Mr. Way Goes To Washington escrita por melisica


Capítulo 4
Let's Take Coffee


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora e a formatação, logo corrijo. Mas aqui está.Beijos.



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(Gerard's POV)
- Você se lembra qual departamento era a pasta cinza? - Frank perguntou segurando a tal pasta entre os dedos e rolando seus olhos levemente. Ele parecia estar de saco cheio de estar sentado naquela cadeira, fechado dentro daquela sala e entediado.
- É da secretaria de transportes e não é por nada não Frank, mas é a terceira vez que você me pergunta isso - respondi lendo atentamente um documento que implicava em uma escritura de uma propriedade de algum deputado do governo americano. Eu estava tentando achar uma brecha na lei para que ele pudesse recorrer seus impostos imobiliários atrasados. Apesar de eu ser super contra esse tipo de "privilegio" aos da elite, era por hora, meu trabalho e eu estava ganhando - e muito bem - para realizá-lo. 
- É que eu to meio entediado com esse lance de ficar lendo documento enfurnado nessa sala e com a bunda pregada na cadeira... - ele falou com a voz mole. Parecia uma criança reclamando para sua mãe que não queria ir a escola. 
- Você tem uma pilha de documentos pra ler... Isso te entreteria muito bem por dias a fio, sabia? - respondi sendo sarcástico, porém tentando não soar ofensivo. 
- Eu não nasci pra esse tipo de trabalho, cara! - ele disse se largando na cadeira. - Eu só fiz administração porque essa foi a única opção menos pior entre as que meu pai me ofereceu. Ele disse que o orgulho fosse que eu ou seguisse a carreira política dele, carregando o "Iero" nas costas ou se eu fizesse direito na Rutgers, a faculdade que ele mais venera e vangloria. Bem, eu não topei nenhum dos dois então ele disse que se eu fizesse administração seria "aceitável" e então foi o que eu acabei fazendo. 
Eu apenas o olhei com cara de interrogação enquanto ele se preparava para bombardear mais informações sobre mim. E a ação não tardou a acontecer. Logo ele havia se levantado da cadeira e tirado seu terno. Eu apenas o observei deslizando o material por seus braços e arregaçando as mangas da camisa, revelando várias tatuagens que eu antes não tinha visto. Ele foi andando até uma pequena mesa retangular que ficava encostada à parede e serviu-se de café.
- Mas olha, não dê ouvidos as ameaças que meu pai fez ou ainda vai fazer. Na verdade ele quase nunca cumpre... - Frank falou bebericando o líquido âmbar em sua xícara. - Mas então, só eu to falando aqui. Me fala de você, gosta de direito? 
- Gosto sim... - afirmei balançando a caneta entre o polegar e o indicador e finalmente olhando para ele. - Quer dizer, meus planos iniciais nunca foram ser advogado de justiça, mas eu gosto disso sim. 
- E você queria ser o que? - ele perguntou ficando curioso de repente e sentando-se na ponta da sua mesa com o café ainda nas mãos.
- Você vai achar ridículo mas... - rolei os olhos rindo. - Eu queria ser desenhista, desenhar historias em quadrinhos e tal...
- Nossa que legal! - ele exclamou parecendo-me realmente empolgado. 
- E você? - perguntei a ele, largando a caneta e me ajeitando confortavelmente na cadeira.
- Eu queria ser músico, mas digamos que não deu muito certo...
- Não? Por que?
- Eu tinha uma banda, a Leathermouth, mas acabei brigando com o baterista, brigando feio mesmo sabe... - ele olhou para baixo e balançou a cabeça negativamente. - E o clima ficou tenso demais porque a banda acabou se dividindo entre a briga, o baixista me apoiou e o guitarrista apoiou o baterista... Daí a banda teve de acabar.
- Entendo... - concordei torcendo os lábios. - Uma pena.
- Mas eu ainda não desisti não... - ele riu. - Quando eu cismo com algo é difícil de eu desistir. Eu tenho um amigo guitarrista e a gente ainda meio que sonha em ter uma banda. Só falta um baterista, um baixista e um vocalista.
- Espero que você consiga então - sorri de leve. - Porque fazer algo por obrigação não é nada legal, imagina só trabalhar todo dia em algo que você não gosta... Deve ser horrível. 
- E é cara. Agradeça aos céus por seus pais te apoiarem na tua escolha porque o meu...
- Mas ele nem parece tão implicante com você - comentei achando que ele já estava pegando pesado nas criticas sobre o pai. 
- Você diz isso porque conhece ele há menos de um dia. Deixa passar esses seis meses pra você estar subindo pelas paredes de raiva desse velho.
Naquele momento meu cérebro que não é bobo nem nada, descarregou os pensamentos maliciosos sobre o pequeno comentário que Frank havia feito. Realmente eu subiria pelas paredes, mas não seria de raiva e muito menos pelo velho. Eu estaria subindo pelas paredes de desejo e pelo pequeno homem que estava a minha frente. 
- Gerard? - Frank falou com o rosto muito próximo ao meu tirando-me de meu devaneio. - Gerard, você ta bem?
- To-to sim - falei empurrando minha cadeira para trás e me afastando da proximidade dele. 
- É que você do nada fixou seus olhos no chão e sei lá, entrou em alfa - ele franziu a testa e deu de ombros em duvida.
- É que... Que eu lembrei que deixei a janela do meu quarto aberta e to pensando que se chover, se vai molhar. 
- Não vai chover não... O tempo lá fora ta lindo! - ele bufou. - Me dá até raiva de ter que ficar enfiado dentro desse prédio e dessas roupas quentes quando se ta um dia tão lindo pra fazer uma caminhada num parque, ouvir musica deitado na grama ou ficar dormindo até o meio-dia.
- Qualquer dia é muito lindo pra não trabalhar se isso é o que você quer dizer - falei rindo e ele rolou os olhos, divertido. 
- Ta, ta é isso mesmo que eu quero dizer Sr. Way - ele falou falou e eu percebi como meu sobrenome soava erótico sendo pronunciado pela voz dele. Na verdade, vindo dele, era capaz de achar até um bocejo sexy.
- A... A gente va-vai almoçar junto? - perguntei querendo disfarçar minha excitação resultante de uma simples pronúncia de meu sobrenome.
- Vamos sim - ele disse olhando o relógio de seu computador. - O problema é que eu sequer tenho o telefone do pessoal, só o da Jam.
- Quem?
- Ah desculpa... - ele balançou a cabeça. - Da Jamia. 
- Liga pra ela que eu ligo pra Hayley - falei simplesmente.
- Cara, eu percebi o quanto você é rápido! - Iero disse rindo. - A morena já ta na sua.
Minha vontade era levantar-me da cadeira e meter um tabefe na cara dele e depois lascar um beijo naquela boca tão convidativa, mas me contive. Se todos haviam dito que estava tão na cara que eu estava a fim dele, por que exatamente ele não enxergava? Assim eu podia pular toda a parte do tento-conquistar-você-e-te-transformar-em-gay. Porém, realmente vi que ele não tinha percebido minha suposta "atração" por ele. Melhor assim.
- Não, não. Eu e a Hayley não temos nada - expliquei calmo para ele. - Eu conheci ela ontem...
- E você precisa conhecer pra pegar? - ele perguntou naturalmente. - Você conhece antes todas as pessoas que você fica na balada?
- Eu não costumo ir em baladas... - falei um pouco envergonhado. Eu nunca fui uma pessoa de vida social ativa realmente, no máximo ia a bares tomar umas cervejas com uns amigos da faculdade ou quando meu irmão insistia que eu o acompanhasse em alguma balada em que ele ainda não podia entrar. Ele aprendera que ter a presença de alguém mais velho no grupo fazia com que o segurança visse apenas minha identidade e como todos estávamos juntos, sequer olhava dos que estavam comigo e que eram menores. Mas agora, com seus dezenove anos, ele aprendera que ter uma identidade falsa resolvia todos os seus problemas em entrar em lugares para maiores e comprar bebida, logo, a companhia do irmão mais velho Gerard, fora descartada.
- Então isto vai mudar - ele falou rindo. - Estamos a dois passos de Nova York e pode ter certeza que Bert vai nos arrastar pra lá nos fins de semana. Você viu o quão animado ele ficou só com a sugestão da cerveja? Imagina com uma balada! 
- Mas eu não gosto desse tipo de lugar - tentei argumentar mas ele fora mais rápido e me cortou.
- Eu não perguntei, apenas estou dizendo que vamos - ele riu levantando sua sobrancelha. - Tenho certeza que umas cervejas desenterram o Gerard Way festeiro. 
- Não, imagina - tornei a tentar explicar mas ele me cortou pela segunda vez. 
- Não adianta Gerard, é como eu disse, tenho certeza que Bert nos arrastará - ele torceu os lábios. - E como você já percebeu, ele é deve ser daquele tipo de pessoa que te leva no colo à força se você não quiser acompanhar ele nos programas que ele inventar.
- Por isso não vou deixar ele inventar nada - falei soando descrente até para meus próprios ouvidos. - Vou inventar meus próprios programas antes dele.
- Programas tipo ficar-trancado-no-quarto-torcendo-pra-que-ele-saia-e-esqueça-de-mim? 
- É... - sorri amarelo. - Por aí.
- Com certeza ele não vai esquecer de você - ele lançou e deixou no ar. Talvez ele esperasse que minha curiosidade em continuar o assunto e pedisse mais detalhes realizasse o trabalho final. O que não tardou a acontecer.
- Por que não? - falei genuinamente curioso, franzindo a testa.
- Porque ele não parou de falar em você desde ontem - ele sorriu presunçoso. - Na verdade ele deve ter dito seu nome umas vintes vezes desde que nos conhecemos ontem... - não pude deixar de notar que um sorriso malicioso que havia brotado de seus lábios vermelhos.
- E o que você quer dizer com isso? - entrei em seu jogo. - Quer dizer, eu sei ler linguagem corporal. O que esse seu sorriso quis dizer?
- Exatamente o que você está pensando - ele riu. 
- E por acaso você lê mentes? - perguntei sarcástico e me recostei ainda mais à cadeira, 
- Não, mas eu sei o que você deve ter imaginado.
- É mesmo? - sorri para ele afrouxando minha gravata. - O que eu imaginei? 
- Vamos dizer que você imaginou que Bert tem uma pequena atração sexual por você - ele jogou e eu quase engasguei com a naturalidade que ele havia posto no comentário.
- Sexual? Eu acho que não... 
- Pois eu tenho certeza que ele tem - ele me riu. - Por que ontem nós acabamos ficando acordados até tarde e sabe, assunto vai assunto vem, acabamos falando em namoros, sexo, fetiches...
- Fetiches?! - perguntei quase engasgando com minha saliva por uma segunda vez na mesma conversa. Também fiquei me perguntando se Frank era tão extrovertido a ponto de conversar sobre fetiches com pessoas que conhece a menos de vinte e quatro horas. 
- Sim, fetiches - ele reafirmou. - E ele me contou um deles que, indiretamente, envolve você.
- Eu?! - coloquei meu indicador sobre meu peito.
- Sim, você - ele riu. - Não sei se foi uma indireta ou se ele falou sem querer, mas ele comentou no caminho do nosso quarto que você parecia um vampiro.
- Eu não pareço um vampiro! - o cortei franzindo a testa conforme negava tal semelhança. Aonde eu, Gerard Arthur Way, parecia com um sanguessuga de humanos? Eu sequer tinha a presença forte de um ser vampiresco ou a aparência que os tornava mais belos que o normal, para que assim, atraíssem humanos para sua armadilha e depois os sugasse. Fora o detalhe crucial, meus caninos não eram afiados. Não, definitivamente eu não tinha em nada, semelhanças ou lembranças de um vampiros. 
- Pois eu acho que parece - ele sorriu paciente. - Seu tom de pele é bem claro, seus olhos tem um formato diferente e sei lá, você tem um ar meio superior. Eu não sei explicar... 
- E o que ser superior tem a ver com ser vampiro?
- Tudo - ele arqueou as sobrancelhas como se o que dissesse fosse algo óbvio. - Os vampiros precisam ser superiores pra atraírem os meros mortais.
- Eu não atraio ninguém - falei sorrindo sarcástico.
- Atrai sim - ele falou com tanta propriedade que por um segundo, achei que fosse uma afirmação vinda dele mesmo.
- Vamos deixar esse assunto pra lá, por favor? - falei sem graça, querendo logo acabar com a conversa.
- Como quiser - ele concordou. - Mas saiba que Bert não te deixará em paz tão cedo.
- É como você mesmo disse. É tudo atração física, uma hora passa.
- Pois eu acho que não - ele discordou educadamente. - Tem gente pelas quais eu sou atraído hoje e que se chegarem em mim daqui uns vinte anos eu ainda vou querer.
- Aonde vamos almoçar? - o cortei desejando - quase implorando - para que ele parasse de me deixar tão envergonhado.
- Tem um restaurante que eu conheço aqui perto, podemos ir lá.
- Por mim pode ser, não conheço nada daqui mesmo.
- Quer mesmo chamar todos? 
- Eu acho que depois do que você falou, vai ser meio estranho olhar na cara do Bert - falei mordendo os lábios. - Quer dizer, uma hora ou outra eu vou ter que falar, mas sei lá, não precisa ser tão cedo.
- Tudo bem, então vamos só nós dois. Tudo bem pra você?
- Claro que sim, pra mim está ótimo. 


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