Anjo de Vidro escrita por DiraSantos


Capítulo 21
Capítulo Vinte: Sebastian


Notas iniciais do capítulo

Está ai mais um!
Espero que gostem
Beijos.



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Capítulo Vinte: Sebastian

Virei meu rosto, Sebastian parecia serio; — era algo que eu nunca tinha sequer pensado ser possível. O rosto de Sebastian não tinha expressão, nada que pudesse me dizer o que estava acontecendo. — os braços cruzados e rígidos na frente do peito desnudo.

—Bem, Sebastian. Muito bem. —Falei, forçando meu rosto a continuar serio, mas algo no que tinha acontecido naquela noite não me deixava mentir. Algo na minha resposta o incomodou, Sebastian puxou a respiração e desviou os olhos avermelhados por alguns segundos.

—Foi vê-lo. Está feliz com isso. —Era uma afirmação, olhei para baixo, me lembrando dos pontos negativos, que não eram poucos.

—Não completamente,—admiti— o fato da Batalha está perto, as questão que ainda tenho a decifrar, e o fato de ainda não estar na minha melhor forma. Sinto-me inútil. —Desabafei, olhando para minhas mãos, percebendo o quanto eu estava frágil.

Sebastian se aproximou, se sentando a beira da cama, eu conseguia ouvir seu coração, batia descompassado e sua respiração era artificialmente profunda, ele tentava se acalmar. Por um segundo achei que ele estava com algum tipo de problema, mas podia ser qualquer coisa, sendo o que ele era.

—Você não tem que fazer tudo sozinha, Saray. —Disse, olhando para baixo.

—Boa parte sim.

—Por que não me deixa te ajudar? —Indagou, pegando, hesitando por um segundo, minhas mãos.

Sebastian parecia absorto em algo. Eu nunca tinha visto ele dessa forma, ele acariciava levemente minhas mãos entre as suas e o calor febril e agradável me perturbou, levantei os olhos, procurando uma resposta em seu rosto.

—A maioria das coisas eu tenho que resolver sozinha, não acho prudente envolver outros em meus deveres. — Disse, ele deu um sorriso, depois subiu os olhos para mim, parecendo um pouco alheio a tudo, soltou uma risada rápida, abaixando-os novamente.

—O que houve? —Perguntei.

—Nada demais. — Fiquei desconfortável, ele tinha me ajudado, ele tinha me colocado pra cima.  Curvei-me para baixo em direção a seu rosto, seu corpo ficou imóvel, e ficou me olhando, sua respiração ficou presa, e sua boca ficou entreaberta.

—Parece que foi o bastante. —Disse sendo amigável. Queria que ele confiasse em mim, ele tinha ganhado isso comigo, nos meses que tinha ficado sob minha guarda ele não dificultou nada, me obedeceu e foi muito prestativo, e devia minha vida a ele. Ele tinha avisado a Micaela que eu estava naquele galpão.

Sebastian franziu os lábios depois abaixou os olhos e pareceu procurara as palavras certas.

—Desde que fomos ver... O Justin, aquela ultima vez, tenho pensado algumas coisas, na verdade, elas têm aparecido em minha mente e, eu... Eu não consigo afastá-las, estão sempre mexendo comigo. —Sorri, feliz por ele estar confiando em mim, me ajeitei, olhando em seus olhos.

—Essas... Coisas, apareceram só agora? —Perguntei, ele esticou as costas, ficando maior, sem que eu visse seus olhos, já que seu estava acima da altura do meu rosto.

—Sim, a alguns meses. Acho que... 2 ou quase isso, elas não são ruins só... Me atiçam demais, fico inquieto, quero saber se a mesma coisa dos meus sonhos.

—Anda sonhando com isso também? —Nesse momento ele virou o rosto, parecendo irritado com o que falou.

—É, ando sim.

—Bom, você está se transformando. Pode ser seu Dom já se abrindo para você, visões, ou mesmo Percepções.

—Percepções? —Perguntou.

—Habilidades de batalhas. É algo como visões, mas se referem a um individuo você sabe seus próximos... 2 ou 3 ataques antes mesmo dele pensar em fazer, é muito útil.

—É isso é raro? —Perguntou, abrindo uma das minhas palmas, acompanhando as linhas da minha mão quase diáfanas, com as pontas dos dedos.

—Não chega a ser um Dom, por que é destrutivo, e mais como... Um trunfo na hora do combate. —Falei, me lembrando de como Zeraquiel era contra essa habilidade, apesar de reconhecer sua utilidade em uma Batalha. Zeraquiel era o Arcanjo que supervisiona as possíveis mensagens que alguns humanos com a Aura Aberta eram capazes de receber, para que nada perturbador escapasse para eles. Nada que pudesse fazer nenhum tipo de dano para qualquer humano; ele era o qual mantinha tudo dentro das regras, nada fugia do seu controle por muito tempo.

Gemi.

Sebastian sorriu.

—Você não parece concordar com ele. —Ponderei aquilo.

—Um pouco, acho que qualquer coisa que um anjo faça, o faz especial. Não somos como os humanos pensam: Loiros, altos, brancos, olhos azuis e com o mesmo rosto e corpo. Somos diversificados como os humanos. —Ele riu, e me olhou nos olhos.

—Depois eu faço alguns cartazes pela “Igualdade! Anjos também podem ser ruivos!” — Olhei de canto para ele, enquanto ele ria mais.

—É, muito engraçado. —O repreendi, apesar de estar tentando conter uma risada.

—É mesmo, você está rindo. —falou, tocando meu ombro, apertei meus lábios.— Qual é, Say. Vamos ria um pouco!

—Isso é serio, Sebastian. —Bom, eu não consegui ser seria, ele riu mais e segurou meus ombros.

—Tão serio que você está rindo. Vamos, ou você ri por bem ou...

—É uma ameaça? Não ouse... —Mas já era tarde, ele agarrou meu pulso, mas consegui abri minhas asas, voando pelo quarto e dando um rasante pela janela maior.

 Ele começou a voar atrás de mim também, brincávamos no céu, para fugir voei alto e dei um mergulho em direção ao Mar. Era primeira vez que eu... Brincava, quer dizer, sem me preocupar com nada, e Sebastian parecia se divertir também, mergulhando perto de mim no ar, — tínhamos voado alto, o bastante para a casa de Micaela parecer só um pequeno ponto irradiando pequenos feixes de luz nas laterais.

—Não vai me escapar! —Gritou, enquanto mergulhava no ar, a cabeça apontada para o mar escuro lá em baixo. O vento zunia aos meus ouvidos, eu olhava para o lado e só via estrelas e a linha ondulante do mar no horizonte, do outro um pouco de Los Angeles, areia, morros e carros ao longe.

—Então venha me pegar! —Gritei, me sentindo uma criança feliz, brincando pela primeira vez com um brinquedo novo, olhei o mar mais perto.

Estava mais perto.

—Espero que não tenha problema em se molhar!- Gritei, fechando mais minhas asas, pronta para mergulhar.

—Sou da Califórnia! Nasci sabendo nadar! Vamos logo!

A poucos metros da água escura e fria, ele começou a girar no próprio eixo querendo perfurara mais suavemente a superfície da água. Ele entrou, eu desacelerei abrindo minhas asas em um ângulo bom, parando bem perto de entrar.

— Parece que não é tão esperto.

—Falou cedo demais. — Sebastian puxou minha perna, me fazendo entrar e molhar minhas asas. Ele estava fundo, via a superfície azul escura sumir e ficando escura, meu corpo ficando mais leve e ondulando na maré noturna, o volto de Sebastian começou a subir, e eu fui atrás.

—Não podemos mais voar. —Falei flutuando, ele sorriu, a balançou o cabelos, os fios negros grudados em seu rosto moreno.

—Como assim?

—Nossas plumas estão molhadas, não dá, vamos voltar nadando

—Nossas? —algo em sua voz tinha mudado pó um instante, — Sou um híbrido se lembra?

—Mas não voa com uma única asa, vamos. —Comecei a nadar, ele veio logo atrás. A imagem por baixo da água era linda, o céu ondulava nas ondas, as estrelas eram pontos trêmulos de luzes coloridas, o sal fazendo leves estalos na areia a baixo de mim, esfoliando minha pele quando passava pela espuma branca do mesmo; o movimento repetitivo e forte das ondas me relaxava, era como voar sem sequer sentir minhas asas batendo. Era como...

Flutuar.

Ao chegarmos à praia, o vento bateu. Meu corpo tremeu, abracei meu corpo e comecei a andar atrás de Sebastian, que estava a caminho de sua oficina, ele abriu uma das postas duplas, o lugar estava brumoso, mas ele parece ia conhecer aquilo como a palma da mão, apertou o interruptor acendendo as luzes pálidas do lugar. O teto era alto e não tinha foro, se via as fiações grampeadas nas figas altas e pintadas de branco.

—Tem toalhas aqui? —Perguntei apertando meus ombros, ele balançou a cabeça, subindo em uma escada com rodas, encostada na prateleira alta de alumínio opaco, parecendo do tipo que se usa em armazéns de venda.

—É uma oficina de surfista, Say. Sempre vaio achar: Toalhas, pranchas e cerol... Achei. —Pegou as toalhas se jogou para o chão, curvando um pouco as coxas; andou até mim, e as jogou carinhosamente em meus ombros.

—Vou me lembrara disso. —Murmurei, enxugando meu rosto, me virei  minhas costas  para ele, indo em direção a a prancha de Poliuretano,  faltava um pouco, mas já estava tomando sua forma. Os braços de Sebastian rodearam meus ombros, apertando seu peito contra minhas costas, ele falou:

—Está fazendo um belo trabalho. —Sussurrou no meu ouvido, dei um sorriso, sentindo o calor do seu peito morno atravessar o pano grosso da toalha.

—Com sua ajuda. —articulei, já incomodada com sua eventual proximidade, me afastei, andando de costas. —Vou entrar, aquele mergulho não foi boa idéia. —Me virei e fui em direção a porta, mas, antes de eu conseguir sair, Sebastian me virou para ele.

—Espera. — me prendendo contra a parede e seu corpo, largou meu pulso e segurou meu rosto com as duas mãos, suas mãos febris me esquentaram, seus olhos perfuravam os meus brilhantes e ansiosos por algo. Seus lábios se entreabriram, encostando-se aos meus. — Perdão.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Tá bom?
Bjs