POV Dimitri

O som da porta rangendo ao se abrir me acordou. Ainda estava bem cedo, pois o sol ainda iluminava o quarto. Rose estava me abraçando tão forte que quase estava tirando o meu ar. De tirar o ar também estavam seus cabelos, que, além de despenteados de uma forma que a deixava selvagem e sensual, emoldurava o seu rosto, preso em um sono profundo. Eu encarei a pessoa que entrava pela porta e o que eu vi me pegou de surpresa.

-Oh, desculpa!- Disse minha irmã mais nova, Viktória, que entrava com uma mala de mão.-Eu pensei que este quarto estava vazio. Eu não sabia que vocês estavam aqui. Tasha terá que ficar comigo então...

-Tasha?-Eu pulei, procurando a minha camisa que tinha sido arrancada de mim ferozmente na última noite.-O que ela faz aqui?

-Ela está procurando livros de magia Moroi por aqui. Pra aperfeiçoar.-Ela deu de ombros e começou a se virar quando se virou e me olhou novamente.- Faz aquele pão de passas qua a mamãe te ensinou?

Eu ri e inclinei a cabeça pra trás. Eu aprendi a fazer isso quando tinha um metro de altura e 13 anos. Hoje eu tinha quase dois metros e já sou um homem. Apesar de poder ser meio constrangedor, eu prefiro agradar a minha irmã, já que momentos como esse vão ficando escassos na carreira de um guardião.

-Se eu lembrar a receita...-Eu disse isso rindo, imaginando as frases espertinhas que Rose ia pensar se me visse de avental assando pães. Me levantei e fui em direção à cozinha, esperando que tivessem os ingredientes pra fazer o pão. Eu comecei a preparar a massa, enquanto minha irmã me contava o que tinha feito nos seus três dias de côrte.

-Dia 1: Encontrei Tasha. Dia 2: Ela pediu a minha designação. Dia 3:Eu descobri que iamos fazer uma expedição por aqui à procura dos livros.-Disse ela ansiosa pela ideia de ser uma guardiã.

-Dia quatro: Sem querer topamos com Dimiti, que finalmente descobriu onde está o seu coração.-A voz de Tasha foi como unhas afiadas que arranhavam um quadro negro. Eu fiz uma careta e sem perceber, eu apertei a massa com uma força quase sobrenatural.

-Bom dia pra você também.-Eu respondi, lembrando o que eu tinha respondido à ela sobre a proposta. "Não posso, por que o meu coração estaria em outro lugar". Ela riu em resposta.

Derrepente, um pesadelo, que não era meu pulsou dentro de mim com tamanha intensidade que, se eu não tivesse auto controle, teria gritado comigo mesmo no meio da cozinha. Eu parei minha mãe, que entrava na cozinha, comprimentando à todos e indo servir uma xicara de café.

-Mãe, será que pode ir ver Rose lá em cima?-Eu disse, com um certo tom de preocupação que nem todo o auto controle do mundo poderia esconder.Ela deu de ombros, pegou sua xicara e partiu em uma velocidade moderada escada acima.

-O que houve?-Perguntou Tasha, meio preocupada. Ela podia até ficar chateada por eu ter escolhido Rose, mas não ia deixar isso atrapalhar nossa amizade.

-Nada. Ela só estava meio inquieta antes de eu deixar o quarto.

-Wow! Tá brincando? Ela parecia uma pedra!

Mal ela terminou de falar eu vi Rose passar pela porta da cozinha em direção à porta. Eu a segui sem falar nada. O que eu queria saber, me bombardeava pela sua mente. Ela tinha visto dois caras pela janela do quarto. Bem que eu devia ter reconhecido aquela cara. A cara do "Eu vou socar alguma coisa". Embora nada pudesse para-la, eu agarrei o seu braço, mas meus dedos escorregaram pelo cetim do roupão DO HOTEL? Hum... Esquece...

-Rose-Eu disse, mas ela mal me olhou. Parecia sobre compulsão. Eu descartei essa possibilidade quando ela parou e me encarou.-Rose, não tem ninguem lá.

-Mas eu vi!-Ela respondeu. Com certeza, se essas pessoas fossem espertas o suficiente, já teriam ido embora...As vezes nem eu sei como segurá-la. As vezes eu sou a sua própria válvula de escape.

-Mas já deve ter ido.-Eu respondi, esperando que isso a segurasse. Segurou, mas ela continuou andando. Sem rumo. Pelo frio e a escuridão que envolviam Baia.

Eu ia contar que Viktoria estava aqui com Tasha, mas um barulho na esquina mais distante, chamou a nossa atenção. Uma Van preta dava um cavalo de pau e corria na nossa direção. Van preta, vidro preto. Eu consegui ver a placa do carro, apesar da distância. OK9D74 São Petesburgo. Eu a reconheci. Era de Galina. Quando eu -ou melhor, Rose- a matei, eu assumi tudo. Usávamos essas vans pras "Grandes Operações". Agora, desde que eu voltei a ser Dhampir, provavelmente Pietrowski, o carinha que eu transformei, devia ter pegado o comando. Pelas caras que eu fazia quando ele me desafiava, ele deve ter ficado com muita raiva de mim. É deve ser. Por que agora ele queria me matar. E levar a minha Roza junto. Mas isso eu não ia deixar. Não mesmo.

-Rose, entra! Agora.

-Não! Me dê uma estaca! Eu não vou arriscar você mais uma vez.

-Entra!

-Não!-Ela chorou- Me dê uma estaca!

"Eu não vou arriscar você" As palavras martelaram a minha cabeça, e, vendo que a Van já estava chegando eu peguei uma estaca que eu sempre tinha de reserva e dei à ela. A van parou e de lá saíram quatro Strigois. Só? Estranho. Apesar de desconfortavel, dava pelo menos uns 13 lá. Mas eu me lembro que conforto não era nada comparado ao sangue Moroi, que nos seria recompensado. Eu afastei o pensamento e ataquei o Strigoi que vinha na direção de Rose. Antes dela brigar comigo mentalmente eu empalei o Strigoi e provoquei: "Arriscar o que?" Eu ri e comecei a brigar com outro Strigoi."Não me distraia!" Ela respondeu. Num movimento inconciente, eu dei de ombros, e essa foi a brecha pro Strigoi me jogar no chão, da forma que eles fazem, com o intuito de esmagar o nosso crânio. Eu me posicionei de forma que o impacto fosse melhor distribuido, pra evitar um osso quebrado ou algo assim. A minha estaca voou da minha mão e foi parar perto de um boeiro, quase caindo nele. Rose se distraiu e foi ao chão, assim como eu. O seu Strigoi, maldito Strigoi, cravou suas presas no pescoço de Roza, deixando- a atordoada. Então eu vi Tasha correr na nossa direção e se concentrar em pôr fogo no meu Strigoi. Eu tentei empurrá-lo de cima de mim mas ele tinha jogado todo o seu peso sobre mim. Eu vi o Strigoi de Rose, me olhar por alguns segundos, por conta do fogo que tanto os distraia. Ela tomou a pior decisão da sua vida: Ela deu um murro nele, chamando sua atenção de volta à ela. Eu vi um vulto passar tão rápido por Rose, que nem mesmo eu pude identificar o que tinha empurrado o Strigoi longe. Quando eu ouvi o grito do meu Strigoi, eu o empurrei- finalmente- lado e corri na direção de Rose. Eu coloquei ela no meu colo e a carreguei em direção à minha casa.

-Rose!-Eu gritei.Ela entreabriu os olhos. Eu vi Viktória se juntar á mim e repousar uma de suas mãos em cima do cabelos de Rose. Rose a encarou por uns segundos.

-Vik...Viktória? O que...-E desmaiou de novo, pesando a sua cabeça pro lado.

-Rose!-Eu gritei em urgência, mais uma vez. Me virei pra minha irmã e ordenei:-Segure a cabeça dela!

Ao ver o que ela fazia, pude notar suas mãos sujas de sangue.

-Wow!-Eu disse surpreso, ao entender por que suas mãos estavam naquele estado- Você fez aquilo?-Ela ascenou com a cabeça- Boa. Rápida.-Eu disse, surpreso com força e agilidade com a qual ela tinha agido. Eu tive que parar os elogios por ai e me concentrar na mente de Rose. Um sonho estranho onde um coro cantava 'One in a Million' pra ela passava pela sua cabeça. Podia ser verdade. Ela era uma em um milhão. Minha Roza. Deitando ela no sofá da sala, eu colei nossos lábios, e ela deu um suspiro profundo e se virou pro lado, exibindo dois pequenos furinhos em seu pescoço. Eu mexi em seus cabelos e me sentei em uma beirada do sofá.

-Ela está bem.-Eu disse, depois de sentir o seu sono e sua "estabilidade mental". Ironicamente ela estava sonhando comigo dançando, vestido de padeiro.- Ela só precisa limpar isso. A gente nunca sabe o que esses Strigois põem na boca...