Diários da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, essa fic se passa exatamente depois do cap. 20 de Anjo da Noite, com algumas alterações. Encarem isso como um alternative de anjo da noite, o que teria acontecido se algumas coisas tivessem sido um pouquinho diferentes.



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"O bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em Nova Iorque" (Teoria do caos). 

           Cinco segundos. Eu demorei para compreender, mas um pouco antes de vê-lo pela última vez eu entendi que foram míseros cinco segundos que mudaram tão drasticamente as nossas vidas. Sete batidas de um coração acelerado pela expectativa, um tropeço na grama, uma distração aos olhos... detalhes tão bobos que fizeram toda a diferença naquela tarde. Se eu tivesse chegado cinco segundos antes teria entendido do que se tratava e nada daquilo teria acontecido. Se tivesse chegado cinco segundos depois não teria interpretado mal as palavras e poderia até ter tido uma surpresa agradável... Mas não. Eu, Sir Integra Fairbrooks Wingates Hellsing cheguei exatamente naquele momento, para ouvir a sentença final e autoritária da Rainha: “Se casará com Integra, então”, e vê-lo sem reagir, sem se opor, sem defender meu direito de escolha. Claro, ele tinha me negociado com nossa amada majestade. Qualquer um não pensaria assim?

            Vi a velha monarca se afastando da mesa, sentei-me ao lado dele e comecei a bebericar o chá, dando-lhe infinitas chances de me contar sobre o que haviam conversado. Perguntei diretamente, e como resposta ele me disse que falavam sobre felicidade, a mesma maldita conversa que tinham quando deixei a mesa. Se eu ao menos soubesse que aquela era a última vez que o veria sorrindo para mim... Mas meu gênio sempre foi meu traço mais marcante, e agora é o que mais preciso esconder.

            Hoje sinto falta de seu sorriso triste. De suas lições de moral irritantes e principalmente de seus olhos âmbares me encarando. Exatamente tudo o que me irritava, e o que mais me dilacera a alma é saber que os perdi por escolha, que o deixei partir e por isso tudo acabou. O vampiro, sempre teve um sabor de desejo não consumado, de uma saudade não vivida. Mas vivemos o resto intensamente não? Deixamos claro o que sentíamos não? O fato é que o vampiro foi tirado de mim, ao passo em que eu mesmo afastei o homem.

            Escrevo sem a esperança de que alguém leia um dia, e sinceramente um diário não faz meu feitio. Na verdade, o que importa não são os meus escritos. São os dele. E eu preciso registrar o que sinto hoje, senão tantos sentimentos contraditórios vão me levar a pouca sanidade que me resta. Espero que após esse turbilhão, um dia, seja capaz de reler e enfim, entender tudo isso.

            Vou começar, então, por como as coisas estão hoje, porque não tenho certeza se consigo nesse primeiro instante relatar com precisão o que aconteceu naquele dia, cinco meses atrás.

            Esta manhã me olhei no espelho, e me percebi frágil, magra, pálida. Com olhos profundos e rodeados por uma sombra escura. Gostaria de pensar que esta não sou eu, mas descobri que esta sou eu de verdade, sou o que sobrevive quando a presença deles se desfaz. A Hellsing forte, jovem e viva era na verdade, de alguma forma, sombra deles, influência deles. Digo deles porque Alucard e Vlad ocupam um lugar muito semelhante, e de fato a ausência de um só foi suportada pela presença do outro.

            Então, esta manhã me descobri uma mulher incompleta, uma líder fracassada e um ser humano falho. Ótimo. Já disse o filósofo “Conheça-te a ti mesmo”. Isso deveria ser um progresso! Mas não é, nunca é. Ninguém gosta de conhecer a si mesmo... O mundo se divide em dois grupos: os das pessoas que sabem quem são e estão contentes com isso, e o que suspeitam quem são e por não gostarem fogem veementemente dessa verdade, alegando total ignorância. Pra nenhum dos dois essa maldita verdade é verossímel.

            Mas vamos nos ater aos fatos, antes que o foco se perca, e eu junto com ele.

            Quando me olhei no espelho esta manhã, e tive esta realização, percebi também que a única forma de me manter viva seria trazê-lo de volta à minha vida. Fisicamente isso é impossível, então vou me ater à parte dele que ficou comigo: seus diários. Os relatos que por séculos ele escreveu, e agora são tudo o que sobrou tanto de Vlad quanto de Alucard. Os diários de Alucard estão escritos em várias línguas, sendo que há muito fui capaz de ler aqueles em inglês e francês. Os de Vlad estavam em um romeno antigo, que recentemente mandei traduzir. Hoje começo a leitura de todos eles, em ordem cronológica, para enfim compreender em que momento da vida daquele homem ele desenvolveu esse encanto que me assola em qualquer que seja sua personalidade, época ou cor dos olhos. A resposta está ali, e a menos que eu a encontre, vou sucumbir a loucura. Que Deus tenha piedade de minha alma.


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Notas finais do capítulo

Reviews garantem o curso "saudável" dessa fic!



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