Lições de Uma Cortesã escrita por Lalaanime, Morgana_Le_Fay


Capítulo 5
Capítulo 4: O Irmão, o Diário e o Jardim


Notas iniciais do capítulo

Olá, antes de mais, pedimos imensa desculpa pelo nosso atraso nos posts, mas a vida escolar é muito aterefada :)Em segundo, esperámos que gostem.



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Quando as coisas correm mal em matéria de amor, como acontece com demasiada frequência, confiai simplesmente nos vossos instintos.

Sabereis o que fazer.

Excerto do capítulo intitulado “O Sol Nem Sempre Pode Brilhar”

Hermione levantou-se e com o auxílio da sua criada pessoal vestiu-se. Harry já tinha deixado o seu quarto, como sempre fazia depois de compartilhar a sua cama. O vestido de musselina branca e tafetá cor-de-rosa que escolheu, dava-lhe um ar jovial e a aparência da jovem senhora feliz que há muito deixara de ser. Desceu em direcção ao salão onde Harry já tomava o pequeno-almoço sozinho. Um criado puxou a sua cadeira e a jovem sentou-se em frente ao marido.

- Hoje o teu irmão virá visitar-te.

As palavras proferidas por Harry encheram Hermione de alegria. Draco vinha vê-la. Por vezes chegara a pensar que o seu irmão a abandonara, mas era sempre reconfortada com as memórias felizes com seu irmão.

Aos cinco anos, quando estavam os dois a espreitar do cimo das escadas a festa dada por os seus progenitores e Hermione suspirava por vestidos semelhantes aos usados pelas damas nas festas e a atenção que lhes era concedida por os nobres e senhores da alta sociedade. Bastaram as palavras do irmão mais velho para a encher de alegria:

“És mais bonita que todas elas.”

E por estranho que pareça, essas palavras sempre tinham ficado enraizadas no coração de Hermione, não de uma maneira arrogante mas como as palavras mais bonitas que alguém lhe dissera.

Aos 13 e a sua amiga Lavander, ou melhor dizendo, inimiga lhe destruíra a barra do seu vestido verde preferido durante as aulas de dança com a sua professora particular e Draco a tinha ajudado a levantar-se, sussurrando-lhe as mesmas palavras ao ouvido.

Ou aos 16 quando vira Harry pela primeira vez e se apaixonara perdidamente por ele e o vira dedicar a sua atenção a Padma e Parvatti, as gémeas Pattil.

Ou quando Hermione estava prestes a desmaiar de ansiedade antes de entrar na igreja para se casar com 17 anos.

- Hermione?

A voz de Harry irrompeu as suas memórias e Hermione reparou que pelo tom agressivo usado, Harry já a devia ter chamado mais vezes.

- Perdoa-me, estava distraída.

Harry assentiu.

- Não têm qualquer importância. Apenas te queria chamar a atenção para não dares a conhecer a nossa vida íntima ao teu irmão.

- Eu não…

- Sei muito bem que ele têm conhecimento de certas coisas que se passam nesta casa, mas espero que o faças perceber que são boatos sem fundamento.

- Que tipo de coisas?

Harry não respondeu e sorveu um pouco mais de café da sua chávena.

- Que coisas Harry? Afinal já que estou a ser avisada, penso que devo receber o aviso na íntegra.

Harry suspirou e voltou a face novamente para ela. Os seus olhos pareciam cansados, mas isso com toda a certeza era fruto da bebedeira de ontem.

- Algo do género de eu te fazer infeliz e de ter uma amante. Absurdos.

Hermione engoliu em seco.

- Não vejo motivo então para não responde com sinceridade ao meu irmão, caso ele e pergunte. Pois afinal, tu tens uma amante e eu sou de facto infeliz.

Harry soltou uma gargalhada.

- Ora Hermione, não tens motivos para ser infeliz. Sou teu marido, não sou? Cumpro com os deveres matrimoniais…

- Não obstante, - interrompeu-o Hermione com os olhos pregados na toalha de linha que adornava a mesa – não sentes amor por mim. Não me olhas com ternura e ficas na minha cama até o sol raiar. Não é o meu nome que dizes quando…

Harry olhava para ela com um misto de pena e confusão.

- Quando… quando… quando cumpres os teus deveres matrimoniais.

- Mas compro-te jóias e roupas e sapatos e…

Hermione gargalhou quase histérica.

- Achas que é isso que me faria feliz? Uma simples migalha do teu afecto bastaria para me por um sorriso no rosto, mas todo o teu afecto está guardado para ela, não é verdade? Eu não sou ninguém a quem possas amar. Sou apenas a mulher bonita que a sociedade te pede que exibas e mostres como um troféu.

- Hermione! – Exclamou Harry revoltado com as palavras finais da esposa.

Hermione levantou-se e saiu da mesa com um simples:

- Com a vossa licença, esposo.

Harry ainda estava atordoado com as palavras ditas pela esposa. No fundo sabia que eram verdadeiras. Com este casamento, Harry fizera toda gente infeliz, incluindo ele próprio. Não conseguia mentir a Hermione e não podia estar com Ginny sem manchar a sua reputação. Mas apesar de tudo, Ginny tinha a família ao lado dela. Hermione não. Hermione era sua responsabilidade. Só o tinha a ele, ao seu irmão Draco e á sua jovem meia-irmã, originada do segundo casamento do seu pai, que tinha abraçado a vida religiosa num convento como freira.

Harry levantou-se e tomou a carruagem, pois tinha assuntos a resolver na cidade, mais tarde iria arranjar uma solução.

***

Isabella continuava a olhar para a carta da avó que tinha nas mãos, mas decidiu-se a não a abrir. O livro que tinha ao seu lado na cama já a aterrorizava o suficiente com as suas lições sórdidas de sedução.

Mas não o podia fazer desaparecer simplesmente. Precisava dele. Das suas lições, dos seus concelhos, das suas orientações para conquistar Edward.

Queria-o. Como queria o ar que respirava. Mas não o podia ter. Ou pelo menos era isso que a sociedade dizia. Mas, se fosse ter em conta os concelhos da sociedade nunca teria aberto e lido aquele livro escandaloso. Mas fizera-o. Uma, duas, três, quatro… Já perdera a conta de quantas vezes, o abrira e o lera, até receber um novo ataque de pudor e o fechar.

Mas, só existiam duas saídas para o seu dilema e ele sabia. Nenhuma delas era fácil. E apenas uma delas lhe traria, se bem sucedida, verdadeira felicidade.

 Se escolhesse ser a rapariga que fora educada para ser, nunca teria Edward. O mais provável era acabar casada com Lord Newton ou com algum cavalheiro semelhante. Iria ter uma vida sem sentido, dedicada a manter as aparências, produzir herdeiros e educá-los.

Se no entanto, optasse por seguir os concelhos daquele livro… Se escolhesse se tornar a mulher instruída nas artes da sedução e do prazer, como o livro a educava a ser… Tinha uma hipótese… Uma pequena mas sólida hipótese de obter Edward.

Casar com Edward. Carregar os seus filhos. Envelhecer ao seu lado.

Essa pequena esperança era o que fazia com que Isabella até agora não se tivesse desfeito do livro. Prometera a si mesma na mansão do seu primo que o iria conseguir para si e estava disposta a cumprir a promessa.

Não importavam as consequências. No entanto, sabia que não o poderia fazer sozinha.

Correu até á secretária e escreveu um bilhete a Hermione em que lhe perguntava se a poderia vir ver, pois necessitava de lhe falar em privado.

Pediu a um criado de sua confiança que transmitisse a mensagem e depois ficou na cama até que bateram á porta.

- Isabella, querida posso entrar?

Bella olhou da porta para o livro de Lady R, novamente para a porta e para o livro.

- Bella, querida, vou entrar, está tudo bem?

Mal notou a porta começar a entreabrir-se, Bella pegou no livro e atirou-o em direcção a uma parede do quarto, onde embateu, acabando por se estatelar no chão aberto.

A figura de Lady Renné apareceu-lhe seguida pela de Luna Lovegood, a costureira mais famosa de Itália.

- Querida, como não respondes-te acabamos por entrar. Miss Lovegood está aqui para te tirar as medidas para novos vestidos, afinal esta é a tua temporada e tens de arranjar um bom marido como conseguiu a tua amiga, Hermione Potter.

Bella escondeu a sua resposta sarcástica da mãe, pois sabia que não poderia contar aquilo que sabia. Mas, o casamento de Hermione nada tinha nada de bom. Era apenas algo que a amiga tinha de suportar e de conviver com o qual.

Depois de algum tempo, Luna deu-se por satisfeita e estava quase a abandonar o quarto quando reparou no livro caído.

- É seu, Miss Swan?

Para desespero de Bella, Lady Renné que até então tinha estado perdida no mundo dos vestidos e sapatos, olhou para o livro curiosa e Luna avançou para pegar nele. Porém felizmente a criada de Bella chegou nesse instante e apanhou-o, fechando-o.

- Miss, devo colocá-lo na sua mesinha de cabeceira ou levá-lo para a biblioteca?

Isabella olhou para a sua criada como se a quisesse estrangular. Se Angela o levasse para a biblioteca, o seu pai iria encontrá-lo. Se o deixasse ficar no quarto, a sua mãe iria querer ver qual era o título.

Sem nenhuma saída Isabella apelou á única coisa que iria acalmar e fazer crescer a curiosidade das mulheres no quarto.

- É o meu diário, Angela, por isso se faz favor entrega-mo.

- Sim, Miss. Não sabia que tinha um diário.

- Curiosamente, eu também não Isabella. – Exclamou Lady Renné.

- Penso que seja normal, afinal se não registar-mos os nossos pensamentos alguma coisa os pode levar. – Disse Angela a olhar sonhadoramente para o tecto do quarto.

Lady Renné fez uma careta ás palavras da modista, mas na comentou. Luna Lovegood era indubitavelmente brilhante no que fazia, mas era um pouco estranha sem dúvida.

- Bem devo ir, está a fazer-se tarde e ainda tenho que passar em casa de Miss Gilbert.

- Podes dar isto da minha parte a Elena, por favor, Luna?

- Claro, Isabella.

Luna despediu-se e abandonou o quarto. Lady Renné no entanto, sem que a filha se apercebesse estava a tentar apanhar o suposto diário das suas mãos. Isabella soltou um suspiro quando pensou que estava sozinha, esquecendo-se totalmente da avoada da sua mãe que no momento fulcral da sua distracção lançou as mãos ao livro proibido e o arrancou das de Bella.

Lady Renné olhou para o livro especulativamente e Isabella começou a rezar a Deus por um milagre.

- Mamã, não pode ler o meu diário!

Lady Renné levantou os olhos para a sua primogénita.

- Porque não?

- Porque os diários são privados, mamã!

- A sério? – Inquiriu Lady Renné muito confusa.

- Claro que são. Em que mundo é que a mamã vive? Os diários contêm os pensamentos, desejos, ambições, enfim… Tudo sobre a pessoa que os escreve. – Enquanto Isabella falava, a sua mãe voltava novamente a atenção para o diário sem lhe ligar nenhuma e abriu-o, preparando-se para ler, não parando para pensar no porquê de ele estar impresso e não escrito.

- E… olhe para mim mamã, estou a falar a sério, não me ignore!

Lady Renné contudo não estava a ligar nenhuma á filha e estava a começar a ler em voz alta o livro quando uma ideia ocorreu a Isabella. Usando gestos muito pouco próprios de uma senhora por conta do nervosismo, Isabella falou-lhe:

- O pai disse que a senhora ficou maravilhosa no vestido que usou na festa dos Black!

Resultou. A mãe largou o livro , que embateu com um sonoro baque no chão de madeira do quarto e voltou a sua atenção para o que a filha lhe dizia.

- A sério?

- Sim. Absoluta. Ele disse que estava divina. – Isabella mentia descaradamente á mãe, mas continuava encarando o livro caído aos pés desta.

- Bem. – Principiou Lady Renné corada. – Se é assim, querida não te importas de jantar esta noite no teu quarto, pois não? Eu gostaria de tratar de assuntos privados com o teu pai.

Isabella preferia nem imaginar de que tipo de assuntos a mãe esta a fazer referência e apenas assentiu.

Soltou um audível suspiro quando finalmente a mãe deixou o seu quarto e correu para o livro. Colocou-o a ele e á carta no pequeno baú dentro do fundo falso do seu toucador. Não queria nem pensar no que podia ter acontecido se não tivesse agido com uma mentira.

***

Elena continuava a encarar as rosas brancas no seu jardim, que ainda tinham pequenas gotas de orvalho acumuladas nas suas pétalas, graças ao nevoeiro que ainda agora perdurava. Sentada numa pequena pedra negra no jardim, observava as suas flores moverem-se singelamente com o vento numa dança solitária e num compasso suave que só elas entendiam.

Por vezes imaginava como seria bom se fosse uma delas. Se pudesse se transformar simplesmente numa flor e dançar. Dançar com o vento e com a chuva. Ser acariciada pelo orvalho da manhã. Ver o sol nascer todas as manhãs. Senti-lo acariciar suavemente as suas pétalas entreabertas e dar-lhe um brilho de verdadeira felicidade. Um brilho apenas alcançado pelo simples facto de ser livre. Livre da sociedade, de preconceitos, da sua herança. Livre para ir ter com Damon e deitar tudo por terra. O seu casamento, o seu estatuto, a sua família. Entregar-se nos seus braços e sentir-se desejada. Receber o prazer que ambicionava daquele homem. Sentir os seus penetrantes olhos segui-la com desejo e saber que ele tinha autorização para lhe tocar, sempre que desejasse. Que o faria, sem pensar.

Os olhos de Damon atraiam-na de uma forma quase obscena. Quando ele estava presente… Não conseguia pensar em mais nada. Apenas nele.

Sabia que era errado. Ele era conhecido como um libertino, um jogador, um boémio. Mas não conseguia deixar de ver nele tudo o que ansiava. Um homem que a fizesse sentir desejada com carícias mais ousadas.  Que a fizesse almejar por estarem juntos e compartilhar da sua cama. Que a fizesse sentir-se como alguém que valia mais do que o seu dote estimava.

Mas, também sabia contudo que ele não a amava. E isso doía. Em pouco tempo, Elena desejara Damon e sabia que se estava a apaixonar por ele. Contudo, esse não era o caso dele. Desejava-a, por certo. Pois já tinha provado isso no jardim da mansão dos Salvatore. Mas amor? Não, isso Elena ainda não tinha dele e era o que mais ambicionava. A derradeira ambição que rivalizava apenas com o desejo que adorava que ele sentisse por ela.

 Todavía, na sua vida, já existia um caminho certo. Existia Stefan. Amava-o. Tinha a certeza. Mas também sabia com toda a certeza de que era um amor fraternal. Nada mais. Algo que nunca iria ser mais que isso. Apenas um amor de irmãos. Como aquele que tinha com Jeremy e Margaret.

- Desculpe Miss Elena, mas Miss Lovegood está aqui para rever as medidas para o vestido de casamento.

A voz da sua criada de quarto, Bonnie, relembrou-a das suas obrigações e levantando-se, deixou o seu refúgio. O seu pequeno santuário no meio das plantas que tanto adorava. Seguiu até ao quarto onde ouviu as indicações da sua mãe em relação ao vestido, mas não opinou sobre nada. Não se sentia com vontade. Não estava com cabeça sequer para pensar nisso.

Antes de partir, porém Luna deu-lhe algo de Bella. Uma pequena missiva onde a amiga pedia para vê-la. Falava também que já tinha mandado outro bilhete a Hermione e que ainda aguardava a reposta desta, pois precisava de falar com ambas.

Elena não sabia realmente o porquê, mas alguma coisa na missiva de Isabella a tinha deixado entusiasmada. O que não era muito normal, pois visitavam-se há muito. Eram melhores amigas desde que se lembrava. Ela, Bella e Hermione.

Mas, existia alguma coisa naquele bilhete. Alguma energia que lhe dizia que por trás do que estava escrito, estava algo porque ansiava. Algo que fazia parte do seu destino.

Algo que o ia mudar.

Não sabia porque lhe parecia assim ser, mas era como se sentia.

Que algo estava a aproximar-se e que quando o fizesse…

Tudo na sua vida iria mudar. 


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