You Are Not Alone escrita por YouAreNotAlone


Capítulo 11
Depoimento de Jojo_Almeida


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Aqui é a Carolzinha e vim postar esse depoimento maravilhoso da Jojo *----*

Tomara que gostem!

Beijos



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Meu nome Giovanna Almeida, e eu não acho que minha idade seja relevante.

Minha história... Bom, minha história não chega perto de algo triste. Cresci cercada de amor, em um familia que nunca sofreu nenhum problema que deixou de ser superado. Sempre me destaquei na escola, nunca sofri bullying. Nunca me preucupei com minha aparencia mais do que de uma forma saudavel, nunca usei drogas, nunca tomei um só gole de alcool.

Muita gente que vem até aqui tem problemas na familia e na escola. Mas eu não. Minha familia? Uma mãe aplicada, que apesar de muito ocupada trabalhando está sempre presente. Um pai que apoia todas as minha decissões e é muito protetor comigo. Uma irmã que eu sei que sempre vai estar ao meu lado. Na escola? Boas notas, apesar de alguns empecilhos em matemática. Muitas amigas, com quem posso contar. Em um termo geral, sou a garota que quase shega a ser....hun, popular. Aquela cercada de amigos, eque nunca para de falar.

Mas isso no quer dizer que eu já pratiquei bullying. Entenda, eu faço muitos amigos, e sou uma pessoa facil de conversar, mas nunca criei um grupinho restrito. Nem mesmo quando era pequena. Eu sempre aboli essa ideia desde que me dou por gente. Costumo ser justamente aquela meio invocada, que dá um passo a frente e comfronta os que praticam o bullying.

Agora, você se pergunta: "o que diabos você faz aqui, então?"

E a resposta é no minimo.... complicada. Posso ser a garota que toca piano, lê dois livros por semana, pinta, dança ballet clssico, vai bem na escola e só anda cercada de amigos. Mas nem todos que conheço são assim.

Tudo começou em setembro do ano passado. No dia que descobri que J. tinha bullimia.

Quem é J.? Uma amiga. Nos conhecemos desde a primeira série, e ela é uma garota que nunca se deixava intimidar. Pelo menos até a quarta serie. Quando o bullying começou.

Eu não entendi o que a levou a bullimia. Quando alguem a xingava, ou algo do tipo, era sempre sobre o fato de ela "parecer um garoto". Apesar de que, a semalhança entre ela e um garoto seria algo próximo a um elefante e uma borboleta. J. tem cabelos pretos que vão até a metade de suas costas, pele morena e olhos escuros. Ela nunca chegou a ser gordinha, nem nada. Estava sempre em boa forma e no peso normal.

Ento porque faziam isso? Simplesmente porque ela era boa nos esportes. E muito. As vezes preferia se meter no meio de muita gente mais velha e jogar football, em vez de ficar sentadinha na arquibanca com as outras garotas. Acho que foi daí, que tudo comeou. Na quinta serie, ela cresceu um pouco e o "corpo começou a mudar". Em outras palavras, os garotos comearam a notar ela. Justamente porque ela era a que sempre participava.

Ela mesma, não gostava da atenção. Ela sempre foi meio... hun, timida. Do tipo que demora a se soltar. E de repente, era como se todos os refletores masculinoos estivessem em cima dela. E os femininos tambem, só que de uma forma tremendamente ruim.

Os xingamentos comearam. Apelidos, tudo. Primeiro, foram pelas minhas costas.Qualquer umque fosse esperto o suficiente para somar dois mais dois, saberia que não se deve praticar bullying na minha frente.

Até que um garota cometeu essa burrice extrema. Estavamos na cantina, que um é lugar tão lotado que você mal olve sua própria voz. Mas eu olvi, quando há uns cinco metros de mim, ela xingou a J. Eu fiquei com muita, muita raiva. Invoquei todo meus espirito de guerra, e mandei algumas diretas bem grandes para ela. Não usei nenhum palavrão, em nada, mas eu tenho um certo 'dom' de deixar as pessoas para baixo. Desde que sejam pessoas merecedoras disso, por mim tudo bem.

Eu achei que tudo tinha acbado. Mexeu com minhas amigas, mexeu comigo. Não olvia mais nenhum xingamento direcionado para a J. e as garotas pareciam ter ficado com um pouco de medo depois do que em fiz. Eu achei que tudo estava resolvido.

E como estava errada. Tudo... tudo continuava, só que pelas minhas costas. E J. não me contava nada, com medo das ameaças que elas faziam. O que eram ao certo, eu no sei. Mas eram fortes. E eu vi minha amiga indo cada vez mais para baixo.

Voltando para aqule dia.

Era quarto horario, depois do intervalo. J. devia ter comido, no máximo, um pão de queijo. Ns estavamos na aula de educação fisica, a única tenho custume de matar. Eu no faço isso fora da escola, nem nada. Quando digo matar, quero dizer que fico os 50 min. de aula conversando na arquibancada ou no banheiro feminino. Depois de ter marcado presena na chamada.

Naquele dia, eu estava na arquibancada. Eramos cerca de 12 pessoas que estavam "matando" aquela aula. Agente conversava alto e ria, falando besteira. Quando, sem querer, o fato de eu ser to desastrada que nem eu sou, me afetou em cheio. E eu caí. De costas, enquanto ria de uma piada particulamente ridicula feita por um dos 5 garoto que estava lá com nosco.

Eu não me machuquei, nem nada. Mas quando me levantei, gastei tempo o suficiente olhando para a quadra, a ponto de notar que J. no estava lá. Achei estranho, já que ela nunca perdia essa aula. Perguntei para uma das garotas que estava jogando vollei se tinham visto ela, e elas disseram que J. fora no banheiro no começo da aula.

Andei até o banheiro sem nem me preucupar de avisar o professor. Até hoje tenho a sorte de que essa materia não vale nota. Eu abri a porta e analizei as cabines.

Ela estava em uma entreaberta, e eu podia ver o jeito com que ela se agachava do lado do sanitario. Eu abri um pouquinho a porta e chamei seu nome baixinho. Ela limpou a boca e escondeu o rosto envergonhada. Eu dei um jeito de sentar ao seu lado na cabine minuscula, e esperei ela olhar para mim.

Quando J. finallmente levantou os olhos, eu tentei parecer calma. Primeiro, peruntei se ela estava passando mal. Ela negou, e o silencio pairou sobre nos de novo. Um caroço pareceu ficar preso na minha garganta, mas eu continuei tentando parecer calma.

Perguntei, bem baixinho, se ela tunha bullimia.

J. assentiu com a cabeça, e quando percebi, ela ja estava chorando. Abracei ela de forma quase protetora, e deixei que ela molhasse meu casaco enquanto sussurava palavras de consolo. Alguns minutos depois, ela se acalmou, mas manteve os olhos fechados, como se fosse impossivel me encarar agora.

Eu me senti horrivel. Cega. Tola. Aquele tempo todo, eu tinha fechado os olhos para um problema que estava bom ao meu lado. Eu tinha... acreditado que estava tudo bem, sem checar duas vezes. Eu tinha esquecido de olhar embaixo daquela garota forte que estava ao meu lado.

J. abriu os olhos e suspirou baixinho, finalmente olhando para mim.

Tentei continuar parecendo calma, porque aquela era uma situação complicada. Mas meus braços tremiam, e eu tenho certeza que minha expressão me denunciava. Olhei no fundo dos olhos dela, e pedi para ela me contar a histria inteira, sem esquecer nenhum detale. Ela negou com a cabea novamente, e eu tentei buscar as palavras em minha mente. Quando eu me lembrei.

Eu me lembrei, que quando estavamos na segunda serie, minha avó morreu. Minha vida pareceu ter dado um banque, e foi um grande choque para mim. Eu tentava esconder tudo atras de um sorriso, mas J. acabou vendo que tinha algo errado. Ela me perguntou se eu queria contar a ela, e eu assenti, mas não disse nada. Nesse momento, J. foi mais que uma boa amiga. Ela se lembrou da forma que eu sorria quando alguem fazia o menor elogio a algum de meus textos. E ela pediu que eu escrevesse um carta. Uma carta que falasse tudo que sentia e tudo que não conseguia colocar em palavras. E pediu também, que eu entregasse essa carta para ela.

Eu fiz a carta. Uma carta enorme, que tinha cinco folhas.Entreguei a carta no dia seguinte, e ela prometeu que só leria qando chegasse em casa. Depois de ler a carta, ela pediu para que nos conversasímos no dia seguinte. Quando nos encontramos, J. praticamente se jogou em meus braços, falando que nunca havia lido nada mais lindo do que aquela carta. E eu não pude deixar de sorrir. Daquele dia em diante, fizemos um trato que havia sido soterrado em minha memoria. O trato era: quando algo dificil de mais para se por em palavras acontece com nos duas, escreveriamos uma carta.

Em sorri lebrando daquele dia, que parecia ter cido a mil anos atrás. Minha mente voltou para a cabine do baneiro em que nós duas estavamos agachadas e eu olhei apra ela com um sorriso. "Então me escreva um carta" eu disse baixinho, e ela sorriu tambem, me dando um abraço. Mesmo sem dizer uma palavra, eu soube que nosso acordo estava selado. J. se levantou e lavou o rosto na pia, saindo do banheiro ainda em silencio. Não protestei, apenas me levantei e tirei a blusa de malha molhada, voltando pra a quadra.

No dia seguinte, eu recebi uma carta.

Era um envelope branco, particulamente gorsso. Quando finalmete cheguei em casa, contei o numero de folhas. Nove. Nove folhas frente e verso. Me deitei em minha cama, e começei a ler.

Na segunda folha, ja era impossivel continuar. Eram tantas... tantas as coisas pelas que ela havia passado, e eu fora cega o suficiente de não notar isso. Eu via um amiga forte e confiante, mas havia muito mas enbaixo daquilo.

Havia um irmão violento, um mãe ocupada, um pai que vivia viajando. Havia o bullying, as horas que ela passou com o rosto marcado por lagrimas, o tempo que ela se odiou por ser quem era. Havia a bullimia, as refeições que ela pulava, o tempo que ela passou se olhando no espelho. Havia muito mais história do que eu sequer poderia imaginar.

Me senti um lixo. Um pessima pessoa. Eu havia me trancado em meu próprio mundo e ignorado o que acontecia. Tudo o que acontecia. Eu me senti culpada. Prescisava fazer alguma coisa. Se J. havia escrito essa carta, é porque ela queria me contar. Porque ela prescisava de ajuda. E eu podia ajuda-la, uma vez que ja sabia seu problema.

Eu começei aos poucos. Primeiro, convenci minha mãe a mudar meu plano do celular, assim poderia falar mais com ela. Passei a ligar com frequencia durante a tarde. Não me entenda mal, não tentava monitora-la nem nada. Apenas mostrava que se prescisasse de mim eu estaria bem ali. E que eu me importava. Que ela devia fazer o que é certo.

Na escola, tentava força-la a comer um pouco. Devagar, muito devagar, acabou funcionando. Ela comia na escola, e não vomitava. Quando eu ligava a tarde, me contava o que estava acontecendo.

Depois de um mês, tinhamos algo muito maior que amizade. Não mentiamos uma para a outra, ela sabia que eu estava lá e eu me sentia feliz em ajuda-lá. Me sentia feliz em saber que ela iria superar isso.

Nós avançamos aos poucos. Primeiro, era apenas o lanche da escola. Depois o almoço. Depois um lanche a tarde. Nesse meio tempo, descobri que meu pai trabalhou com adolescentes bullemicas enquanto fazia doutorado em pisiquiatria. Eu li varios livros, e dei o melhor de mim. Porque eu sabia que estavamos chegando a algum lugar.

Seis semanas. Esse foi o tempo que demorou para que eu conseguisse convence-la a contar a sua mãe. Haviamos feito muito nesse tempo, e ela ja comia duas refeiçoes por dia sem vomitar. Era um conquista, mas não era uma cura. J. prescisava de ajuda adulta, ajuda medica. Qualquer um que solbesse mais que nós.

Quando ela contou, foi um alvorroço total. A mãe dela se sentia culpada por ter ignorado a filha, e o irmão tomou vergonha na cara e deixou de ser tão violento. Eu recebi uma segunda carta, mas esta tinha apenas 3 paginas e ao acabar de le-la tinha um sorriso, e não lagrimas, no rosto.

Hoje, J. visita uma nutricionista 2 vezes por mês, e já recuperou seu peso original. Ainda não venceu a bullimia, mas a batalha está quase terminda. Eu sinto que ajudei alguem que prescisava de minha ajuda, e sinto que fiz mais que isso.

Mas porque contei toda essa história?

Por ninguem está sozinho. Sempre, sempre, vai haver alguem, seja lá que for, disposto a ajudar. Pode ser que você encontre esse alguem nos lugares mais inusitados, com no Nyah. Ou pode ser que este alguem sempre esteve ao seu lado.

O importante é que você nunca, nunca, está sozinho


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