Em Algum Lugar do Tempo escrita por OblivionWing


Capítulo 3
Feridas


Notas iniciais do capítulo

Está um pouco maior, como pediram :3



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Todos os dias era a mesma coisa. Eu obrigando o Matt a estudar. Depois das aulas íamos direto para a biblioteca, onde Near num canto ficava montando uns brinquedinhos idiotas.

- Qual é o problema dele? – Matt perguntou um dia, apoiando o queixo com uma mão.

- Foda-se ele. Matt, se concentra. Converte esse ângulo pra Pi Radianos.

Ele pegou o lápis e começou a resolver. Estava ficando cada vez mais rápido no raciocínio e estava quase tendo certeza que ele ia junto comigo ver L. Não ia ser tão legal sem ele junto.

- Pronto. – ele conferiu e viu que a resposta estava certa. – Sabe, se você me perguntasse como faz o super combo do Liu Kang no Mortal Kombat Armageddon eu responderia muito mais rápido.

- Chega de Geometria Analítica por hoje – fechei o livro, ignorando o comentário dele – quer fazer alguma coisa?

- Demorou! Bora jogar videogame?

- Nem sei por que eu pergunto ainda – sorri – vou te dar uma surra. Vamos.

Mas, quando estávamos indo embora da biblioteca, percebi um olhar de Near pra mim, enquanto montava uma montanha de Legos idiotas.

- Tá olhando o quê, pirralho? – rosnei.

Ele continuou me olhando apático e isso me dava nos nervos. Coloquei um pé sobre um carrinho e o amassei com vontade.

- Tá se achando né? Mas espera só quem vai conhecer o L, seu albino desgraçado.

- Mello, deixa ele. – Matt já me puxava.

- Espera. – me abaixei para falar bem na cara dele. – Você é um perdedor, Near.

Chutei a montanha de legos e ela desmoronou.

- Vamos embora.

Andávamos pelos corredores e eu já estava numa pilha de nervos. Vontade de socar aquele albino idiota e ignorante.

- Sei lá, coitado do garoto – Matt comentou.

- Vai defender ele? Ele quer é se achar o fodão e ser o melhor sempre. Mas isso não vai acontecer, Matt.

- Não precisa ficar tão estressado. Relaxa. Vai que você morre de ataque cardíaco? – ele deu uma risada.

- Mas tu é tongo mesmo né? – Empurrei ele de leve – Vamos ver quem morre de ataque cardíaco – comecei a tentar prendê-lo numa chave de braço.

- Ai! Pára! – ele começou a rir de jeito espontâneo e conseguiu se soltar – Vamos terminar essa briga no Mortal Kombat!

- Tá com medo de apanhar na vida real, é, ruivinho?

- Apanhar de quem?

- De mim – fiz uma cara maldosa.

- De você e mais quem, cachinhos de ouro?

- Ah! Agora você me paga! – E saímos correndo pelo corredor.

Ele tentou se refugiar no nosso quarto mas não deixei isso acontecer e saímos rolando e quase se quebrando pelo chão. Apertei o pulso dele quando ele tentava escapar fortemente. Será que L era assim também? Conseguia deter as pessoas e...

- Ai! Mello! Tá machucando! – ouvi o grito de Matt fazendo-me voltar à realidade outra vez.

Saí de cima dele. Ele segurava o pulso com os olhos lacrimejantes. Estava todo vermelho, quase roxo, com as marcas das minhas unhas cravadas na pele, em certos pontos chegando a sangrar.

Arregalei os olhos.

- Matt, eu...- tentei dizer.

- Obrigado por esfolar meu pulso.

- Me desculpe eu, acho que me empolguei e...

- Você sempre se empolga – ele disse friamente.

- Quer...ir pra enfermaria?

- É? E daí vou dizer o que? Que você quase arrancou minha mão fora pra você levar uma suspensão ou algo assim?

- Me desculpa, sério. – toquei seu pulso – pelo menos vamos lavar e depois fazer um curativo aí.

- Onde vamos achar um curativo essa hora?

- Faz assim. Vai no banheiro pra lavar. Eu passo na enfermaria, entro lá sem ninguém ver e pego uns curativos.

- Mello, se você for pego talvez não deixem você ver o L.

- Matt, eu machuquei você, desculpe. Preciso que você me perdoe por isso.

Ele ficou mudo me encarando por um momento, depois desviou o olhar, indo em direção ao banheiro.

Arrombar a enfermaria não foi difícil. Era uma coisa que eu me gabava, fazer tudo minuciosamente sem ninguém me pegar. Peguei algodão, água oxigenada, uma faixa, gaze e um analgésico. Pus tudo numa sacola e voltei para o quarto.

Ele já estava lá, sentado na cama.

- Consegui – sussurrei e quando ele me viu, sorriu. Fiquei aliviado por ele não estar mais com tanta raiva de mim.

- Pode deixar que eu faço...

- Tá maluco? As minhas notas em Primeiros-Socorros e trabalhos manuais sempre foram maiores que as suas. Me dê seu braço.

Ele estendeu o braço, agora já roxo e com feridas feitas com as minhas unhas. Engoli em seco, me xingando em pensamento.

Primeiro, a água oxigenada com algodão, depois a gaze, depois enfaixar. Repetia essa seqüência enquanto cuidava do pulso de Matt.

- Ai..! – ele gemeu baixo.

- Calma, já vai ficar bem, ok?

- Mas...lateja e...ainda dói.

- Por isso que trouxe um analgésico pra você...- entreguei-o com um copo d’água. – Agora é melhor você deitar, Matt.

Ele ficou mudo, me olhando.

- O que houve?

- Seu cabelo está comprido. Está suado. – Ele tocou em meus cabelos loiros, fazendo menção de prendê-los pra trás. Corei.

Dei um passo pra trás meio desconfortável.

- Vamos dormir.

Coloquei o pijama sem olhar para Matt, desliguei a luz e deitei em minha cama, estava um pouco frio e me cobri com dois cobertores. Quando percebi, Matt ainda estava sentado em sua cama.

- Você está bem? – perguntei.

Ele ainda permaneceu mudo por um momento.

- Eu também tive um sonho ruim ontem à noite.

- O...que houve?

- Não sei se você assiste televisão no almoço ou no salão...Mas sempre está falando de um assassino em série, Killer, algo assim, ou Kira. E você sabe, meus pais também morreram assassinados. Sonhei com algo a ver com isso e não me sinto muito bem. – ele tocou o punho machucado.

- Já ouvi falar eu acho – comentei – mas ei, não fica assim. Matt, tá me ouvindo?

Ele abaixou a cabeça.

- Matt, vem aqui.

Seus olhos marejados brilharam na escuridão e ele veio para perto da minha cama. Levantei uma coberta e fiz menção para ele deitar-se comigo. Ele hesitou, mas acabou deitando-se.

Ele era maior que eu, mais forte. Mas mesmo assim estava desolado naquele momento. Matt estava visivelmente desconfortável, mas parecia aliviado por não estar sozinho.

Abracei-o.

- Matt, tudo vai ficar bem. Podemos não ter pais e nem família, mas temos um ao outro, não é?

Ele abraçou-me também e estava quentinho.

- Não chore está bem? – tentei dizer calmamente.

- Mello...

- O que?

- Nada, esquece. Só me abraça mais por que você está quentinho.

Sorri na escuridão. E sei que ele também.


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Notas finais do capítulo

Oun, o Matt gosta mesmo do Mello, não dedurou ele e o perdoou rapidinho!


E o Mello começando a mostrar o quanto se preocupa...

— As provas finais chegando e o dia dos Namorados também!

O que vai acontecer? x3



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