Amor Após a Morte escrita por Daani_Graah


Capítulo 4
03. Perturbada - Maríe


Notas iniciais do capítulo

Esperamos que gostem e por favor deixem seus reviews.



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03. Perturbada - Maríe

Tudo tão... Inútil.

Por puro hábito me afastei da janela e passei a mão sob os olhos. Como se realmente houvessem lágrimas ali. Que piada.

Aquela demônio era tão perturbadora. Uma víbora sem coração – o que realmente é de se esperar de um zumbi – sem sentimentos, sem consideração.

O que eles fariam á Jane?

Será que tudo que ela me dissera fazia sentido?

Não podia ser. Ela só queria colocar coisas em minha cabeça. Só isso.

Eu SEI que AMO Jane. A perfeitinha que sempre me ajudara.

Talvez ela fosse minha alma. Talvez ELA fosse a minha motivação e talvez – raras vezes – ela fosse meu otimismo.

Mas, será que eu poderia denominar isso amor? Ou será que ela não passava de uma motivação da qual eu não poderia viver sem?

Ótimo Maríe. Ótimo mesmo! Está cedendo ás provocações daquela víbora. Aquele demônio aterrorizante.

Eu precisava esfriar a cabeça. Dirigi-me até o banheiro e abri o chuveiro quente. Algo não muito diferente de minha pele, que não mudara tanto de temperatura desde o ritual.

Deixei a água morna correr pelas minhas costas, e depois peguei uma bucha e um sabonete, esfregando-o com cuidado nos locais com hematomas no braço. Ao lavar o rosto tive o cuidado possível perto da minha boca. Aquele demônio me havia cortado com suas unhas que por um segundo me propiciaram uma queimadura interna com direito á visão do inferno.

Fechei o chuveiro com a mente cheia de pensamentos. Eu AMAVA Jane. E estava decidido. Ela não era somente minha motivação. Talvez também fosse, mas, mais do que isso, Jane era minha IRMA. Eu a amava como se não houvesse mais nada que pudesse tomar meu coração. Ou o buraco que havia no lugar dele agora. Quem sabe ele ainda estivesse lá. Sem pulsar, mas quem sabe. Eu não havia ficado no cemitério exposta aos carnívoros que pudessem me decompor.

Eu ainda estava inteira. Mais pálida, sem o coração pulsando, sem os sistemas internos funcionando. Mas estava lá, inteira. Não fui decomposta. Se quisesse poderia muito bem me passar por uma humana nojenta de maquiagem.

Então... Se eu ainda estava inteira... Talvez eu tivesse mesmo sentimentos. E eu tinha. OBVIO QUE TINHA. Por que estava duvidando disso agora?

Eu tinha certeza de muitos dos meus sentimentos. Um. Eu odiava aquele demônio pagando uma de rica.

Dois. Eu o temia também. Sinceramente, não sabia se era uma mulher ou um homem. Porque, apesar da aparência, eu vivo o comparando á um demônio, que como pelo menos eu acho, é um homem. Ou talvez isso seja a prova de que o demônio, é a demoniza.

Três. Eu AMO a Jane. E nada mudaria isso.

Com cuidado enrolei a toalha sob os braços, dando a volta em todo o corpo, e prendendo-a no meu busto.

Depois, possuída pelo medo da ideia do que eu poderia ver, me obriguei a olhar no espelho. Seja lá qual fosse o resultado eu teria que dar conta dos hematomas.

Fechei os olhos e deixei que meus pés me guiassem. Depois, quando tinha certeza de que estava em frente ao espelho, os abri.

Até que não estava tão ruim, os roxos dos hematomas estavam clareando, e a cicatriz no canto inferior do lábio esquerdo também estava melhorando.

Talvez esse fosse o lado bom de ser zumbi. Mega recuperação.

Eu estava exausta. Minhas pernas estavam trêmulas e eu precisava me deitar, pois minhas costas estavam me matando.

Escovei meus dentes antes de abrir a porta do banheiro e ir para o quarto. Agora eu estava com cheirinho de hortelã. Rá. Zumbi com cheiro de hortelã. Mais uma vez, irônico.

Peguei no guarda roupa a primeira camisola que vi e por cima coloquei um roupão de manga comprida. Eu não deixaria aqueles hematomas á mostra.

A noite estava fria e a lã me esquentava.

Meus pensamentos voltaram para Jane. O que estariam fazendo com ela? Será que era ruim o suficiente para ela ficar traumatizada depois? Por que eu não me lembrava do meu ritual? Eu era mesmo sem alma? Aquela demoniza estaria certa sobre os meus sentimentos? Se é que eu tinha algum.

Fui até a janela... Eu não sei por que adorava admirar a noite melancólica. Os raios brancos da lua atravessavam a janela de vidro com moldura de ébano do quarto, brincando com as sombras das árvores presentes na frente da mesma, refletidas no chão.

Então, com os braços cruzados, e os olhos vazios percorrendo as imagens do lado de fora, eu o vi... Pela primeira vez... O vi...


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