O som dos caixões sendo abaixados era escutado a distância, uma musica lastimável para qualquer um. O ar tenso e deprimente podia ser sentido. Choros podiam ser ouvidos. As pessoas soltavam soluços e os prendiam. Qualquer um daquelas famílias sentia a mesma dor de perda. De perder dois entes queridos.

            Começou a chover. O céu estava cinza, como o interior de cada um. Cinza, escuro e vazio. Em ambos caía água. Das nuvens e dos olhos, misturando-se em seguida. A mistura caía sobre a cabeça e descia pelas roupas escuras e chegavam no chão escorrendo para os dois caixões. Ouviram-se um baque seguido por alguns gritinhos de susto. O branco caixão pequeno com detalhes em rosa foi colocado desajeitado. Na lápide as escritas “Flora Roosvet 2026 – 2027” eram ressaltadas.

            Do outro lado do cemitério, os amigos e a família olhavam o caixão ser colocado lentamente dentro da cova. A lentidão era agonizante. Como se mil facas entrassem do seu corpo. Estavam todos ali. Os pais dela, os Malfoy, Stone, Marcelo, Rafaella e Dallas. As pessoas foram saindo aos poucos. Restando apenas Scorpius, Rose e Ryan.

            Rose segurava o loirinho que com os olhos da mãe, observava o pai ir até o túmulo e cair sobre joelhos na terra recém posta.

- Me desculpe Belle. – falava Scorpius. Lágrimas saiam dos seus olhos azuis sem dó. Olhava para baixo com vergonha. – Me perdoe. Eu devia ter feito alguma coisa. – começou ele. - Me perdoe. – pediu ele soluçando. Parou de chover. Olhando para o céu, Scorpius sorriu. Isabelle o tinha perdoado. Ryan se mexeu nos braços de Rose, fazendo a mesma colocar-lo no chão.

            Desajeitado, ele caiu sobre os joelhos e foi engatinhando até o pai. Scorpius se assustou ao ver o filho do seu lado e olhou para Rose, a morena sorria para ele. Ele sorriu de volta, pegou o filho e juntos foram para casa com uma certeza: tudo seria diferente daqui para frente.