Mr. Way Goes To Washington escrita por melisica


Capítulo 3
Wanna Be A Victim


Notas iniciais do capítulo

Ontem fez seis meses que eu não atualizava essa fic e bem, do nada me veio a inspiração e a vontade de continuá-la e cá estou eu, atualizando algo que creio que os leitores originais sequer lembram. Mas enfim, leitores novos também são muito bem vindos.E não, o título do capitulo não tem quase nada a ver, é que eu estava ouvindo E.T. quando escrevia e tal.Beijos e boa leitura.



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(Gerard's POV)

-Olá Margaret - disse Frank sorrindo para uma senhora que aparentava ter idade próxima aos cinqüenta anos. Vestia uma saia lápis e um terno pretos, seu cabelo loiro preso em um coque estruturado e um scarpin de couro também preto com detalhes metálicos em dourado. Aquele conjunto parecia mais um uniforme dentro daquele fórum de justiça. 


- Olá Frank! - ela abriu um sorriso genuíno que fez com que suas rugas se revelassem - Oh meu Deus, como você cresceu!

- O tempo passou Tia Marg - Frank comentou rindo para ela e então entendi que eles já se conheciam. Porém, antes que eu pudesse pressupor de onde eles se conheciam, Frank virou seu corpo de frente ao meu e lançou:

- Margaret sempre foi secretaria pessoal do meu pai. Acho que ela me agüenta correndo pelos corredores e pelo gabinete do meu pai desde os meus cinco anos - riu batendo a palma em sua testa divertidamente.

- Imagina Anthony, você sempre foi muito bem comportado. Seu pai sempre foi rígido demais com seu comportamento pelo o que eu lembro.

- Continua sendo - ele disse rolando os olhos. 

- Eu me lembro o choque que ele teve quando você me apareceu com sua primeira tatuagem - ela disse levantando as sobrancelhas. - Ele quase te matou! Mas no final ele aceitou e... Bem isso é um segredo, mas eu vou te contar. Ele depois veio me falar que te admirava muito você por não se reprimir pela opinião e pela pressão que exerceram em você. Disse que seria um belo político com essa sua mentalidade forte e com sua teimosia.

- Eu não acredito que ele disse isso! - Frank franziu as sobrancelhas. - Por que ele nunca disse isso pra mim?

- Seu pai é orgulhoso como uma raposa Frank, ele nunca daria o braço a torcer. 

- Isso é verdade... - o moreno riu. - Mas mesmo assim, ele devia ter dito. Eu ficaria tão feliz em saber disso.

- Está sabendo agora, querido - ela disse e de repente, seus olhos correram pelo escritório do gabinete e pararam sobre mim. - Qual seu nome? 

- Ah sim, ele é Gerard, Marg. Quase me esqueci de apresentá-lo! - ele veio andando em minha direção e me abraçou pelos ombros novamente e me levou à mesa na qual a senhora estava sentada. - Gerard, esta é Margareth, a secretária do meu pai e praticamente minha segunda mãe. 

- Segunda mãe, Frank? - ela riu. - Não exagere!

- Mas Marg, eu passava mais tempo nos gabinetes do meu pai do que em casa. E sem contar quando entrávamos em viagem quando meu pai estava para se eleger... Quando meu pai foi deputado federal foi uma loucura, lembra? Quando fomos pra Califórnia naquele jantar chato de políticos e voltamos pra Jersey no mesmo dia.

- Loucura mesmo não é Frank? - ela cerrou os olhos de forma intima para ele e abriu um sorriso, que diria eu, levemente malicioso. 

- Ah sim... Foi nessa viagem que eu conheci a Jam - ele sorriu. - Mas você sabe Marg, Jam terminou comigo ano passado. 

- Não estão mais juntos? - ela franziu a testa genuinamente surpresa. - Ora, mas por quê? Vocês formavam um casal tão lindo. Seu pai até comentou que estavam prestes a noivar - ela falou e eu senti que uma pontada de ciúmes atingiu-me. Porém, uma onda de alívio me atingiu ao assimilar que eles estavam "prestes", ou seja, não chegaram a realmente noivar. 

- Ela disse que não estávamos no momento... - ele balançou a cabeça de um lado para o outro um pouco desapontado. - Que precisávamos de mais maturidade.

- Mulheres são assim meu amor - Margareth disse afagando o queixo de Iero com seu polegar e indicador e eu senti um ciúme crescente crescer dentro de mim. Sei que esse fora mais um afago muito inocente, mas meu desejo de tocar aquela pele em pouco tempo se tornaria insuportável. - Mas você tem a visto? Como ela está?

- Encontrei com ela ontem, está ótima - balançou o ombro como se estivesse conformado com algo. - Está até participando do programa do Senado - ele disse distraído. 

- E você esta balançado de novo por ela? - a senhora perguntou e eu fiquei em dúvida entre ouvir o que ele iria responder ou sair correndo dali e ficar com aquela curiosidade até a morte.

- Na verdade sim, mas sei lá - ele olhou para baixo e corou de leve. - Eu estou meio em dúvida com algumas coisas... Jamia é uma dessas dúvidas.

- Entendo querido - ela lhe sorriu. - Mas percebeu que excluímos Gerard da conversa por uma segunda vez? - ela me olhou e repuxou os lábios tingidos por um batom de coloração vinho amarronzada num leve sorriso. Percebi que usava maquiagem ao ver suas rugas de revelarem por debaixo da camada de base. 

- Ah imagine, vocês são amigos de longa data - falei ao notar que esperavam um comentário ou uma palavra qualquer vinda de mim. - Eu sou o intruso aqui. 

- Sabe Frank, acho que se você não cruzar aquela porta - Margareth direcionou seu olhar para uma grande porta de madeira retalhada com desenhos que julguei serem do movimento barroco. - Seu pai te mata. Avisaram que você estava aqui há mais ou menos quinze minutos. Ele julgará isto como um atraso.

- Oh droga! - ele bufou e rolou os olhos. - Por um pequeno momento esqueci do detalhe que o senador é meu pai. 

- Então vá e Gerard, não se assuste com a abordagem nada agradável de Iero, ele no fundo é um ursinho de pelúcia - a senhora alertou. 

- Marg, não assuste mais o Gerard, sério. Já falaram tão mal do meu pai que daqui a pouco o Sr. Iero vai ter alergia na orelha de tanto a coçar. 

- Certo Anthony, não falo mais do seu pai - e riu. 

- Marg... - ele disse desconfiado e depois os dois riram sincronizadamente fazendo-me sentir um intruso novamente.

- Vem! - Frank disse puxando-me pelo pulso delicadamente e quando paramos em frente à porta, ele bateu com o nó dos dedos suavemente e a abriu.

Um homem de aparência imponente e cabelos levemente grisalhos estava sentado na confortável poltrona de couro preta. Seu rosto tinha uma expressão dura, rígida e se a física e a natureza permitissem isso, impenetrável. Pôs seu olhar sobre Frank e depois em mim. Em poucos segundos, sua face relaxou e ele permitiu que um leve sorriso brotasse de seus lábios. 

- Olá Frank e Gerard. 

- Bom dia Sr. Iero - cumprimentei-o de volta e ele olhou para o filho, que tinha em seu rosto uma expressão de surpresa. 

- Oi pai... - ele quase sussurrou. 

- Que é filho? - Sr. Iero olhou-o com orbes analíticos e depois deixou seus ombros relaxarem, colocando as mãos cruzadas sobre a mesa.

- Você nunca é tão simpático assim com as pessoas.

- Depende das pessoas - ele me sorriu. - Gerard me parece um rapaz maravilhoso e eu tive ótimas referencias dele na Rutgers. Na verdade, eu que o escolhi. 

Senti meu queixo cair. O senador Iero que havia me escolhido? 

- O diretor Evans falou muito bem de você, Gerard. Disse que é um aluno muito aplicado e que tinha notas incríveis - ele explicou e eu permiti que meu momento de orgulho sobressaísse minha humildade, sorrindo e concordando. - Espero que não me decepcione.

- Prometo que não irei.

- Certo - ele sorriu. - E quanto a você Frank, o que a me dizer?

- Sobre...? - ele franziu a sobrancelha sentando-se em uma das cadeiras em frente à mesa de seu pai. 

- Sobre Jamia - ele disse e eu pude notar o tom de voz carinhoso que ele utilizou ao se referir à garota. - Você já falou com ela? A convidou para jantar?

- Sim e não - ele respondeu simplesmente e depois mudou sua expressão para uma aborrecida. - Não pai, eu não vou tentar "reconquistar" a Jam - ele disse fazendo o sinal de aspas com os dedos. 

- Mas Frank, você sabe que ela é uma garota incrível - o pai argumentou e a pontada de ciúme dentro de mim retornou. - Vem de uma família respeitada e estreitar a relação entre nossas famílias seria perfeito com seu casamento.

- Pai, eu não vou casar com ela por diplomacia - ele contra argumentou e um sorriso surgiu em meus lábios. - Eu nunca faria isso. 

- Só casarei por amor - o pai ironizou. - Você acha que eu casei com sua mãe por amor? Hoje eu amo ela, sim, mas quando nos casamos, tínhamos algo perto dos dezoito anos. Frank, foi um casamento arranjado, imagine só a minha raiva de ter que casar com uma mulher que eu sequer conhecia! 

- Tudo bem pai, mas os tempos são outros e não, não vou casar nem por diplomacia e muito menos por arranjamento - ele disse decidido e então me lembrei do comentário de Margareth "ele depois veio me falar que te admirava muito você por não se reprimir pela opinião e pela pressão que exerceram em você" e pude perceber que um sorriso brotou em Iero mais velho.

- Que assim seja Frank - ele disse num tom de voz de desprezo, como não se importasse. - Só não diga que não lhe avisei. 

- Ok pai, você já me avisou - Frank falou contrariado. - Mas chega de lavar roupa, certo? Gerard não precisa saber desse tipo de assunto de família.

- Ah não, tudo bem - me apressei em fingir desinteresse pelo assunto. - Eu nem estava prestando muita atenção.

Frank torceu os lábios e sibilou um "merda" em um tom de voz muito, muito baixo. Logo depois compreendi porque ele tinha feito isto.

- Ouça Gerard, você teve ótimas referências, mas eu posso muito bem mudar meu conceito sobre você. Quero que sempre esteja atento, quaisquer sejam os assuntos. Fui claro? 

- Sim, Sr. Iero - respondi sem graça e baixei o olhar.

- E quero que fale comigo olhando em meus olhos - ele concluiu e logo girou sua cadeira ficando de costas para nós. - Por enquanto é só. Podem pedir a Margareth que lhe passem os primeiros processos a serem analisados. 

Nós dois nos levantamos e logo atravessaram a porta em direção ao escritório do gabinete. Assim que estavam em frente à mesa de Margareth, Frank comentou:

- Bem, você conheceu os dois lados do meu pai. Meus parabéns.

- Dois lados? - Margareth perguntou.

- Ele foi extremamente doce com Gerard e depois voltou a ser o carrasco de sempre - ele piscou e levantou as sobrancelhas, fazendo um bico. - Ele estava de bom humor que até pensei em chamá-lo pra almoçar, mas depois dessa...

- Seu pai é assim mesmo, de lua - ela disse, suave. - Depois falam que nós mulheres que somos complicadas.

- Mas as mulheres realmente são complicadas, Marg! - o menor falou rindo. - Meu pai pelo menos a maioria do tempo é carrasco, agora as mulheres, elas são uns amores e dois segundos depois são demônios. Não é natural.

- Ah meu pequeno Frank, é natural sim - a senhora riu. 

- Bem, você pode me passar os processos que tenho que analisar? - pedi para a senhora e ela me sorriu concordando e virou-se para um pequeno armário atrás dela. Abriu-o e retirou de lá três pastas, cada uma de uma cor diferente; uma preta, uma cinza e outra verde. 

- Ouça cada cor representa um departamento. Na sala em que vocês ficarão terá uma lista indicando qual cor é qual, mas pra te adiantar, verde, obviamente, é o departamento ambiental, o preto da secretaria do tesouro e a cinza é o departamento de transportes.

- Ah sim, claro - concordei fazendo uma nota mental de cada cor. - E aonde é a sala? 

- Ah claro, por aqui - ela levantou-se e apontou uma porta de madeira escura com desenhos semelhantes ao do gabinete do senador Iero, porém menos detalhados. - A sala que dividirão é ali. Há duas mesas, telefone, um toalete privativo, um frigobar e ar-condicionado. Não há do que reclamar. 

- Só não reclamarei se tivermos cerveja no frigobar - Frank falou rindo e Margareth lhe lançou um olhar mortal. - Tudo bem então... Sem cervejas no expediente. 

- Acho bom, Frank - ela disse com olhos avaliadores. - E você Sr. Way, quero que tome conta deste pirralho que apesar de parecer muito responsável, é praticamente uma criança.

- Marg! - Iero bufou irritado e depois de pegar a pasta verde sobre a mesa da senhora, saiu porta afora em direção à nossa futura sala, que por enquanto, apelidarei de inferno, pois terei que conviver dias inteiros trancafiado e sozinho naquela sala com o menor que prometia me enlouquecer sem sequer tentar.


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