Foi pra isso que Raquel me mandou não foi? Pensei enquanto me apercebia de algo - será que ela mandou o Jake pra cá também? Será que ela armou tudo? Não, isso já seria demais, pensei enquanto vestia um vestidinho florido de alças finas que deixavam meus ombros a mostra, o clima quente pedia roupas leves.

Sai do banheiro, guardei minhas coisas no quarto e fui para varanda que sem duvidas é a parte da casa que mais gostei, me deitei na rede e com a ajuda dos pés enviava leves impulsos fazendo-a balançar devagar enquanto me deliciava com a vista exuberante a minha frente.

- Isso aqui é um paraíso, sempre que arrumo um tempinho venho pra cá revigorar minhas forças - Jacob falou se sentando na rede ao lado.

- É sim, confesso que fui forçada a vir, sua irmã me obrigou, vim de má vontade, mas assim que me deparei com essa vista, fiquei feliz em ter vindo - falei sinceramente encarando o céu limpo sem uma nuvem.

- Raquel te obrigou, Como? Agora fiquei curioso - Ele questionou me encarando com olhos atentos - Suspirei pesadamente lembrando o motivo dela ter me obrigado - percebendo minha reação a sua pergunta ele falou mudando de assunto.

- Vamos dar uma volta, ainda temos um tempo antes do por do sol – falou levantando e prontamente estava ao meu lado me dando a mão para levantar da rede, não tive como negar, ele tinha um sorriso tão lindo nos lábios que me deixou encantada, retribui o sorriso e aceitei sua mão.

Ele me puxou me colocando facilmente de pé, sem fazer esforço, para minha surpresa ele não soltou minha mão, ainda sentindo sua mão quente sob a minha ele começou a caminhar pela casa - fiquei sem reação, apenas o seguia enquanto ele não parava de falar.

- Bella você tem muito que conhecer em La Push e eu serei seu guia - Ele falou enquanto passávamos pela porta da frente, sem soltar minha mão - Estava sentindo uma série de emoções conflitantes, ao mesmo tempo que sentia um enorme desconforto, me sentia segura sentindo o calor da sua mão enorme sob a minha que se perdia entre seus dedos grandes.

Caminhamos um pouco ainda de mãos dadas e resolvemos parar para tomar uma água de coco, o clima estava muito quente, estava suando demasiadamente.

- Vem vamos sentar ali -  ele falou apontando para um tronco de coqueiro caído na arreia da praia, nos sentamos e me vi curiosa sobre a vida dele, o que ele fazia? Onde morava? Não sabia nada além de que ele era irmão da minha melhor amiga.

- O mar tem um poder tão intenso sobre as pessoas - Ele falou encarando a imensidão azul

- Como assim? Perguntei curiosa!

- Você não sente uma tranqüilidade absurda encarando essa maravilha da natureza? Uma paz de espírito? É como se o vai e vem das ondas levasse embora todos os seus problemas e aflições, não que eu tenha algum problema, mas estar diante do mar sempre me deixa assim, leve.

Encarava o mar absorta nas palavras de Jacob, realmente o mar traz uma sensação enorme de paz, mas essa sensação é passageira, infelizmente.

- Quem dera que fosse verdade, pensei alto - Jacob virou sua atenção pra mim falando:

- E por que não seria? Você já ouviu a expressão " agente só tem o que agente quer ter " particularmente a acho bem verdadeira - Ele falou me encarando, seus olhos negros pareciam enxergar além, ver minha alma, desviei o olhar encarando mais uma vez o mar.

- Parece ser tão simples quando falamos não é? Mais a vida é mais complicada que isso - Falei levantando, ele me acompanhou falando:

- Vamos, acho que é melhor nós irmos andando, se não vamos perder o por do sol - Ele falou passando o braço pela minha cintura me guiando, era a segunda vez que ele me deixava sem jeito, mas como antes não falei nada, me sentia desconfortável e ao mesmo tempo segura.

Já estávamos caminhando a uns 15 min e nada de chegarmos ao tal lugar, já estava cansada de andar, mais não queria demonstrar fraqueza, então não falei nada, contudo ele percebeu meu cansaço.

- Bella agora falta pouco - falou entrando numa trilha, o terreno era íngreme, agradeci mentalmente por ele estar me guiando de perto, mesmo assim emaranhei meus pés em alguns malditos galhos secos e cai com tudo no chão, amaldiçoei miseravelmente minha falta de coordenação enquanto Jacob vinha me ajudar.

- Bella você se machucou? Ele perguntou preocupado, enquanto arrancava algumas folhas secas que colaram na minha perna suada.

- Não, eu apenas me desequilibrei em alguns galhos e quando vi já estava no chão - Falei sem graça, enquanto ele me dava a mão.

- Falta pouco melhor eu garantir sua integridade física - Ele falou e no instante seguinte senti meus pés saírem do chão, tomei um susto enquanto ele me colocava no braço, prendi minhas mãos em seu pescoço enquanto tentava convencê-lo a me por no chão novamente.

- Jake para com isso, não precisa, você esta exagerando - falei me segurando com força em seu corpo.

- De jeito nenhum, não quero ser responsável por você ter que passar seus dias de férias em um hospital, e a idéia de virmos até aqui foi minha, então relaxe que já já estaremos no lugar ideal para curtirmos o por do sol, prometo que você não vai se arrepender - Ele falou me encarando com um sorriso meio de lado, altamente persuasivo, mas continuei insistindo que não precisava.

- Jake, por favor, me coloca no chão, já disse que não precisa - Ele nem se abalou com meu pedido continuando a andar no mesmo ritmo.

- Você é mesmo irmão da Raquel - Falei em forma de xingamento e em resposta ouvi uma risada estrondosa.

- Pronto, chegamos! - Ele falou me colocando no chão, e no segundo que meus olhos alcançaram o horizonte fui presenteada com a visão mais exuberante e magnífica que meus olhos já viram.

O horizonte estava ganhando cores, uma mistura de laranja e vermelho começava a surgir por traz do sol que a mim parecia ainda maior e mais imponente, porem aos pouco ia perdendo seu intenso brilho e calor - Fiquei parada encarando essa maravilhosa vista extasiada.

- Não falei que valia a pena - Jake se aproximou falando bem próximo ao meu ouvido, senti os pelos do meu braço se arrepiar um a um, engoli minha saliva sentindo um nó na garganta enquanto tentava recuperar minha voz.

- Realmente é perfeito - Foi tudo que consegui falar.

- Vem vamos sentar demora uns 20 minutos para o por do sol se formar totalmente - Ele falou sentando no chão do penhasco.

O penhasco era o local ideal para ver o por do sol, tinha uma vista privilegiada de toda a orla, me virei e o vi sentado, me olhando ele bateu de leve com sua mão direita no chão ao seu lado me convidando a sentar.

Sentei com as pernas estiradas, pois estava de vestido - escolhi a roupa errada! Pensei enquanto sentia uma brisa fria soprar me causando um pouco de desconforto, contudo não dei muita importância voltei a encarar o horizonte.

A cada minuto as cores se intensificavam tornando o espetáculo ainda mais perfeito, não conseguia desgrudar os olhos.

- Queria ter trazido uma maquina fotográfica, esse momento tinha que ser registrado - falei ainda hipnotizada pela vista.

- Vai ser registrado, vamos guardar na memória, uma fotografia pode se perder, ser tirada de nós, mas as lembranças sempre vão permanecer vivas, basta apenas você fechar os olhos e elas estarão lá, intactas, e assim você sempre trará consigo um pedaço desse paraíso - Ele falou me encarando, seus olhos negros eram tão intensos, por um minuto me perdi em sua imensidão, eles prenderam meu olhar, não conseguia desviar meus olhos.

- Uau um poeta - Falei ainda presa em seu olhar - me mostrando seus dentes perfeitos ele me deu um sorriso suntuoso.

- A visão me inspira - Nessa hora consegui sair da hipnose e voltei a encarar o horizonte.

- Realmente é uma visão inspiradora, vou guardar esse momento num lugar especial da minha memória, assim quando sua irmã me irritar vou poder me acalmar lembrando que graças a ela eu pude presenciar essa maravilha da natureza - Ouvi o som gostoso de sua risada que ecoava no silencio do entardecer.

- A Raquel realmente tem o poder de tirar a paciência de qualquer um se ela o desejar.

- Si tem - Respondi sorrindo.

- Ficamos no penhasco por uns 20 minutos admirando a maravilhosa criação divina, quando o sol finalmente se pos ele me olhou indicando nossa partida - O caminho de volta seria mais complicado, pois já estava começando a escurecer, levantando ele me olhou e foi logo dizendo.

- Não faça essa cara de desentendida - Ele falou enquanto se aproximava mais de mim e num movimento rápido já estava em seu colo.

- Não vou falar nada, já vi que você é cabeça dura e não vai adiantar, esse é um mal dos Blacks - Falei prendendo o riso enquanto minhas mãos se amaravam em seu pescoço.

- Isso mesmo - Ele falou sorrindo abertamente enquanto adentrava na vegetação - num gesto impensado encostei minha cabeça em seu peito, quando percebi o que tinha feito, fiquei rígida, morrendo de vergonha, me sentia tão à vontade com ele que esquecia que o conhecia a menos de um dia, já estávamos tão à vontade um com o outro que parecia que nos conhecíamos a anos.

Pude perceber um pequeno sorriso despontar em seu rosto, sem querer me vi sorrindo também e relaxei em seus braços até que chegamos na trilha - Ele me pos no chão e fomos conversando até chegar em casa.

- Com fome? Perguntei com metade do corpo na cozinha e colocando apenas a cabeça para fora.

- Com certeza - Ele respondeu sem demora.

- Vou tomar um banho e desço para te ajudar – Ele falou solicito.

- Não precisa, fazer alguns sanduíches não da tanto trabalho - Falei retirando o queijo e o presunto da geladeira.

- Volto logo então - Ele falou enquanto subia as escadas.

Comemos os sanduíches enquanto assistíamos a um programa na tv, bocejei umas duas vezes e decidi que era a hora de dormir.

- Boa noite Jake, vou dormir!

- Boa noite Bella! Estou feliz que você tenha ficado, adorei nosso dia - Ele falou com o sorriso aberto, apesar do pouco tempo que o conhecia já havia percebido que esse sorriso era sua marca pessoal.

- Também adorei o dia, Obrigado - Falei dando as costas e indo pro meu quarto.

Joguei-me na cama repassando detalhadamente todo o meu dia e apesar de toda a confusão do encontro com Jacob me vi tendo um dia feliz – Levantei e fui pegar minha roupa de dormir me sentindo leve, coisa que há tempos não sentia.

A dor ainda estava instalada no meu peito, mas hoje graças a esse novo amigo a dor foi pela primeira vez suportável, com esse pensamento deitei na cama sentindo minhas pálpebras pesarem e se fecharem gradativamente até que me entreguei completamente ao sono.