Nossa, o sinal de entrada já bateu a uma hora atrás. Bem, deixa eu ir correndo então.

Não falei pra vocês, mas o Lucas é da minha classe também. A minha sorte é que a Jenny não é. Se fosse acho que eu iria vomitar a cada beijo deles dois. Acho que a aula já começou. O professor está falando algo sobre ciências. Bom, não quero prestar atenção. Será que o fato de eu usar camisetas e ficar na arquibancada na hora do jogo de futebol e a Jenny usar mini-saias e ser líder de torcida altera em alguma coisa? Acho que não, né. Espero que não, na verdade.

  Hoje a noite é o jogo de futebol. Preciso chegar lá 2 horas antes pra arrumar a banda e tudo o mais. Não falei pra vocês, mas sou a única garota da Banda. Jenny também precisa, para liderar os passinhos daquelas torcedoras de mini saias. Bom, vou pegar meu chapéu, a roupa e minha clarineta e já vou indo. Lucas ainda está em casa. O jogo só começa às 7 horas, ainda são 6 horas. Como ele é lindo rindo, meu Deus. O Rodrigo, amigo dele, está na casa dele e eles estão jogando videogame. Nossa, preciso ir, já estou atrasada.

Já troquei de roupa, arrumei as coisas e todo mundo está nos seus lugares. Tudo pronto. Daqui a pouco vamos descer para fazer um último ensaio e esperar os jogadores chegarem com as líderes de torcida... E lá vêm eles, vamos descer.

O jogo já começou a uns 40 minutos, e estamos ganhando. O Lucas está lindo naquela roupa. E como ele joga bem. Jenny está lá em baixo gritando loucamente com suas amiguinhas. Opa! Bom momento para pensar nos motivos pra ele ainda estar com ela. Como ele não percebeu que eu sou a única que entende ele? Que sou a única que conhece ele tão bem? Todo dia o vejo caminhando pela minha calçada, com aquela jeans e com aquele sorriso no rosto. É impossível resistir à tamanha perfeição. Desde que eles brigaram tenho visto ele pouco. Menos até do que antes. Ele ainda teima em dizer que está tudo bem, mas eu sei que não está. O conheço bem para saber o que está ou não está bem. O que ele pode estar fazendo com um tipo de garota como ela?

Nossa, me distrai tanto que o jogo já acabou. Ganhamos. Oh, não. Lá vem a melação. Lucas saiu correndo pra abraçar a Jenny e... espera aí! Quem é aquele em que ela está dando em cima? Ela tem namorado, não pode dar em cima dos outros. Meu Deus, o Lucas viu! Tadinho. Mais que super vaca.

-- Ei Jenny, ganhamos e... Quem é esse? – ele perguntou.

-- Lucas?! Eeer... Não é o que você está pensando. – ela respondeu e foi abraçar ele.

-- Me larga! Tá tudo terminado! – ele disse e saiu andando para fora do estádio.

Preciso me deitar, nossa. Foi tudo tão rápido. Eles terminaram e ele tá péssimo. Aquela vaca! Se eu pudesse, iria até lá dizer umas poucas e boas para ela. Eu o entendo. Nossa, estou me lembrando da época em que éramos bem amigos. A época que existia antes dessa vaca entrar na história dele. Ele dirigia até a minha casa na noite, e saíamos com nossos amigos. Eram os melhores dias da minha vida, sabem. Mas depois da Jenny, tudo mudou como vocês perceberam. Preciso estudar. Vou pegar meus livros e começar a fazer uns exercícios.

E então, ouvi alguém falando “psiu” da outra janela. Era ele, estava escrito em seu papel “Vai hoje a noite?”. E então respondi “Não posso, vou estudar.”. Ele escreveu de volta “Gostaria que você estivesse lá.”. E eu apenas sorri. Não sabia o que falar. Depois, ele pegou o seu paletó e saiu do quarto. Estava indo para o baile. Mas sozinho, claro. Eu precisava ir a esse baile. Era questão de honra agora.

-- Mãe! Vou ao baile ok? – eu gritei.

-- Tudo bem filha!

Bom, cheguei ao Baile. Todos estão entrando acompanhados e eu sozinha. Que mico. Mas vamos lá, Taylor! Entre garota. Você consegue. Ah, não! Fotos não... Droga, tiraram.

Nossa, isso aqui está lindo. Deus do céu! O Lucas está lindo. Mais lindo que o normal. Ih, ele me viu. Logo quando ele passou pela Jenny, ela o parou.

-- Ei, Lucas. Me desculpa por ontem, não era aquilo que você pensou. O John é só meu amigo mesmo. – ela disse em tom sedutor. Minhas chances depois disso, zero. Claro que eles iriam voltar.

-- Esquece, Jenny. Acabou. - e ele continuou andando em minha direção. É impossível dizer se a raiva da Jenny era grande ou muito grande. Como era impossível dizer sobre a minha felicidade e espanto.

-- Nossa, Taylor! Você está linda! – ele disse com aquele seu sorriso maravilhoso.

-- O-obrigada. Você também, Lucas. – eu disse, envergonhada. – Lucas, preciso te contar uma coisa. Em todo esse tempo, de amizade e tudo o mais, um forte sentimento cresceu dentro de mim por você. Você é o único que me faz sorrir e me faz esquecer dos problemas. Você nunca notou, mas sou eu que te entendo, que te conheço bem, que sei suas músicas prediletas. Eu sou a única que consegue te fazer rir quando está prestes a chorar. Sei todos os seus sonhos. Durante todo esse tempo. Você pertence a mim, Lucas. Como nunca notou isso?

E então, tirei de dentro da minha bolsa aquele papel, e o mostrei para Lucas. Ele olhou e só sorriu.

-- Nunca notei? Como assim nunca notei? Sempre notei, todos esses anos. Só que eu fui muito imbecil, de deixar pra lá. Fiquei com medo de te falar e tentei me apaixonar por outra pessoa, no caso pela Jenny. Mas, não deu certo, e vi que você era quem eu sempre procurei. E que estava bem do meu lado, o tempo todo. – o que aconteceu depois foi algo tão rápido que nem pude raciocinar direito. Ele tirou de dentro de seu paletó um papel. Escrito “Eu te amo.” em caneta azul. A caneta que ele sempre escrevia para mim pela janela. Então, tudo ficou escuro. Só me lembro dele estar se aproximando de mim. Cada vez mais perto. Até que nos beijamos. Sim, foi o melhor momento da minha vida. Depois disso, continuamos juntos. E até hoje estamos namorando.

Cheguei a uma conclusão em que nada adianta ficar guardando seus sentimentos pra você só. Se por um lado falar eles pode estragar tudo, por outro pode melhorar tudo. Vale a pena arriscar, não acham?