Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 30
Final - Trinta


Notas iniciais do capítulo

Você não leu errado, é o último sim.



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Decidiram ir em apenas um carro até o casamento. E quem ia dirigir era Shunrei, depois de muita insistência.

— Saori, você tem certeza que está tudo bem eu dirigir? – Shunrei disse, se olhando no espelho, enquanto Saori terminava de cachear levemente as pontas de seu cabelo, meio preso.

— Pela milésima vez amiga, sim! Você só dirigiu aqui na cidade, precisa de experiência. Está com medo?

— Não estou com medo, nem nada assim. Mas, é um dia importante e eu não vou estar sozinha no carro...

— Por isso mesmo que vai dar certo. Confiamos em você, menina... – Disse com um largo sorriso, fazendo a morena sorrir também – Perfeito. Terminei... Uau! Vai acabar causando um infarto no Shiryu.

Saori comentou depois de ver sua obra completa. Shunrei estava usando um belo vestido cumprido, ombro a ombro, cor de lavanda, que parecia ter sido feito sob medida para ela. Seus cabelos estavam meio presos e as pontas foram levemente enroladas. A maquiagem era leve, apenas o batom tinha um tom mais forte, por insistência de Saori. E Shunrei teve que concordar, tinha ficado ótimo.

— Você faz milagres, Saori – Comentou, se analisando no espelho.

— Para com isso, a modelo ajuda muito – Rebateu, retocando o próprio batom.

Saori estava deslumbrante em um vestido longo, tomara que caia, de cor marsala. Os cabelos estavam soltos como sempre, já que não gostava de nada os prendendo. Ela estava terminando de colocar o relógio de pulso quando ouviu uma buzina.

— Pontuais, como sempre – A jovem de cabelos arroxeados exclamou alegre – Vamos, quero ver a cara que vão fazer quando nos virem gatas assim! – A avalanche, também conhecida por Saori, agarrou o braço de Shunrei, que só teve tempo de pegar sua bolsa de mão, antes de ser arrastada. Pararam em frente a porta por um momento, para recuperar o fôlego e finalmente saíram.

Seiya e Shiryu conversavam perto do carro, e estavam completamente lindos em seus ternos. O de Seiya era de um grafite escuro, com uma gravata de tom muito parecido com a cor do vestido da Saori. Seu cabelo estava atipicamente penteado para trás, o que deixou sua namorada com vontade de bagunça-los.  Coisa que ela faria mais tarde.

Já Shiryu estava completamente de preto e sem gravata. Seus longos cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, pois ele sabia que Shunrei gostava quando ele os prendia assim.

Quando os rapazes viram a porta se abrir, pararam imediatamente em expectativa, que foi ultrapassada em todos os níveis. Mal podiam acreditar em como elas haviam ficado ainda mais lindas.

Seiya, como sempre, foi o primeiro a se manifestar, com um longo assovio.

— Estou com dó da noiva agora, porque sem dúvida, você vai ser a garota mais bonita da noite... – Disse para a jovem que já estava a centímetros de distancia dele. Seiya aproximou-se e com delicadeza beijou os lábios delineados da jovem – Ah, se você soubesse a vontade que eu estou de acabar com essa sua maquiagem... – Murmurou apenas para que ela ouvisse.

— Se for a mesma vontade que estou de bagunçar o seu cabelo, é bom se afastar de mim... – Comentou no mesmo tom e o jovem riu.

— O que? Não estou bonito? – Abriu os braços, pedindo para ser analisado.

— Está bonito demais para o seu próprio bem, querido. Adorei sua gravata, combinamos até mesmo quando não combinamos nada... – Completou sorrindo, fazendo o jovem sorrir.

Alheios ao que acontecia bem ao seu lado, Shunrei aproximou-se em silencio de Shiryu. Sentia sua pele queimar sobre o olhar penetrante dele. Quando estava perto o bastante, ele levantou a mão, que foi aceita de imediato por ela.

Shiryu inclinou-se, e quando estava quase tocando seus lábios, mas desistiu no último minuto, beijando sua face demoradamente. Então sussurrou em seu ouvido.

— Se eu te beijar agora, não vou parar... Por um momento, esqueci até meu nome – Afastou-se novamente, procurando por seus olhos, e seu coração se aqueceu ao vê-la arrepiar. Levantou a mão que ainda segurava e levou até os lábios, beijando demoradamente.

— V-você está fantástico... – Shunrei conseguiu dizer, apesar do embaraço.

— Vamos, pombinhos? – Seiya disse, com um braço ao redor da cintura de Saori – Você vai nos conduzir, Shunrei?

— Se vocês não se importarem... – Falou baixo, com medo da voz falhar, pois ainda estava abalada com a presença de Shiryu, que segurava de modo firme sua mão, acariciando com delicadeza.

— Não mesmo! – Seiya rebateu, sendo acompanhando por Saori que confirmou com a cabeça.

Shunrei fitou novamente Shiryu que sorriu, pegou as chaves que estavam em seu bolso e lhe entregou.

— Você está mais do que pronta.

***

O casamento foi simplesmente lindo. Tudo muito bem coordenado, e o clima de romance pairava no ar, desde a recepção.

Eiri estava lindíssima como madrinha e combinava tão bem com Hyoga que os dois pareciam modelos. E eram só sorrisos...

Depois da cerimônia, já acomodados em uma mesa, apenas desfrutavam da festa, enquanto esperavam os noivos.

Os padrinhos apareceram antes e, entre eles, Hyoga e Eiri.

— Preciso descansar meus pés. Só nos últimos minutos eu tirei fotos por duas vidas – A loira comentou, sentando-se enquanto Hyoga ajeitava a sua cadeira.

— Você está tão linda, Eiri! – Shunrei elogiou – Esse vestido ficou perfeito em você.

— Eu? Olha você, nunca te vi tão linda! Saori está um arraso também...

— Estou mesmo! – Concordou, mexendo nos cabelos e todos na mesa acabaram sorrindo com ela.

— Hyoga, você e a Eiri formam um casal tão bonito – Shunrei voltou a falar – Parece que foram feitos um para o outro.

— Ela é maravilhosa... – Hyoga pousou sua mão sobre a dela, olhando-a com ternura – Se eu soubesse que você me traria a Eiri um dia, não teria te deixado fugir no ensino médio... – Brincou, arrancando alguns sorrisos.

— Engraçado como nossos caminhos se conectaram – Eiri continuou – Eu falei isso para as meninas, alguns dias atrás. Conheci a Shunrei no orfanato. E, apesar do Hyoga ter ligação com o orfanato onde morei, eu só o conheci através da Shunrei, quando a acompanhei no hospital.

— E minha mãe é frequentadora assídua do orfanato, eu que há muito tempo já não ia lá. Só passei a ir para te ver, eu admito – Hyoga respondeu sorridente – Conheci a Shunrei na escola, em outra cidade, e jamais pensei que nos reencontraríamos.

— Pois eu digo ainda mais... – Saori interferiu – Eu nunca poderia imaginar que você, o amigo perdido do ensino médio da Shunrei, era também o melhor amigo do noivo, que se casou com minha amiga do trabalho.

— Gente, essa é a ponta do iceberg... – Seiya afirmou – Analisem: Se não fosse o acidente, Shunrei não teria reencontrado o Hyoga, que não teria, talvez, encontrado a Eiri... Já que ele nem ia mais ao orfanato. Shiryu não teria a conhecido e eu não teria conhecido a Saori... E não estaríamos todos aqui, neste casamento.  Alias, provavelmente, Shiryu e eu estaríamos.  E a Saori e o Hyoga também, mas completamente alheios à presença um do outro. Não é louco pensar nisso tudo?

— Tem coincidências demais nessa mesa, não acham? – Eiri rebateu.

— Bem... – Shiryu resolveu se pronunciar – Uma coincidência é quando duas ou mais coisas ocorrem juntas mesmo que, aparentemente, não haja motivo para que isso aconteça. De acordo com a matemática, em uma sala com 23 pessoas, duas delas faz aniversário no mesmo dia, na metade das vezes...

— Ah, Shiryu, a matemática pode até estar certa, mas não sabe qual a sensação de quando uma coincidência acontece com você. A matemática não sente os pelos da nuca se arrepiarem. Não balança a cabeça e diz “Deus do Céu!”. Mas nós, sim, sabemos qual é a sensação. De que aquilo tem que significar alguma coisa, não acha? – Seiya interrompeu enérgico.

— E eu concordo com você, Seiya, neste ponto. Essa explicação serve apenas para os que acreditam em coincidências. Que precisam de uma explicação mais exata.

— E no que você acredita? – Shunrei perguntou, fitando o namorado, interessada.

 — Acredito que tudo o que aconteceu, aconteceria, e não importa a forma... Mesmo sem aquele acidente, de uma forma totalmente diferente, eu te encontraria... Talvez, teríamos nos encontrado antes, se eu não tivesse tentado me esconder do mundo. Ou depois, sem o acidente... Não importa... Nos encontraríamos, porque... – Ele pousou a mão sobre a dela, e disse com sinceridade – Você é o que me faltava para que eu fosse completo. E hoje eu não sei se saberia chegar até o final do dia sem você.

Shunrei não soube reagir aquela declaração tão intensa. O coração disparou e, por um momento, esqueceu-se de tudo, e permitiu-se apenas fitar e decorar cada detalhe daquele rosto que tanto amava.

— Hmmmmm... – Somente quando as pessoas da mesa se manifestaram, em coro, ela voltou-se para eles, muito vermelha. Todos acabaram rindo da situação.

— Que lindo, Shiryu!! – Eiri comentou, quase com um suspiro.

— Alguém consegue um aparelho pra medir minha glicose? A diabetes deu uma disparada aqui... – Seiya disse, fazendo com que todos rissem ainda mais.

Shiryu também riu, mas não disse nada. Cada oportunidade que tiver de fazer Shunrei sorrir, será usada para esse propósito. Levou a mão que segurava da jovem até seus lábios, dando um beijo.

E então a atenção de todos foi atraída para a entrada dos noivos.

Após algumas palavras e muitos aplausos, anunciaram a tão esperada dança dos noivos e uma musica suave começou a tocar. Shun e June estavam tão felizes que quase dava pra pegar a alegria deles no ar.

Aos poucos, outros casais podiam se juntar a pista de dança.

— Isso é uma excelente ideia – Seiya terminou de beber o liquido em sua taça e se levantou, estendendo a mão para Saori – Minha belíssima dama, me concede essa dança?

Saori sorriu, aceitando prontamente a mão oferecida.

Hyoga olhou para Eiri, que prontamente entendeu. Levantaram-se ao mesmo tempo.

— Minha querida, quer dançar? – Shiryu pediu em tom doce.

— Claro.

Os casais balançavam-se com tranquilidade, nos braços um do outro.

— Fiquei pensando no que Seiya disse... – Hyoga fitava os olhos da jovem – Eu já deveria ter te conhecido há muito tempo... Minha mãe sempre tentava me levar ao orfanato, mas eu só arranjava desculpas.

— Não tínhamos como saber. Tudo o que podemos fazer agora é aproveitar o tempo que temos.

— Você é quem manda – Hyoga falou baixo, escondendo o rosto no pescoço da jovem e se permitindo ficar ali, por um momento.

Um pouco mais a frente, Seiya e Saori observavam.

— As coisas saíram muito melhor que o planejado, não acha, minha cúmplice? – Seiya comentou e Saori riu abertamente.

— Sim, meu cúmplice. Melhor impossível.

— Ah, mas eu conheço uma ou duas formas de ficar melhor... – Falou de maneira sugestiva, próximo ao ouvido da jovem. Saori sorriu e colocou os braços ao redor do pescoço do namorado, trazendo-o para mais para perto de si.

— Vou te ajudar a exercer sua criatividade pra multiplicar esse número.

— Mas que mulher ousada... Continua, que ainda é pouco... – Seiya se permitiu sorrir, antes de beijar novamente os lábios dessa jovem que parecia ter sido feita inteiramente para ele.

E finalmente, perdidos em um mundo somente deles, os causadores de toda essa nova história sendo construída, em tantas vidas, dançavam em silêncio.

— Shiryu... O que você disse há pouco... – Shunrei se manifestou – Me tocou profundamente...

— Cada palavra foi verdadeira. Não consigo me lembrar de como era minha vida sem você... É como se eu te conhecesse a minha vida inteira e não existisse uma época em que eu não te amasse.

Shunrei sentiu os olhos marejados de emoção e lembrou-se do seu amado avô.

— “Tudo o que você conquistar terá ainda mais valor se tiver alguém que ame para compartilhar”— repetiu a frase, ainda gravadas em sua mente – É você, Shiryu. Sempre foi você...

O jovem sorriu e se inclinou para tocar aqueles lábios que lhe chamavam desde o momento em que a viu sair por aquela porta, horas antes.

Se permitiram apenas sentir o calor um do outro, a vontade latente, o amor visivelmente crescente. Shiryu sabia que tinha vivido para aquele momento, para ter Shunrei em seus braços. E ela, por sua vez, tinha certeza absoluta que aquele era o melhor lugar do mundo.

Não importa o que aconteceu ou como aconteceu. Se há pouco ou há muito tempo. Coincidência ou destino.

amor era única resposta


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Notas finais do capítulo

TERMINEI!!!!!!!!
Ouvi um amém?

Desculpa por demorar horrivelmente longos anos (nem eu acredito)
Mas, se você chegou até aqui, você é Guerreiro(a)!
Te amo, tem um lugar no céu pra você :3



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