Vale Tudo escrita por Anna C


Capítulo 7
Sonhos Anormais, Sonhos Com Você


Notas iniciais do capítulo

Queria dedicar esse capítulo especialmente a WinnieCooper que completa aninhos hoje *-* PARABÉNS LINDA! Te desejo tudo de bom :D



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Narrado por Scorpius

Mas que estranho… Eu não devia estar sentindo aquela sensação terrível de porre? Com essa dor de cabeça mínima posso passar o resto do dia numa boa… Ontem à noite eu só senti um pouco de tontura, a bebida não fez tanto efeito em mim. Mas pera aí… E a Weasley? Cara, ela ficou bebadaça.


São só dez da manhã… Droga, dormi no sofá da sala. E por que ela tá abarrotada de presentes?!


– Até tinha esquecido do Natal. – comentei comigo mesmo. Mais tarde eu abro meus presentes… Hum, a Weasley recebeu alguns também.


Estou meio preocupado. Não é como se eu realmente me importasse... Só acho melhor checar aquela ruiva e assegurar que ela não tenha entrado em coma alcoolico.


Fui até a porta do seu quarto e abri lentamente pra que não rangesse. Wow.


Parece que eu estou visitando um hospital! Tudo aqui é tão branco – ela podia pintar as paredes? – e organizado… Como é que ela consegue manter? Até mesmo no meu tem alguns papéis de bala espalhados e uns sapatos jogados por aí.


Não demorei a localizá-la. Ela dormia profundamente sobre o lençol da cama, devia estar cansada demais pra se cobrir. Havia tirado o vestido azul e posto um engraçado pijama de inverno com estampa de unicórnios… Ok, eu tive que rir. Droga, cala a boca, Scorpius! Nossa, ela não acordou mesmo…


– Mmm… nham, nham… - a grifinória começou a fazer uns sons estranhos.


– Weasley? – será que ela estava acordando?


– Mal… Foy… - murmurou, se virando na cama pro meu lado. Agora eu via seu rosto. Ela havia tirado a maquiagem, mas seus lábios continuavam tão bem delineados e vermelhos como na noite anterior.


– Você tá dormindo?


– Pare de me girar… Tô ficando zonza… - franziu o cenho, ainda de olhos fechados. De que porcaria ela tá falando? É, continua dormindo. – Você dança muito bem… - começou a sorrir.


Tem um feitiço pra entrar no sonho dos outros, qual era mesmo? Tá, eu sei que é invadir a privacidade dela, mas se o sonho é comigo eu tenho o direito de saber... Tudo bem! Eu sei que não tenho, mas não ligo.


Envahirsomnium!


Entrei.


Estava de noite, o céu muito estrelado. Dançávamos numa sacada iluminada do castelo, mas não havia música. Certo, não foi bem assim que as coisas aconteceram... Isso tudo é tão fantasiado e... Romântico, ugh.


– Malfoy? – me voltei para a ruiva.


Ela estava ainda mais deslumbrante que ontem, tanto que fiquei momentaneamente sem fala. É claro que ela está assim! É o sonho dela, tinha que estar perfe... Não, eu não vou nem terminar de pensar nela dessa maneira.


– Eu acho que não te odeio. – ela disse, corando.


– Er... Que bom. – estava meio confuso, provavelmente não respondendo o que ela queria ouvir.


– E você? Não tem nada a dizer para mim?


Parei de dançar. A grifinória mirou nossos pés agora imóveis e em seguida o meu rosto.


– O que foi?


Estava meio assustado. O que ela esperava de mim? Todo esse ambiente desenhado especialmente pra criar um clima... Isso só podia significar uma coisa. Mesmo que inconscientemente, ela queria... Queria...


– Você enlouqueceu?! – mais acusei do que perguntei, me afastando abruptamente dela. – Nunca vai acontecer!


Ficou toda trêmula, parecia que algo tinha sido arrancado à força de si.


– Eu sinto muito. – Weasley caiu de joelhos no chão e tudo que havia em volta de nós sumiu, dando lugar a um breu infindável. Eu só conseguia vê-la, sob uma luz fraca.


Era só o que faltava! A garota começou a se desfazer em lágrimas.


– Ah, para com isso! Eu não suporto ver uma menina chorar. – ela continuou a soluçar apesar do meu apelo.


– Eu não sei o que está acontecendo comigo. Vá embora... VÁ EMBORA! – a ruiva berrou, erguendo o rosto para mim. Os olhos azuis estavam marejados e inchados.


Dei alguns passos para trás, até que a luz não me alcançasse mais.


Exitussomnium. – sussurrei.


Encontrei-me sentado no chão do quarto.


Será que ela está gostando de mim? Noite passada foi bom e nos divertimos juntos, talvez eu tenha dado entender outra coisa... Isso jamais me passou pela cabeça, jamais.


– Mmm... – Weasley voltou a fazer ruídos. Quando fui ver ela estava chorando de verdade! Lágrimas escorriam por seu rosto. Droga, eu a deixei presa com aquele pesadelo.


– Weasley, acorda! – comecei a sacudí-la. – Acorda!


A ruiva arregalou os olhos, inspirando tão fundo que parecia não ter oxigênio suficiente no mundo. Encarava-me muito confusa.


– O que está fazendo aqui!?


– É que você estava chorando e...


– Você entrou no meu quarto sem minha permissão! Saia daqui!


Obedeci, tentando não estressá-la mais. Troquei-me, afinal ainda estava com o smoking e voltei para o sofá, observando os embulhos coloridos dos presentes sem estar de fato aprestando atenção.


Alguns minutos depois, ela saiu do quarto, mais carrancuda impossível. Ok, acho que ela não gosta muito de mim...


– Nunca mais entre lá, está me entendendo? – ordenava.


– Tá, foi mal! – levantei os braços em rendição.


Sentou-se ao meu lado, caindo feito uma pedra de duzentos quilos.


– Estou me sentindo terrível. – jogou a cabeça pra trás.


– Pesadelos?


A grifinória me encarou, desconfiada.


– Também, mas estou mesmo mal por causa do firewhisky.


– Ah... Eu estou até que bem disposto.


– O pior é que é Natal e eu devia passá-lo com os meus primos e o meu irmão, mas estou um lixo... – resmungou.


– Tudo bem, eu trago o café pra você. – levantei-me indo em direção a porta da saída.


Weasley aumentou sua desconfiança a tal ponto que seu queixo caiu.


– Está doente? Fazendo um favor desses pra mim? E nem vai dizer que eu estou me rebaixando, ficando toda dependente de você ou algo do tipo?


– Não. – não depois de fazê-la chorar. Sério, eu não suporto ver garotas chorando.


–x—x—x—x-


Narrado por Rose


O vi saindo e fiquei boquiaberta. O que deu nele? Tá bonzinho demais... Demais mesmo!


– Ahhhh, mas que dor de cabeça! – enfiei a cabeça numa almofada.


Lembrete: nunca mais beber, nem mesmo cerveja amanteigada. Ok, cerveja amanteigada pode.


Eu tive um sonho tão estranho... Não vou nem contar aqui, vocês não acreditariam em mim. Eu não devia sonhar aquilo. Só não sei o significado... Será que é possível que eu esteja recebendo uma espécie de aviso através dele? Se for, eu já sei bem o que fazer: manter-me longe do Malfoy.


Falando nele, espero que não se lembre de absolutamente tudo que aconteceu. Vou agir como se nunca tivesse beijado-o no rosto, mas se ele comentar algo... Então não sei o que farei.


Um tempo depois, ele voltou. Eu senti minha face corar no momento em que o vi, a bandeja que ele trazia era magnífica, tudo parecia delicioso.


– Não precisava de tudo isso. – eu disse, desviando o olhar quando ele pôs a bandeja no meu colo.


– É café da manhã de Natal. Até mesmo você merece. – se sentou no sofá.


– Ei!


Malfoy começou a rir da minha cara.


– Também, depois da noite de ontem...


Droga! Não, por favor, vamos mudar de assunto...


– Quer dizer, você ainda se lembra do que aconteceu, certo?


– Hum... – enfiei uma colher enorme de pudim na boca pra não precisar responder.


– Não se preocupe. Vamos fingir que não houve... – o loiro alisou sua bochecha, a mesma em que eu havia depositado um beijo. – ...Nada.


Tomei coragem e comecei olhá-lo.


– Obrigada. – falei baixinho. Afinal, ele estava me poupando de um constrangimento.


O sonserino não respondeu, apenas mudou o foco da conversa.


– Sabe quem eu encontrei no caminho?


– Quem?


– O tal Andy Hudson com a minha ex-acompanhante.


– A Scott!?


Ele murmurou alguma coisa em afirmação. Não acredito. Ah, tudo bem o Andy não era lá essa coisas... Mentira, era sim. Maldita sonserina!


– Acho que fizemos um favor a eles indo juntos. – riu.


– Pois é. Mas sem ofensas, a Scott é uma bela de uma... Uma...


Malfoy revirou os olhos.


– Fala logo, Weasley! Até parece que é proibido ou algo assim! Todo mundo fala palavrão de vez em quando...


– Eu não tenho esse hábito, mas você me entendeu.


Ele bufou.


– É, acho que sim e é meio verdade.


– Por que tava saindo com uma garota que... Não presta?


– Desde quando é da sua conta a minha vida amorosa? – o loiro disse secamente, erguendo uma sobrancelha para mim.


Senti uma pitada de raiva por causa do seu tom de voz.


– Desde nunca. Curiosidade. – respondi com frieza e bebi meu leite morno.


– E vai ficar curiosa. Não é mesmo da sua conta. – levantou-se.


Começou a revirar os bolsos, em busca de algo. Ao achar, pude ver que era um pequeno frasco com um líquido verde. Colocou-o sobre minha bandeja.


– É pra essa sua ressaca. – então, saiu novamente pela porta, mas dessa vez não devia ter intenção de voltar tão cedo. Bebi o conteúdo do frasco e me senti nova em folha.


Ele está tomando conta de mim. Como eu deveria me sentir? Grata? Contente? Só consigo ficar confusa. Não sei o que pensar...


Toc. Toc. Toc.


Mas que estranho, já voltou?


– Por acaso esqueceu a ch-... – abri a porta.


– ROSE! – uma multidão de parentes me aguardava.


Fiquei surpresa ao ver Hugo, Lily, Albus, Dominique, Roxanne e o pequeno Louis.


– Por Merlin! O que fazem aqui? – perguntei, dando passagem para que entrassem.


– Nossa, que recepção mais calorosa! Já quer que a gente vá embora? – brincou Roxanne.


– Pois eu vou mesmo. Ingratidão... – Dominique já recuava, levando a sério.


– Não! Fiquem todos! Só estranhei essa visita em massa.


– Você não foi tomar café, nós que estranhamos sua ausência. – disse Lily, sorrindo. – Até trouxemos algo pra você comer, mas parece que você já fez isso... – minha prima apontou para a bandeja cheia de migalhas.


– Hã, é. – sorri de volta, não querendo prolongar o assunto. Ninguém precisa saber das gentilezas do Malfoy para comigo. Ia pegar mal pra nós dois.


– Rose. – Albus se aproximou de mim discretamente, sério. – Preciso conversar com você. – sussurrou.


Olhei a minha volta, vendo meus primos e irmão. Precisava de uma desculpa qualquer pra poder falar com o moreno.


– Er, Albus! – exclamei em alto e bom som. – Você pode me ajudar a achar os presentes de todo mundo? Estão no quarto, mas não lembro onde coloquei.


– Claro. – me acompanhou até meu quarto.


Ah, não é uma mentira por inteiro. Afinal, eu realmente deixei os presentes de Natal no quarto, só que eu sei onde eles estão.


Fechei a porta e isolei o ambiente acusticamente.


– Diga, Al.


O grifinório começou a circular pelo dormitório, analisando-o. Após um minuto, virou-se para mim.


– Kate.


Senti imediata revolta. Eu ainda não havia me lembrado de vê-la com o Enzzo, só agora que o assunto veio à tona que aquela memória veio à mente.


– Ela foi com o Enzzo. – eu disse, com leve rancor. – Ele não merecia isso, ser a última opção de alguém, ou até pior. Afinal, você sabe que ela não poderia ir com o professor, o pobre do Enzzo estava precisando de um par.


– Kate quem o chamou pra ir, eu vi. Ele devia achar que ela estava interessada ou algo assim, mas...


– Ela gosta mesmo é do professor, eu sei...


– Não é isso.


Tá, agora eu não entendi.


– O que você quer dizer?


Albus franziu a testa ao mesmo tempo em que sorria levemente, me deixando sem saber se se tratava de algo bom ou ruim.


– Ela... Me beijou.


– QUÊ!?


– Pra variar, eu fui repreendê-la após o baile e bom, ela simplesmente me agarrou.


– E por que esse sorriso, Al? Eu estou muito decepcionada com ela...


– O pior de tudo é que o McKenzie viu!


Eu precisava me deitar. Era demais pra mim! Joguei-me na cama, pondo o travesseiro na cara.


Você não presta, Kate, não presta...


– Pelo menos ele não está mais todo iludido. Porém, deve estar sofrendo... Preciso vê-lo mais tarde. – comentei, realmente preocupada e tirando o travesseiro do rosto. – E você ainda está sorrindo?!


– É que... – ele sentou na ponta da cama. – Acho que gosto da Kate.


– Eu também gosto, mas convenhamos que ela está sendo um vaca. Pera aí, vaca é palavrão?


– Não que eu saiba. – me encarou, franzindo novamente a testa e rindo da minha dúvida. – Mas você não entendeu. Rose, eu gosto mesmo dela! No sentido romântico da palavra.


– Ah... – saquei. EI! – Albus! - arregalei os olhos.


– Por que tá brigando comigo?


– É que isso é errado. Ela não pode estar com os três ao mesmo tempo!


– Ela nunca esteve com o McKenzie.


– E daí? Tá errado. Por que a Kate te beijou?


– Talvez ela também goste de mim. – vi um sorriso esperançoso se formar em seus lábios.


Isso seria ótimo, eu daria tudo pra que fosse isso, resolveria muta coisa. Entretanto, é muito repentino, não sei não...


– É, talvez. Obrigada por me avisar. Mas por favor, não se envolva mais. Ela anda muito esquisita...


Albus estava hesitante.


– Claro. – pareceu vagamente chateado. Espero que ele não faça uma besteira!


–x—x—x—x-


Narrado por Scorpius


– E como foi com a “uvinha”? – perguntei para Mark.


Ele sorriu de lado. Estávamos na sala comunal da Sonserina.


– Foi ótimo. Ela só jogou bebida na minha cara três vezes por tentar beijá-la, já é um certo progresso. Antigamente, eu poderia ter sido azarado ou levado um soco. – pôs a mão no queixo, pensativo.


Eu ri.


– Então, você tentou ficar com ela contra a vontade da garota.


– Ah, não foi tudo isso! Eu só tentei pegá-la desprevinida algumas vezes, só que ela é mais rápida que eu... Mas tô feliz dela ter ido comigo. Cara, mas que milagre! E ela me deixou beijá-la no rosto na despedida.


– Isso sim que é um progresso! – reconheci.


Lembrei-me da Weasley na noite anterior, sobrepondo seu corpo ao meu para me dar aquele beijo. Não foi nada demais, mas ainda assim estranho. Sem contar aquele sonho dela que conseguiu ser ainda mais absurdo!


– E você com a Weasley? – meu amigo perguntou, maliciosamente.


– Hã?!


– Ah, nem tenta me enganar! Vocês dois estavam no maior clima no baile, todo mundo ficou assim, ó. – escancarou sua mandíbula ao máximo, com os olhos quase saltando das órbitas.


Revirei os olhos.


– Não aconteceu nada entre nós. Não viaja...


– Você superou rapidinho a Scott hein? Mas seu pai e toda Sonserina vão te matar!


– Eles não vão me matar. E sabe por quê? Porque eu não fiquei com a Weasley. Só dançamos, nada mais. Tá, a gente ficou bêbado depois, mas...


– Bêbados!?


– É, eu esqueci de levar o firewhisky pra festa, daí a gente bebeu. – confessei.


– Seu safado! Nem me chamou... Você sabe que eu adoro um firewhisky. – por que será que eu não chamei? – Mas se eu estivesse lá, capaz de eu atrapalhar. A Weasley não ficaria tão facinha assim.


– Não aconteceu nada!


– Que você se lembre... Não estavam bêbados?


Por um momento ele me fez questionar se eu estava mesmo consciente enquanto estava embriagado, então me toquei de que ele é pirado e não fala nada com sentido, logo, eu lembraria se tivesse mesmo acontecido algo.


– Esquece, Mark. Por mais que você deseje que eu tenha pegado a Weasley, vai ficar só na sua fantasia. Não rolou, nem vai rolar!


Ele começou a rir sozinho.


– Não seria engraçado se vocês ficassem juntos? – o moreno comentou. – Todos esses anos só discutindo e competindo, pra no final se gostarem. Baita ironia do destino!


Dei um tapa caprichado na cabeça dele.


– Idiota! Até parece que foi você quem bebeu!


– Não precisa espancar também. – zangou-se, massageando o local dolorido. – Era só uma piada.


– De mau gosto.


– Ou é você que tem medo mesmo.


– Haha, de quê?


Meu amigo me encarou com um sorrisinho cínico, como se pudesse acabar comigo com sua resposta.


– Medo de eu estar certo.


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Notas finais do capítulo

E foi nisso que resultou o baile. No próximo capítulo: O Ano Novo! O que pode acontecer nessa virada? *o* Ah, quase esqueci. Essa semana não sei se haverá capítulo pois eu vou estar viajando, mas meu pai vai levar o notebook então ainda há chances *-*