Bem, me chamo Taylor. Tenho 18 anos e estou terminando o Terceiro Ano do Ensino Fundamental. Moro em uma cidade pequena, onde todos se conhecem. A rua onde vivo é estreita e bem calma. Todas as casas são parecidas. Faço parte de vários grupos da escola, como por exemplo, da Banda. Digamos que sou a CDF do colégio, e muitas vezes sou motivo de piada por causa disso. Eu faria de tudo para convencer meus pais a se mudarem daqui para eu poder estudar em outro lugar. Mas uma coisa, ou melhor, alguém não me deixa fazer isso. Não por ele pedir, porque na verdade ele nem sabe da minha paixão. Mas pelo simples fato dele existir, e ser meu amigo.

Seu nome é Lucas. Não nos falamos muito, por ele só andar com os populares. Ele é meu vizinho de frente. E acabamos arrumando um jeito de nos falarmos sem que nenhum dos dois precise se mover para a casa do outro. Eu e ele possuímos cadernos, onde escrevemos coisas e mostramos um para o outro pela janela. É um ótimo jeito de conversa. Bom, ele é o garoto mais fofo, mais lindo, mais charmoso e carinhoso do colégio. O único grande problema é que ele tem namorada. A Jenny.

Ela é a garota mais insuportável, nojenta, metida e superficial que eu já conheci. Ela e o Lucas são pessoas de mundos diferentes, sabem. Eles não combinam nem nada do tipo. Quer dizer, eu sou a única pessoa que combina com ele, mas ele ainda não descobriu isso.

Neste exato momento eles estão brigando pelo telefone. Briga pra eles já está sendo algo normal. A qualquer momento, seja em casa ou na escola, eles estão brigando. Não sei por que ele ainda está com ela. Sabem, nas minhas horas vagas fico tentando imaginar os motivos pra ele ainda aturar ela. Mas não consigo arrumar nenhum.

Agora a briga foi por causa de algo que ele disse. Ela não entende nunca o humor dele, e acaba falando coisas nas horas erradas e levando a resposta dele como uma ofensa. Oras, ele também tem os seus dias ruins. Ela realmente não entende o humor dele como eu entendo. Pra ver se tudo estava bem escrevi no caderno “Tudo bem com você?” e ele leu e escreveu no dele “Só cansado de tanto drama.”. Então, respondi: “Desculpa :(”. Estava começando a escrever "Eu te amo" em um papel, mas quando olhei de volta ele já tinha saído da janela.

Já pensei até em trocar as minhas roupas pra ver se ele se toca que a pessoa que ele sempre procurou esteve aqui do lado dele o tempo todo. Mas não acho certo isso, de trocar o seu jeito pra impressionar alguém. Na verdade, aquela mudança toda só vai ser algo superficial, você não está sendo você mesma.

Sinto que às vezes ele deve pensar que sou uma doida. Vivo pulando cantando pelo meu quarto. E muitas vezes já o vi rindo disso da janela dele. Não sei se ele rir por achar engraçado ou idiota. Bom, deixa eu ir dormir que amanhã tenho aula.

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Nossa, que manhã quente. Ai, droga, acordei tarde! Minha mãe já tá lá embaixo gritando meu nome. Odeio isso. Preciso correr, escovar os dentes e por uma roupa. Deixa eu olhar pela janela aqui e ver se o Lucas já saiu... Não, ele ainda está em casa. Bom, vou descer e sentar lá fora pra esperar o ônibus do colégio passar.

Esse é um momento perfeito pra pensar porque ele ainda está com a Jenny. Bom, vamos lá. Talvez por ela ameaçar ele. Não, não pode ser. Ele não é pessoa de se levar por isso. Talvez pelo fato de... Oh não, ele está vindo. Calma Taylor fica normal. É só o seu amigo Lucas e...

-- Oi! Tudo bom? – ele disse, com um enorme sorriso no rosto. E então sentou do meu lado no banco.

-- Eeer, claro. E você? Como está depois de ontem? – tive que perguntar. Já estava morrendo de curiosidade pra saber o que aconteceu entre ele e aquela vaga... garota.

-- Ah, to bem. A Jenny é meio doida sabe. Ela não entende quando estou de mau humor. Aí acabo falando alguma coisa que a deixa ofendida.

-- Bem, garotas às vezes são assim, sabe, e também... – nessa hora, ele chegou perto de mim e colocou um fio de cabelo que estava caindo no meu rosto para trás da minha orelha. Foi algo simples, mas que para mim realmente significou alguma coisa. Por um instante fiquei sem fala. E logo quando eu ia perguntar se ele queria ir junto comigo para a escola, ela chegou. Jenny estava em seu carro conversível vermelho e fez questão de parar em frente a gente, bem em frente.

-- Bom, então até a escola. – ele disse, e foi pro carro dela. E bem, eles se beijaram. Nossa, que sensação horrível é essa? E agora, eles já se foram. Não esperei meu ônibus e estou andando para a escola. Devo chegar atrasada para a aula, mas pela primeira vez não me importo com isso.