E se Fosse Verdade escrita por EmyBS
O dia já ia alto quando despertei com um barulho irritante. Fiquei tateando pela cama até encontrar o que tinha me acordado. Meu celular.
- Alô... – atendi meio sonolenta.
- Boa tarde dorminhoca! – uma voz animada chegou aos meus ouvidos.
- Quem ta falando? – tentei abrir os olhos e me espreguiçar na cama.
- Assim você me magoa, Bells...
- Rodrigo... – Agora começava a reconhecer a voz e ninguém mais me chamava daquele apelido idiota.
- Que susto pensei que tinha esquecido de mim! – ele riu.
- Bobo... – consegui me levantar da cama e me encaminhar para a cozinha.
- Queria saber se você não quer sair mais tarde.
- Que horas são?
- Duas e pouco, então, quer sair? Eu te apanho umas oito horas. – ele estava animado.
- Pode ser...
- Tão indiferente... – Rodrigo disse chateado.
- Não... Sonolenta... Até mais, vou ver se como alguma coisa...
- Beijo, Bells...
Preparei meu café e abri a casa, tinha tido uma manhã agradável quando consegui dormir. Não lembrava do que tinha sonhado, mas isso não importava. Voltei para o quarto e comecei a arrumá-lo mais tarde iria sair e era melhor dar uma olhada no guarda-roupa.
Eram oito horas em ponto quando ouvi uma buzina na frente do meu prédio e desci depois de contatar que era realmente Rodrigo parado me esperando. Ele me levou num restaurante agradável e depois no cinema para ver um filme que me fez perder a calma.
- Quem escolheu esse filme? – perguntei confusa quando recebi o ingresso da sessão.
- Minha irmã e a sua Bianca disse que você gostava desse livro, mas se você não quiser ver... – Rodrigo pareceu um pouco incerto com a minha reação.
- Não, tudo bem... só achei estranho... – falei área indo em direção a entrada do cinema.
- Tem certeza que ta tudo bem? – ele perguntou ainda mais preocupado – Podemos trocar de filme se você quiser.
- Não... – falei mais alto do que pretendia fazendo-o rir – Eu quero ver o filme!
Rodrigo não disse mais nada e passei a assistir ao filme de maneira tranqüila, mas minha mente não estava ali, eu lembrava da minha ultima viagem e me perguntava o quanto havia sido real ou se minha imaginação tinha extrapolado a realidade. Fiquei tão distraída nesses pensamentos que nem reparei quando o filme acabou.
- Você gostou do filme? – Rodrigo parecia totalmente contrariado.
- É diferente do livro em algumas partes. – respondi no automático, pois não tinha prestado atenção.
- É o pior filme que eu já vi. – ele foi categórico o que me fez rir.
- Não é o tipo de filme que garotos gostem.
- Ele dorme na casa dela e fica velando o sono? Que coisa mais sem noção! – a revoltada dele era hilária.
- Ele sabe que é perigoso para ela! – tive que admitir que ter aquele tipo de conversa com ele me deixava mais leve.
- Não importa! É humanamente impossível conseguir resistir quando se tem tanta idade... – ele sorriu me abraçando e buscando meus lábios.
- Então homens só pensam nisso? – perguntei interrompendo o beijo.
- Não... – Rodrigo passou a mão pelo cabelo sem graça das suas palavras.
- Eu entendi... – tentei fazer cara seria, mas logo ele me deu outro beijo que me tirou o rumo.
Eu estava estranhamente feliz ao chegar em casa, mas não me sentia plena. Parecia faltar algo. O beijo do Rodrigo era bom, mas nada que me fizesse perder o controle ou quisesse mais. De qualquer maneira acabei saindo com ele novamente no domingo e tive um dia calmo.
Tudo parecia perfeito naquela segunda feira, talvez não para todos aqueles que gostavam do sol, mas eu fiquei particularmente feliz com o dia nublado. Era agradável e mais fresco. O tempo passou rápido e logo estava no fim do expediente.
Já era noite quando sai do escritório e rumei em direção as escadas do shopping. Era um lugar agradável de se trabalhar, era aberto e tinha tanto verde. Uma verdadeira obra de arte. Pena ficar tão vazio. Tinha esses pensamentos quando a chave do carro caiu da minha mão, mas antes de chegar ao chão vi uma mão extremamente branca a pegar no ar.
Meu coração parou.
O tempo parou naquele segundo.
Não tinha coragem de olhar para cima e confirmar quem era o dono daquela mão e apenas abri minha mão para que ele deixasse cair a minha chave nela. Aquilo parecia tão surreal. Eu fitava a chave na minha mão levemente gelada e não conseguia erguer os olhos. Não tinha certeza do que exatamente tinha medo, mas era impossível.
- Oi... – aquela voz, aquela voz suave e deliciosa, aquela voz de veludo que me fazia arrepiar, aquela voz que narrava meus sonhos.
Ergui meus olhos insegura e encarei dois olhos dourados me fitando apreensivos. Grande erro. Cai naquele dourado e me senti sufocada como se a minha vida dependesse daquele olhar. Nada mais importava e eu não conseguia desgrudar meus olhos dos dele totalmente fascinada como da primeira vez.
- Oi... – minha voz saiu fraca e muito baixa, mas ele sorriu e aquilo aqueceu meu corpo inteiro.
- Como você está? – ele perguntou carinho ainda me olhando nos olhos e eu me dei conta que ainda tinha as mãos abertas na minha frente.
- Bem... – era incrível a minha capacidade de perder completamente a lógica e a voz numa situação dessas.
- Eu não consegui ficar longe de você! – ele disse rouco dando um passo para frente, mas eu recuei dois para trás e quase morri com a mágoa que ele transmitiu com o olhar.
- Carlos... – fui apenas um sussurro e fechei os olhos, sentindo a respiração gelada dele perto de mim e me arrepiei inteira quando ele roçou os lábios dele nos meus.
Abri os olhos no segundo seguinte e ele não estava mais lá. Rodei e procurei mesmo sabendo que era inútil. Toquei mais lábios e tive certeza que havia sido real, estavam levemente gelados. Sorri como uma boba descendo as escadas saltitante. Meu coração batia desgovernado e eu não fazia idéia de como cheguei em casa.
Procurei por todos os cômodos como se esperasse que ele estivesse ali e abri as janelas da casa. Um único pensamento na minha mente. Ele está de volta. Parecia idiota depois do medo que senti ontem, mas depois de vê-lo na minha frente tudo voltar a parecer um sonho.
Tentei ficar acordada, mas o sono veio perturbado, era uma noite quente, rolei na cama por varias horas até sentir a brisa da madrugada invadindo o quarto e me acalmei, dormi tranqüila aquela noite como não fazia desde aquela viagem doida.
Acordei sorrindo lembrando-me dos olhos dele e rolei na cama me sobressaltando. O colchão ao meu lado estava gelado. Sentei de imediato e busquei pelo quarto.
- Onde você está?
Nenhuma resposta.
- Carlos, eu sei que você pode me escutar.
Nada.
- Por favor... – sussurrei – Eu quero te ver – fechei os olhos num pedido mudo.
Pareceu uma eternidade, mas eu senti a brisa gelada me envolvendo e abri vagarosamente os olhos para encontrar aqueles olhos dourados numa expressão divertida me encarando.
- Bom dia, Isabella... – ele disse rouco me dando um beijo no pescoço.
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