O Amor Pode Dar Certo escrita por liz


Capítulo 30
Capítulo 16 - Parte 3




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– Como assim? – John perguntou preocupado.

– O médico não entrou em detalhes, apenas disse que eu fosse até lá assinar alguns papéis. – Clara comentou sentindo seus olhos encherem de lágrimas.

– E o que estamos esperando? Vamos lá! – Mike se levantou bruscamente.

– Não é melhor você levar alguma roupa para se trocar lá? Ou você não vai dormir no hospital? – Lizzie perguntou tentando acalmar Clara.

– E-Eu não sei... – Clara passava a mão nervosamente pelos cabelos.

– Eu posso ir ao seu quarto pegar uma roupa para você? – Lizzie perguntou, com uma voz doce, tentando, inutilmente, acalmar Clara. A garota apenas confirmou com a cabeça, e Lizzie se levantou do sofá, subiu as escadas e foi em direção ao quarto de Clara.

– Eu vou chamar o Charlie – John também se levantou, se referindo em chamar o motorista.

– E eu vou pegar um copo com água, para você se acalmar – Mike fez menção de se levantar, mas Clara o segurou pelo braço.

– Não me deixa aqui sozinha – Ela pediu e Mike atendeu prontamente, sentando-se novamente ao lado da garota, no sofá.

– Eu sinto muito – Ele falou carinhoso e Clara não agüentou mais e começou a chorar, o que surpreendeu Mike. O garoto a abraçou fortemente, tentando consola-la. Mike não sabia o que fazer com as lágrimas de Clara, da mesma forma que não sabia lidar com a teimosia dela, mas descobriu que, sem dúvida, preferia enfrentar a teimosia. Os soluços de Clara eram de partir o coração.

– E-Eu não quero que ela morra – Clara falava com a voz abafada, tanto pelo choro, quando pela posição em que se encontrava, já que estava com a cabeça no peito de Mike.

Mike, que ainda a abraçava já estava sentindo a sua camisa, ou melhor a camisa de John, ficar molhada pelas lágrimas.

Ele acariciava os cabelos de Clara calmamente e cada vez que ela soluçava mais alto, ele a apertava mais contra seu corpo.

– Clara, vai ficar tudo bem. Ela não vai morrer...

– Eu tenho medo – Mike nunca vira Clara parecer tão frágil, ela sempre parecia tão durona e teimosa... Mas era só uma fachada para disfarçar a fragilidade e a insegurança de uma criança.

– Eu estou aqui... Não precisa ter medo... Eu te prometo, nada vai acontecer. – Em qualquer outra situação Clara teria rido de Mike e até mesmo o desprezado, mas por incrível que pareça, ela se sentia segura com ele por perto.

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– John, eu vou ter que passar em casa, para pegar uma roupa para mim e para avisar minha mãe que eu vou dormir no hospital, se necessário. – Lizzie falou já dentro do carro.

– Liz, você não precisa fazer isso! – Clara falou, naquele momento já tinha parado de chorar um pouco.

– Eu faço questão, Clara, não vou deixar você sozinha.

– O John vai estar comigo...

– Clara, eu vou ficar com você no hospital, tenho certeza que você faria a mesma coisa por mim – Lizzie falou com tanta certeza que Clara não pôde falar mais nada, somente sorriu fraco e agradeceu.

Deixaram Lizzie em sua casa e foram os três para o hospital, depois o motorista iria pegar Lizzie novamente, já que Clara queria chegar logo.

Assim que Lizzie entrou em casa, sua mãe logo a questionou porque não estava na casa de John e Clara, a garota explicou tudo rapidamente, ajeitou suas coisas e depois voltou para a sala, onde ficou esperando o motorista de John chegar, o que não demorou muito.

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– E então? Cadê a Clara? – Lizzie perguntou assim que chegou ao hospital e encontrou Mike e John na sala de espera.

– Ela está conversando com o médico, tentando descobrir o que aconteceu. – John comentou e segundos depois Clara apareceu.

– E ai? – Mike se levantou.

– Tudo indica que em mais uma das farras da minha mãe, ela ficou bêbada, para variar, tropeçou, caiu ou bateu a cabeça em algum lugar, o que pode ter causado um traumatismo craniano. Os médicos estão fazendo uma bateria de exames, parece que ela ainda não acordou. – Clara falava apressada, visivelmente preocupada.

– Vai dá tudo certo... Você vai ver, Clara – Lizzie tentou animar um pouco mais sua amiga e a abraçou.

– Obrigada – Clara agradeceu quase sussurrando.

Os quatro passaram a tarde no hospital, apenas conversando. Mike, John e Lizzie tentavam animar Clara que, às vezes, se divertia com alguma besteira que Mike falava.

Perto das 17 horas, o médico chega ao grupo para informar sobre o estado de saúde de Courtney.

– Clara Spencer? – Ele chama.

– Sim?

– Sua mãe já está no quarto, ela está sob o efeito de remédios, mas nós acreditamos que ela logo irá acordar. Deseja vê-la?

– Sim, claro. – Clara levantou-se rapidamente e seguiu o médico até o quarto no qual sua mãe estava. Mike, John e Lizzie resolveram esperar do lado de fora e passaram a observar tudo por uma janela de vidro que dava para o interior do quarto.

– Mãe? – Clara a chamou assim que entrou no quarto, mesmo sabendo que ela não poderia responder.

– Ela logo irá acordar e só então nós poderemos dizer se haverá algum problema, já que ela bateu a cabeça de modo brusco. Assim que ela acordar me chame, ok? – O médico falou enquanto olhava algumas anotações que havia feito em sua prancheta sobre a paciente.

Clara confirmou com a cabeça e ele logo saiu do quarto, deixando-a sozinha com Courtney.

– Mãe, o que você fez? – Clara perguntava para si mesma. Doía ver sua mãe naquele estado, extremamente pálida, com vários aparelhos, em um quarto de hospital e com um enorme curativo na testa. – O que a senhora fez com você mesma? O que a senhora fez comigo? – Clara perguntava baixinho, se aproximando da cama e deixando algumas lágrimas passearem livres pelo seu rosto.

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O celular de Mike toca e ele se afasta de John e Lizzie para atender. A garota sorri e se vira para John.

– Eu tenho uma coisa para você!

– O que?

– Um presente... Do seu aniversário, eu sei que está muito atrasado, mas eu queria te dar algo e...

– Lizzie, eu falei que não queria presente.

– Ah John, aceita esse, por favor. Além do mais, fica feio passar seu aniversário sem nenhum presente... – Lizzie falava enquanto abria a sua bolsa e tirava de lá um pacote muito bem embrulhado, ela o entrega para John – Espero que goste.

John olhou para o presente a sua frente, indeciso. Mas sorriu e o pegou. O garoto o desembrulhou rapidamente, sem dizer uma palavra, e encontrou um livro com aparência de velho, a capa já estava quase toda desbotada, as folhas marrons e as letras datilografadas indicavam que ele havia sido escrito há muito tempo. Ele voltou novamente para a capa e, apesar de algumas palavras já estarem apagadas pelas marcas do tempo, ele pôde ler o título:

– “ O Caso dos Dez Negrinhos”... Agatha Chistie... Primeira edição! – John falava cada frase com mais emoção, e se virou para Lizzie. – Liz, esse livro tem...

– Aproximadamente 70 anos – Ela continuou a frase dele, sorrindo.

– C-Como você conseguiu? – John olhou para ela maravilhado, não conseguindo conter o sorriso.

– Eu conheço uma livraria aqui em Londres, eles se especializaram em vender livros antigos, principalmente para colecionadores. Acabei achando esse. O dono da livraria não pode me garantir que esse era o primeiro exemplar, mas era um dos primeiros.  – Lizzie aumentava o sorriso cada vez mais.

– Obrigado! – John falou abraçando Lizzie alegremente e depois dando vários selinhos nela, o que fazia a garota rir.

– Tô vendo que vou segurar vela – Mike comentou se aproximando.

– Então volta para lá que eu quero curtir minha namorada – John falou apertando Lizzie contra seu corpo, fazendo a garota corar.

– Namorada? – Lizzie perguntou sorrindo.

– Não é?

– Não sei, você que me diz...  – Lizzie falou ficando vermelha

– Então, se você quiser é até minha noiva! – John falou e Lizzie riu alto.

– Quem sabe um dia... – Lizzie falou dando um selinho em John.

– Meu Deus, alto teor de açúcar, assim eu posso ficar diabético – Mike falou fazendo careta e todos riram.

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– Clara? – Mike a chamou, abrindo a porta do quarto. E encontrou a garota sentada, ao lado da cama, com a cabeça apoiada sobre as mãos.

– Sim? – Ela ergue a cabeça.

– Eu e o casal vamos comer alguma coisa na lanchonete, você quer ir também?

– Hum... Não, não. Eu fico aqui mesmo, só me faz um favor...

– Diga.

– Poderia me trazer café?

– Certo - Mike sorri fraco e depois fecha a porta.

Clara olha para sua mãe e pega levemente em sua mão.

– Mãe, acorda, por favor  - Ela falou baixinho e ficou esperando que ela acordasse, porém isso não aconteceu, o que fez Clara suspirar alto. – Você tinha que fazer isso, não é? Você tinha que beber tanto assim... Você tinha que parecer uma adolescente irresponsável! Por que você não poder ser como as outras mães? – Clara falava ressentida para sua mãe, apesar de saber que ela não escutaria. Alguns minutos de silêncio, a garota apenas observa sua mãe... Como ela conseguirá chegar àquela situação?

– C-Clara? – Clara se surpreendeu quando sua mãe abriu lentamente os olhos, a chamando.

– Mãe?!!

– Onde eu estou? – Courtney pergunta olhando para os lados lentamente.

– No hospital... Espera, eu vou chamar o médico – Clara se levanta rapidamente e sai do quarto, pedindo para a enfermeira chamar o médico imediatamente.

– Como eu vim parar no hospital? – Courtney perguntou ainda sem entender.

– Adivinha? – Clara falou extremamente séria.

– Filha, não fala assim comigo.

– Como você quer eu fale com você? Quer que eu fale como se eu fosse uma filha perfeita preocupada com a sua querida mãe?!! – Clara já começava a gritar – Eu não posso ser uma filha perfeita, sabe porque? Por que eu não fui criada para isso e você nem ao menos tentou ser uma ‘mãe’. – Clara abaixou o tom de voz, porém continuava firme.

– Olá, Sra. Courtney – O médico falou entrando no quarto

– Senhorita, por favor. – Courtney o corrigiu e Clara bufou.

– Você não muda, não é? – Clara falou antes de sair do quarto do hospital batendo a porta violentamente.

A garota se senta em uma das cadeiras que havia ao lado da porta, apóia a cabeça na parede e fecha os olhos. Por que isso estava acontecendo com ela?

– Trouxe seu café – Uma voz conhecida falou perto dela, a assustando – Desculpe se te assustei.

– Hum... Obrigada. Ela acordou – Clara falou para Mike, enquanto bebia um gole do seu café.

– Quem? – Mike perguntou.

– A Courtney... – Ela falou.

– Sua mãe – Mike corrigiu.

– Tanto faz – Clara rolou os olhos – Cadê o John e a Lizzie?

– Estão se pegando em algum canto do hospital – Mike fez uma careta e Clara sorriu.

– Assim fica bem melhor... – Mike sorriu.

– O que?- Clara perguntou sem entender.

– Você sorrindo... Fica bem mais bonita.

– Obrigada... Eu acho... – Clara falou mas não sorriu.

– Está acontecendo alguma coisa, não está? – Mike perguntou olhando diretamente nos olhos de Clara.

– Minha mãe... E-Ela não vai mudar... Vai continuar do mesmo jeito, eu não sei se agüento passar por isso de novo. E ela não parece ligar para os meus sentidos...

– Você já pensou em falar isso para ela? – Mike perguntou olhando Clara brincar com as próprias mãos, ela estava nervosa e ele percebia.

– Claro que já... Já até tentei conversar com ela, várias vezes... Mas ela sempre pensa que eu estou brincando, ou alguma coisa do tipo.

– Que tal tentar falar de novo?

– Mike, eu sei que você está querendo ajudar, mas eu não sei se consigo mais fazer isso.

– Porque você não faz de um jeito diferente?

– Como assim?

– Tente ser gentil com ela, depois você vai introduzindo o assunto com ela devagar e se ela ainda sim não entender, diga para ela que você desiste... Que se ela não mudar vai perdê-la.

O médico saiu alguns minutos depois.

– Srta. Spencer?

– Sim? Como está minha mãe?

– Ela está bem... Aparentemente não teve nenhum trauma, mas ela terá que passar mais três dias aqui conosco em observação.

– Certo, sem problemas, posso entrar agora?

– Pode sim.

Clara olha para Mike que sorria a encorajando.

– Clarinha – Courtney sorri e Clara tenta sorrir também, apesar de sair meio falso.

– Oi mãe, como está se sentindo? – Clara tentou ser gentil, assim como Mike sugerira.

– Estou bem – Courtney respondeu meio desconfiada com a gentileza da filha. – Você não vai brigar comigo?

– Você acha que eu deveria? – Clara respondeu com outra pergunta.

– Não sei...

– Errado, você sabe exatamente o que fez... Você não é mais uma adolescente, Courtney – Clara começou, tentando manter o tom de voz calmo.

– Eu sabia que você ia começar a brigar comigo.

– Mãe, quantas vezes eu briguei com você por causa de bebida? – Clara perguntou simplesmente.

– Várias...

– Por que você acha que eu brigo?

– Para encher meu saco? – Courtney revidou.

– Certo, isso já chega, eu passei a tarde aqui nessa droga de hospital preocupada com você e você ainda diz que eu fico enchendo seu saco? Eu não sou obrigada a agüentar isso... Porém, eu pensei que pelo menos dessa vez, depois de quase sofrer um traumatismo craniano e depois de levar 12 pontos na testa você aprenderia a lição e se tocaria que não é mais uma criança. Agora eu já cresci e você já não responsabilidades comigo, porém você tem só mais uma responsabilidade na vida: a com você mesma. Se você acha que é assim que quer passar o resto dos seus anos, como uma alcoólatra, porque é isso que você é, eu não vou mais me intrometer na sua vida para ‘encher seu saco’,como você mesmo falou. Agora, você esqueça que eu sou sua filha, assim como eu vou esquecer que você é minha mãe.  – Clara tentava ser forte, mas não conseguia, já estava chorando. – A decisão é sua.

– Filha... Eu...

– A única coisa que eu quero saber: você vai mudar? – Clara enxugava as lágrimas e percebeu que havia também algumas lágrimas no rosto pálido de Courtney.

– Não é assim tão fácil... – Courtney começou a falar, mas Clara a impediu.

– Eu não quero saber... Só faz um favor para mim: me esquece! – Clara falou e saiu correndo do quarto, batendo a porta de modo violento, de novo, e passando por Mike, que estava sentado na mesma cadeira que antes.

Mike olha pela janela de vidro que dava para o quarto e vê Courtney chorando, em seguida ele começa a correr atrás de Clara. A garota corria enquanto chorava, mas logo parou em um corredor vazio e se sentou ali mesmo, no chão, continuando a chorar. Sua mãe não ia mudar... Ela não queria sofrer tudo aquilo de novo, ela não queria perder a mãe, mas também não queria ficar vendo-a morrer.

Mike encontra Clara e se senta no chão junto com ela.

– Hey...

Clara olha para cima e vê Mike, que estava com uma cara muito preocupada.

– E-Ela morreu para mim... – Clara fala por fim.

– Não diga isso... – Mike falou abraçando Clara, que não pode mais continuar falando, já que mais uma onde de choro a atingiu.

Os dois passaram alguns longos minutos assim, Clara chorando e Mike apenas a consolando. Mike abraçava Clara de maneira ainda mais forte, fazendo a garota se sentir segura. Só mesmo um acontecimento como aquele para unir os dois, ela já havia até se esquecido do beijo na chuva.

Depois que ela se acalmou, eles decidiram procurar John e Lizzie, já que Clara queria voltar para casa.

– Eu pareço uma bebe-chorão, passei o dia chorando hoje – Clara comentou sorrindo fraco.

– Hum... Não tem problema, hoje você pode... Mas por favor, nunca mais chore daquele jeito! – Mike quase implorou, mas estava sorrindo.

– Porque? – Clara não entendeu.

– Por que eu nunca sei o que fazer quando você chora. – Mike admitiu, por fim, fazendo Clara sorrir.


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Notas finais do capítulo

Gente, desculpem a demora, mas estava estudando para a prova de matemática. ;/
Sei que esse capítulo apareceu pouco John e Lizzie, mas prometo que o próximo vai ter bastante ^^
Não esqueçam de comentar, ok? É muito importante para mim e me estimula muito a escrever.
Ah sim, mais uma enquete: "Vocês acham que a Clara agiu certo em brigar com a mãe dela?"
Beijos e comentem :D



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