Jessy saiu do banheiro já toda arrumada. Só então me dei conta de quanto tempo se passou enquanto eu estive parada pensando.
Danyelle bateu na porta e entrou. Ela ficou boquiaberta quando me viu. Comecei a me sentir um pouco mal por todos saberem da surpresa menos eu.
- wow! Anny, você tá linda! – eu sorri sem graça. – tudo pronto? Todos já estão lá embaixo.
Minhas pernas tremeram e meu estômago revirou. Respirei fundo e comecei a contar até 10...
- vamos, Anny. Segure em mim se sentir que vai desmaiar na escada. – Jessy piscou pra mim e riu do meu estado de nervosismo.
Saímos do quarto e eu travei logo quando coloquei os pés no corredor.
- e meus filhos?? Onde estão? – perguntei atordoada.
- não se preocupe com eles. Eles estão perfeitamente bem. – Dany me tranqüilizou.

Desci as escadas e nenhum sinal de agitação na sala. Será que era tudo uma brincadeira delas? A história de casamento era então apenas uma piada?
Logo vi que tudo era mesmo real quando me deparei com o Sr. Donald me esperando na sala. Ele esticou o braço direito para que eu me apoiasse. Um sorriso tranqüilo surgiu em seu rosto.
- ual! Meu filho tem muita sorte de ter escolhido uma esposa tão bonita. – minhas bochechas coraram.
- obrigada pelo presente, Sr. Donald. - eu ainda não tinha tido oportunidade de agradecê-lo pela casa. Ele sorriu torto, como o filho sempre fazia. – sua esposa não deve ter gostado nada disso, não é? – eu não tinha coragem de tocar no nome daquela bruxa.
- nós não somos mais casados. – ele ficou sério. – eu pedi o divórcio quando soube o que ela fez a você.
- oh... me desculpe.
- não se sinta culpada. Ela não podia ter feito aquilo com os meus netinhos, nem com você. – ele sorriu de novo. – agora, alegre-se. Meu filho não irá gostar de te ver triste.
Ele tinha toda a razão. Eu abri um sorriso e segui em frente em direção aos fundos da mansão. O medo tinha desaparecido e naquele momento só me sobrava alegria.

A música tradicional começou a tocar de fundo, mas meu pensamento estava longe, mais precisamente no altar. Gerard estava lindo, e se for possível dizer, ele estava mais lindo que o normal. Um sorriso de tirar o fôlego dominava seus lábios cor de cereja (causada por fortes mordidas de nervoso, eu supunha). Seu cabelo escuro caía bagunçado pelo rosto e eu vi em minha cabeça as cenas dele remexendo os fios com suas mãos a todo instante. Os olhos verdes estavam mais brilhantes do que nunca e suas mãos tremiam com a proximidade de nossos corpos.
Donald me entregou a Gerard e nossas mãos enfim, se tocaram.
Eu repeti todas as falas tradicionais que o padre pedia, mas meu mundo era outro. Meu mundo era Gerard. Só ele.
- eu aceito. – jurei sem medo.
- eu aceito. – ele jurou feliz.
Ele segurou meu rosto com as duas mãos e prosseguiu para um beijo carinhoso, romântico e com gosto de quero mais.
Aplausos nos tiraram à concentração e então me virei para admirar a platéia. Meus dois bebês estavam lindos e dormiam calmamente alheios a toda aquela agitação no colo do Sr. Donald. Do meu lado direito, minha mãe vinha correndo com lágrimas nos olhos. Eu já devia me lembrar de que ela sempre chorava em casamentos.
- ah minha filha... você está tão linda. – ela me olhou por inteiro. – vou sentir tantas saudades suas a partir de agora. Dos meus netinhos lindos também.
- mãe, eu vou te visitar toda semana, ok? Não vou me mudar pra outro país, fique tranqüila. – tentei rir, mas a emoção falou mais alto.
- assim eu me sinto um pouco melhor. – ela sorriu e tirou um papel da bolsa. – ah, eu já ia me esquecendo. Chegou essa carta pra você. Acho que é importante.
- eu leio mais tarde. Obrigada, mamãe.
Nós duas nos abraçamos e logo vários amigos surgiram para me parabenizar. Mikey e Dany vieram até mim com um enorme sorriso no rosto.
- agora oficialmente minha cunhada! – Mikey disse enquanto me abraçava.
- espero que o próximo casamento seja o de vocês.
- com certeza será. – Mikey deu um super beijo em Dany.
- e podem esperar uma surpresa também, hein. – eu brinquei.
- ah, vai dizer que não gostou da surpresa? O Gerard estava tão desesperado. Ele achou que você ia descobrir assim que chegasse aqui hoje. – Dany disse.
- ele me paga! Como eu posso ser tão lerda? – nós três rimos juntos.
- será que posso roubar minha esposa um pouquinho? – Gerard agarrou minha cintura por trás e apoiou o queixo em meu ombro.
- claro, claro. Ela é toda sua, maninho. – Mikey riu.

Gerard me levou pro meio da pista improvisada no jardim e pôs as duas mãos em minha cintura. Eu envolvi meus braços em seu pescoço enquanto dançávamos uma música lenta.
- feliz? – ele perguntou sorrindo.
- você ainda pergunta? – eu ri. – mas você ainda vai ter seu troco pela travessura.
- eu vou adorar pagar por isso. – ele me beijou.

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