The Deaths Child escrita por MollySaven, JPerkinson


Capítulo 9
9.




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Depois de um bom tempo de estrada,Ethan cutucou meu ombro.Já havia amanhecido.

- Podemos parar pra descansar um pouco?

- Claro.

Paramos no primeiro ponto de gasolina com loja de conveniência que encontramos.Depois que abastecemos,estacionamos e resolvemos passar um tempinho ali.Era um lugar acabado,rachaduras percorriam todas as paredes, a tinta vermelha apagada descascava em vrios pontos,vira-latas dormiam em cantos.

Abri o porta malas,Mike pulou pra fora imediatamente e correu pedir pra Ethan leva-lo ao banheiro.Conrad dormia tranquilamente.Vê-lo dormindo assim quase me deixou com pena de acorda-lo.Peguei um de seus fios loiros e puxei com força.No susto,ele se levantou de subito e bateu com a cabeça no teto do carro.Se jogou no chão do porta-malas novamente e ficou esfregando a cabeça com as mãos,xingando baixinho.

- Vamos comprar comida.Se quiser comer,vai ter que se levantar daí.

Ele resmungou um pouco mais e desceu.Assim que ele deixou o porta-malas,apertei o pequeno botãozinho na chave e tranquei Jenna e Jesse no carro.Eles poderiam sair pela frente,mas,se Jenna no sabia da existncia do freio-de-mo,no deveria saber disso também.

Entrei na loja juntamente com Conrad.Era um lugar sujo,as paredes cinzentas,a única fonte de iluminação sendo uma fraca lâmpada pendurada no teto.Peguei garrafas d'água,refrigerantes,batatas fritas e salgadinhos,checando sempre a data de validade dos produtos.A maioria já estava vencida,mas comprei-a mesmo assim.Duvidava muito de que Jesse percebesse antes de ingerir a comida.
Abri uma coca-cola e fui me sentar numa mesa cuja perna era mais cura que as outras.As cadeiras eram igualmente bambas e imundas.Conrad sentou-se ao meu lado e mordiscou um Kit-Kat.

- Tem dinheiro pra pagar tudo isso? indagou,entre uma mordida e outra.

- Claro,peguei no M.I.

- M.I.?

- Mundo inferior.Lar,doce lar.

Conrad riu.Tinha dentes muito brancos e alinhados.Devia ser filho de dentista.Pobre coitado.Peguei um Kit-Kat de suas mãos e engoli o chocolate em uma só mordida.

Ethan chegou,acompanhado pelos JJ,e sentou-se ao meu lado.

- Encontrei os dois trancados no carro quando fui guardar a comida.Que tipo de pessoa faria esse tipo de coisa?

- Sei lá.

Jesse ocupou o lugar ao lado de Conrad,que não hesitou em comentar.

- Parece que no sobrou lugar para a pobre bonequinha.Que absurdo,não terem lugares extras.Bem, realmente uma pena,mas você vai ter que ir embora - Disse,a voz carregada com o sarcasmo,o sorriso irnico despontando em seu rosto.Conrad e Jenna passaram a viajem inteira discutindo.Eu estava começando a gostar daquele garoto.Inconscientemente,sorri tambm.

- É  mesmo uma pena...- Começou Jenna,num tom falsamente triste - ,meus sapatos estão me matando...

- Ah,fala sério!Você acha mesmo que alguém vai cair nessa história de garotinha meiga e... - Parei de falar abruptamente ao ver que Ethan comeava a se levantar -

Pelo amor dos deuses!Por favor,diga que você não vai... ele me dirigiu seu incomum,porém conhecido olhar de "me desculpe" e ofereceu a Jenna seu lugar. -

Sem comentrios.

- Molly,eu...

- Tem um hotel a dois quilmetros daqui.Podemos passar um dia lá,e...  - Droga,tinha alguma coisa faltando  - Aonde está aquela coisinha baixa e loira que atende por Mike?

Jesse apontou para uma criança toda suja de chocolate,as mãos amarronzadas segurando montes de marshmallows e balas.

- Compra pra mim?

- Não vão me deixar devolver toda essa comida babada. - Eu disse,o rosto retorcido de nojo.  - Sra.Saven vai ficar muito brava quando ver a quantidade de caries que vão surgir na boca desse moleque. -  Peguei-o pelos braços e o joguei sobre meus ombros - Vamos embora,pirralho.

Para quem esta viajando por dias,dois quilmetros passam bem rápido.Em poucos minutos,estvamos descarregando o carro.Conrad e Ethan pegaram as malas.Entrei pela no muito convidativa porta dupla de madeira descascando.

- Quero alguns quartos.Ficaremos até,no máximo,depois de amanhã.

- De quantos quartos estamos falando?

- Cinco.

- So trezentos dólares.

- Que?

- Cada diária trinta dólares.Duas diárias,sessenta dólares.Cinco quartos,trezentos dólares. Dinheiro ou cartão? - A recepcionista tinha um ar mal-humorado e expressão nem um pouco amigável.Parecia já ter chegado a seus cinquenta ou sessenta anos,o cabelo loiro obviamente oxigenado.

- Quantas camas tem cada quarto?

- Uma de casal,mas posso pedir pra colocarem uma de solteiro também.

- Ótimo,quero dois quartos.Um pros meninos,um pra mim,Jenna e Mike.

- Eu não vou dividir uma cama de casal com um cara. - Protestou Jesse.

- Nem eu - Concordaram Ethan e Conrad em uníssono.

- Problema de vocês. respondi enquanto estendia os 120 dólares para a recepcionista. Eu divido a droga da cama com Mike.Se vocês no quiserem fazer o mesmo sacrifcio,durmam no chão.

- Aqui estão suas chaves - Eu arranquei um dos pequenos chaveiros de sua mão.

- Vamos,pirralho e retardada.- Peguei minhas malas das mãos de Conrad e fui em direção a escada,ouvindo os passos leves de Mike e o baque do salto de Jenna atrás de mim.Segundo a pequena placa presa a chave com uma tira de couro,nosso quarto era o 316.Não precisei andar muito para encontrar a simples porta de madeira com meus números gravados logo acima do pequeno olho de vidro.Encaixei a chave na fechadura e destranquei a porta com um agudo estalido vindo das dobradias.

Era um quarto simples,não fazia jus a seu preço.O papel de parede listrado descascando em vários pontos.No chão,um carpete felpudo que fazia parecer que um tapete gigante,acinzentado e empoeirado se estendia por todo o cômodo.O espaço já pequeno era tomado por uma enorme e antiga cama de casal de carvalho.Ao seu lado,uma estreita cama de armar bastante enferrujada.Uma mesma simples porta de madeira aberta deixava a mostra o banheiro.Chuveiro elétrico sem cortinas,privada sem tampa.

Larguei as malas no chão e me joguei sobre as velhas mantas verde-claras que cobriam ambas as camas.

Pela pequena janela,observei o crepúsculo e as pequenas estrelas aparecendo uma a uma,na medida em que o céu escurecia.

Mike largou-se ao meu lado e,praticamente no mesmo instante,adormeceu.Soltei um demorado bocejo,levantei e desci as escadas,entediada. Sem querer acabei por derrubar as malas de Jesse.

- Haha.Muito engraado,Molly. Ele disse,a voz carregada de ironia.

- No era pra você achar engraçado.Era pra eu achar engraçado.E,particularmente,foi uma ação bem sucedida.

Terminei de descer com um pulo,e,dessa vez acidentalmente,esbarrei em outra pessoa,derrubando as malas que esta carregava.

- Ah,me desculpe,Ethan...  - Parei assim que vi a dona das malas vindo logo atrás de mim,reclamando.

- Não acredito,Molly!Você derrubou tudo!

- Eu? - Me virei para Ethan,meus dedos formigando,o sangue palpitando em minha cabeça. - Eu simplesmente no acredito.

Bati com força meu ombro no dele quando voltava pro quarto.Ocupei o pequeno espaço da cama que Mike me deixara.Estava quase dormindo quando ouvi um pequeno zumbido.Olhei para os lados.Jenna dormia calmamente,emitindo um leve,porem sonoro,ronco.Levantei-me e dei-lhe um chute no estômago.

-Levante.

Desci rapidamente e perguntei a recepcionista: - Em que quarto estão os garotos?

Ela checou uma lista antes de responder. 302.

Subi as escadas de novo,arrastando Jenna pelos cabelos.O 302 era logo o primeiro quarto.Curioso.

Bati na porta e contei mentalmente atpe cinco.Como não houve resposta alguma,usei um dos muitos truques que havia aprendido durante meus longos tempos livres em que assistia filmes e seriados policiais.Com um chute,a porta estava aberta.

Conrad escovava os dentes com o próprio dedo,na falta de uma escova.Jesse desenhava carros a caneta em um caderno azul,totalmente absorto em seu trabalho.Ethan deitava-se de lado na cama de casal,de modo que sua cabeça pendia para fora.Comia chantilly direto da lata.

Headder,após algum tempo,ergueu os olhos de seu caderno. O que quer?

- Uma troca. - Empurrei Jenna para dentro do quarto - Os roncos disto não tem me deixado dormir.

Ouvi uma risada alta vinda do banheiro.E meu gosto por aquela risada aumentava toda vez que a ouvia.Conrad se apoiou no batente da porta - Se você quiser,posso trocar com ela.

Ethan me encarou demoradamente.

- Eu te pagaria cem dólares pra trocar com ela,se fosse necessário. Empurrei Jenna para dentro.Ela cambaleou um pouco,tonta de sono,e acabou caindo.Infelizmente,o carpete amorteceu sua queda.Ela provavelmente dormiu de novo,pois os roncos recomearam.Mais uma risada alta e maldosa fazendo com que eu simpatizasse ainda mais com seu dono.

- Vamos estiquei o brao e puxei Conrad pela camisa.

Já estvamos relativamente longe do quarto dos meninos quando ele falou: - Eu não sou um grande mestre das relações sociais,mas acho que meio estranho você trocar Jenna por mim,um garoto que você conhece a pouco mais de um dia,quando seu melhor amigo de infância era uma das opções.

Dei de ombros: - Você odeia Jenna.Com isso,ganhou alguns pontos comigo.Decidi,então,poupa-lo dos roncos horríveis daquela garota.

- Você é realmente uma pessoa muito boa.Eu fico com a cama de solteiro!A menos que...  - Ele deu um sorriso irônico e mal-intencionado.Ele estava fazendo uma brincadeira.Uma brincadeira muito,muito besta.Resolvi revidar com um tapa de "brincadeira" em sua nuca.

- Acabou de perder alguns pontos.Mas,você ainda é melhor que Jenna e Jesse.

- Sempre bom receber elogios.

- Ser melhor que Jenna e Jesse simplesmente significa que você é um ser humano normal.Não foi um elogio.

Abri a porta com um movimento rápido.Mike se esparramava pela cama,não deixando nenhum espaço ocupavel.Recolhi seus braços e pernas e o acomodei no canto da cama.

Conrad jogou-se sobre sua cama e suspirou.

- Sempre imaginei como seria minha primeira misso.Nunca achei que teria de sair pelo mundo caçando o herdeiro de Aquiles sem ter a menor idéia de onde ele esta ou de como ele é, e ainda tenho de fazer isso acompanhado da mau-humorada,a patricinha e seu cachorrinho,o idiota e um garotinho de seis anos.

- É,isso nem eu imaginei.Agora,durma.

- Sim,senhora. - Assim que Conrad finalmente parou de falar,adormeci.

No meio da noite,senti algum cutucar meu ombro.Uma vozinha fina sussurrou em meu ouvido.

- Molly.

- Que é? - balbuciei,ainda na fina linha entre estar acordado e estar dormindo.

- Molly!

Abri os olhos apenas o suficiente para encarar seus enormes olhos azuis: - Eu tive um pesadelo.

- O problema seu.

- To com sede.

- Engole saliva.

- To com fome.

- Morda sua língua,eu não ligo.

- Preciso ir no banheiro.

- Primeira porta,a direita.

Cobri meu rosto com o travesseiro a tempo de vê-lo em direo a porta que levava para o corredor: -Tente sua outra direita.

Ele assentiu,virou e finalmente encontrou o banheiro.Tentei dormir novamente.Não consegui.Sentei-me na cama e esperei pacientemente o pequeno demônio que me acordara.

- Sobre o que? - perguntei assim que ouvi o rangido da porta se abrindo.

- Que?

- O pesadelo.Foi sobre que?

- Não quero falar disso.

- Vai falar.

- Não quero. ele fechou o rosto e cruzou os braços sobre o peito.

Com um único movimento,saltei da cama e passei meu braço em volta de seu pescoço.Deuses,eu estava em ótima forma.Foi tão rápido que Mike soltou um agudo e feminino grito.

- Que porcaria ta acontecendo ai? Conrad gemeu e se levantou,tonto pelo sono.Seu cabelo estava totalmente bagunçado e o rosto com marcas da cama.Usava uma regata branca manchada no canto e uma bermuda xadrez,branco e azul.Foi naquele momento que percebi que no era uma bermuda.

- Você não poderia,por favor,por uma calça,...qual o seu sobrenome mesmo?

- James.Eu no tenho outras roupas,lembra?Nos encontramos no McDonnalds.Eu não costumo ir para o McDonnalds de malas feitas.

- Você sabia que iria me encontrar.

- Sabia que ia te encontrar,não que ia te encontrar no McDonnalds!Você queria o que?Que eu levasse malas pra todo lugar que eu fosse?

- Bem,você não tem roupas,certo?Vou resolver isso.Só um minutinho. - Abri o armário e joguei para ele algumas peças de uniforme que o faxineiro do hotel provavelmente havia esquecido ali que eu encontrara antes de ir dormir.Uma larga calça cinza, uma camisa e botas laranja fosforescente.Ele colocou a camisa,mas não abotoou-a,deixando a regata branca a mostra,mas cobrindo a mancha.Vestiu a calça as pressas e colocou os all-stars sem meia.Odeio admitir,mas no ficou to feio quanto deveria ter ficado.

- Não acredito que concordei em sair nessa missão com você.

- Calma,mal fazem dois dias.E você não tinha escolha.

- O que esta acontecendo com você e o seu amigo ruivo do qual no me lembro o nome?

- Nada,que eu saiba.Ele se chama Ethan.Ethan Carter.

Lembrei-me de minha discussão com Mike e fui até ele,que se escondia atrás da cama,tentando no chamar atenção para si mesmo.Tirei o apontador a laser do bolso e encostei a ponta em seu pescoço.

- Se eu apertar o boto,você morre.

Mike suspirou,os olhos arregalados para o objeto em sua garganta: - Ta bom,ta bom,eu falo,eu falo.Era,tipo assim...tinha um cara loiro...Ah!Não,ele era moreno.E uma faca.Ele tava lutando com um monstro.Bem grande.Com dentes afiados desse tamanho.- Mike fez uma pausa e abriu os braços - Dai,o monstro mordeu ele.Ele fez cara de surpreso.Ele falou algo sobre deveria ajudar, e chamou um montro com uns tentáculos nojentos.O monstro com tentáculos foi pra cima do outro monstro,dai,puff,o monstro virou pó.Da pra você tirar esse negocio do meu pescoço? 

Guardei o apontador novamente no bolso. - Continue. - disse ao perceber que ele já voltava pra cama.Conrad sentava-se ao meu lado,ouvindo com atenção.

- Bom... só isso. ele respondeu,visivelmente com medo de ter o apontador em seu pescoço novamente.

- Você me acordou só por causa disso?

- Ahn....

- Um dia eu ainda vou me vingar.

Mike estremeceu: - Prefiro os pesadelos.

- É,devia preferir mesmo.Pode voltar a dormir.Vamos arrumar algo pra comer...qual o seu sobrenome mesmo?

- James.Eu j falei.

- James.Conrad...James?Estranho,muito estranho,Connie Jimmy.

- Conrad T. James,na verdade. - Ele falou,mas pareceu se arrepender logo depois.

- O que significa o T?

- Nada.

- É seu sobrenome,T? no sabia por que,mas estava me divertindo bastante com aquela conversa.

- Esta bem. Theodore. - ele respondeu,a expressão emburrada que eu vira em Mike quando lhe disse que não poderia ir junto surgindo em seu rosto.

- Connie Theo Jimmy. Eu disse,entre risadas.

- Eu odeio meu nome do meio.

- Eu não tenho um nome do meio.Pelo menos nisso você é melhor que eu.

- Qual seu sobrenome? - ele tentou mudar de assunto.

- Saven.E o Jesse, Jesse Headder.Ethan Carter.Jenna Perkinson,como a doença,só que com "e" em vez de "a".Mike,teoricamente,se chama Michael King,mas isso por que meu querido padrasto,Walt,ainda no sabe.

- Não sabe o que?

Dei uma olhada no pequeno Mike dormindo na cama e passei a falar em alemão. -  Mike um meio-sangue.

Para minha surpresa,ele não só entendeu quando respondeu em alemão. - Como você sabe?Ele não possui nenhuma das caractersticas básicas...

- Habilidade de filha de Hades.Posso sentir a aura das pessoas.Ver se são humanas.Meio-sangues.Monstros.Deuses.

- A sua me não é casada?

- Sim,por enquanto.Com um cara que corta o próprio cabelo com uma tesoura de plástico,óculos quadrados,nariz achatado e que acha que usar a expressão "irado" faz ele rejuvenescer dez anos.No entanto, Helen Margaret Saven nunca foi uma mulher de grande fidelidade.

Conrad ou Theo desviou o olhar e disse,encarando o carpete: - Por que você fugiu,aos dez anos?

- Como sabe disso?

- Todo mundo sabe disso. - Ainda falvamos em alemão.

- No da sua conta.

- Estou saindo numa missão com você. É sim da minha conta.

- Era uma vez uma garotinha.A mãe dela ficou grávida de um homem malvado.Essa mesma mãe esqueceu da garotinha e passou a pensar somente no bebê.A garotinha começou a perguntar mais sobre o pai dela.Ela e a mãe brigavam cada vez mais.Numa dessas brigas sua mãe disse "se você quer tanto conhecer seu pai,vá você mesma a L.A. encontrá-lo.Aquela dica bastou.A meninha fugiu,tentando achar papai,mas obviamente se perdeu.Ao mesmo tempo, super-Percy exigia que os deuses assumissem seus filhos e o juramento dos Três Grandes de não ter filhos saia de vigor.Papi,que sempre soubera de minha existência,havia descoberto minha fuga,e achou que seria uma boa hora pra mandar um sátiro buscar sua filha,afinal,sua existência no era mais proibida.A partir desse dia,a garotinha vive com o papai no Mundo Inferior.

Respirei fundo.Por que estava contando tudo aquilo pra ele?Bem,de qualquer forma,um dia eu teria que contar alguma coisa.

Ainda mirando o chão,Conrad continuou: - O que aconteceu quando você se perdeu?É praticamente impossível você ter sobrevivido...

Suspirei.Aquele era,de longe,meu maior segredo: - Eu fui parar numa floresta.Não me pergunte como,quando ou aonde,pois eu não sei.Lá havia uma tribo,os Hashtunis.Acho que eles eram meio-sangues perdidos,ou alguma raça de humanos poderosos.Eles me ensinaram a usar arco e flecha,a me virar na floresta e a enfrentar monstros.Certo dia,acordei em minha cabana e eles haviam desaparecido sem deixar nenhum rastro.Nesse mesmo dia,um satiro me encontrou e me levou para o acampamento,

- Eu nunca ouvi falar de uma tribo assim.

- Nem você,nem ningum.Aquela era a única,eu tenho certeza.

- Por que você esta me contando tudo isso?

- Você perguntou.

- Eu não achava que você fosse responder.Você nunca respondeu isso a ninguém.

- Respondi sim.Ethan.

- Ah..Bom,eu sinto muito...

- Pelo que?

- Por Ethan e Jenna...

- No posso obriga-lo a não gostar de outra pessoa - sorri sarcasticamente - ou será que posso?

- Se for tentar,por favor,não derrame sangue na minha cama.

- Vou tentar. - ficamos em silencio por um tempo - Aonde aprendeu alemão?

- Minha madrasta nasceu na Alemanha.Ao contrario de certas pessoas,eu e minha madrasta temos uma tima relação.Eu a considero minha segunda mãe,e tenho certeza que ela me considera um filho.

- Own,que fofo.

Abri minha mala,peguei uma blusa branca cheia de manchas coloridas,como se tivesse derrubado tinta nela,um colete por cima,um jeans surrado,claro,e um all-stars de cano alto,at meus joelhos.Fui at o banheiro,tomei um bom banho e me vesti.

Quando voltei,me virei para Conrad: - Estou descendo,Theo.

- Nunca mais falo nada pra você.

- Você que pensa.

Olhei para Mike.Dormia tranqilo,uma das mãos na boca,a outra abraçando um travesseiro.

- Temos que comprar roupas pra você e Mike.

- É,acho que sim... - Ele olhou para suas roupas de faxineiro.

- Podemos ir comer algo e depois sairmos.Quanto tempo demora até a cidade mais próxima?

- Meia hora,no máximo.

- Ótimo,tchau,Theo. Eu disse enquanto fechava a porta.Desci as escadas alegremente,o dia comeava a clarear.Nublado,mas não a ponto de chover.Não muito quente,mas não chegava a ser frio.Passei pela recepcionista,a mesma do dia anterior.Ser que ela passava o dia todo ali?Que trabalho mais monótono.

Entrei na pequena sala onde a comida era servida,peguei alguns ovos com bacon e me sentei na mesa mais próxima.Logo após terminar,ainda com o prato em mãos,me esgueirei até a cozinha,tomando cuidado para não ser vista.Pedi ao cozinheiro, um senhor velho e gordo de cabelos grisalhos, para usar o fogo.Liguei-o e joguei a fatia de bacon nele.

- A Hades - O cozinheiro me fitava com desconfiança.Voltei-me para ele: - Só desligue quando esse bacon virar cinzas.Se não,vai se ver comigo.E,como deve ter notado,eu tenho sérios disturbios mentais que fazem com que eu possa causar muita dor as pessoas sem o menor ressentimento.

Ele assentiu,franzindo a testa numa expresso de medo e confusão,como se decidisse se cumpria minha ordem ou chamava a policia.Não quis esperar pra ver o que ele iria escolher.No caminho de volta,esbarrei na recepcionista.

- Vocês tem de sair até o meio-dia,se não pagam mais uma diária.

- Já estamos saindo. Lancei-lhe um falso sorriso simptico,desviei dela,subi as escadas e entrei no quarto,batendo a porta a minhas costas.Eu havia esquecido de Mike.

- Você me acordou! - gritou,entre falsos soluços.

- Pare de fingir,meus deuses!Não to com tempo para criancinhas.
Mike engoliu uma boa parte de seu choro falso.Todos tinham medo de mim.Bom mesmo.

- Levante,nós vamos sair pra comprar roupas pra você.

- Mas so sete da manhã!

- O comercio abriu as seis.

- Não quero sair agora ele cruzou os braços como se tivesse alguma autoridade.

- Não quer?Que peninha,nós vamos mesmo assim.

- Mas eu não vou! ele bateu o pé com força no chão.

- Theo! gritei e vi Conrad surgindo da porta do banheiro.Ele parecia prestes a protestar,mas cortei-o: - Paro de te chamar assim se pegar esse moleque e levar ele no carro pra mim.

Ele deu de ombros e caminhou em direção ao assustado Mike.Passou o braço em volta de suas pernas magras,levantou-o e jogou-o sobre o ombro como se meu amado irmãozinho fosse um saco de batatas: - Pra onde eu levo isso?

- Me encontre no carro,Jimmy. - ele ameaçou recolocar Mike no chão. - Ta bom,ta bom,Conrad.Não entendo por que você insiste em ser chamado assim.É um nome tão...estranho.

Caminhei um pouco pelo corredor e bati na porta do 302.Em pouco tempo,uma palida figura surgiu em minha frente.Jesse usava uma calça branca com falsas marcas de batom como estampa e uma justa regata cinza.Grossas olheiras rodeavam seus olhos azul-piscina e o cabelo loiro estava completamente desarrumado,como se ele tivesse passado as mãos por ele varias vezes.

- O que você quer? - sua voz estava rouca e cansada.

- Parece que sua noite não foi das melhores,Headder.

Ele soltou um longo suspiro. - Ela não nos deixou dormir nem por um segundo.

- Acho que estou gostando um pouquinho mais dela agora.Estamos saindo,tchau.

- Vai nos deixar aqui?

- Bem que eu queria,mas não posso por causa da droga da profecia.Ento,acho que vocês vem com a gente. entrei no quarto e chutei Jenna,que ocupava toda a cama de casal.

- Levante-se.Estamos saindo.

- Para onde nós vamos?

- Shopping.

Ela abriu um enorme e branco sorriso. Adoro o shopping!

- Que bom pra você.

Vi Ethan dormindo,todo esticado,metade das cobertas pra fora da cama,a outra metade cobrindo seus pés.Sentei-me sobre seu tórax.

- Eu pensei muito e...eu te perdo.

Ainda de olhos fechados,ele deu um sorriso torto e me respondeu: - Valeu.

- Mas,eu ainda odeio ela.

- Imaginei.

- Vamos sair,temos que comprar roupas pro Mike e pro Conrad.

Ele abriu um olho: - Te encontramos lá embaixo.

- Ok dei-lhe um beijo na bochecha e me esforcei para ignorar o olhar de ódio que

Jenna me lançou enquanto eu saia do quarto.Desci as escadas com pressa e encontrei Conrad ainda segurando Mike sem esforço algum parado em frente ao carro.

Encaixei a chave na fechadura traseira e destranquei o porta malas.Conrad depositou Mike ali e colocou a mão sobre sua pequena caixa torcica,impedindo que fugisse.

- Hoje eu vou poder sentar no banco de gente grande ou vou ter que ficar de baba do garoto?

Pensei um pouco antes de responder. Você senta na frente,comigo.Ethan vai com Mike.Eu o perdoei,mas no vou deixá-lo sem castigo...

- Está ótimo pra mim. Ele empurrou Mike pra longe,fechou o porta malas num movimento rápido e jogou-se no banco do passageiro.Logo Ethan,Jenna e Jesse surgiram.

- Nossa...ai está a verdadeira prova de que as roupas representam a pessoa que as usam.Você ficou simplesmente lindo. - Caoçou Jenna quando reparou nas roupas de faxineiro de Conrad,que respondeu com um grunhido baixo.

- Entrem todos no carro menos você,Ethan.Você vai no porta-malas.

- Por que?

- Porque eu disse que vai.

Ele revirou os olhos e abriu o porta-malas.Assim que houve uma brecha,Mike deu um salto mortal,não me pergunte como,e saiu gritando algo como "liberdade!liberdade!."

Voltei-me para Conrad: - Connie...

Ele levantou as sobrancelhas - Conrad.

- Desculpe,Conrad. - ele sorriu  - você pode segurar a criatura loira e muito perigosa que acabou de fugir?

- Mas claro,Molly. ele respondeu,em tom cortês.

Ele abriu a porta,mas,antes que pudesse fazer qualquer coisa,Ethan voltava com Mike nos ombros.O garoto gritava,desesperado. - Não!Não!Me larga!Eu vou me vingar!Se eu morrer eu vou voltar e assombrar todos vocês!Todos vocês!- vai mesmo,Mike disse Ethan,atirando-o no porta-malas e entrando logo depois.

Conrad voltou a se sentar ao meu lado: - Essa foi fácil.

Acelerei e comece a seguir a oeste,procurando o primeiro shopping que aparecesse.


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Notas finais do capítulo

Agora que o nyah voltou,voltaremos a postar os capítulos normalmente.



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