A Lua que Eu Te Dei escrita por Samsung


Capítulo 7
Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :D



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Quando acordei de tarde depois do seqüestro de Luíze eu quase nem me lembrava do que tinha feito, assim que me sentei na cama e olhei pra frente estava lá, ela me encarando enquanto eu me esforçava para me acostumar com a claridade. Eu poderia ter jurado que vi um sorriso na face dela, só que o mesmo logo sumiu.

-Boa Tarde. -ela cumprimentou.

-Boa tarde. –sorrir. –Você deve estar aqui para pegar sua tiara não é?

-Bem... É. –ela respondeu olhando para o chão.

-Ah, claro. –me levantei e fui até onde estava a minha espada, ao lado da espada eu tinha deixado a tiara, então peguei o objeto e depois entreguei a Luíze. –Aqui está.

-O-Obrigada. –reparei que ela evitava me olhar. Ela tomou a tiara da minha mão e quando se virou para ir embora eu segurei a mão dela. A mesma me olhou querendo saber o porquê da ação.

-Há algo errado?

-Não. –ela me encarou balançando a cabeça negativamente.

-Sério? –eu me aproximei dela. Luíze chegou para trás, enquanto mais passos ela dava para trás mais passos eu dava em direção à mesma até que ela se encostou à parede, xingando baixinho por que não tinha mais saída.

-Sério. –ela respirou fundo e me olhou. Só faltava mais um passo na direção dela, quando acabai com esse tal “um passo” ela colocou mão no meu peito me empurrando para trás. Reparei que ela ficou vermelha ao fazer isso, e quando olhei para o meu próprio corpo percebi que estava sem camisa. Soltei uma gargalhada, como aquela menina me surpreendia. Num dia estava quase me matando e no outro estava com vergonha por que eu estava sem a camisa.

-Está com vergonha de mim? –perguntei segurando um riso.

-Não é para rir. –ela me repreendeu ainda mais vermelha. –No meu Reino não é certo uma menina ver um menino desse jeito. –ela engoliu em seco.

-Se eu não me engano aqui também não é certo. –dei de ombros.

-Então me dê licença, por favor.

-Claro. –me afastei dela, mesmo sem querer fazer isso. Luíze saiu de lá a passos largos e nem olhou para trás. –Menina estranha...

Enquanto colocava uma blusa escutei a tromba de Susana, peguei a espada correndo e fui procurar onde estava a minha irmã. Quando cheguei lá todos estavam encarando Pedro que tinha um olhar superior a todos.

-Quero dizer que hoje tudo vai mudar. –meu irmão anunciou. –Iremos atacar. A feiticeira não pode continuar no poder, e também não vamos esperar sentados que eles nos ataque.

-Você vai cometer o mesmo erro de novo? –perguntou Susana a Pedro.

-Erro?

-Sim, Pedro. Quando era Miraz você fez o mesmo, e sabe o que aconteceu? Perdemos vários amigos e aliados. –ela se irritou.

-Será diferente desta vez. –retrucou.

-Diferente como? Miraz não tinha poder, tinha fome por ele, mas não tinha poder. A Feiticeira já é outra história. Ela vai nos matar sem que sabemos, ela vai nos congelar e não sobrará ninguém pra contar história. Na nossa primeira guerra, eu e Lúcia vimos o que ela era capaz, ela congelava tudo e a todos como se fossem troféus. –quando terminou de falar, Susana saiu dali irritada.

-Ela não sabe o que está em jogo? –perguntou meu irmão a mim.

-Sabe, e não quer perder o que lhe resta. –não fui eu que respondi, e sim Luíze. –Se você é o Grande Rei Pedro: o magnífico como falam então faça por merecer esse titulo. Você não pode simplesmente jogar os guerreiros na batalha sabendo dos riscos, acima de tudo você tem que fazer o possível para protegê-los.

-Eu sei o que eu estou fazendo. Prepare alguns grifos que partiremos daqui a pouco. –Pedro ordenou a Luíze, por um momento pensei que ela não fosse fazer, então ela respirou profundamente e saiu dali.

-Claro. –foi a ultima coisa que eu a ouvi falar. Eu não sabia o que Pedro pretendia fazer, argumentar com a Feiticeira? Por que ela só permitiu ir à missão os grifos, eu, Susana, Caspian e Luíze. De resto, todos ficariam. Essa guerra estaria preste a começar e eu acho q nós não tínhamos as armas necessárias...

Enquanto todos se aprontavam eu fui ver como estava Luíze, não foi difícil achá-la, ela estava com os grifos.

-Ainda não sei o que o Grande Rei quer fazer, mas só quero que saibam que apesar de tudo quero que do jeito que vocês estão, vocês voltem. –a menina acariciava o pelo de um grifo enquanto falava. –Muitos de vocês estiveram em guerra, mas não é a experiência que eu estou procurando agora é a agilidade de sair de uma situação. Eu preciso de sete grifos, e quando derem dez horas espero que esses setes estejam prontos. Saber quem serão eles estão por conta de vocês. –ela sorriu fraco e depois se retirou, eu me escondi, mas foi em vão. –Sei que está ai!

-Como sabe? –perguntei saindo do meu esconderijo.

-Apenas sei. –ela respondeu prendendo o cabelo.

-Você está bem?

-Sim, estou. Só quero que eles fiquem bem. –já até sabia de quem ela estava falando. –São soldados do céu, e seu irmão está mandando eles para a morte.

-Você não se preocupa consigo mesma, não? –ergui uma das sobrancelhas.

-Não quando a vida de outras pessoas estão em jogo. –ela se encostou a uma pedra enquanto colocava as luvas.

-Quer saber...Você seria uma boa Rainha. –Luíze me olhou intrigada, mas mesmo assim sorriu. Agora estava mais fácil de ver o sorriso na face da mesma e devo dizer que ela ficava ainda mais bonita com ele.

-Você é um bom rei, Edmundo. Por que não dá palpite?

-É difícil dizer, acho que todos os narnianos só esperam pela proteção do Grande Rei. –suspirei.

-Nárnia é de vocês quatro. Pedro não é o “Todo Poderoso”, o poder dele é dividido entre você, Lúcia e Susana. Senão apenas ele teria vindo a Nárnia. –sorrir de canto com aquelas palavras.

-Queria que todos pensassem assim, até Pedro.

-Um dia vai. –ela colocou a mão no meu ombro como forma de consolo. –É melhor irmos terminar de nos arrumar.

-Claro...

(...)

Todos estavam esperando Pedro terminar de dar as ordens para aqueles que iriam ficar, enquanto nós íamos para o Castelo da Feiticeira nos arriscar. Luíze dava ordens aos grifos de ficarem totalmente atentos a tudo e a todos e não deixar a guarda baixa.

-Vamos, Luíze você tem certeza que eles são rápidos o bastante? –perguntou Pedro.

-Não duvide dos grifos Grande Rei. –ela deu de ombros. –Eu chamei sete, cada um vai ter o seu e dois vão ser reservas. Caso aconteça algo com algum deles já terão outros para assumir o lugar, só espero que isso não aconteça. –ela encarou Pedro por um segundo, depois desviou o olhar.

-Certo, então vamos. No meio do caminho eu explico a situação. –Pedro subiu num grifo e os outros fizeram o mesmo, logo todos nós estávamos voando. Meu irmão mais velho parecia estar com a consciência pesada e Caspian com um olhar de culpa.

Assim que avistamos o Castelo da Feiticeira, Pedro começou a falar.

-Apesar do que vocês virem ali dentro, não quero reclamações. –ele deu de ombros e nada mais disse. Olhei para a Luíze e vi na expressão do rosto dela a mesma que estava na minha: preocupação.

Os grifos nos que carregavam eu e Luíze nos deixaram nas torres para que pudéssemos observar tudo e colocou Pedro, Susana e Caspian no pátio. Luíze era rápida com as flechas e acertava todos que via perto dos outros três, foi quando Pedro assobiou um apito e saiu correndo para a perto das grades que impediam que qualquer pessoa entrasse onde tinha uma roda gigantesca. Ele começou a rodar a grade para o lado oposto que ela estava para que pudesse abrir, Caspian e Susana ajudaram para agilizar o trabalho.

-Mas o que ele está fazendo? –sussurrei.

-Ele vai colocar em perigo a todos. –Luíze respondeu assombrada olhando o horizonte.

-Como assim? –perguntei. A menina apenas apontou para frente, quando prestei mais atenção o que estava a minha frente vi muitos dos nossos aliados vindo correndo em direção ao Castelo. –Não acredito que ele continuou com esse plano idiota.

-Vou tentar pará-los. –ela saiu correndo e pulou da torre, mas logo foi pega por um grifo. Ela olhou para trás, acho que era para se certificar que nada iria acontecer, então sua expressão empalideceu. –Cuidado Edmundo.

Olhei para trás a tempo de desviar de um golpe de espada por um...Anão. Luíze atirou uma flecha no coração do pequeno homem, matando-o. Ela logo voltou para a torre me olhando como se quisesse saber se o anão havia me ferido.

-Está tudo bem, obrigado. –agradeci.

-Edmundo, acho melhor ajudarmos. –ela sussurrou olhando para baixo onde estava Pedro, Susana e Caspian lutando com vários aliados da Feiticeira. –Seu irmão é um idiota. –ela sussurrou antes de jogar novamente da Torre, só que desta vez um grifo não a segurou e quem impediu a queda dela foi o gigante que estava tentando pisotear Susana. Luíze escalou até a orelha do gigante e lá lançou algumas flechas na mesma, então seguiu andando até chegar perto dos olhos e furar os olhos do Gigante com algumas adagas. O homem grande caiu, esmagando muitos aqueles que seguiam a Feiticeira, mas não foi o suficiente para matá-los. Aparecia mais e mais, como se fossem baratas.

Chamei um grifo e fiz ele me descer, comecei a matar mais e mais pessoas livrando a minha raiva de Pedro.

-POR NÁRNIA. –ouvi a voz de meu irmão. Virei rapidamente para ver o que se passava então vi os narnianos adentrando o pátio do castelo de gelo e começando uma batalha. Eu não podia fazer muito, senão ajudá-los.

-Cuidado! –meu corpo foi jogado no chão antes que fosse atingido por alguma coisa. Escutei um gemido de dor, mas este logo parou. –Luíze não deveria ter feito isso. –a menina me jogou no chão recebendo uma adaga nas costas.

-Tudo bem... –ela reprimiu mais um gemido, então tirou a arma das costas soltando um suspiro. –Vamos continuar, não podemos deixar mais ninguém  morrer. Já teve bastante morte. –ela olhou envolta. Então concordei.

Se for para manter a salvo os narnianos eu iria fazer isso direito. Mas não podia cantar vitória antes da hora, enquanto observava toda a extensão da batalha não deixei de reparar na mulher pálida que apareceu entre eles. Era a Feiticeira.

-Saíam daqui. –gritei para quem quisesse ouvir. Pedro me olhou intrigado enquanto cortava a garganta de um anão, eu apontei para a mulher e ele entendeu.

-RECUAR! AGORA. –gritou meu irmão, todos olharam para ele e sem discutir saíram às pressas, mas não foi o suficiente. Um grifo me pegou pelos ombros me tirando da confusão, olhei para cima pensando que Luíze estaria ali, mas não. Eu já tinha idéia da onde ela poderia estar, mas não queria acreditar. Olhei para baixo procurando pela Feiticeira, foi então que eu vi Luíze lutando com a mesma.

A menina conseguia ferir a mulher mais nada que fosse grandioso, por um momento Luíze se desconcentrou o que foi o suficiente para a Feiticeira puxá-la pelos cabelos e cravar a faca na sua barriga. Luíze caiu no chão com a barriga sangrando enquanto mulher deu um sorriso de deboche e acho que ela iria congelar Luíze só que a mesma foi atrapalhada por um grifo.

-Não! –gritou a menina, mas era tarde. A Feiticeira já tinha o congelado, a mulher começou a se distrair com mais narnianos que tentavam atingi-la. –Parem com isso e saiam daqui. –ela continuava a gritar. O grifo me desceu e eu corri até a menina.

-Vamos Luíze, vamos embora.

-E eles? –ela tentou argumentar, mas sua voz saía trêmula. A peguei no colo e a levei até o grifo, logo a criatura levantou vôo, levando eu e Luíze do Castelo.

-Está feliz agora, Pedro? –perguntei quando o grifo desceu e começou a caminhar. Nem metade daqueles que foram para a guerra conseguiram voltar.

-Cala boca Ed. –foi apenas o que ele respondeu.

-Por que? Por que eu estou certo? Por que te avisamos desde o começo que se fizesse isto estaria sacrificando vidas? Então meus parabéns, você conseguiu o que queria. –retruquei. Luíze soltou mais um gemido de dor enquanto ainda continuava com a mão na barriga. Reparei que ela ainda não tinha retirado a faca, mas logo o fez gritando quando arrancou a arma da barriga. Ela escondeu o rosto no meu peito, acho que queria reprimir a dor.

Quando chegamos no esconderijo Lúcia veio correndo para ver o que tinha acontecido, e não foi nada menos do que dor. Minha irmã mais nova deu duas gotas a Luíze do conteúdo que tinha no frasco que ela ganhou antes, este podia curar qualquer ferida.

Quando a ferida sumiu Luíze suspirou aliviada, e sorriu para minha irmã.

-Obrigada. –agradeceu.

-Disponha. –ela sorriu de volta e então foi cuidar dos outros.

-Por que você foi lutar contra a Feiticeira? –perguntei.

-Sabia que ela iria matar muitos...E matou. –ela mordeu o lábio inferior enquanto olhava para as próprias mãos.

-Ela poderia ter te matado. –me sentei ao lado dela.

-Tanto faz. –a menina deu de ombros. –Obrigada Edmundo por me salvar. –ela me abraçou. Por um momento eu fiquei em estado de choque mais logo retribui o abraço.

-Obrigado digo eu, você me salvou duas vezes.

-Estamos quites. –ouvi-a rir baixinho.

-Pode ser... –beijei a nuca dela e depois desfiz o abraço. –É melhor descansar.

-Está bem. –ela sorriu. Então se deitou.

Eu queria fazer uma coisa, mas esperaria ela dormir para que não recebesse uma adaga no coração. Demorou horas até eu me certificar que estava seguro chegar perto dela.

- “Eu preciso realmente fazer isso”.–pensei comigo enquanto me aproximava da face dela. Fiquei encarando por um tempo, olhando cada traço do rosto dela. Então a beijei de leve, mas logo me separei dela saindo correndo daquele lugar.


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Notas finais do capítulo

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