Mais Um Conto de Natal escrita por lua_j88


Capítulo 1
Um problema para Papai Noel.




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- Entre.

Foi a primeira vez que Carla ouviu a voz de Papai Noel. Era diferente do que tinha imaginado. Mais grossa, mais calma, que lembrava a neve em si. Como se fosse nevar a cada vez que ele abrissea boca.

- Entre - repetiu a voz, do outro lado da porta do escritório.

Carla respirou fundo. Estava com o vestido certo? Os sapatos estavam bons? O cabelo arrumado? Tocou as orelhas pontudas, respirou fundo mais uma vez e entrou.

- Hã.... bom dia, Sr. Noel. Eu sou Carla, e..... hummm....

Parou para observar o escritório. Exatamente como nos livros. Uma lareira, uma cama ao lado da janela, e uma grande mesa, onde Noel construía brinquedos e escrevia em um interminável livro. Atrás da mesa, uma prateleira, com milhares de estranhos objetos, e o prórpio bom velinho, parado, olhando pra ela.

- Carla? - ele disse, num tom de dúvida - não é a pequena duende que estragou metade dos brinquedos ano passado?

Carla parou, tremendo.

- Foi... foi um acidente, senhor. Eu estava com o pote de queijo quente na mão. Não imaginei que fosse tão pesado... ele caiu em cima dos brinquedos.... eu....ah.....

Para sua grande surpresa, papai noel deu uma grande e aconchegante gargalhada.

- Queijo quente? - falou, entre uma risada e outra - foi isso que destruiu os brinquedos? Queijo quente? - e riu ainda mais.

- Hã.... senhor... eu....

Papai Noel ficou sério de repente.

- ah, sim, você tinha algo a dizer, certo? Vamos, filha, sente-se, e me conte.

Carla sentou-se à mesa, sentindo o olhar de Noel sobre ela, esperando.

- Bem.... Foi o cristal sonhador, senhor....

- O crital sonhador? O Sonhador, você diz? O cristal mágico com poderes inimagináveis? O que houve? Você derrubou queijo quente nela?

- Não, senhor! Eu parei com queijo quente, senhor. Nunca mais comi nada com queijo e...

- SIm, sim! E quanto o cristal?

- Oh, sim, o cristal.... Caiu...

- Caiu...?

- Caiu lá.... No mundo dos humanos.

Carla levantou os olhinhos e encarou Papai Noel. Ele encarava ela.

- Como? Como isso aconteceu?

- Bem, como o senhor sabe, há o ritual de escolha do cristal, onde um duende é escolhido para ser O Sonhador.

- Sim, sim, continue.

- E nós sempre guardamos o cristal numa caixa de prata. Mas, desa vez, quando abrimos a caixa... O cristal... Voou... pra longe...

- Voou pra longe? Como?

- Não sabemos, mas os cientistas estão dizendo que... Bem, estão dizendo que....

-Quê?

- Que uma criança humana foi escolhida.

Papai Noel arregalou os olhos. Uma criança humana ser A Sonhadora significaria um humano com poder incrivel. O poder de alterar a realidade.

Ele olhou o calendário. Três dias para o natal. Não podia ir pessoalmente, e os duendes morriam de medo de ir ao mundo humano. Então... Quem iria resgatar o cristal? Ele tinha uma ideia.

- Carla?

- Sim, senhor?

- Chame o Robert.

- O Robert? O ladrão, o senhor diz? Acha seguro....?

- Chame-o, por favor - interrompeu o velho.

- Sim, senhor - ela disse. E saiu.

Papai Noel olhou pela janela. Estava nevando lá fora.

- Dãã - disse pra si mesmo. Isso era óbvio. Eles estavam no pólo norte ou não?

E seus pensamentos vagaram para a tal criança que fora escolhida. Pensou em quem deveria ser. Em como a criança cresceria. E em como reconhecê-la. Quem possuía o cristal só tinha duas características diferentes das outras crianças: facilidade para entrar em seu próprio mundo de fantasias, e dificuldades para viver a realidade. Mas... mesmo assim... Seria difícil achar a criança.... muito difícil...

Foi arrancado de volta a vida real pelo barulho da porta abrindo novamente. Carla e mais cinco duendes traziam um ladrão. Todos pareciam apavorados, é claro. Afinal, duendes são sempre crianças, e o ladrão era um adulto. E dos altos.

Fez sinal para que os duendes saíssem e encarou o ladrão. Pele branca, cabelo preto, olhos azuis, indiferente, e uma expressão arrogante.

- Robert, nascido na Inglaterra, órfão de mãe aos cinco anos e de pai aos doze.

O homem revirou os olhos.

- Certo.

- Você afirma ter se achado um ladrão com suficiente classe para roubar a mim, papai Noel, e o ouro dos duendes?

- Afirmo.

- Você afirma ter se escondido por aqui tempo suficiente para a magia penetrar em você e fazer de você uma criatura mágica de orelhas pontudas?

- É, é, afirmo.

- você afirma ter sido levado para a prisão dos duendes e....

- Aquilo ali é biscoito amantegado?

- O que? Ah, é sim. Mas, voltando ao assunto, você afirma...

Robert pegou um biscoito e colocou na boca. Mastigou como um faminto e depois olhou para o velho.

- Por que você pergunta se já sabe que vou afirmar?

- Ora, bem.... Temos de nos garantir, certo?

Robert sentou-se na cadeira que outrora abrigara Carla.

- O que quer que eu faça?

- Você tem a chance de ser perdoado, se encontrar pra mim um objeto.

E passou a história toda ao ladrão.

Robert encarou Papai Noel.

- E por que você manda a mim, um dos ladrões mais procurados da Inglaterra, para uma missão tão importante?

Ele sorria enquanto falava. Já sabia a resposta, claro.

- Por que você é a única pessoa que conhecemos que sabe... bem... Agir... como um humano. E sua aparência é quase humana, tambem.

Robert tocou as orelhas pontudas e se dirigiu a porta.

- Estou indo. Mas vou querer um carro e dinheiro pro hotel. Não sei quanto tempo vou demorar. E... Ah, claro... - ele fitou Papai Noel com seus olhos azuis - vou querer pagamento tambem.

Papai Noel abriu a boca para protestar, mas Robert já tinha ido pela porta, desaparecendo na nevasca do lado de fora da pequena casa do velho. Saindo do mundo dos duendes, a caminho do dos humanos.

O que procurava? Uma criança capaz de mudar o mundo.


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