foi um pouco de emoção por descer a rampa pela primeira vez com minha filha. Não prestei atenção no que o apresentador falava ao microfone, só prendi meus olhos nos seus tão contentes quanto jamais vi e, assim que foi permitido, pisquei para ela que sorriu e inclinou seu corpo para frente.


Fomos juntas, cruzando a rampa de maneira perfeita. Fizemos a primeira manobra na segunda descida quando encontramos mais impulso e, apesar de não termos combinado nada, fomos iguais novamente o que fez as pessoas que assistiam lá embaixo aplaudirem e gritarem vibrando com a apresentação. Até que a idéia de permitir que Rennesme entrasse para o profissional não era tão má assim. O skate sempre me fez feliz assim como a ela desde a primeira vez que se equilibrou naquela prancha quando ainda era pequena demais até mesmo para falar sem se atrapalhar.


Se assim fosse seu desejo, faria de tudo para ajudá-la como Edward fez comigo. Assim como transformou minha vida para melhor, eu também transformaria a de Nessie.


– Cara, você é louca. - um garoto bem novinho gritou assim que paramos.


Apoiei a testa no joelho rindo de mim mesma por ter terminado com uma manobra tão difícil para aquelas crianças. Contudo, a pequena do outro lado ria deixando suas bochechas mais coradas e batia palmas. Fiz o mesmo já que tinha ido muito bem também, depois com um sinal de cabeça indiquei que nos encontrássemos lá embaixo e com ajuda do skate deslizamos até o centro da rampa.


Ela se levantou e correndo veio para me dar um abraço enquanto todos ainda aplaudiam.


– Cara, isso foi muito maneiro, mãe.

– Achei que estivesse te fazendo pagar um mico.

– Ah, e você acreditou? - a abracei ainda mais forte beijando seus cabelos.


O apresentador me chamou pelo microfone:


– Hey, Bê. Não está esquecendo nada? - Nessie riu - Não prenda a cauda branca na porta, garota.




– Até você? - gritei e quem sabia o que estava prestes a acontecer hoje simplesmente gargalhou.


Com a lembrança, a menina entrelaçou seus dedos aos meus, pegou os dois skates esquecidos ao nosso lado e me puxou para fora dando antes um longo adeus para um rapaz lá em cima. Estreitei os olhos para o mesmo garotinho que falara comigo quando acabei a seqüência, mas então percebi que estava começando a ficar tão ou mais ciumenta que Edward, por isso sacudi a cabeça de um lado para o outro tentando ignorar.


Corremos muito até alcançar a saída do local de provas. Atravessamos uma pista e paramos ao lado da limousine que se abriu para nós já dando uma pequena amostra de como seria a viagem até o centro.


– Eu não mereço isso, vocês demoraram. Assim não teremos tempo para nada. Entrem logo ou vamos nos atrasar. Meu Deus, o que fizeram com essa garota. - Alice puxou Nessie para dentro pela gola da camisa e vi que as duas já haviam se vestido.


Entrei também, mas correndo para mais perto de Rosalie antes que a fúria sobrasse para mim. Minha filha contou para as tias como tinha sido a nossa descida detalhe por detalhe da manobra, da reação do público e dos outros competidores. Meus olhos cresciam em cima de sua alegria e expectativa, mas fui tirada daquele devaneio quando tiraram de mim o capacete para que outra maratona começasse.


Tirei minha blusa e Rose me ajudou a logo encaixar o vestido com certa dificuldade. Ela o fechou, depois soltou meu cabelo preso libertando os cachos tão bem preparados por um profissional essa manhã. Enquanto encaixava meu acessório de cabelo, tirei o tênis e a calça jeans deixando que a saia cobrisse minhas pernas. Prendi também o colar de pérolas que Esme e Carlisle haviam me dado de presentee vesti a sapatilha que comprei depois de muito custo para achar algo apropriado ao meu jeito atrapalhado de ser.


Me sentei melhor no banco e deixei que Rose retocasse minha maquiagem deixando-me perfeita nos últimos detalhes para o homem da minha vida.


Ouçam 'Kiss Me - Avril Lavigne'


E acho que só depois de já completamente vestida, arrumada e a caminho da igreja é que parei para pensar no homem maravilhoso que estaria me esperando naquele altar essa tarde. Em menos de uma hora deixaria de ser a Srtª Swan para carregar seu sobrenome assim como aquele amor incondicional e irracional que sempre esteve em mim. Fechei os olhos numa tentativa frustrada de regularizar meus batimentos cardíacos e imediatamente viajei até uma imagem fantasiosa ao mesmo tempo tão real de Edward segurando minha mão e puxando-me para ele na igreja.


– Nervosa? - Rose me interrompeu.

– Um pouco.

– Já chegamos, Isabella.


Me assustei quase caindo para trás, mas Nessie me segurou rindo.


– Mãe?

– Estou bem. Estou bem. - a olhei de cima abaixo no seu vestido de dama - Você está linda.

– Você está muito mais. - passou a mão pelos meus cabelos, então fui abatida por um tremor ao imaginar se estaria a altura de Edward - Não fique assim. Está mesmo bonita. Muito mais do que sempre foi. - revirei os olhos a fazendo rir e segurei sua mão.


Não sei ao certo como saí do carro, nem como consegui para de hiperventilar, mas ao abrir os olhos de novo vi Charlie acariciando meu rosto e observando meu vestido com um sorriso que enchia todo seu rosto. Vê-lo não ajudou muito, deixava-me com vontade de chorar, ou então sair correndo e me esquecer do trabalho que tive cuidando de cada detalhe para essa cerimônia.


– Você está linda, filha. - sussurrou.

– Obrigada. - Rose e Alice já estavam na porta, Emmett acenou depois um instante ainda um pouco curioso a me ver e entrou na igreja para avisar que já estávamos prontas - Pelo menos é o que pensam. - murmurei.

– O que?

– Não é nada. - seu braço estendido para mim era o mais perto de porto-seguro que pude encontrar por isso o segurei.

– Vou para lá antes que Tia Alice me grite de novo. - Nessie beijou meu rosto, mas antes de se afastar sussurrou: - Estou muito feliz por você, mãe. Boa sorte. - ri um tanto sem jeito e permiti que Charlie me guiasse pelos três primeiros degraus.


As grandes e pesadas portas se abriram para nós. Ele me forçou a dar mais um passo para frente, mas o encarei espantada com tanto encorajamento se é que assim poderia ser chamado. Uma música suave tocou lá dentro chamando as madrinhas para sua entrada só não prestei atenção no quão rápido seria aquela passagem. Meu pai apertou seus dedos nos meus, me deu um beijo e suspirou.


– Estou tão orgulhoso, Isabella.

– Está mesmo?

– Claro. Não fique nervosa. Ele está te esperando também ansiosamente lá em cima.

– Sei que é meio tarde para perguntar, mas como se sentiu no seu casamento pai? - abaixou o rosto um pouco corado e só quando Rennesme já dava seus passos na direção do longo corredor é que respondeu.

– Da mesma maneira que Edward deve estar se sentindo: o homem mais sortudo da face da Terra.


Senti uma lágrima chegar até meus olhos, as culpadas por minha visão turva, mas assim que o efeito passou não houve convidados, ou decoração, ou lugar que me fizesse esquecer de olhar somente para frente e somente para ele. Somente para o lugar no altar reservado para seu sorriso de alívio perfeito assim como o que eu mesma deixava crescer no meu rosto. Não ouvi a marcha nupcial, nem os comentários que passavam por mim, nada além de sua voz no meu inconsciente me estimulando a dar um passo na frente do outro.


O brilho no seu olhar me emocionou, finalmente aquela lágrima precipitada escorreu pela minha pele e mal pude acreditar que estava mesmo seguindo de branco até nosso sonho. Não quebrei o contato visual quando chegamos e Charlie estendeu minha mão para a de Edward. Houve uma explosão inexplicável dentro de mim quando nos tocamos. Meu pai me abençoou, depois sussurrou alguma coisa para meu noivo que só o fez aumentar ainda mais o sorriso.


E só havia mais uma coisa a ser feita: agradecer ao destino um dia ter sido atropelada por aquele mauricinho com quem queria dividir minha existência e também à mim por não ter resistido a mergulhar no seu mundo e deixar que fizesse o mesmo com o meu.


Delicadamente me ajudou a subir o último e mais longo degrau e ofereceu seu braço para que completássemos aquele ritual. Já bem próxima um beijo foi deixado na minha testa e ele sussurrou:


– Nem acredito que está aqui. Você está linda, futura senhora Cullen.

– Você também, meu amor.

– Em nome do pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. - o som de todos se sentando me fez balançar mais uma vez.


O padre fez um sinal pedindo que nos ajoelhássemos para o início da cerimônia. Estive tão concentrada nele que não notei, mas assim que terminamos o movimento senti a pressão contra minha pele quase rasgando o vestido de noiva.


– Merda. - sussurrei, mas saiu mais alto do que pretendi.


Edward me encarou espantado, mas não tanto quanto o padre. Rennesme também girou nos calcanhares para ver o que estava acontecendo e Alice deu um tapa na própria testa se perguntando o que era daquela vez.


– Bella? - me chamou - Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

– Eu... - respirei fundo com minhas bochechas pegando fogo - Esqueci de tirar a joelheira.


E a reação que eu esperava era uma bronca ou uma reclamação, mas me surpreendendo mais uma vez ganhei uma alta e deliciosa gargalhada que encheu toda a igreja e se expandiu aos nossos padrinhos, familiares e até os convidados das primeiras fileiras.


– Me desculpe? - pedi rindo, mas ele negou com a cabeça e se aproximou até selar nossos lábios.

– Eu te amo.


Fim.



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