Capítulo VI: Sexto tiro.

Tudo tinha sido muito rápido. Tão rápido que ninguém percebeu. Ou melhor, quase ninguém percebeu.

Olhei ao redor e quase todos estavam entretidos conversando ou jogando cartas. Porém a menina cor-de-rosa me olhava com uma cara sarcástica e brincalhona. Mas quando eu estava me erguendo da carteira para dar uma surra na desgraçada, ouvi uma voz no meu ouvido.

- Sente-se – Falou a voz. Senti um calafrio passando pela minha pele e uma onda de vergonha e raiva fizeram com que eu fica-se imóvel.

“Os brincos” pensei enquanto os tocava.

- Sente-se – A voz novamente disse, mas dessa vez parecia mais irritada. Sentei.

Mas como esse desgraçado do Gaara sabia que eu estava de pé?

Pensei por um momento. A resposta era óbvia de mais. Os brincos, além de servirem como “celulares”, eles também serviam como câmeras. É isso mesmo, ele deve estar me vigiando! Meu primeiro pensamento foi de que agora eu teria que evitar qualquer espelho enquanto eu estiver me trocando. Safado. Imbecil. Não acredito que chorei na frente dele! Sacanagem! Acho que eu estou na TPM, só pode.

As aulas foram tão chatas que prefiro não falar sobre elas. Pois além do fato de que eu não estava prestando atenção (eu estava tentando tirar os brincos) não aconteceu nada de “emocionante”.

Até agora.

Uma mulher peituda e loira entrou pela porta da sala de aula em passos firmes e decididos em direção a frente da sala. Era a diretora. Tsunade. Imediatamente todos os alunos pararam o que estavam fazendo, inclusive eu que ainda estava tentando tirar os brincos, e encararam a diretora.

- Caros alunos do 3º ano. Como vocês sabem, todos os anos nós fazemos uma pequena confraternização com todos os membros de suas famílias em uma das ilhas da nossa escola. Porém esse ano a família Hyuuga irá ceder um de seus hotéis para esta ocasião. Já enviamos aos seus pais os convites e peço que todos compareçam.

A diretora olhou para os alunos com sua típica cara de “é melhor vocês fazerem o que eu estou pedindo”.

Todos balançaram positivamente a cabeça. Ela continuou:

- Peço também que não façam nada que prejudique a infra-estrutura do hotel. Obrigada. – E ela saiu da sala.

Imediatamente todos os alunos, inclusive o professor de matemática, começaram a conversar sobre a confraternização. O fato é que, nessas confraternizações, todas as famílias se reúnem para, simplesmente, mostrar poder. Isso mesmo, digamos que eles vão apenas para se exibir. Ok, eu sempre vou nas confraternizações, não me julgue. Mas eu amo desfilar pelo salão de festas com dezenas de caras bonitos ao redor de mim para me proteger. Também sou humana, ok?

Não demorou muito para que as aulas acabassem e todos os alunos fossem para casa, ou para os dormitórios como eu.

Ao chegar no dormitório encontrei Temari jogada em sua cama com meia dúzia de roupas pretas espalhadas.

- O que aconteceu? – Perguntei enquanto trancava a porta e ia em direção dela.

- Nada, apenas o fato de que vamos ter uma missão hoje á noite. – Ela falou enquanto se levantava e me jogava uma blusa baby-look preta. Segurei a blusa e fiquei encarando ela com uma cara desconfiada.

Temari caminhou em direção ao seu guarda-roupas e começou a tirar de dentro de um fundo falso de uma das gavetas várias coisas que os terroristas devem utilizar.

Fiquei pasma.

A menina tinha todo um arsenal de armas lá! CARAMBA! Eu já achava ela medonha, agora eu estou começando a achar que ela faz parte de alguma organização terrorista. Iraque talvez?

Porém todos os meus pensamentos foram interrompidos quando ela começou a me entregar várias coisas. Um colete contra balas, um shorts preto feito de algum tecido não-inflamável. Meias-calças pretas, tênis de corrida pretos, luvas, várias balas (não eram as de comer) e dois revolveres.

- Rápido! Coloque tudo! – Ela falou enquanto vestia sua roupa e seus equipamentos.

Por um momento minha mente tinha ficado em branco. Afinal, eu não esperava que fosse sair no meio da noite para, sei lá, uma missão terrorista.

Ao ver que a minha companheira já tinha terminado de esconder meia dúzia de objetos em lugares que eu nunca pensei que fossem possíveis esconder objetos. Comecei a me vestir desesperadamente.

Não demorou muito para que eu estivesse pronta. Olhei-me no espelho e pensei “É, eu pareço uma espiã”.

Porém eu ainda não sabia o que nós duas iríamos fazer.

Me virei rapidamente em direção á Temari e perguntei:

- O que nós vamos fazer? Que tipo de missão é essa? – Falei enquanto colocava a mão na cabeça e olhava para ela com uma cara preocupada.

Porém ELA não parecia preocupada.

- Vamos invadir o dormitório dos professores. – Ela falou com um sorriso enquanto colocava um tipo de equipamento de choque nos bolsos. Eu fiquei apavorada! Não foi ela que ontem me disse que ir para o dormitório dos professores seria a mesma coisa que cometer suicídio? Como assim “vamos invadir”? Ela ficou louca ou o que? Porém não tive muito tempo para pensar, pois a voz no meu brinco falou:

- Venham.

E segundos depois eu e ela estávamos pulando pela janela do nosso quarto.