Campos desertos

Light saiu andando calmamente na direção oposta ao abismo, com as mãos nos bolsos. Aquele lugar começava a aborrecê-lo, era muito tedioso.

O local todo parecia ser monotonamente idêntico, aquela névoa cinza cobrindo o chão, nada para se olhar em nenhuma direção, árvores, construções, nada e nenhuma outra alma à vista. Esse pensamento causou a Light uma risadinha, não ter outras almas à vista no Limbo pareceu-lhe uma ironia muito grande. Ele caminhou na mesma direção pelo que pareceu serem horas, sem chegar a lugar algum.

De repente ele viu uma figura escura, parada, recortada contra a névoa.

L.

Mas o cara era mesmo irritante. Muito irritante.

L chegou perto dele, com o polegar apoiado nos lábios. Light continuou andando.

“Essa experiência foi muito interessante, obrigado por tê-la proporcionado a mim. Não tinha me ocorrido saltar naquele abismo para ver o que aconteceria.”

“Humpf. Como diabos você veio parar aqui tão rápido?”

“Eu caí aqui. Parece que esse lugar é circular, você salta naquele abismo e cai em pé aqui mesmo.”

“Que notícia maravilhosa.”, Light comentou, com sarcasmo, “Eu nunca vou me livrar de você.”

“Não sabia que você queria se livrar de mim.”

“Quem você acha que foi o mentor da sua morte, seu idiota?”

L parou, olhando para ele. Light lançou à ele um olhar de desprezo e continuou a andar.

“Você foi o única pessoa que eu chamei de amigo em minha vida.”, L parecia chocado com a notícia.

“Você precisa escolher melhor os seus amigos.”, foi o comentário azedo de Light, “Não acredito que você não tenha deduzido que fui eu que planejei a sua morte.”

“Na verdade, eu deduzi. Mas existia uma probabilidade de 4% de eu estar errado. Pelo jeito, eu estava certo.”

“Um Shinigami morreu por causa de você, se isso te consola. Era um cara legal.”

“Não sabia disso.”

Eles continuaram andando em silêncio. L parecia ter perdido o ânimo em conversar.

Na frente deles apareceu uma sombra escura. Light franziu a testa, apertando os olhos para tentar enxergar o que seria.

Ele parou, olhando a cena, incrédulo. Era uma mesa onde quatro pessoas estavam jogando pôquer: Mello, Mikami, Takada e Matt.

“Olá, Light.”, Takada cumprimentou-o friamente, “Estava me perguntando quando é que você viria parar aqui.”