Segredos Submersos escrita por lovegood


Capítulo 2
Hogwarts, aqui vamos nós


Notas iniciais do capítulo

Recebi só um review, mas... tá aí o capítulo.

Muito obrigada, Emma_Felton por ter sido a primeira pessoa ao comentar. :D



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– Sério mesmo, por que temos que cursar um outro ano em Hogwarts? – perguntava Ron a cada cinco segundos, enquanto todos nós estávamos já no vagão do trem. – Já fizemos seis anos, temos conhecimento o suficiente! E, sendo honestos, nós já tivemos nosso sétimo ano. O único problema era que nesse ano...

– Havia uma guerra e nós três tivemos que sair em busca das Horcruxes? – completou Harry, como se estivesse formulando uma pergunta. – Sim, é isso mesmo. O único problema era que, ora, havia uma guerra e nós três tivemos que sair em busca das Horcruxes! Tudo bem, nem eu gosto muito de ficar dentro de todas essas intermináveis aulas, mas agora Hogwarts está segura novamente.

– Harry, desde o seu primeiro ano você teve as maiores experiências contra as Artes das Trevas – disse Gina, segurando a mão dele. Ele apenas assentiu, sem saber muito bem o que mais deveria fazer. – Todos os professores já conspiraram ou não gostavam muito de você. Como você sempre é o mais... informado nessa área, por acaso sabe quem é nosso novo professor?

– Não, não faço a mínima ideia – disse ele, suspirando.

– Talvez você possa ser um bom professor... – disse Luna, ainda absorta em sua edição de ponta-cabeça d'O Pasquim. Todos nós imediatamente olhamos para ela, incrédulos. – Ora Harry, todos sabem que você é o melhor candidato para ser professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, desde o quinto ano, quando a AD foi fundada. Ainda mais agora, que não há mais nenhum Voldemort ou Umbridge para nos impedir. Desde que você derrotou ele ano passado, até o Ministério começou a te respeitar.

– Ela tem razão... – murmurou Gina, ainda brincando um pouco com os dedos de Harry. – Mas não acho que isso seja muito provável, honestamente. A McGonagall como diretora não deve ser assim tão apreensiva quanto Dumbledore era. Claro que, ela é bem mais do que a Umbridge cara de sapo e Snape, mas como diretora de Hogwarts, ela não vai deixar um aluno virar professor, mesmo que este seja maior de idade e o herói do mundo bruxo.

Depois disso, um breve silêncio ficou instalado ali dentro do vagão. Ron (ainda) estava comendo, Harry e Gina estavam trocando carinhos um com o outro, e Luna ainda lia sua revista. Na verdade, eu só estava quieta em meu canto, olhando para a janela, completamente pensativa.

– Hermione, você está bem? – quebrando o gelo, Luna perguntou, finalmente abaixando sua revista e me encarando com aqueles grandes olhos cinza prateados. Sim, eu ainda a considerava um pouco ingênua por causa de todas suas crenças e esquisitices, mas ainda assim ela sabia ser uma boa pessoa. – Está tão quieta. Tão quieta que chego a estranhar.

Olhei para ela, ainda meio desligada.

– Ah, eu... eu estou ótima – foi o que consegui dizer, tentando forçar um sorriso. Eu acho, completei em minha mente. – Acho que eu só preciso andar um pouco, se me derem licença.

Após dizer isso, apenas me levantei, e de cabeça baixa, saí do vagão em passadas rápidas, tentando ignorar todos os olhares dos quatro. Ouvi Harry murmurar algo sobre me deixarem pensar, e agradeci a Merlin por eles conseguirem me dar um pouco de privacidade e me deixarem em paz, pelo menos por alguns minutos.

Dei uma breve "caminhada" pelo trem, até que resolvi sentar-me no chão. Eu precisava pensar, e todos meus amigos falando realmente não estavam me ajudando muito. Passei minhas mãos por meus cabelos desarrumados e grunhi, em sinal de grande frustração. Fechei os olhos, tentando me acalmar.

– Hã... você está bem? – ouvi alguém dizer. Demorei um pouco para esboçar algum tipo de resposta. Abri apenas um olho, ainda sentada, e vi que era um rapaz. Eu nunca havia o visto antes em toda minha vida. Dessa vez abri meus dois olhos, e tentei forçar minha memória. Não, eu realmente não o conhecia. Provavelmente devia ter sido transferido de outra escola de bruxaria, ou talvez teve aulas em casa.

Ele não era muito alto, mas também não era baixo. Sua pele era meio pálida demais, e seus cabelos negros esparramavam-se um pouco em sua testa. Pequenas olheiras ressaltavam seus olhos que eram de um azul intenso, tão intenso que fez os pelos de minha nuca se arrepiarem. Pelo visto, ele não dormia muito bem faz algum tempo. Por um momento, tive a imensa vontade de mergulhar e se afogar naquele mar cristalino dentro daqueles olhos. E ele era bem bonitinho, precisava admitir. Devia ter mais ou menos a minha idade, mas mesmo assim ainda carregava um ar de menino.

– Eu estou bem – falei, tentando não encarar aqueles olhos de novo. Acontece que meu olhar se dirigiu mais pro chão. E o rapaz notou isso.

– Acho que, se você estivesse bem, não estaria sentada aqui, sozinha. Nem estaria encarando o nada como se olhasse para o além – disse ele. Seu sotaque era estrangeiro. Sotaque americano. E uau, mal o conheci e já havia achado-o um pouco irritante. Por mais que ele estivesse dizendo a verdade. Ele andou em minha direção, e sentou-se ao meu lado. – Eu sei que você está com problemas. Posso não ser um super-herói, mas dá pra ver pela sua cara que... bem, que sua vida deve estar uma droga.

– Hm, está tão na cara assim? – perguntei, arqueando as sobrancelhas.

– Está. Mas, se quiser pode desabafar. Sou todo ouvidos.

Suspirei.

– Tudo bem, você acertou. Eu não estou me sentindo muito bem. É que, nesses tempos parece que tudo à minha volta está contra mim. Eu terminei com meu namorado...

– E provavelmente você o odeia agora.

– Não, não é isso. Nós terminamos, mas mesmo assim continuamos grandes amigos. E é isso que me incomoda um pouco. Parece estranho eu terminar com alguém desse jeito – desabafei. O garoto ficou me olhando com o cenho franzido, como se eu fosse doida. Como se houvesse muito mais problemas do que esse, e que eu estava sendo boba de me preocupar com algo assim enquanto podia estar pensando em outras coisas. – E... e não é só isso. Também há... a minha família – praticamente sussurrei.

– Hm. O que foi que aconteceu? – perguntou ele, parecendo mais preocupado, como se eu tivesse chegado num assunto em que ele entendia bem.

– É que... – hesitei. Eu mal o conhecia! Por acaso iria ficar dizendo coisas tão pessoais para uma pessoa que eu conhecera enquanto estava sentada no chão do Expresso de Hogwarts? Mas, por um outro lado, parecia certo dizer a ele o que acontecia comigo. Seus olhos esboçavam um brilho familiar, como se ele realmente entendesse as complicações que eu estava passando por causa de minha família. Por um momento, isso não foi apenas uma impressão. Era uma certeza. Bufei, e resolvi contar tudo: – É que eu descobri que meu pai não é realmente meu pai.

Seus olhos azuis se arregalaram por um instante, como se essa fosse uma notícia avassaladora que podia mudar o rumo de seu mundo. Ele ficou meio desajeitado por um segundo, e também bem atordoado.

– Ahn... – foi o que disse, tentando se recompor novamente. Seja lá qual a razão de ele ter agido desse jeito. – Como... como assim?

– Eu... eu não sei explicar muito bem, para ser sincera. Só sei que nessas férias, meu pai (ou melhor, padrasto - palavra que ainda não estava muito bem adaptada em meu vocabulário) me disse que... que eu não sou filha dele. Eu ainda o amo de qualquer jeito, já que foi ele quem me educou, mas... por que eles esconderam de mim, por 17 anos? E, o pior: O que realmente aconteceu com o meu pai verdadeiro? Ele... ele ainda está vivo? Será que ainda se lembra de mim?

Ele murmurou algo que não pude entender, mas mesmo assim eu ignorei. Eu estava preocupada demais com todas as coisas que rodeavam minha vida, e só notei que estava chorando quando esse garoto me entregou um lenço de papel.

– Bom – disse ele se levantando e estendendo a mão para mim. Eu a segurei, e me levantei –, realmente é algo muito complicado. Mas, você vai ficar bem, eu sei. - sua voz tentava transmitir coragem para mim.

– Como você tem tanta certeza disso? – perguntei, ajeitando minha roupa.

– Digamos que seja... intuição – ele sorriu para mim, enquanto voltava a andar para seu próprio compartimento do trem, e me deixava parada ali no lugar, totalmente confusa e presa a meus próprios pensamentos.

Certo, eu estava ficando maluca.


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