Dont Jump escrita por TomSchwallier


Capítulo 1
Dont Jump




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   O vento frio bate em meu rosto, minhas lágrimas caem incansavelmente e não há ninguém lá embaixo para julgar ou tentar impedir-me, gosto que seja assim. No vivo céu onde o melhor pintor se expressa há vários pontos de luz, mas realmente não acho coerente contemplar tal beleza e elogiar o artista que a fez, não em um momento como esse; mesmo que eu nunca mais tenha a oportunidade de fazê-lo.
   Fecho meus olhos e respiro lentamente enquanto lembranças vividas até então tomam conta de minha mente. Eu ainda estou acordado por você. - pensei enquanto as lágrimas ficavam ainda mais intensas ao lembrar de momentos vividos com Tom, o que tenho de mais sagrado. - Mas... Eu sei que um dia nos encontraremos novamente. Você é forte Tom, vai superar...- pensei novamente enquanto segurava o cordão que estava em meu pescoço, no mesmo continha uma foto do meu irmão gêmeo. Deixei minha mão cair ao lado de meu corpo e abri os olhos. Lentamente coloquei meu pé esquerdo em cima da pequena barreira, em seguida o pé direito, fazendo com que eu ficasse ereto em cima do mesmo. Agora já não havia mais nada em que segurar, nada que me fizesse voltar e lidar com a sufocante dor diariamente. Terminará aqui. - repeti mais uma vez.

- Bill... - Aquela voz inconfundível chamou-me, seria impossível não reconhecê-la. - Não faça isso, por favor. - Implorou. Sua voz agora não passava de um sussurro rouco. Mesmo que eu não esteja fitando-o sei que existem lágrimas escorrendo por seu rosto. - Você é tudo que sou e tudo que corre em minhas veias... - Cantou baixinho a música que fora feita para nós.

- Podes continuar sem mim. Você sempre foi o mais audacioso, o que menos chorava. Sempre se metia em brigas para defender-me. Eu... Apenas sei que será capaz de seguir em frente. Não consigo mais fingir que estou bem, esse vazio não permite. - Falei calmamente enquanto ele caminhava em minha direção.

- Como se você não soubesse que não somos nada se não estamos juntos. Quando eu nasci, dez minutos depois veio você, o melhor presente que eu poderia ter ganhado. Nada se assemelha a isso. Assim como me metia em brigas para defender-te, vou fazer o que for necessário, até que essa angustia passe. Assim como sempre estive, continuarei ao teu lado, se você quiser é a mim que verás. - Ao terminar de falar tocou meu braço, obrigando-me a encará-lo.

   É inevitável, Tom é o meu lado que me obriga a continuar... Então me peguei pensando em descer dali e abraçá-lo, em chorar em teu colo que sempre esteve a disposição. Talvez eu esteja sendo injusto, pensando só em mim e em minha dor. Mas... Sempre é o mesmo, esse sentimento me consome. É contra minha vontade, contra qualquer sentido. É como um pesadelo fora de controle, com felicidade e sorrisos artificiais. Eu não consigo mais ficar sentado esperando algo pelo qual viver e morrer.

- Sempre iremos juntos, não interessa aonde vamos, não interessa o quão profundo. - Subiu no degrau no qual eu também estava. Vê-lo fazer aquilo doía. Não o deixaria fazer o que pretendia. - Eu não vou ficar sozinho. Bill, nós somos como um só. Se você pular... - olhou-me e segurou minha mão. - Eu também vou morrer.

- Não diga isso, não me faça fraquejar! – Exclamei enquanto sentia sua mão tremendo junto á minha. - Eu não posso desistir agora...

- Se você pular, pularei também. - Respirou fundo e fitou a noite á nossa frente. - Não vais me deixar só.

- Tom, desça daqui... - pedi.

- Se você descer comigo...- Olhou-me novamente. - Ou então também morrei, pela nossa imortalidade. - Terminou fazendo-me fechar os olhos e deixar as lágrimas caírem de meu rosto e em algum momento elas deviam tocar o chão, alguns andares abaixo. A brisa ainda tocava meu rosto, fazendo com que meus cabelos se movimentassem.

- Em mim, fica cada vez mais frio. Durante quanto tempo podemos ficar aqui? Fique aqui, as sombras querem me pegar. - Cantei em um sussurro dando-me conta de que não seria capaz de terminar o que havia planejado fazer ali. - Me segure, senão andarei sozinho na noite. Leva-me junto e me segure senão andarei sozinho na noite... Você é tudo o que eu sou e tudo o que corre nas minhas veias...

   No fundo eu sabia que iria martirizar-me por ter voltado atrás. Eu sabia que iria chamar o reflexo que aparece quando me olho no espelho de covarde, mesmo sabendo que isso não vai mudar nada. Mas seria impossível desistir da minha vida se ela significa a vida de Tom. Em algumas ocasiões, ao perguntarem o que faríamos um pelo outro sempre respondíamos: Faríamos tudo um pelo outro, simplesmente tudo, morreríamos um pelo outro. E assim como eu faria tudo por ele, meu irmão gêmeo idêntico; vou tentar seguir em frente, tentar aprender a lidar com essa angustia e vazio.
   Ainda segurando a mão de Tom desci do pequeno degrau, deixando a idéia de que tudo terminaria ali. Fitei o chão ainda chorando quando os braços de Tom envolveram-me em um confortante abraço.

- Ouça-me. - Tom disse distanciando-se um pouco. - Não faça isso comigo novamente, seu irresponsável. - Abraçou-me novamente dessa vez apertando-me com força. - Até eu que sou considerado um quebrador de corações não desejaria a ninguém o que senti quando vi você ali... Venha, vamos beber alguma coisa... - Disse enquanto terminávamos o abraço.

   Caminhávamos lado a lado em direção a escada que nos deu acesso ao terraço do prédio quando me ocorreu que eu ainda não havia dito algo de extrema importância.

- Tom... eu te amo. - Olhei-o de lado enquanto dávamos passos lentos. - E mantenho-me acordado por ti... Desculpe-me por tê-lo feito passar por tudo isso e...

- Bill, já se foi o momento de declarações. - Riu. - Mas, eu também te amo, irmão. - Abraçou-me de lado dando leves tapinhas em minhas costas, arrancando-me um sorriso enquanto caminhávamos, deixando para trás aquele terraço e substituindo aqueles pensamentos.


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Notas finais do capítulo

For my twin brother, Bill Shwallier.