Amor Após a Morte escrita por Daani_Graah


Capítulo 12
09. E a ficha caiu, depois de muito tempo - Maríe




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Parte 2

Acordei sem vontade de fazer nada. Longe de Jane o garoto perfeito voltava a minha mente e fazia questão de ficar nela.

Peguei minha saia jeans preta, com alguns bordados em roxo do lado. Coloquei uma regata roxa no tom dos bordados com um colete preto por cima.

Procurei entre os quinhentos all stars cano alto que eu tinha e escolhi um roxo com caveirinhas brancas.

Eu morava no inferno, mas sempre tivera curtido essas coisas meio góticas.

Penteei meus cabelos ruivos e passei uma maquiagem escura com um batom bem vermelho.

Aquele inferno de palácio não tinha nenhuma mesa para podemos tomar café – o que seria muito útil, confesso – então eu beliscava algumas coisas de pé mesmo.

- Olhe só. A fugitiva rebelde está aqui esta manhã. – A voz sombria ironizou o ambiente. Para uma demoniza que antes nem falava comigo, agora falava demais. O que a morte de Jane tem a ver com isso.

Talvez eu tivesse ficado mais rebelde com sua vinda á esse mundo.

Minha pausa fora mínima, e a demoniza não percebera.

Revirei os olhos com arrogância em resposta á sua ironia. Pensei melhor e ironizei também.

- O que? Achou que eu iria mais uma vez correr o risco de enfrentar “a fúria do demônio”? – balancei minhas mãos no ar, como que diz “que medinho”.

- Enfim... Está pronta?

Pronta? Pronta para quê? Ela iria me massacrar hoje? Ou qual eram os planos maléficos do demônio para o dia?

- Pronta para quê, exatamente, encarnação do diabo? – Agora eu não temia mais o que pudesse acontecer comigo.

- Obrigada. Somente para tomarmos café. – Seu tom de voz, apesar de aterrorizante, parecia sincero.

Desde quando ela tomaria café comigo? Eu hein!

- Só falta... Não! Estou pronta. – Me apressei a dizer. Queria que arrumassem logo aquele quarto. Eu deixara uma baderna.

Enquanto descíamos pelas escadas do palácio, ela murmurava algo que não consegui compreender. Algum plano infernal, talvez. Eu não me importava.

Quando estávamos passando pela sala eu a fiz parar, passando na cozinha para pegar algo para comer.

Peguei uma caixa de chocolate. Quem realmente liga para alimentação quando se está no inferno sem os pais? Aliás, um inferno muito chique, devo admitir.

Depois, fomos para a sala central, com um balanço de chão no canto. Uma beleza. Decorado com caveiras. Nada além do imaginável, pensei.

Enquanto eu devorava os chocolates da caixa, vi Jane passar por entre os corredores, nos encarando, batendo o pé firmemente no chão. Ignorando-me. Aquilo doía demais para mim. Mesmo sabendo que era uma farsa. Muito bem fingida.

Revirei os olhos, fingindo arrogância, e total falta de interesse.

- Vejo que sua relação com sua irmã mudou completamente. – Ela começou. – Isso não te afeta?

- Ela começou com arrogância pra cima de mim. Não tenho paciência para aturar uma garota mimada. – As palavras me doíam por dentro. Me massacravam. Era como se eu a estivesse traindo.

- O que comprova que você não a amava. E que não a ama. – Eu queria rebater. Provar que ela estava errada. Mas... Se fosse somente minha paz em risco, eu não hesitaria em responder. Mas eu poderia entregar Jane, e isso me magoaria profundamente.

Completamente destruída, assenti.

Ela saiu, atrás de Jane provavelmente. Se ela corresse, e se Jane não tivesse ido longe, ela a alcançaria logo.

Terminei com a caixa logo, e levei-a até o lixo mais próximo.

- ME SOLTA!!!... – Era a voz de Jane ao longe. Que vontade de correr e destruir aquela víbora sem alma.

Eu tentei espionar, mas elas estavam muito próximas, me veriam.

Depois de algum tempo percebi o silêncio, e deduzi que Jane havia ido para seu quarto agora, já que ouvi passos subindo as escadas em direção ao mesmo.

***

Agora eu andava sozinha pelo cemitério. Senti um aperto no coração. Como eu queria vê-lo novamente.

Como eu queria mergulhar naqueles olhos verde água. Acariciar aqueles cabelos negros e encostar em sua pele que parecia de porcelana.

Peguei algumas flores sobre os túmulos dos falecidos e comecei a despedaçar em uma brincadeira de Bem me quer... Mal me quer.

No fim das pétalas nem havia realmente percebido o resultado.

Precisava ver Jane.

Corri até seu quarto.

***

Mas...  Onde diabos estava aquela garota?!

Tentei me lembrar de ter visto ela andando por algum lugar ..

Nada... A não ser...

Saí correndo... Aquela víbora era completamente sem originalidade...

Bufei e revirei os olhos, ironizando a situação.

Sem originalidade. Repeti para mim mesma.

***

- Jane... Fica calma... Vou te tirar daí. – Eu lhe disse, tentando acalmá-la.

Peguei o primeiro treco pontudo que achei no chão e abri o cadeado.

- Obrigada – murmurou Jane com alivio.

Ela me abraçou.

- Claro... Agora se apresse... Vá tomar um banho e se arrumar pro seu encontro.

- Mas... – ela hesitou – o que devo dizer a demoniza?

Senhor. Olhe no que ela vai pensar.

- Não se preocupe com isso... Só vá... Antes que se atrase.

— Brigada maninha... Você salvou meu encontro. – Obvio que sim.

— Novamente eu digo: O que seria de você sem mim? – ironizei.

— Nada... Absolutamente nada. – sorri com a admissão.

Ela corria quando gritei.

— Jane... Não saia pela porta, podem te ver.

Ela hesitou, confusa.

— Vá pela janela... Acredite em mim... Você não vai se machucar.

Ela me olhou como que me perguntando se eu estava louca.

— Vá. Pela. Janela. – Ela tinha algum problema mental afinal?

— Tudo bem... – ela finalmente se rendeu.

Agora eu teria de arcar com a demoniza.

Sai cuidadosamente pela porta, e ela estava de pé na minha frente.

ELA COLOCAVA ALGUMA CÂMERA EM MIM?

Sempre estava onde eu estava. Diabos.

- Oi! – Disse irônica como sempre.

- Sinceramente garota, o que você tem no seu cérebro? – Ela estava calma, mas seu olhar demonstrava o contrário.

- Ah, qual é? Manter a garota em um porãozinho? Não acha muito mega original? – não estava pedindo para ela piorar. Ela pareceu ler meu pensamento e sorriu me olhando, maldosamente, supondo o que pensei. Como se não tivesse havido nada continuei. – A questão é... Ela é uma recém zumbi. Uma recém sem alma. Não acha que ela deva sofrer um pouco pensando no condenamento que recebera? – Eu iria defendê-la, mas então percebi que ela deduziria que eu ainda a amava. Precisava demonstrar tudo de um lado sombrio.

- Garota eu deveria simplesmente te punir cruelmente. Mas você esgota minha paciência, e é, no fundo, severamente cruel. O que me orgulha.

Sorri contentada. Continuei a andar, desviando de qualquer que fosse o obstáculo.

No meio do caminho, hesitei. Me virei para a demoniza. Ela parecia se lembrar de alguma coisa no passado.

Depois se virou e entrou no palácio, retomando sua negatividade e seu humor sombrio.

O vulto agora desaparecera no horizonte.

Virei-me e estava novamente andando pelo nada...

***

Eu caminhava sozinha... Quando algo me chamou a atenção.

Ao longe algo me observava. AQUELA DEMONIZA NÃO SE CANSAVA?

OUTRO DE SEUS VULTOS ATRAS DE MIM?

Me revoltei e andei decidida até aquilo .. Até que me aproximei e percebi o destaque verde por sob o cabelo negro.

Aproximei-me entusiasmada, com uma velocidade um pouco maior.

- Vai finalmente falar comigo e responder ás minhas perguntas senhor mistério? – eu perguntei entusiasmada.

- Prometo tentar. – ele estava encostado em um muro de plantas, ficando irresistivelmente encantador. Perdi o ar por alguns segundos.

- Primeiramente. Seu nome? – eu esperara muito por aquilo.

- Nate. Essa foi fácil.

- Por que, exatamente, fugiu de mim no outro dia? – agora perguntei com menos interesse, mas para ele pareceu ser a pergunta que respondia todas as respostas. Suas feições mudaram para confusas, e assustadas.

O que eu tinha dito de mais?

- O que... Eu... Falei?

- Não... Hum... Sabe o que eu sou? – Ele engoliu em seco.

Eu finalmente, não sei por que, voltei á conversa com Jane àquela tarde.

Quando eu pensei que ela não tinha... Conhecido o mesmo... Anjo que eu...

Era essa a palavra chave.

ANJO.

Minha boca se entreabriu e então percebi tudo.

Proibidas. Desde o ritual, essa fora um dos poucos avisos.

NUNCA, JAMAIS fale com um anjo. Inimigos. Pela eternidade.

Eu me lembro de ter perguntado á demoniza algo de como saber quem era ou não um anjo.

Ela apenas respondera algo como: você saberá.

AGORA eu sabia.

Ele analisou minha expressão e apenas fez que sim com a cabeça.

- Suponho que seja nova no inferno. – Ele me tirou de meus pensamentos.

- Um ano e alguns dias. – Respondi lentamente ainda confusa.

- Explicado. Mas até que tem raciocínio rápido.

Sacudi a cabeça. Voltei á realidade.

Que se danem os avisos. Ainda tinha uma duvida.

- Se... É... Você sabe... Proibido... Inimigos pela eternidade e tal... Por que você voltou?

- Precisei criar coragem, e muita, para voltar aqui. Mas você me confundiu muito quando caiu derrotada aquele dia. Pensei que era um anjo... Você é... Diferente dos demônios daqui.

Parei ainda pasma e ele continuou.

- Quando me dei conta que você era realmente desse mundo, eu... Fiquei realmente intrigado. Tamanha beleza geralmente pertence ao céu.

Agora me sentia lisonjeada.

- Então, voltei para ver se conseguia te levar para lá, ou te conhecer melhor.

- Não terá muito sucesso. – Adverti. – Demoniza mal me deixa sair do quarto. – Bufei me sentindo uma criança de cinco anos de idade.

- Eu posso ser bem convincente. – Ele liberou um sorriso que me deixou desnorteada. Me conti para não desabar ali mesmo. Um anjo estava na minha frente.

- Não contra a reencarnação do diabo. – Disse assim que me recuperei.

Ele pareceu se assustar com meu vocabulário, incrédulo, talvez. Mas assentiu.

Continuamos a andar, por minutos, quem sabe horas. Eu perdi a noção do tempo, quando ele finalmente se despediu.

- Eu... Tenho que ir. Não podemos abusar da sorte. – Ele suspirou.

- Só se for a sua. – Ironizei. – Eu moro no inferno, proibida de ir até muito longe, como se tivesse alguma sorte nisso.

- Você pode ser punida. - Ele parecia realmente preocupado.

- Como se eu já não estivesse cansada de desafiar os métodos de punição infantis e originais do demônio.

- Demoniza. – Ele corrigiu.

- Que seja.

Ele apertou minha mão, cumprimentando-me como se fôssemos antigos amigos. E depois, se foi.

***

Eu estava completamente maravilhada. Acabara de conversar com um anjo PER.FEI. TO!

Continuei andando desnorteada. Ele era simplesmente encantador.

Hoje eu não teria que escalar parede nenhuma – apesar de eu gostar, confesso – pois a demoniza sabia que eu não estava no quarto.

Entrei pela porta e me dirigi até as escadas. Sinceramente eu não sentia o chão sob meus pés.

A qualquer momento poderia desabar.

- Onde está sua irmã posso saber? – a voz sombria me tirou dos pensamentos e me fez tremer.

- Jane? Sinceramente não sei. Deve estar plantando flores por aí. – ri de minha própria piada. Como fui a única, logo parei.

- Onde está sua irmã? – ela repetiu agora mais agressiva.

- Eu não sei. JURO. – se afinal, Nate era amigo do... (qual era o nome dele mesmo?) enfim, ele provavelmente era anjo também. Nada de contar sobre ele á Demoniza.

- É bom que sua perfeitinha esteja sendo perfeita nesse exato momento. – ela estava furiosa, mas se acalmando aos poucos.

- Como se eu sinceramente ligasse para as punições dela. – tentei ser imparcial. Ela pareceu acreditar, pois seu sorriso ia de orelha a orelha.

Ela se virou e foi para algum lugar. Eu subi as escadas. Entrei no quarto, e dormi. Queria literalmente, sonhar com os anjos agora.

Um em especial.

***


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Notas finais do capítulo

Esperamos que gostem.
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